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João d’Eça
No começo do XV século a igreja
católica romana era governada por dois papas, um em Roma e o outro em Avignon,
França, e detalhe, ambos infalíveis. No ano de 1409, por um concílio reunido em
Pisa, Itália, foi eleito um terceiro papa. Três papas infalíveis e uma só
igreja. Na verdade, eram três lobos vorazes que viviam disfarçados de humildes
cordeiros.
O mais interessante é que cada um
desses papas queria uma fatia maior das riquezas da igreja, para isso eles se
excomungaram e se amaldiçoaram reciprocamente, Eram como um bando de
mercenários, como uma horda de salteadores cruzando punhais e trocando
blasfêmias enquanto cada um ficava com uma parte do saque.
Em 1414 o concílio de Constança
reuniu-se e as sessões realizadas duraram três anos e alguns meses, que deu fim
ao Cisma do ocidente que já durava um século e meio e que havia causado
lamentáveis desgraças. Dentre os atos desumanos, está a condenação de Jon Huss
à fogueira, como herege.
Jon Huss foi condenado a retratar-se
do que havia escrito, mas por causa de sua profunda convicção nas doutrinas da
Sagrada Escritura, ele não o fez, então, no dia 7 de julho de 1415, Jon Huss
foi deposto do sacerdócio, os seus livros queimados, e ele, por ordem do
concílio, foi entregue ao poder secular. Ele não se importou com a sentença
imposta e já não esperava nada de diferente dos seus odiosos inimigos. Em vez
de guardar rancor, ele pediu a Deus que os perdoasse.
Quando os bispos que foram
designados para a cerimônia da deposição, despiram-no das suas vestes
sacerdotais e colocaram sobre a sua cabeça uma mitra de papel, com demônios
pintados e com uma inscrição: “cabeça de
herege”.
Depois dessa humilhação eles o
entregaram ao imperador e este, por sua vez o enviou ao duque da Bavária.
Conduziram-no porta da igreja, pode ver ali, nas chamas os restos dos seus
livros. Foi então conduzido para fora da cidade onde uma grande fogueira o
esperava.
A lenha foi colocada ao redor de
seu corpo que em poucos minutos ficou envolto em nuvens densas e em grandes
labaredas. Antes da sua execução, Jon Huss apelou ao tribunal de Deus por causa
da sentença dos homens.
O espírito de Huss conservou-se
calmo, e com coragem suportou as cruciantes dores do martírio, a ponto de os
seus inimigos sentirem-se humilhados diante da prova de amor e dedicação à
causa do Evangelho que sempre defendera. Dizem os biógrafos, que o fogo ardia e
Jon Huss entoava um hino com voz vibrante e alegre, que se ouvia claramente através
do barulho da madeira creptando, e dos gritos da multidão. Diante das chamas
densas que já o envolviam, ele clamou em voz alta: Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, tem misericórdia de mim! E
morreu.
A multidão assistia bestificada
essa grotesca cena de horror, planejada friamente pelo concílio da igreja católica
romana. Após um tempo, enquanto as chamas consumiam tudo, restava apenas um
montão de cinzas em que estavam os restos mortais do grande mártir. As cinzas
ainda quentes foram ajuntadas e lançadas nas águas do rio Reno.
A matéria deixou de existir, o
corpo desapareceu para sempre da terra, “veio do pó e ao pó tornará” (Ec.
12.7). A alma, essa não podia ser queimada por aquelas chamas de gravetos
secos, nem pela vontade do papa, nem por decisões de concílios que em nome de
Deus, derramaram tanto sangue inocente. Jon Huss viverá para sempre, na
eternidade com Deus, nas mansões celestes preparadas aos que em Cristo Jesus,
alcançam a Redenção.
Conclusão:
Jon
Huss apelou para o tribunal de Deus, cheio de fé, esperança e convicção. Deus o
julgou. A igreja de Roma, por tantos séculos ensanguentou o mundo, com o falso
cristianismo que propaga, usurpando o direito dos santos que creem somente nas
Escrituras Sagradas, Sola Scriptura.
Não devemos em nenhuma hipótese
esquecer esses homens e mulheres que mesmo diante da morte “não amaram a
própria vida”, mas encomendaram-se ao Seu Senhor e Salvador, Jesus Cristo,
nosso Deus encarnado.
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