terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O CARÁTER E O CUMPRIMENTO DA LEI

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Rev. João d'Eça


         No reinado de Frederico[1], o Grande havia um moinho perto de Pastdam que impedia a bela visão das terras, à partir das janelas de Sans-Souci, residência real. Incomodado com a situação, o rei mandou perguntar ao proprietário por quanto venderia sua propriedade. O dono do lugar respondeu aos emissários do rei, que não venderia por dinheiro nenhum. O rei enfurecido ameaçou mandar demolir o moinho.
 
- O rei pode fazer isso se quiser, respondeu o proprietário; mas saiba o rei que na Prússia existem leis e eu recorrerei à justiça contra o monarca, se este persistir na sua intenção.
 
O rei constrangido teve a sabedoria e a coragem de dizer aos seus cortesãos:
 
- Muito me alegro de saber que em meu reino há leis sábias e juízes retos nos quais o povo pode confiar.
 
Passaram-se os anos, e tanto o rei como o proprietário daquelas terras foram sucedidos por seus herdeiros. Um dos herdeiros do moleiro, dono daquele moinho, conhecedor do que havia acontecido com os seus antepassados, achando-se agora em crise financeira por causa de perdas que havia sofrido com a guerra, escreveu ao novo rei que estava no trono, herdeiro do antigo do tempo daquele moleiro, lembrando-lhe da questão e dizendo-se disposto e vender as terras com o moinho para esse novo rei, dizendo ainda que aguardava a resposta com a oferta.
 
- “Meu querido vizinho”, disse o rei – “Não posso permitir que você venda o moinho, ele deve continuar na posse de sua família enquanto existir um membro dela, porque esse patrimônio pertence à história da Prussia. Lamento no entanto que você esteja passando por dificuldades financeiras, e portanto estou lhe enviando uma considerável quantia para que você acerte os seus negócios e pague as suas despesas, esperando que a quantia enviada seja o suficiente. Considere-me o seu afetuoso vizinho: Frederico Guilherme.[2]
 
No Brasil as coisas não passariam assim. Seria outra a narrativa a fazer e os fatos a serem registrados seriam completamente diferentes.
 
Se o caso não acontecesse com a presidente da República ou com o Governador, ou ainda com o Prefeito da cidade, mas simplesmente com um juiz, com um deputado, ou com um grande empresário, o proprietário seria despejado de sua propriedade e, se se desse ao luxo de protestar e entrasse com uma ação na justiça, arriscava-se a ser assassinado por emboscada, ou ainda a ter o seu processo alongado em tempo que talvez os seus bisnetos obtivessem a sentença, ou como é mais plausível, o poder financeiro compraria a sentença de juízes corruptos e inescrupulosos, que para agradar à autoridade ou ao empresário, venderia a sentença sem dor na consciência.
 
Será que estamos sendo pessimistas, ou tratando o nome do nosso país com desamor? Ao contrário, eu amo o meu país e tenho desejo de vê-lo regenerado e debaixo da obediência às leis por parte de todos os seus cidadãos, indistintamente. Os fatos, porém, nos autorizam a falar assim.
 
Uma presidente que governa o país, que comete crimes para enriquecimento de seus apoiadores (e é claro, dela própria!), onde a justiça não faz justiça, onde o corporativismo e a venda de sentenças são a praxe, onde as negociatas visando livrar o pescoço dos criminosos envolvidos, é tão comum quanto tomar um cafezinho às tardes.
Não somos pessimistas. Hoje, em todos os recantos do Brasil, prega-se o Evangelho do Salvador Jesus Cristo, e nós cremos em seu poder regenerador. Oramos e trabalhamos pela regeneração de nossos costumes, e estamos certos, não será em vão o nosso trabalho.


[1] Frederico Guilherme (Nasceu em Berlim, 24 de janeiro de 1712 – Morreu em Potsdam, 17 de agosto de 1786), também chamado de Frederico, o Grande, foi o Rei da Prússia de 1740 até sua morte. Ele é mais conhecido por suas vitórias militares, sua reorganização do exército prussiano, patronagem das artes e o iluminismo na Prússia.
 
[2] Frederico Guilherme II (nasceu em Berlim, 25 de setembro de 1744 – morreu em Potsdam, 16 de novembro de 1797) foi o Rei da Prússia de 1786 até sua morte. Por união pessoal, também era Eleitor de Brandemburgo e o príncipe soberano de Neuchâtel. A Prússia enfraqueceu durante seu reinado e ele não conseguiu lidar com os desafios criados com a Revolução Francesa. As políticas religiosas de Frederico Guilherme iam diretamente contra o iluminismo e tinham a intenção de restaurar o protestantismo tradicional. Entretanto, foi patrono das artes e responsável pela construção de importantes edifícios, dentre eles o Portão de Brandemburgo.

sábado, 26 de dezembro de 2015

FIM DE ANO COMEÇO DE UMA NOVA ETAPA NA VIDA

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Rev. João d'Eça



 

“Pois todos os nossos dias se passam na tua ira;

Acabam-se os nossos anos como um breve pensamento.”

(Salmo 90.9)

 

         Mais um ano se vai na Providência Divina. Os pecados da humanidade fizeram com que ele se escoasse ao sopro da ardente indignação do eterno. Foi um ano terrível, não muito diferente dos anos passados. Milhares de homens entre as nações digladiam-se de morte, muitas outras nações estão a um passo do conflito. A Europa está arrazada moralmente falando, sem Deus, sem paz, sem salvação.
O conflito aumenta entre as nações berço da civilização, entre os rios Tigre e Eufrates surge um grupo terrorista querendo formar um califado ali. Pelas terras do Oriente Médio eles levam medo, devastação e morte.
Duzentos anos atrás reunia-se o Congresso de Viena que estabeleceu a paz depois da conflagração napoleônica e remodelou a carta da Europa. Será que 2016 verá coisa igual ou testemunhará um incêndio maior ainda? Os pacifistas de Haya não conseguiram a paz, somente Jesus Cristo conseguirá, pois ele mesmo veio estabelecê-la. Quando as suas doutrinas dominarem o mundo, então os verdadeiros ideais da humanidade estarão cumpridos.
Precisamos nos humilhar e confessar os nossos pecados, como fez Daniel na Babilônia. São os nossos pecados que pesam sobre nós. Não esqueçamos, porém, daquele que veio ao mundo para nos oferecer alívio e descanso para as nossas almas.
Apesar do terror que atinge o mundo todo, do medo desencadeou a sua face sinistra, o Espírito Santo está trabalhando nomeio dos homens e nesse mundo perdido, Jesus Cristo é glorificado nas conversões realizadas. Há sede da Palavra de Deus e as oportunidades da Igreja estão à disposição e com certeza veremos grandes coisas.
Com referência ao trabalho de nossa Igreja, temos de confessar que deixamos muito a desejar em 2015, negligenciamos e não cumprimos o que a Bíblia ordena, por isso, irmãos e irmãs, levantemos nossas mãos sem ira e sem contenda e ofereçamos sacrifícios de louvor a nosso Deus, com humildade e ação de graças.
Que Deus nos ajude a fazer melhor em 2016.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

CELEBREMOS O NATAL

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Rev. João d'Eça

 
Lucas 2.1-7

 

Introdução

 

         Nos versículos de Lucas destacados acima, falam da história do nascimento do Filho de Deus, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Assim como o nascimento de qualquer criança é sempre um acontecimento maravilhoso, pelo fato de agregar ao seio da humanidade mais uma alma imortal, o nascimento do menino Jesus é mais do que especial, é divino.

Desde o início da humanidade nunca houve um acontecimento tão maravilhoso quanto o nascimento de Jesus Cristo. Foi mais surpreendente do que qualquer outro acontecimento da humanidade, o nascimento de Jesus Cristo, foi um milagre: Deus se fez homem, e habitou entre nós, “manifestou-se em carne” (I Tm. 3.16). Os bens que Jesus com o seu nascimento trouxe ao mundo são incomparáveis: abriu ao homem a porta da vida eterna.

1. Quando Jesus Nasceu

Os versículos do Evangelho de Lucas revelam quando Jesus nasceu. Foi nos dias de Augusto, primeiro imperador romano, expediu um “decreto para que todos fossem listados.” A sabedoria de Deus se manifesta neste simples fato, o cetro estava apartando-se de Judá G. 49.10. Os judeus começaram a sair sob um domínio estrangeiro, e já tinham que render-lhe tributo. Os estrangeiros começavam a governar o povo judeu nessa época, já não tinham nenhuma independência e o chamado “tempo oportuno” de se apresentar o Messias prometido havia chegado.

O tempo era especial para a chegado do Rei dos reis e para a introdução do Evangelho. Assim como profetizou Daniel, todo o mundo civilizado seria governado por um Senhor (Dn. 2.40). Todos os reinos anteriores ao Reino de Cristo haviam passado, mas o reinado de Cristo seria eterno, “o mundo pro meio de sua sabedoria, não conheceu a Deus” (I Co. 1.21). Os reinos do mundo estavam repletos de tenebrosa idolatria. Esse era o tempo oportuno para que Deus se interpusesse desde o céu, e enviasse à terra o Poderosos Salvador. Era o tempo de Cristo nascer (Rm. 5.6).

Deus está no controle de todas as coisas (Sl. 31.15), ele sabe qual é a hora mais favorável para socorrer a sua igreja e trazer nova luz ao mundo. Nós temos a pretensão de querer saber os acontecimentos que não nos cabe. Matinho Lutero sempre dizia a seu amigo impaciente Filipe Melanchton: “Cessa, Filipe, de pretender governar o mundo”.

2. Onde Jesus nasceu

Jesus nasceu em Belém da Judeia, não foi em Nazaré, ai ele foi criado e cresceu. O profeta Miquéias predisse o acontecimento com riqueza de detalhes (Mq.5.2), e assim foi, na cidade de Belém, nasceu Jesus Cristo. Deus manifesta a sua Divina Providência nesse simples fato. O Senhor dirige o coração dos reis até onde ele quer. Ele assinalou o tempo em que Augusto deveria espedir o decreto para arrolamento do povo, cada um em sua terra natal, de modos que Maria, indispensavelmente estaria em Belém, quando “se completassem o dia para ela dar a luz”.

O orgulhoso imperador e o seu oficial Quirino não sabiam que eram instrumentos nas mãos de Deus para cumprir os seus propósitos. Eles nem imaginavam que estavam ajudando a assentar as bases de um reino, ante o qual os impérios deste mundo se desmoronariam algum dia, e a idolatria de Roma minguaria.

Todos os crentes devem consolar-se na certeza absoluta de que Deus rege o mundo. Ora, se o Senhor usou uma jumenta para abençoar o seu povo, como não usaria umas bestas que se acham importantes, no intuito de trazer bênçãos ao seu povo espalhado por toda a terra?

Não se inquiete meu irmão, minha irmã por causa da conduta dos governantes desse mundo. Perceba com os olhos da fé que a mão que os guia para cumprir o seu propósito, é a mão do Senhor, que o faz para a sua honra e glória do Seu próprio nome. Deus considera cada governante, seja ele Augusto, Dario, Ciro, Nabucodonosor, Napoleão, Obama, Dilma ou qualquer outro, como um homem ou mulher, cujo poder nada pode fazer, senão o que Deus lhe permite, e nada que não seja para que a Sua vontade seja feita.

3. O estado em que Jesus nasceu


         Jesus Cristo não nasceu debaixo de um teto na casa dos seus pais, ou num local apropriado para o nascimento de um bebê humano, mas num lugar estranho, numa estalagem. Quando nasceu não foi colocado sobre almofadas macias, sua mãe o colocou numa manjedoura, tudo porque “não havia lugar para eles na estalagem”.

Isso faz toda a diferença para nós hoje. Se Jesus Cristo houvera nascido num berço de ouro, Ele que veio salvar o gênero humano do seu maior mal, o pecado, se viesse revestido de majestade e rodeado dos anjos, isto já seria para nós um ato de misericórdia imerecida. Se Ele quisesse habitar em um palácio, rodeado de poder e autoridade, nós nos espantaríamos com isso. Jesus porém fez-se pobre e de tão baixa condição como os demais de seu tempo e ainda muito mais, esse é um amor incompreensível e incontestável.

Nunca devemos em tempo algum duvidar que por meio da humilhação, o nosso Senhor Jesus Cristo nos comprou um título para a glória eterna. Por meio de uma vida de sofrimentos, assim como também por meio de sua morte, nos alcançou com eterna redenção. Por nosso amor foi pobre durante toda a sua vida, desde a hora do seu nascimento até o momento da sua crucificação; e por sua pobreza somos nós ricos (II Co. 8.9).

Conclusão:

         Nosso Senhor Jesus Cristo não faz acepção de pessoas. Ele abraçou os desvalidos, deu-se em favor daqueles que não mereciam. Deus não faz acepção de pessoas. Ele enxerga o coração dos homens e não a sua conta bancária. Não se envergonhe da cruz e nem da sua pobreza. Ser pecador e cheio de cobiça é desonroso, mas ser pobre não.

Uma casa simples, um alimento parco, uma cama dura não é agradável ao corpo; e, todavia, tal foi isso que o Senhor encontrou quando da sua vinda ao mundo. Quando o amor ao dinheiro apodera-se da pessoa ela esquece a Deus. Lembre-se do presépio de Belém e daquele que ali foi deitado. Concentrando-se no menino Jesus e na sua condição ao vir ao mundo, poderemos nós, livrar-nos da atração das luzes do mundo nesse Natal.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

MORRE A.G. SIMONTON - 9 DE DEZEMBRO DE 1867



Há 148 anos atrás, num dia como esse, morria o Rev. A.G. Simonton, fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Simonton ocupa lugar de honra na galeria dos grandes homens que lutaram em prol do avanço da fé evangélica. Simonton foi o fundador e primeiro pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, organizada no Rio de Janeiro, antiga Capital Federal.

Simonton era natural dos Estados Unidos, onde nasceu no condado de Dauphin, Pensylvania, no dia 20 de janeiro de 1833. Seus pais eram o Dr. W. Simonton e D. M. Davis Simonton, que eram crentes sinceros, e que na ocasião do batismo do filhinho o consagraram ao ministério evangélico.

Breve biografia

Simonton fez seus estudos preparatórios e depois foi para o Colégio de Princeton, em Nova Jersey, uma das melhores instituições do seu gênero nos Estados Unidos naquela época, e, em 1852 ele formou-se em todas as matérias do seu curso. Depois, durante dois anos seguintes ele dirigiu uma escola de instrução secundária.


Depois desse período de dois anos ele deixou o magistério para estudar direito, queria trabalhar como advogado nos embates políticos que achava lhe acenavam e lhe davam esperanças de futuro.

Era um homem de uma inteligência ímpar e que parecia ter encontrado a carreira adequada a seu perfil. Logo depois de ter iniciado a sua carreira de causídico, Simonton converteu-se a Cristo. O Seu coração que por muito tempo resistia ao Salvador, rendeu-se afinal. Daquele dia em diante a sua vida teve outro rumo, uma nova direção se lhe abria os horizontes e uma mudança radical mudou toda a sua vida até o fim de seus dias.

Simonton reconheceu que o Senhor o chamava para o ministério sagrado e lembrou-se dos votos dos seus pais quando do seu batismo ainda criança e se lançou adiante para cumprir o chamado do SENHOR.

Matriculou-se no Seminário de Princeton e seguiu o seu curso até o fim com distinção e formou-se em Teologia em 1858, sendo em seguida ordenado como ministro da Igreja Presbiteriana, em 1859. No mesmo ano chegou à cidade do Rio de Janeiro, onde exerceu o seu ministério, quase sem interrupção, até a sua morte em dezembro de 1867.


Desde 1861 ele pregou em português tanto como em inglês, organizando a igreja presbiteriana daquela cidade em 1861. Como pastor da igreja, trabalhou incansavelmente no desempenho de seus deveres, em muitas ocasiões pregou quatro vezes por semana, escrevendo quase todos os seus sermões, além do mais, visitava assiduamente os membros da congregação.

Sua personalidade era simpática, era um homem além de inteligente, culto, era também criativo e cativava as pessoas ao seu redor. Seu prazer maior era servir às pessoas e trabalhar em benefício de quantas precisassem dele.[1]


Homem de Imprensa

Simonton e outros colaboradores fundaram em 1864 a Imprensa Evangélica, periódico que circulou até o mês de 1892. Através desse jornal Simonton combateu o erro e proclamou a verdade do Evangelho de Cristo. Ele foi o iniciador do movimento da imprensa religiosa no país, mas que não recebeu nenhum reconhecimento ainda.

A morte da esposa e de Simonton

Blackford continua a sua narrativa sobre o seu cunhado: “Ele casou-se em 1863 com Helen Murdoch na cidade de Baltimore. Infelizmente Helen morreu em 1864, deixando uma filha que herdou o seu nome. No fim do ano de 1867, Simonton, estando na cidade de São Paulo, adoeceu vitimado de uma febre violenta e no dia 9 de dezembro daquele ano, antes de completar 35 anos de idade, descansou no Senhor”.[2] Os restos mortais de Simonton, descansam no Cemitério dos protestantes em São Paulo, ao lado do túmulo do Rev. José Manoel da Conceição.

A Editora Cultura Cristã lançou o livro Sermões Escolhidos, obra que nos presenteia com alguns sermões que Simonton pregou quando pastor da igreja do Rio de Janeiro.

Homenagens póstumas

Logo depois do anúncio da morte do Rev. Simonton, os seus amigos americanos e ingleses, reunidos no consulado dos Estados Unidos, adotaram uma resolução nos seguintes termos:
 

“Visto que aprouve À Divina Providência remover deste mundo o nosso muito amado e estimado amigo, o Rev. A. G. Simonton no meio dos seus trabalhos e no vigor da sua virilidade, por isso resolvemos:

1 – Que na morte do nosso estimado amigo, cada um de nós sente que sofreu uma grande perda pessoal; e desejamos unir as nossas lágrimas Às daqueles que eram ligados com ele pelos laços de parentesco;

2 – Que tendo tido relações de amizade durante alguns anos com o falecido Sr. Simonton, sempre o conhecemos como um homem de raros dotes morais e intelectuais – um cristão a cujos severos princípios de dever juntava um grande espírito de tolerância para com os outros, e cuja moralidade e pureza de vida não desprezava os prazeres inocentes – um cavalheiro, cujas maneiras eram amáveis, cuja franqueza era delicada e cujas convicções declaradas nunca deram ofensa e eram recebidas com respeito mesmo por aqueles que não as partilharam.

Como vizinho, interessava-se por tudo quanto dizia respeito ao bem-estar dos outros, e sentiremos por muito tempo a falta de sua presença agradável nas nossas casas de negócio e no círculo doméstico onde ele sempre era bem acolhido.

Era pacífico, moderado, dócil, susceptível de todo bem, cheio de misericórdia, e de bons frutos, e não era dissimulador;

3 – Que damos os nossos sinceros pêsames aos parentes do falecido, neste pais e nos Estados Unidos., e aos seus associados neste império; e prometemos-lhes guardar viva em nossos corações a memória de nosso excelente amigo e de imitar as virtudes que lhe adornaram a alma.”
 
Essa foi a curta de vida de um homem que deixou-se usar por Deus, mesmo tendo vivido uma vida curta, porém da pequenez, Deus fez algo grande, a Igreja Presbiteriana do Brasil - IPB





[1] Testemunho de A.L. Blackford, cunhado de Simonton, dito em um discurso pouco depois da sua morte.
[2] Ibid.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

SER PASTOR

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Rev. João d'Eça, MD
 
 
Introdução:
         Desde que eu era criança, aos 9 anos de idade, senti o chamado para ser pastor. Não era de uma família cristã protestante e nem praticavam a religião, os meus parentes. Mas eu gostava de ver os jovens e outras pessoas passarem aos sábados e domingos pela minha rua indo para igreja  vestidos naqueles paletós tradicionais. Aquilo me encantava e eu sonhava o dia em que iria vestir um paletó e caminhar para a igreja.
         Eu, sem nem ainda ter contato com os crentes, mas já lia a Bíblia, pelo menos o Novo Testamento ganho da escola pelos Gideões Internacionais. Eu reunia os meus amigos e pregava para eles, como via os pregadores ao ar-livre fazer e eles gostavam, levavam tudo na brincadeira, achavam aquilo uma palhaçada, mas para mim era sério, na minha inocência de 9 anos de idade eu me transportava mentalmente para o púlpito de uma igreja e já nem percebia quem estava ao meu redor.... Até que passava aquela viagem mental.
Pastor na Bíblia
         A palavra “pastor” aparece nas Escrituras oito vezes no Antigo Testamento e uma no Novo. Significa uma pessoa encarregada de vigiar, guiar um rebanho, cuidar de sua alimentação e defende-los dos perigos e assaltos dos lobos.... Afinal, ama-lo e governa-lo.
         A Escritura nos conta que o povo, certa vez foi surpreendido com a Boa-Nova contada pelos pastores que guardavam os rebanhos nos campos de Belém e que anunciavam o nascimento de Jesus Cristo, uma das cenas mais espetaculares das Sagradas Escrituras.
         Com o conhecimento que temos da vida pastoril do Oriente Médio, não é difícil fazer a imaginação voar e ver aquelas verdejantes colinas, onde descansando o rebanho, também estavam os pastores vigiando-os, quando a mais saudosa antífona ecoou pelos vales afora, vindo do céu esta voz: “Glória a Deus nas maiores alturas e paz na terra aos homens a quem ele quer bem”.
         Outra cena igualmente encantadora naquela parte do mundo no tempo de Jesus era ver pela manhã os pastores levando os seus rebanhos às verdes pastagens, e, à tarde, à torrente das águas cristalinas. Era interessante o conhecimento que essas ovelhas tinham da voz do pastor; não atendiam nem conheciam a voz de outro, que para elas era estranho. O cuidado do pastor era tal que apesar do tamanho do rebanho, ele podia chamar cada uma delas pelo seu nome.
         Esse é o trabalho do pastor de almas!
 
         O árduo e difícil trabalho pastoral é para aqueles que se dedicam corpo e alma ao bom Senhor. Ele não pode dormir, e deixar sozinhas as almas confiadas ao seu cuidado.
A missão do pastor
         Não podemos esquecer que somos ministros da palavra, não podemos desperdiçar o tempo e as forças, cuidar de nossos próprios corpos, pregar regularmente três ou quatro vezes por semana e às vezes mais, dependendo do caso, pois os crentes estão sedentos de ouvir uma pregação, o cuidado do estudo para dar alimento conveniente ao rebanho, a visitação que é um dos trabalhos importantes do pastorado, pois é pela visita que o pastor pode conhecer a felicidade, a tristeza, as esperanças, o triunfo, os temores, o combate, a condição espiritual do seu povo, para poder ministrar os confortos do evangelho. Muitos ministros caem em descrédito porque não estão na convivência com o seu rebanho; ignoram a sua condição, porque não estão junto do rebanho.
         Muitos se queixam por não poder visitar o rebanho, isso porque muitos estão acumulando trabalhos além das suas forças. O apóstolo Paulo disse a seu filho na fé Timóteo: “Cuida bem de ti, e do rebanho”. Muitos pastores não sabem dosar a sua carga de trabalho.
 
Conclusão:
 
De suma importância é que o ministro ou pastor seja amigo de seu povo. Seja o pastor, o conselheiro, o mestre, o guia, o confortador do seu povo. Se assim o fizer terá cumprido a sua missão nobremente, ser pastor.

sábado, 21 de novembro de 2015

RELIGIÃO NÃO SE DISCUTE...


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Rev. João d'Eça, MD
 
Já passamos 15 anos do século XXI, do terceiro milênio da era cristã e ainda o espírito perverso e diabólico dos jesuítas perdura no meio da sociedade, envolvendo-a nas trevas do obscurantismo e do indiferentismo da incredulidade.
A inquisição jesuítica, tragicamente consumiu a vida de inúmeros cristãos que tentaram invalidar as falsas doutrinas do romanismo querem ainda hoje, em que pese a liberdade de afirmação de crenças e da influência do Evangelho, que baniu a Inquisição, logo depois da queda da Bastilha trazendo os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
O aspecto marcante da queda da Bastilha em 14 de julho de 1789 foi o de demonstrar que o movimento em curso para buscar a extinção do regime absolutista contava a partir de agora com a população em geral e não mais de um grupo de deputados que pretendiam modificar o regime através de leis.
Na época, o sistema legislativo francês dividia-se em três grupos, os chamados três Estados: o primeiro compreendia os representantes da nobreza; o segundo representava o clero católico; finalmente, o terceiro, representava a população em geral. Os dois primeiros grupos votavam quase sempre em conjunto deixando o Terceiro Estado isolado e marginalizado, tornando qualquer proposta de mudança da situação pela via política bastante difícil.
Em nossos dias o espírito dos Jesuítas sobrevive através da procura de outros meios, por eles julgados mais apropriados, e entre eles engendrados para ludibriar a população e fazê-las escravas das suas crendices e cada vez mais longe da verdade do Evangelho, estabeleceram a ideia de que “religião não se discute”.
Assim, se as pessoas comprarem essa falsa ideia jesuítica de que “religião não se discute”, a ordem de Jesus no final do evangelho de Mateus fica impraticável: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mt. 28.19). Muitas vezes, baseados nesse provérbio maldito dos jesuítas, as pessoas se negam a ouvir a pregação do evangelho e ainda usam o diabólico refrão: “religião não se discute”.
Esse é o argumento desprovido de inteligência, de lógica e de fé que lançam os partidários da ignorância e do erro, para se absterem do verdadeiro conhecimento da verdade genuína do cristianismo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A IMORTALIDADE DA ALMA



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Rev. João d’Eça, MD

  

Introdução


Muitos que se dizem cristãos, alegam a sua crença em Deus, mas não acreditam na imortalidade da alma, assim, a alma deixaria de existir no momento da morte, essa é a afirmação deles. O homem orgulhoso prefere o aniquilamento do que se submeter ao julgamento divino.

Este mundo não satisfaz o crente que foi alcançado pela graça de Deus, mas o homem natural, esse não está satisfeito com nada, quanto mais alcança, mais quer alcançar, numa busca frenética por preencher o vazio de sua alma. De igual modo, só que de forma positiva, o crente que tem aspirações espirituais, quando alcança o conhecimento de uma verdade, esse se torna apenas o ponto de partida para novas e mais profundas investigações, nesse ponto, é que aspiramos as coisa que não podem ser alcançadas pelo sentidos humanos, mas que uma voz secreta, espiritual, nos diz que existe uma vida sem fim e uma liberdade sem limites.

Nós, os seres humanos, estamos acostumados com o temporal, vemos no nosso dia-a-dia as coisas que nos cercam, elas desaparecem e morrem, Dai a pergunta: Quem nos deu a ideia da eternidade? Isso não será o sonho do nosso espírito fraco e limitado? Não! Porque quando a humanidade é estudada, em todas as épocas, em todas as geografias, revela que a humanidade sempre sonhou com o infinito, sejam os filósofos especuladores gregos, sejam os ignorantes onde quer que eles estejam.


A preservação da história

         Os homens são levados naturalmente a procurar os meios que lhe preservem o nome do esquecimento, ou que o tornem imortal. Para os homens, a ideia de morrer e ser esquecido é trágica. Será por que? Talvez encontremos um caminho no texto de Eclesiastes 3.11, que diz:


Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até o fim.


Depois de depositado na tumba fria, no fundo tenebroso do sepulcro, não se pode ouvir mais nada dos elogios que foram feitos, nem contemplar as estátuas erguidas em homenagem à nossa honra.

A memória que se guardará de nós, será limitada a um curto espaço de tempo, assim foi com os grandes homens da história da humanidade. Alguns poucos são lembrados, mas a grande maioria é esquecida completamente. Os maiores homens da humanidade como Júlio César, Pompeu, Galileu, Napoleão, um dia serão esquecidos, em que pese ainda hoje serem lembrados nos anais da história.


Mesmo sabendo que seremos esquecidos estamos sempre prontos a tudo sofrer, contanto que possamos fazer alguma coisa que faça o nosso nome ser lembrado na posteridade. Assim também é o nosso desejo de tornarmos imortal o nome de nossa família.


Quando nos tornamos pais, a tendência é que esqueçamos de nós mesmos para lembrarmos da nossa prole. Nos preocupamos com o futuro dos nossos filhos, e para que esse futuro seja glorioso, geralmente sacrificamos o bem-estar dos que vivem em prol dos que haverão de vir. Esquecemos que a história guarda a memória de umas raras famílias, que por circunstâncias extraordinárias se tornaram lembradas no decorrer das eras.

A loucura que acomete a humanidade

         A humanidade ainda não se curou dessa loucura, dessa busca desenfreada pela perpetuação do seu nome. Assim fizeram os que construíram a Torre de Babel, cuja intenção era a de preservar os seus nomes. O texto Sagrado de Gn. 11.4 diz:
 

Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo topo chegue até os céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda terra.

 
É certo que por essa ambição humana podemos afirmar categoricamente que o último homem que estiver vivo sobre a terra, será dominado pelo desejo irresistível de perpetuar o seu nome.

Esse desejo humano atesta uma necessidade de ordem moral a que ninguém se esquiva, pois é tão certo como a morte. Todos os filhos de Adão são atingidos por esse desejo. O ser humano tem a necessidade do infinito, da eternidade, da imortalidade. Isso está gravado na constituição humana, para isso ele foi criado.

Quando o homem se entrega totalmente à conquista das coisas aqui da terra, ele faz isso na tentativa de transportar a imortalidade para essa existência efêmera, passageira, de curta duração. O homem natural, mas que tem uma alma imortal, que seguirá após a morte para uma existência eterna em Deus ou separada dele, supõe que foi criado somente para essa existência e por isso não aceita separar-se das suas conquistas terrenas e nem cogita na possibilidade que seja esquecido, isso é uma prova inconteste da imortalidade.

Os adeptos do materialismo alegam a eternidade da matéria. Descrer no Deus único e pessoal, no Deus que se relaciona com o homem e que é o criador da eternidade, quando age assim, ele faz da matéria o seu “deus”. Faça o homem o que fizer para fugir dessa realidade incontestável da imortalidade, adultere o quanto puder a sua consciência, camufle o máximo possível os sentimentos da sua alma e do seu coração, ele não poderá nunca eliminar da sua existência a necessidade de uma vida sem fim.

Conclusão

A imortalidade é uma realidade gravada na alma humana, é a marca do seu criador na existência humana. Deus, no entanto, jamais fez surgir na alma humana uma necessidade sem lhe proporcionar ao mesmo tempo um meio de satisfazê-la. Deus deu à alma humana a sede devoradora da felicidade imortal. Deus fez brotar das profundezas da eternidade uma fonte, em cujas águas cristalinas e doces, a alma poderá beber até ficar plenamente saciada.

Jesus disse em João 4.14:


Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

SOLENIDADE NO SENADO FEDERAL PELOS 156 ANOS DA IPB E 145 ANOS DA UNIVERSIDADE MACKENZIE.

Nesse dia 16 de Novembro de 2015, o Senado Federal realizou Sessão Solene pela passagem dos 156 anos da IPB e pelos 145 anos da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Com a participação de vários pastores presbíteros e políticos, a Sessão foi realizada por iniciativa do Senador pelo Estado do Mato Grosso, José Medeiros.

Publicaremos abaixo os pronunciamentos dos maranhenses, Senador Roberto Rocha, do Reitor da UPM, Benedito Guimarães Aguiar Neto e do Presidente da IPB, Rev. Roberto Brasileiro da Silva. Vejam as Imagens:


PRONUNCIAMENTO DO SENADOR ROBERTO ROCHA

Senhor presidente, senhores e senhoras senadores e senadoras

Nesta feliz homenagem, duas palavras que tem o mesmo sentido, embora diferentes origens, estão reunidas. A palavra grega “Presbyteros”, que significa ancião, e a palavra latina “Senatus”, que tem o mesmo significado.

Portanto, senadores e presbíteros, na origem, são a mesma coisa. Ambos remetem à sabedoria dos mais velhos, dos experientes, daqueles que aconselham os caminhos para os mais jovens.

A título de curiosidade, lembro que a palavra “senil” tem a mesma raiz que a palavra “Senado”. E o nome científico da chamada vista cansada, que acomete os mais velhos, é “Presbiopia”, da mesma raiz de “Presbítero”.

Vejam então, colegas senadores e ilustres representantes da Igreja e do Instituto Presbiteriano, que nós temos a responsabilidade de preservar o sentido etimológico que nos une, não pela condição de mais velhos, mas a de mais sábios. Ou, dizendo de outra maneira, não como um status, mas como um valor.

E é exatamente sobre valores que eu gostaria de falar, ao evocar os 156 anos da Igreja Presbiteriana do Brasil e o 145º aniversário do Instituto Presbiteriano Mackenzie, tão oportunamente lembrados pelo senador José Medeiros, a quem presto minhas homenagens.

Pois é disso que se trata. Não se está aqui simplesmente homenageando o grandioso percurso institucional do Mackenzie. Seus 45 mil alunos, suas unidades educacionais, seus prestigiados cursos. O que estamos louvando é a proeza de crescer graças ao adubo dos valores plantados na sua fundação, há mais de um século.

E o primeiro valor é a tradição humanista da concepção calvinista que afirma que a ética não pode ser uma imposição moral autoritária. Nessa perspectiva calvinista, a fé relaciona-se com a disposição ao trabalho disciplinado, com a adesão ao pensamento racional, a capacidade de inovar e correr riscos.

Esse senso ético valoriza aspectos como a honestidade, a confiança, a tolerância, o autodomínio, a honra e a perseverança.

Nesse sentido, a educação do Mackenzie, de raiz confessional, excluía o proselitismo religioso, acreditando firmemente que os valores cristãos são ensinados pelo exemplo, não pela doutrinação. No conceito calvinista de educação, a ética deriva da fé e nesse sentido não é a escola que está a serviço da instituição eclesiástica. É esta que está a serviço da escola.

Uma escola que formasse homens sábios na mente, prudentes nas ações e piedosos no coração.

Está aí a origem do formidável sucesso do Mackenzie. Não pela capacidade gerencial ou empreendedora de seus fundadores, mas pela capacidade de injetar valores em todo o seu ideário.

Não é à toa que muitos desses valores deram ao Mackenzie o prestígio de um pioneirismo singular para os padrões de nossa sociedade excludente e desigual. Por exemplo o valor da Igualdade, que desde sempre mesclou nas salas de aula alunos de diversas origens sociais.

Não havia nas salas de aula preconceito de cor, credo, classe social. Não havia o castigo físico, a temida palmatória, símbolo maior do modelo educacional que perdurou no Brasil por mais de um século.

Outro valor cristão sempre presente, a compaixão, resultou no pioneirismo da instituição das bolsas de estudo para aqueles que não podiam pagar. Ainda hoje quase 20 mil alunos desfrutam de algum tipo de bolsa.

O Mackenzie também foi o primeiro centro de ensino no Brasil que fundou um Centro Acadêmico, para dar representação aos alunos. Também foi das primeiras escolas a contar com biblioteca própria e Ginásio de Esportes. Aliás, a primeira partida de futebol oficial de São Paulo foi Mackenzie x Germânia, clubes que não existem mais.

Em 1929, quando o crack da bolsa quebrou os cafeeiros, o Mackenzie perdoou a inadimplência dos filhos dos fazendeiros. Em 1932, o ginásio virou enfermaria para os feridos da revolução paulistana. Nesse mesmo ano, dez anos antes do Senai, criou uma escola técnica de química Industrial, Mecânica e Eletricidade.

São esses valores, preservados ao longo da história, que ainda hoje mantém o chamado Mackenzie solidário, com frentes de assistência jurídica, acolhimento de crianças em vulnerabilidade, treinamento de professores de outros estados e de povos indígenas.

Portanto, o Mackenzie é o fruto da conjugação da ética do trabalho com os valores cristãos da tolerância, da compaixão, da humildade, da sagrada igualdade entre todos os humanos.

Senhor presidente, vivemos tempos de intolerância, de exclusão, de ambições e vaidades. Ainda estamos atônitos com a escalada de violência alimentada pelo discurso da fé. A grande lição que o Mackenzie nos dá é de que não só é possível conviver com diferentes visões de mundo, mas é possível também afirmar sua própria visão pelo exemplo, sem imposição de verdades, sem proselitismo e com genuína aceitação da diferença.

Muito obrigado!!


PARA OUVIR OS PRONUNCIAMENTOS DO DR. BENEDITO
GUIMÃRÃES AGUIAR E DO REV. ROBERTO BRASILEIRO

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http://www12.senado.gov.br/radio/1/plenario/156-anos-da-igreja-presbiteriana-do-brasil-e-145-anos-da-instituicao-mackenzie




quinta-feira, 12 de novembro de 2015

OS PRIMEIROS CRISTÃOS ERAM COMUNISTAS?


(Atos 2.43-47)

 
Introdução:

         Um fenômeno que tem invadido as igrejas nos últimos trinta anos, é a categoria de crentes progressistas ou crentes adeptos do sistema político conhecido como socialismo-comunismo, uma aberração. Na tentativa de transformar o nosso país em uma sociedade comunista, os partidos de esquerda se implantaram no país depois do período denominado redemocratização, à partir de 1985 e com um discurso pseudo-democrático, criticaram o período do regime militar que o nosso país viveu, satanizaram os militares e tentaram de toda forma implantar o comunismo no Brasil.


         Respondendo a pergunta que intitula essa lição, dizemos que em Jerusalém, nos primeiros séculos do cristianismo, não havia comunismo na acepção da doutrina político-sociológica atual. Para justificar a tese que propomos, apresentaremos o antagonismo existente entre a doutrina cristã e o comunismo.

1 – O comunismo não admite Deus, ao passo que os primeiros cristãos criam, adoravam e serviam a Deus;

2 – O alvo do comunismo é materialista, ao passo que o alvos dos crentes do primeiro século era espiritual;

3 – O comunismo divide a humanidade em duas classes, capitalistas e trabalhadores (proletários). O cristianismo considera a humanidade com uma. A mensagem do cristianismo é para todos, porque todos sofrem do mesmo mal, o pecado, bem como todas as pessoas precisam do mesmo remédio para a sua situação de pecado, a salvação por meio de Jesus Cristo. A ordem a todos os crentes é: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”. Jesus diz ainda: “Vinde a mim todos os cansados e oprimidos”.  Essa é a mensagem de Jesus Cristo dirigida a toda a humanidade, ricos e pobres, oprimidos e opressores. Deus quer o bem de todas as pessoas.

4 – O comunismo confisca a propriedade privada, ao passo que os cristãos primitivos, voluntariamente usaram as suas propriedades e bens, sem nenhum cunho político ou ideológico, sem nenhuma pressão, para beneficiar os mais necessitados, pelo simples fato de que Cristo Jesus havia transformado a sua vida e ele aguardavam o retorno do Senhor ainda na sua geração, não fazendo sentido, portanto, acumular bens.

         No comunismo o homem é obrigado a abrir mão de sua propriedade pelo poder coercitivo do Estado, que passa a ser o único capitalista e proprietário admissível. O objetivo do comunismo é a extinção da propriedade privada.

5 – O cristianismo ensina que a salvação do homem é um fato espiritual, contrário ao que doutrina o comunismo, que considera a salvação como uma questão material e econômica.

6 – O cristianismo visa a vida espiritual do homem, enquanto que o comunismo só está preocupado com a sua vida material nesse mundo.


Como pudemos ver o comunismo é antagônico ao cristianismo nos seus princípios. Veremos na sequência o que se deu entre os primitivos cristão para que eles doassem as suas propriedades e bens entre os necessitados para que todos tivessem em comum. Na verdade não era uma prática sociológica que possamos classificar de comunismo.


I – OS MOTIVOS DA DIUSTRIBUIÇÃO DE BENS ENTRE OS PRIMITIVOS CRISTÃOS (At. 5.32).


         O que eles faziam não era comunismo. Aquele prática era uma forma transitória para suprir as necessidades dos crentes pobres da igreja de Jerusalém. Já entre os Essênios, seita judaica do tempo de Cristo, havia esse trabalho de solidariedade para com os necessitados, portanto, essa prática não se originou com Jesus Cristo ou com os seus discípulos.

         Os motivos pelos quais os primitivos cristãos praticaram a “comunidade de bens” foram as condições econômicas de muitos membros necessitados na igreja de Jerusalém, que levou os mais abastados a socorrerem-se mutuamente. Esta nova ordem social era o resultado da ação do cristianismo nos corações dos homens. “Não havia necessitados” porque todos tinha se reunido para minorar as necessidades dos outros.

         O amor fraternal em Cristo Jesus era outro motivo da “comunidade de bens”. “O coração e a alma eram um só”. O amor fraternal com base em Jesus Cristo era evidentemente praticado. “Eles tinham tudo em comum”.

         A outra condição que ocasionava essa vida entre os primitivos cristãos era a interpretação sobre o retorno iminente de Jesus Cristo. Os primeiros crentes entendiam que o retorno de Jesus seria breve e que ele viria para implantar o seu reino na terra e eles esperavam esse retorno ainda na sua geração.

         Somente o amor fraternal, e principalmente este, levavam os primitivos cristãos a desfazer-se dos seus bens usando para benefício comum. Não havia necessitados porque cada um era socorrido de acordo com a sua necessidade. O espírito de equidade regulava as relações dos primeiros crentes, mesmo em se tratando de interesses materiais.


II – A DISTRIBUIÇÃO DE BENS ENTRE OS PREIROS CRISTÃOS ERA ESPONTÂNEA E VOLUNTÁRIA (At.4.34-37).

         Vender as suas propriedades e bens e depositar aos pés dos apóstolos, isto é, à disposição da liderança espiritual da igreja, era fruto espontâneo e voluntário do amor. Não havia uma lei estabelecida nem pela igreja, nem pelos próprios apóstolos. Também não havia coação ou imposição a que todos fizessem os seus bens comuns (v, 34,35).

         Nada disso podemos comparar com a doutrina comunista. Era uma expressão voluntária de abnegação e filantropia. A doutrina comunista estabelece obrigatoriedade na extinção da propriedade privada. Barnabé, companheiro de viagem do apóstolo Paulo, na sua primeira viagem missionária, é apresentado como um dos que seguiram voluntariamente o exemplo de outros, depositando o preço de sua herdade mãos pés dos apóstolos.


III – AS DIFERENÇAS OBSERVADAS À PARTIR DESSA PRÁTICA (At. 5.1-10; 6.1-4).

         A pratica da comunidade de bens entre os primeiros cristãos de Jerusalém não deu bons resultados, levantando-se logo alguns problemas. Enquanto alguns vendiam e davam o preço voluntariamente, para agradar ao Senhor e servir aos seus irmãos na fé, apareceu um casal, que se tornou o tipo da ostentação hipócrita de uma piedade que não possuía. O pecado deste casal, Ananias e Safira, estava em mentir ao Espírito Santo, pois que era livre para dar o que quisesse, mas sem mentir.

         Não ficou terminada a dificuldade no exemplo deste casou que sofreu o castigo merecido. Maiores dificuldades vieram mais tarde com as queixas e murmurações, por motivo da distribuição dos recursos da igreja (At. 6.1).

         Esta foi outra dificuldade por causa da prática da comunidade de bens. Depois disto não se ouve falar mais desta prática em mais nenhuma igreja apostólica. Foi, como já nos referimos, uma coisa eventual, passageira, local e não tomou forma de doutrina ou prática social entre os cristãos primitivos.

Aplicação:

         Ser crente e socialista/comunista é uma aberração, não se enquadra em nenhuma possibilidade. Ambas as ideias se excluem.

         O socialismo/comunismo nivela todas as pessoas por baixo, não há liberdade de desenvolvimento, não há propriedade privada, tudo passa a ser propriedade do governo central que torna-se controlador das vidas e assistencialista. Ninguém tem nenhuma possibilidade de ascender socialmente.

         O socialismo/comunista é gerador de pobreza, de miséria. Enquanto todos os demais ficam pobres e necessitados, os dirigentes do partido ficam bilionários e engordando as suas contas bancárias.

O Estado torna-se capitalista, enquanto que a população vira um monte de máquinas para fazer funcionar a engrenagem.

Em que pese o capitalismo não ser um sistema perfeito, mas dá a chance das pessoas ascenderem socialmente, há liberdade de criação, de trabalho e de desenvolvimento. Há verdadeira democracia no capitalismo.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

SEMANA DA REFORMA – ERASMO DE ROTERDÃ E A TRADUÇÃO DO NOVO TESTAMENTO





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Rev. João d’Eça







Introdução



         À partir do ano que vem, 2016, comemoraremos o 5º centenário da publicação da tradução do Novo Testamento feito por Erasmo de Roterdã.



Seu nome de batismo era Erasmo Desidério, mas ficou conhecido no mundo todo como Erasmo de Roterdã, por ter nascido na cidade holandesa de Roterdã. Ele veio a ser o maior humanista do seu tempo e talvez de todos os tempos.



Erasmo dedicou a sua vida inicial à carreira eclesiástica e fez votos monásticos, mas que depois os renunciou, conservando-se porém na igreja de Roma, onde exerceu cargos de confiança, chegando mesmo a ser agraciado pelo papa Paulo III com o chapéu cardinalício, o qual recusou prontamente.



Primeiros anos e estudos



         Erasmo iniciou os seus estudos em Paris e em Bolonha (1506) foi nomeado Doutor em Teologia. Manteve amizades e companheirismo com os mais poderosos homens de seu tempo: Na Inglaterra cultivou a amizade de John Colet e Thomas More, autor de Utopia. Foi favorecido por reis como Henrique VIII e Carlos V e ganhou a simpatia do papa Leão X, Paulo III e outros. Erasmo mantinha correspondências com reis e príncipes, com sábios e altos dignatários da igreja romana. Foi professor nas universidades de Oxford e Cambridge. Publicou e editou muitas obras.



Erasmo e a Reforma



         Erasmo de Roterdã contribuiu para a Reforma e muito lutou por ela. Suas sátiras contra os frades e contra os abusos eclesiásticos, e o seu reconhecimento das Escrituras Sagradas como padrão da doutrina e da fé, muito o recomendaram. Erasmo não ficou muito impressionado com Lutero, não aceitou a ideia de pecado e via o cristianismo como um sistema de moral, nada mais que isso. Faltava para Erasmo a coragem e o ardor de Martinho Lutero, e, por esta razão, ele foi se afastando cada vez mais do movimento Reformado, mesmo tendo se empenhado por ele no início.



A melhor contribuição de Erasmo para o movimento da Reforma, foi sem sombra de dúvida, a sua tradução do Novo Testamento. Ele dedicou-se com muito empenho ao estudo do grego em Oxford, em 1496 e depois tornou-se professor de grego em Cambridge. Quando estava em Paris, dedicou-se igualmente aos estudos, dando a maior parte de seu tempo.



O seu trabalho de composição



         Erasmo de Roterdã descobriu o manuscrito Annotationes ao Novo Testamento, escrito por Lorenzo Valla[1] uma comparação da Vulgata Latina com o texto original grego. Lutero ficou interessado pela obra e aconselhado por Christopher Fisher, resolveu publicá-la. Em 1506 voltou novamente a Inglaterra e por insistência de John Colet começou a fazer a tradução latina do original grego do Novo Testamento. Não sabemos ao certo quando foi que ele começou a fazer a edição grega, talvez posteriormente, quando esteve de novo na Inglaterra.



Erasmo preparava a sua obra no mesmo tempo em que o cardeal Ximenes preparava a sua Bíblia triglota, conhecida como Complutensis. Essa obra continha o texto grego da LXX ao lado do texto latino da Vulgata, e foi publicado em 1514, porém a obra completa só foi publicada em 1522. Por insistência do editor de Erasmo, Froben, da Basiléia que queria se antecipar à publicação de Ximenes, Erasmo publicou a sua obra em 1516, há exatamente 499 anos.



O trabalho de Erasmo foi primoroso e elogiado pelas maiores mentes de sua época. Ele usou quatro manuscritos da ordem dos minúsculos ou cursivos. Ao lado do texto grego publicou em colunas paralelas a sua tradução latina, na qual se afastou um tanto da Vulgata. A obra continha uma dedicatória a Leão X, o papa reinante. A obra continha cerca de 1000 páginas, incluindo anotações. O Trabalho foi elogiado por uns e criticado por outros. Houveram outras edições em 1519, a terceira edição em 1522, a quarta em 1527 e a quinta em 1535. De todas estas edições a mais notável foi a quarta. Todas as edições foram publicadas por Froben, na Basiléia.



Lutero usou a obra de Erasmo em sua segunda edição para fazer a sua tradução da Bíblia para o Alemão. A quarta que o autor corrigiu pela Complutensis, cujo texto era superior quanto ao valor crítico, veio mais tarde a servir de base ao famoso Textus Receptus. Depos disso houve as edições de Stephens (Étienne), famosos impressor francês, cuja 3ª edição de Paris (1550) recebeu o nome de Editio Regia.



Muitas outras edições surgiram naquele período, dentre elas as de Theodor Beza e as de Elzevirius, das quais surgiram o Textus Receptus, que se baseia na edição de Erasmo. O Textus Receptus rapidamente tornou-se popular e muitos a consideravam como texto autentico.



Conclusão



A Reforma, portanto, precisou do trabalho de Lutero e do impressor Froben, pelo magnífico trabalho que realizaram na época em que viveram. Foram usados por Deus para a realização de uma obra de enorme valor para o nascimento do movimento de Reforma da Igreja de Cristo na terra.



[1] Lorenzo Valla (14071 de agosto de 1457) foi um escritor, humanista, retórico e educador italiano. Célebre por sua aplicação dos novos padrões humanistas de crítica a documentos usados pelo Papado em apoio de seu poder temporal. Em 1440 publicou o seu panfleto contra a Doação de Constantino, que provou efetivamente que o famoso documento, pelo qual a autoridade imperial romana teria sido transmitida ao Papado, era espúrio. Valla foi também um filósofo de prestígio, e preocupado, com sua maestria lingüística, em que não se perpetuassem antigos erros decorrentes de traduções defeituosas de Aristóteles e da Bíblia.

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