terça-feira, 17 de novembro de 2015

SOLENIDADE NO SENADO FEDERAL PELOS 156 ANOS DA IPB E 145 ANOS DA UNIVERSIDADE MACKENZIE.

Nesse dia 16 de Novembro de 2015, o Senado Federal realizou Sessão Solene pela passagem dos 156 anos da IPB e pelos 145 anos da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Com a participação de vários pastores presbíteros e políticos, a Sessão foi realizada por iniciativa do Senador pelo Estado do Mato Grosso, José Medeiros.

Publicaremos abaixo os pronunciamentos dos maranhenses, Senador Roberto Rocha, do Reitor da UPM, Benedito Guimarães Aguiar Neto e do Presidente da IPB, Rev. Roberto Brasileiro da Silva. Vejam as Imagens:


PRONUNCIAMENTO DO SENADOR ROBERTO ROCHA

Senhor presidente, senhores e senhoras senadores e senadoras

Nesta feliz homenagem, duas palavras que tem o mesmo sentido, embora diferentes origens, estão reunidas. A palavra grega “Presbyteros”, que significa ancião, e a palavra latina “Senatus”, que tem o mesmo significado.

Portanto, senadores e presbíteros, na origem, são a mesma coisa. Ambos remetem à sabedoria dos mais velhos, dos experientes, daqueles que aconselham os caminhos para os mais jovens.

A título de curiosidade, lembro que a palavra “senil” tem a mesma raiz que a palavra “Senado”. E o nome científico da chamada vista cansada, que acomete os mais velhos, é “Presbiopia”, da mesma raiz de “Presbítero”.

Vejam então, colegas senadores e ilustres representantes da Igreja e do Instituto Presbiteriano, que nós temos a responsabilidade de preservar o sentido etimológico que nos une, não pela condição de mais velhos, mas a de mais sábios. Ou, dizendo de outra maneira, não como um status, mas como um valor.

E é exatamente sobre valores que eu gostaria de falar, ao evocar os 156 anos da Igreja Presbiteriana do Brasil e o 145º aniversário do Instituto Presbiteriano Mackenzie, tão oportunamente lembrados pelo senador José Medeiros, a quem presto minhas homenagens.

Pois é disso que se trata. Não se está aqui simplesmente homenageando o grandioso percurso institucional do Mackenzie. Seus 45 mil alunos, suas unidades educacionais, seus prestigiados cursos. O que estamos louvando é a proeza de crescer graças ao adubo dos valores plantados na sua fundação, há mais de um século.

E o primeiro valor é a tradição humanista da concepção calvinista que afirma que a ética não pode ser uma imposição moral autoritária. Nessa perspectiva calvinista, a fé relaciona-se com a disposição ao trabalho disciplinado, com a adesão ao pensamento racional, a capacidade de inovar e correr riscos.

Esse senso ético valoriza aspectos como a honestidade, a confiança, a tolerância, o autodomínio, a honra e a perseverança.

Nesse sentido, a educação do Mackenzie, de raiz confessional, excluía o proselitismo religioso, acreditando firmemente que os valores cristãos são ensinados pelo exemplo, não pela doutrinação. No conceito calvinista de educação, a ética deriva da fé e nesse sentido não é a escola que está a serviço da instituição eclesiástica. É esta que está a serviço da escola.

Uma escola que formasse homens sábios na mente, prudentes nas ações e piedosos no coração.

Está aí a origem do formidável sucesso do Mackenzie. Não pela capacidade gerencial ou empreendedora de seus fundadores, mas pela capacidade de injetar valores em todo o seu ideário.

Não é à toa que muitos desses valores deram ao Mackenzie o prestígio de um pioneirismo singular para os padrões de nossa sociedade excludente e desigual. Por exemplo o valor da Igualdade, que desde sempre mesclou nas salas de aula alunos de diversas origens sociais.

Não havia nas salas de aula preconceito de cor, credo, classe social. Não havia o castigo físico, a temida palmatória, símbolo maior do modelo educacional que perdurou no Brasil por mais de um século.

Outro valor cristão sempre presente, a compaixão, resultou no pioneirismo da instituição das bolsas de estudo para aqueles que não podiam pagar. Ainda hoje quase 20 mil alunos desfrutam de algum tipo de bolsa.

O Mackenzie também foi o primeiro centro de ensino no Brasil que fundou um Centro Acadêmico, para dar representação aos alunos. Também foi das primeiras escolas a contar com biblioteca própria e Ginásio de Esportes. Aliás, a primeira partida de futebol oficial de São Paulo foi Mackenzie x Germânia, clubes que não existem mais.

Em 1929, quando o crack da bolsa quebrou os cafeeiros, o Mackenzie perdoou a inadimplência dos filhos dos fazendeiros. Em 1932, o ginásio virou enfermaria para os feridos da revolução paulistana. Nesse mesmo ano, dez anos antes do Senai, criou uma escola técnica de química Industrial, Mecânica e Eletricidade.

São esses valores, preservados ao longo da história, que ainda hoje mantém o chamado Mackenzie solidário, com frentes de assistência jurídica, acolhimento de crianças em vulnerabilidade, treinamento de professores de outros estados e de povos indígenas.

Portanto, o Mackenzie é o fruto da conjugação da ética do trabalho com os valores cristãos da tolerância, da compaixão, da humildade, da sagrada igualdade entre todos os humanos.

Senhor presidente, vivemos tempos de intolerância, de exclusão, de ambições e vaidades. Ainda estamos atônitos com a escalada de violência alimentada pelo discurso da fé. A grande lição que o Mackenzie nos dá é de que não só é possível conviver com diferentes visões de mundo, mas é possível também afirmar sua própria visão pelo exemplo, sem imposição de verdades, sem proselitismo e com genuína aceitação da diferença.

Muito obrigado!!


PARA OUVIR OS PRONUNCIAMENTOS DO DR. BENEDITO
GUIMÃRÃES AGUIAR E DO REV. ROBERTO BRASILEIRO

CLICK NO LINK ABAIXO
http://www12.senado.gov.br/radio/1/plenario/156-anos-da-igreja-presbiteriana-do-brasil-e-145-anos-da-instituicao-mackenzie




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