terça-feira, 2 de abril de 2019

O MARTÍRIO DE JON HUSS


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João d’Eça


No começo do XV século a igreja católica romana era governada por dois papas, um em Roma e o outro em Avignon, França, e detalhe, ambos infalíveis. No ano de 1409, por um concílio reunido em Pisa, Itália, foi eleito um terceiro papa. Três papas infalíveis e uma só igreja. Na verdade, eram três lobos vorazes que viviam disfarçados de humildes cordeiros.

O mais interessante é que cada um desses papas queria uma fatia maior das riquezas da igreja, para isso eles se excomungaram e se amaldiçoaram reciprocamente, Eram como um bando de mercenários, como uma horda de salteadores cruzando punhais e trocando blasfêmias enquanto cada um ficava com uma parte do saque.

Em 1414 o concílio de Constança reuniu-se e as sessões realizadas duraram três anos e alguns meses, que deu fim ao Cisma do ocidente que já durava um século e meio e que havia causado lamentáveis desgraças. Dentre os atos desumanos, está a condenação de Jon Huss à fogueira, como herege.

Jon Huss foi condenado a retratar-se do que havia escrito, mas por causa de sua profunda convicção nas doutrinas da Sagrada Escritura, ele não o fez, então, no dia 7 de julho de 1415, Jon Huss foi deposto do sacerdócio, os seus livros queimados, e ele, por ordem do concílio, foi entregue ao poder secular. Ele não se importou com a sentença imposta e já não esperava nada de diferente dos seus odiosos inimigos. Em vez de guardar rancor, ele pediu a Deus que os perdoasse.

Quando os bispos que foram designados para a cerimônia da deposição, despiram-no das suas vestes sacerdotais e colocaram sobre a sua cabeça uma mitra de papel, com demônios pintados e com uma inscrição: “cabeça de herege”.

Depois dessa humilhação eles o entregaram ao imperador e este, por sua vez o enviou ao duque da Bavária. Conduziram-no porta da igreja, pode ver ali, nas chamas os restos dos seus livros. Foi então conduzido para fora da cidade onde uma grande fogueira o esperava.

A lenha foi colocada ao redor de seu corpo que em poucos minutos ficou envolto em nuvens densas e em grandes labaredas. Antes da sua execução, Jon Huss apelou ao tribunal de Deus por causa da sentença dos homens.

O espírito de Huss conservou-se calmo, e com coragem suportou as cruciantes dores do martírio, a ponto de os seus inimigos sentirem-se humilhados diante da prova de amor e dedicação à causa do Evangelho que sempre defendera. Dizem os biógrafos, que o fogo ardia e Jon Huss entoava um hino com voz vibrante e alegre, que se ouvia claramente através do barulho da madeira creptando, e dos gritos da multidão. Diante das chamas densas que já o envolviam, ele clamou em voz alta: Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, tem misericórdia de mim! E morreu.

A multidão assistia bestificada essa grotesca cena de horror, planejada friamente pelo concílio da igreja católica romana. Após um tempo, enquanto as chamas consumiam tudo, restava apenas um montão de cinzas em que estavam os restos mortais do grande mártir. As cinzas ainda quentes foram ajuntadas e lançadas nas águas do rio Reno.

A matéria deixou de existir, o corpo desapareceu para sempre da terra, “veio do pó e ao pó tornará” (Ec. 12.7). A alma, essa não podia ser queimada por aquelas chamas de gravetos secos, nem pela vontade do papa, nem por decisões de concílios que em nome de Deus, derramaram tanto sangue inocente. Jon Huss viverá para sempre, na eternidade com Deus, nas mansões celestes preparadas aos que em Cristo Jesus, alcançam a Redenção.

Conclusão:

            Jon Huss apelou para o tribunal de Deus, cheio de fé, esperança e convicção. Deus o julgou. A igreja de Roma, por tantos séculos ensanguentou o mundo, com o falso cristianismo que propaga, usurpando o direito dos santos que creem somente nas Escrituras Sagradas, Sola Scriptura.

Não devemos em nenhuma hipótese esquecer esses homens e mulheres que mesmo diante da morte “não amaram a própria vida”, mas encomendaram-se ao Seu Senhor e Salvador, Jesus Cristo, nosso Deus encarnado.

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