quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

QUAL A TUA MOTIVAÇÃO?

Se você ficar na porta de um templo religioso e perguntar às pessoas que adentram o local, por que você veio aqui hoje? Qual é o seu objetivo aqui? Com certeza você ouvirá algumas das seguintes respostas:

- Eu vim aqui em busca de uma benção. Meu marido me deixou!
- Eu vim aqui pedir oração pelo meu filho que está envolvido com gente ruim!
- Eu vim aqui em busca de uma porta de emprego!
- Eu vim aqui porque estava pensando em suicídio, por não ter nada que me preencha!
- Eu vim aqui em busca de uma esposa(o) crente!

Você não ouvirá de alguém, que ele está ali, por causa de uma necessidade espiritual, ou seja, a pessoa parou, refletiu e viu que a sua vida estava errada e que precisava sentir-se perdoada dos seus pecados e por isso foi em busca de Deus e do seu perdão. Seu objetivo principal é resolver o problema do seu pecado.

Jesus Cristo em João 6: 22-27 diz: “..vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes.”

Assim como no tempo de Jesus, a motivação dos crentes hodiernos é a satisfação pessoal. Deus tornou-se um deus de algibeira, onde a pessoa se serve apenas para resolver as suas necessidades materiais, sem se preocupar com a sua real condição de pecador perdido.

Jesus continua dizendo (João 6: 27): “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque Deus o Pai, o confirmou com o seu selo

As pessoas, no início da segunda década do século XXI no Brasil, motivadas por tele-vangelistas, adoradores de Mamom, como Edir, Valdemiro, Silas, Soares, Linhares, Alencar e tantos outros, cujo objetivo, claramente é se locupletar, onde seus negócios, com rótulo de igrejas evangélicas, altamente rentáveis, estão atraindo pessoas imaturas, não bobas, mas interesseiras, que querem as “bênçãos de Deus, mas nada querem com o Deus da bênção”.

O Evangelho no Brasil tem sido enxovalhado, por causa de gente desse naipe, que não crêem em Deus e no seu Filho Jesus Cristo, mas usam o seu nome para atrair pessoas a doarem para a sua causa pessoal. Henfil disse: “Não dou um centavo por uma pessoa que lucra com as suas próprias causas”.

A busca por soluções mágicas para os problemas da vida, está no centro da mentalidade cultural brasileira, com a miscigenação religiosa, que produziu no país uma religiosidade pagã com cara de cristã. O povo do Brasil, ainda mantêm a mentalidade católico-romana, misturada com elementos da religião pagã afro-brasileira e conseguiu produzir também, uma religiosidade supersticiosa que tenta misturar símbolos judaicos com conceitos bíblicos-cristãos.

Algum tempo atrás víamos as igrejas ostentando candelabros, bandeiras de Israel, tocando “chofar”. Líderes que organizavam caravanas a Israel para levar o povo a batizar-se no rio Jordão, como se esse rio tivesse alguma propriedade mágica.

Hoje, por exemplo, a IURD mantêm a sua liturgia com elementos essencialmente espíritas: sal grosso, fogueira santa, água benta do Jordão, terra da Terra Santa, óleo santo de Israel. “A igreja do poder de deus” do Valdomiro, vende martelinhos de metal por R$ 50,00 para as pessoas “quebrarem a maldição” do seu caminho. “Chaves” que abrem todas as portas trancadas. “Toalha milagrosa” que resolve todos os problemas, sem falar na “meia santa”, que aqueles que as calçam, são curados de todas as enfermidades. Tudo isso para pagar os jatinhos particulares nos quais eles andam pelo Brasil inteiro, administrando o seu negócio com nome de “Igreja”.

Jesus Cristo diz em Mateus 7: 21 e 22: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhe direi explicitamente: nunca vos vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.

sábado, 17 de dezembro de 2011

O PODER DA REFORMA NA VIDA POLÍTICA

A Reforma Protestante do século XVI e XVII foi um movimento cuja influência certamente não se limitou à vida pessoal dos cristãos. Ele deixou marcas profundas na vida pública, incluindo a vida do Estado. Isto é especialmente verdadeiro nesse ramo da Reforma que recebeu seus impulsos da cidade de Genebra. A História é um testemunho constante deste fato.

Precisamos analisar apenas um ponto da atividade de Calvino nesta cidade. Embora ele nunca tenha assumido um cargo público lá, sua influência como um reformador foi fortemente sentida também na situação política. E essa influência não se limitou à Genebra, porque ele manteve relações intensas com outras protestantes, por exemplo, os huguenotes na França, a quem ele constantemente aconselhaou no que diz respeito às suas atividades políticas. O fato de que ele dedicou a sua obra mais importante, As Institutas da Religião Cristã, para Francisco I, rei da França, fala bem alto a este respeito.

De fato, neste trabalho Calvino enfatizou a importância da autoridade civil. Ele escreveu que "ninguém pode duvidar que a autoridade civil é, aos olhos de Deus, não somente sagrada e legítima, mas a mais sagrado, e de longe a mais honrosa de todas as atividades da vida mortal" (Inst. IV, XX, 4). Durante toda a sua vida Calvino lutou com os "fanáticos" anabatistas, que defendiam com paixão desenfreada que os cidadãos do Reino de Deus, não tem nada a ver com a autoridade civil, e que as leis e os tribunais eram supérfluos (Inst. IV, XX, 2).

Os descendentes espirituais do grande reformador seguiram seus passos. Eles não evitaram a arena política, como a história da Suíça, França, Holanda, Escócia, Inglaterra e da América do Norte nos séculos XVI e XVII prova. O historiador, Holandês A. A. van ScheIven, chamou este período, o florescimento do Calvinismo. Em geral pode-se dizer que o Calvinismo, muito mais do que o luteranismo, sempre esteve intimamente ligado à vida do Estado.

Ele não vem como uma surpresa, portanto, o Calvinismo sempre que floresceu, produziu não somente grandes teólogos, mas também grandes juristas. A título de exemplo podemos apontar o conhecido jurista alemão Johannes Althusius, que em 1586 se tornou professor de Direito na Universidade de Herborn, em Nassau, e que foi nomeado syndicus da cidade de Emden em 1604 - um posto que que ocupou até sua morte.



Nota: Tradução de um artigo de J. D. D.
Cujo título original é: The Power of the Reformation in political Life

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

ALGUNS ASPECTOS PRÁTICOS DA FÉ - Salmo 37: 1-15

A prosperidade dos ímpios e a aparente vitória dos maus designios, é um grande desafio à fé dos justos. O inimigo do homem, Satanás, está sempre pronto a murmurar o seu veneno de desânimo:

- Qual o proveito de servir a Deus (Jó 21: 15; 35:3)?

É verdade que o ímpio parece levar vantagem em tudo, mas a Escritura nos diz que é por pouco tempo, que é temporário (v, 2).

Apesar disso, a fé não deve ser abalada (v, 1, 7 e 8), por três vezes o texto bíblico nos mostra o perigo da pessoa invejar a aparente prosperidade dos maus.  Aqui há o ensino de que a fé pode ser exercitada de quatro maneiras:
  1. "Confia no Senhor". Deposite nele a tua confiança, apesar de ser difícil, as vezes entender a providência de Deus;
  2. "Deleita-te no Senhor". Tenha prazer nele, na sua Palavra e no seu amor, no seu povo e no seu serviço;
  3. "Entrega o teu caminho ao Senhor". Essa atitude nos livrará do peso da ansiedade;
  4. "Descansa no Senhor" e procura conhecer o que é paz e tranquilidade na mente e no coração.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

DIARIAMENTE COM A PALAVRA - SALMO 36: 1-12

O salmo 36 tem inúmeras espressões comoventes para descrever a alegria do crente, o seu feliz galardão. Veja em seguida estas expressões que demonstra estas verdades:

1 - A gordura da tua casa (v, 8);
2 - A torrente das tuas delícias (v, 8);
3 - A fonte da vida (v, 9);
4 - A sombra das tuas asas (v, 7).

São figuras sublimes.
Benignidade, nos céus (v, 5);
Fidelidade chegando até as nuvens (v, 5);
Justiça como as grandes montanhas (v, 6).

Toda essa bondade levou o salmista a oração:
Continua a tua benignidade (v, 10).
E estamos certos que Deus o fará. Os montes se retirarão e os outeiros serão removidos, a minha benignidade, porém, não se apartará de ti (Isaias 54:10).

Os ímpios são detestados, porque os seus olhos não tem temor de Deus (v, 2).

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

REFORMA PROTESTANTE - JOHN KNOX E O CALVINISMO ESCOCÊS

Ainda são sentidos até hoje os efeitos da Reforma protestante como uma época de tomada de decisões que geraram mudança no mundo cristão, não só na religião em si, mas também nos costumes, política, literatura e na vida cotidiana. A mudança ocorrida com a publicação das 95 teses de Lutero teve lugar sucessivamente, uma mudança confessional, com o Calvinismo, a partir de Genebra, influenciado o desenvolvimento de outros países, incluindo a Escócia. Devido à sua proximidade geográfica e política para com a Inglaterra, a Reforma nesta parte norte da Grã-Bretanha deve ser sempre colocada no contexto de sua geografia.

A abordagem de John Knox
Para sermos capazes de apreciar a abordagem de John Knox, devemos antes de tudo contornar o seu escopo. A Escócia no Séc. XVI, ainda estava dominada por um sistema de anarquia feudal caracterizado por estruturas de clãs. A população era de cerca de um milhão de pessoas, dos quais aproximadamente 90% viviam em áreas rurais. Todos os reis nos 100 anos antes do nascimento de Knox, tiveram uma morte violenta, nenhum deles tinha mais de 42 anos. Por causa de uma sequência de reis menores de idade, as decisões eram tomadas por uma espécie de deputados que tutoriavam os reis menores.

A Reforma Luterana
Nos anos após a publicação das 95 Teses de Lutero em Wittemberg, houve uma efervescência de propaganda reformista. O Novo testamento foi traduzido para o inglês na fronteira escocesa. Na Inglaterra, a Bíblia foi queimada imediatamente, logo depois de publicada, no entanto, na Escócia, os problemas foram muito maiores para conter a onda dos livros se espalhando rapidamente. Na primavera de 1543, a posição dos protestantes na Escócia mudou quase que do dia pra noite. Seguiu-se a morte do Rei Tiago V.

Maria, a sanguinária
Em 1554, o governante escocês rompeu com Mary, a Católica de Guise, mãe de Mary Stuart. O conde Arran estava no trono escocês. Mary se casou com o delfim francês em 1558, que reforçou a aliança Escócia-França. Após a morte de seu marido, Mary foi elevada à rainha da Escócia, em agosto de 1561. A maioria da nobreza era calvinista. Alguns dos súditos de Mary estavam a serviço da rainha Elizabeth I, que não poupou esforços para aproveitar e incorporar a Escócia a seu império. Eles queriam coroar Maria Stuart como rainha da Escócia, esperando que ela resolvesse os problemas religiosos de seu país.

John Knox nasceu no início do reinado de Tiago V, provavelmente em 1505. Alguns historiadores mais recentes datam o seu nascimento em 1513 ou 1514. O local do seu nascimento foi a região mais fértil de Lothian, que tinha o status de uma cidade real livre. A sua densidade populacional era relativamente baixa, com de 1500 habitantes (comparado com 50 mil em Londres, 200 mil em Paris e 15 mil Edinburgo). A base da economia era principalmente de comerciantes e artesãos.

A vida de John Knox era difícil e simples. O solo da região não era muito fértil, o que contribuiu para o uso de métodos primitivos e para a pobreza no país. A situação levou muitos escoceses a migrarem para o exterior, muitas vezes como imigrantes indesejados. Pouco se sabe sobre a família de John Knox. A família Knox não estava muito bem colocados na estrutura social, mas seu pai William era um homem livre na sua cidade natal, de acordo com Ridley.

John Knox quando criança, se apresentou com uma inteligência acima da média, que levou-o a ter os estudos garantidos para ingressar na igreja – naquela época, para um homem da Igreja, era necessário um nível mínimo de educação. Muitos padres escoceses do século XVI não eram alfabetizados. De 1531 ou 1532 Knox, estudou com John Major, um dos principais intelectuais da Europa do seu tempo, de três a quatro anos de teologia na Universidade de St. Andrews.

Knox se distinguiu por suas realizações acadêmicas e foi recompensado ainda muito jovem, com um título acadêmico “Bachelor of Divinity”. Mesmo antes de atingir a idade de costume, ele foi ordenado sacerdote em 1536. Apesar desta brilhante carreira acadêmica, Knox foi confrontado com um problema. Já haviam muitos sacerdotes, na Escócia, para Knox era impossível ganhar a vida desta forma. Quatro anos depois de sua ordenação não tinha conseguido localização. Em 1540 ele entra como um notário público nas imediações do Haddington. No ano 1545-1546, ele foi temporariamente designado companheiro de John Wishart e Andrew Lang. Wishart, reformador escocês e mártir, havia em seu exílio suíço, entrado em contato com Calvino e se tornou um de seus apoiadores fiéis.

O contato com Wishart é provavelmente um dos motivos principais para a afinidade de Knox com os ensinamentos de Calvino. Sob as ordens do cardeal Beaton, líder do partido anti-protestante, Wishart foi condenado como herege e queimado na fogueira. Em seguida, um grupo de protestantes ocuparam o castelo de St. Andrews e causaram a morte do cardeal. Provavelmente John Knox não se envolveu ativamente nessa questão do assassinato do cardeal, mas deu o seu apoio, de acordo com Lang. O castelo foi ocupado e em julho de 1547 com o cerco francês, Knox e outros foram feitos prisioneiros e passaram os próximos anos, até o início do ano 1549, como escravos a serviço da França. Depois de libertado sob o reinado de Eduardo VI, foi levado seguro para a Inglaterra protestante. Ele foi oficialmente um pregador licenciado em Berwick, onde conheceu sua futura esposa. A partir de 1551-1554 ele foi contratado como capelão do rei em Newcastle.

Vivendo escondido na Inglaterra, Knox evitou criticar a rainha Mary Tudor. Só mais tarde, na segurança da França, ele falou publicamente contra a monarca Inglês. Ele estabeleceu-se em Dieppe por algum tempo, e de lá foi para Genebra, no final de março de 1554, onde ele via pela primeira vez a oportunidade de um encontro pessoal com João Calvino.

A Reforma na Escócia é baseada no declínio da Igreja Romana. Gordon Donaldson diz que o papado já estava próximo de ser expulso da "Máquina eclesiástica escocesa". Na introdução à História de Knox da Reforma na Escócia, o editor William Croft Dickinson denominou-a de “uma revolução, uma revolta do povo contra a Igreja”. Ele falou não só dos aspectos religiosos, mas também explicitamente se voltaram contra as injustiças já existentes na vida política e social do país.

A adoção da fé protestante também serviu a muitos interesses mundanos, e supõe-se que nem todos os que apoiaram a Reforma, pertenciam as denominações protestantes ou queriam se converter. James Kirk fala de uma chegada relativamente tardia da Reforma na Escócia, e isso proporcionou uma vantagem na medida em que tal assimilação do material teológico existente na Europa continental tornou-se possível.

Mesmo diante do decreto de Edimburgo de 1525, que proibia a importação de escritos Luteranos, a literatura reformada invadiu a Escócia, proporcionando a transformação da sociedade. Do exílio de Genebra Knox foi chamado para uma guerra religiosa contra Marie de Guise e sua "igreja de Satanás". Os nobres predominantemente protestantes se uniram para formar um movimento de resistência, apoiados secretamente por Elizabeth I da Inglaterra.

Para os reformadores e para John Knox, o objetivo não era somente obter tolerância para sua própria fé, mas sim erradicar a Igreja Católica completamente. Uma vez que esta era explicitamente a religião dos governantes, na Escócia, com isso, por causa das suas ações, eles receberam o status de rebeldes.

Em 6 de Julho foi ratificado o Tratado de Edimburgo que gerou a retirada das tropas francesas da Escócia. Em 1559 ocorreu a vitória final do protestantismo. No mesmo ano a rainha Elizabeth I, fundou a Igreja Anglicana.

Em 1560, a Igreja Reformada da Escócia, já era totalmente calvinista. O calvinismo foi declarado como religião de Estado. A força do impacto, na Escócia de Knox é especialmente evidente no referido estabelecimento da Igreja. Os paralelos são evidentes com o modelo de Genebra, que pode ser devido à proximidade ideológica de Knox e seu mentor, João Calvino. Knox é o mediador entre os europeus e a Reforma escocesa.

GENEBRA E A ESCÓCIA
Em comparação com a cidade de Genebra e a reforma calvinista lá, a Escócia era um grande país selvagem, caracterizado por estruturas anárquicas e feudais. Mas existem diferenças mais profundas entre a Escócia e Genebra. Há diferenças, mesmo no conteúdo teológico, que um olhar mais atento encontrará. Comuns a ambos os reformadores, que fizeram da Bíblia a base de sua teologia. Knox lia o Velho Testamento muitas vezes, literalmente, e viu-o como um guia preciso para sua ação política. Enquanto Calvino procurava a longo prazo, uma harmonia entre a Igreja e o Estado. Na opinião de Knox, o Estado deve atribuir determinadas tarefas para a prosperidade da Igreja Protestante na Escócia.

O ponto mais marcante de diferença é encontrado nos pontos de vista e comentários sobre a resistência armada contra as autoridades. Calvino é veementemente contra ela. Knox, depois da experiência com Maria, a sanguinária, mudou essa opinião. Para ele as pessoas têm o direito de resistência armada. Esta alteração no calvinismo escocês é provavelmente justificada pelas circunstâncias externas com as quais Knox teve que lidar em oposição a Calvino.

A conclusão comparativa pode-se dizer que o calvinismo escocês seguiu a doutrina de Calvino como um todo. Por que o calvinismo na Escócia teve um sucesso tão grande? Foi uma combinação de diferentes fatores. O calvinismo encontrou na Escócia um trabalho de base bem feito. A Reforma, foi uma revolução de baixo para cima. Knox foi um calvinista, antes de se tornar um calvinista. A razão pela qual ele se adaptou facilmente ao calvinismo foi na sua própria opinião, a proximidade ideológica com a doutrina de Calvino. O fato é que sem a pessoa de John Knox, com todas as suas peculiaridades pessoais, a Reforma na Escócia, provavelmente teria tomado um curso totalmente diferente.

Bibliografia:
- GONZALES. Just L. A era dos Mártires - vol. 1
- GONZALES. Justo L. Uma história do pensamento Cristão.
- MAGRATH. Alister.  Teologia Histórica
- SATNLEY J. Grenz e OLSON. Roger - Teologia do século 20

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Anotações nos Salmos - Salmo 34: 11-22

O segredo de uma vida feliz, aprendemos aqui com o rei Davi. Davi chama os seus filhos para sentarem em redor de si e orienta-os em lições maravilhosas qwuanto ao segredo de uma vida felliz.

O quinto Mandamento chama os jovens à reflexão quanto a honrar os seus pais, afim de que tenham a sua vida, dada por Deus, prolongada sobre a terra (Ex. 20: 12). A vida pode ser prejudicada tristemente por maus hábitos. Davi portanto adverte os filhos para que pretem atenção principalmente no seguinte:

1 - Controlem a sua língua (v, 13) - Palavras duras suscitam ira. Nenhum mal é mais prejucial dentro de um lar ou de uma família, do que as contendas. A ira tem o poder de abreviar a vida.

2 - Evitem a prática da maldade (v, 14) - "Abstende-vos de toda aparência do mal" (I Tess. 5: 22), conservando uma boa consciência cristã, exercitada na Palavra de Deus.

3 - Façam o bem a todos (v, 14) - Deixar de fazer o mal e aprender a fazer o bem, é uma tomada de decisão capaz de reverter consequências desastrosas.

4 - Lembrem-se que o Senhor a tudo vê (v, 15) - Deus enxerga tudo. Todas as nossas ações e reações, nossos planos sonhos e desejos. Até a palavra que sairá da nossa boca (Salmo 139).

5 - Que os seus filhos deviam entender e crer no Libertador (salvador). Ele está sempre presente para redimir as suas almas (v, 22).

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O GRANDE LIVRAMENTO DO REI DAVI - SALMO 34: 1-10

Neste Salmo o rei Davi dá graças a Deus pelo grnade livramento.

O Salmo inicia dizendo as circunstâncias em que ele foi escrito. Foi um momento de desonra para Davi.

Davi, por falta de fé e por não agir discretamente, fingiu-se de louco para não morrer (I Sm. 21: 10-15). Apesar da sua esperteza para se livrar do aperto em que se encontrava, essa atitude foi indigna de um crente, de um homem de Deus.

Sempre que os crentes querem tomar as rédeas da sua vida, eles geralmente entram em situações difíceis, porque optam por não permanecerem no caminho da fé. Todas as vezes que isso acontece eles se metem em apuros. Deus, porém não deixa que os seus servos sofrerem todas as consequências de sua loucura.

Deus, por graça, usa os fracassos dos que entram nesses apuros, para dar-lhes lições valiosas que servirão de exemplos para outros. Foi desse modo com Davi. A sua loucura e insensatez foi mudado em motivo de benção.

Sem nenhuma dúvida, essa razão o levou a escrever esse belo Salmo. Davi pode então gloriar-se no Senhor dando exemplos para que os humildes também possam se alegrar.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O PASTOR: UM HOMEM IRREPREENSÍVEL.

Antigamente muitos homens fugiam do ofício pastoral por julgarem-no de um padrão muito elevado, afinal o ensino claro da Palavra de Deus diz que o pastor “deve ser um homem irrepreensível”. Sua conduta ética e moral deve ser vivida de uma forma que ninguém tenha o que lhe dizer de errado. Isso é tão sério que o apóstolo Paulo tratou do assunto em suas cartas, especialmente em I e II Timóteo e na carta a Tito.

O homem que não cumprisse com os pré-requisitos expostos pelo apóstolo dos gentios, estaria desqualificado para o ofício, não poderia assumir o púlpito e ensinar a verdade da Palavra de Deus e nem ser oficial na igreja, aquele que tivesse a sua conduta manchada pelo pecado.

Todos somos pecadores, isto é um fato. Pecamos por pensamentos, por palavras e por ações, todos os dias. Porém existem pecados que o “homem de Deus” não pode e não deve cometer, são aquelas qualificações especiais de que fala Paulo nas cartas mencionadas.

Em 1 Timóteo 3:1-7, Paulo mostra os requisitos para os pastores, presbíteros ou diáconos: a importância de viver "acima de qualquer suspeita." Romanos 13:13 diz: "Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes; mas revestí-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências.”

O claro ensino das Escrituras é a idéia de que os líderes da igreja deve estar vivendo acima do padrão do mundo: “Não vos conformeis com este mundo” (Rom. 12: 1, 2). Afinal de contas, os pastores e presbíteros são exemplos para as pessoas que os estão ouvindo e vendo o seu procedimento, semana após semana, e eu acredito que Deus deseja um padrão de vida mais elevado de seus líderes. Isso não quer dizer que pessoas que não são pastores, presbíteros ou diáconos, podem fazer o que quiserem e Deus não vai se importar, não é isso, só que Deus exige dos líderes que sejam irrepreensíveis.

Esse padrão não é decidido por mim e nem por qualquer homem, ele já está expresso na Palavra de Deus, foi o Senhor quem os definiu e os revelou por meio das Escrituras. Homens que atuam em outras profissões não lhe são exigidos viverem no padrão de Deus, por esta razão, o médico pode ser médico e ser mentiroso no seu dia-a-dia, dificilmente o dono do hospital o demitirá por isso. O advogado pode trabalhar normalmente e ser um opressor da sua esposa e filhos, quase ninguém irá se importar com isso. O psicólogo pode ser adúltero e continuará a ter os seus clientes no seu local de trabalho. O empresário pode ser um depravado moral e continuará vivendo em sociedade. Mas o pastor não!

A vida do pastor é como um copo de leite, se ali cair um pequeno cisco, é visto por todos, porém, outros homens, em outras profissões e carreiras vivem suas vidas como um copo de café, se ali cair um barata e afundar, ela não será vista.

A mancha moral e ética na vida de um pastor o desqualifica para a continuidade do trabalho de expor a verdade de Deus, de ensinar, de exortar e de aconselhar o rebanho. Não podemos permitir que o pecado nos desqualifique para sermos arautos, proclamadores e exemplos de homens transformados pelo poder da Palavra de Deus.

Paulo usou palavras muito semelhantes em Timóteo e Tito para falar da irrepreensibilidade que se deve encontrar na vida de um pastor. Apesar de palavras diferentes, elas são semelhantes, pois são termos jurídicos que têm a ver com a acusação de atividade criminosa.

Em outras palavras, para ser irrepreensível significa que o homem não pode ser envergonhado como se ele fosse um criminoso, porque não há acusação ou qualquer coisa que pode ser encontrado como motivo para acusá-lo. A palavra que expressa essa verdade é “irrepreensível.”

Um homem qualificado, inimputável, sem culpa, que está acima de qualquer suspeita, é alguém conhecido como um cidadão honesto. Quando Paulo escreveu a Tito, ele usou essa palavra um pouco diferente. Em Tito, significa que o homem é inocente sem culpa, não pode ser acusado de erro. Ele é inocente. O uso que Paulo faz destas duas palavras mostra que o homem qualificado para ser um pastor, não é alguém que é conhecido por impropriedades. Por exemplo, não há nenhuma razão para acusá-lo como um molestador de crianças, ou um fraudador, ou um mentiroso, ou um adúltero, ou um bêbado. Tudo isso significa, alguém que está acima de qualquer reprovação. É um homem que ninguém irá apontar o dedo, é um homem que até os incrédulos terão vergonha de acusar, pois não haverá nenhum motivo.

O que ouviremos do homem irrepreensível é mais ou menos as seguintes frases:

"Ele é um cara decente."
"Ele é um cidadão cumpridor das leis".
"Ele é um marido fiel e pai amoroso."
"Ele é conhecido por ser verdadeiro."

No sentido cristão, você poderia ouvir ou dizer algo como:

"Ele vive a palavra de Deus."
"Ele manifesta os frutos do Espírito de uma maneira consistente."

Agora pense sobre isso por um momento. Considere-se que esta qualificação especial para o pastoreio é uma obrigação, porque das duas principais áreas de influência dos pastores, estão a pregação e o ensino. Pense em como os pastores tem a responsabilidade de estabelecer um elevado padrão de piedade na comunidade da igreja.

Traço de caráter, cidadãos cumpridores da lei, que são conhecidos por manifestar os frutos do Espírito, influencia as pessoas. Pense em quando um pastor tropeça em um pecado que até mesmo a cultura do mundo perdido desaprova. O mundo lá fora tratará o pastor com mais rigor do que alguém comum em tais casos. A igreja também irá fazer isso.

Por outro lado, quando os pastores manifestarem os frutos do Espírito, com decência onde todos vejam, então, mesmo a cultura do mundo perdido entenderá que esta é a forma correta dos pastores viverem. Jesus disse que a nossa “justiça deve exceder em muito a dos escribas e fariseus”.

Os perdidos são implacáveis com os cristãos, estão a todo momento investigando para ver se encontram falsidade e hipocrisia na vida de um crente. Mas quando um pastor ou oficial é irrepreensível, ele é visto como um cristão autêntico, que é bem diferente da hipocrisia e falsidade que as pessoas não salvas estão tão familiarizadas.

Infelizmente, homens que deveriam carregar sobre si o nome de Cristo, como uma bandeira de dignidade e irrepreensibilidade, estão na verdade, trazendo opróbrio ao evangelho. Muitos por falta de caráter cristão, outros por falta de conversão e uma minoria por falta daquilo que Jesus disse a Pedro, Tiago e João no jardim do Getsêmane: “Vigia e orei para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.” (Mateus 26: 41).

sábado, 8 de outubro de 2011

FELIZ A NAÇÃO, CUJO DEUS É O SENHOR - SALMO 33: 12-22

As nações assim como os indivíduos são responsáveis diante de Deus. As bençãos de de Deus repousa sobre as nações cujo Deus é o Senhor (v, 12). Nenhuma nação é piedosa no seu todo. Em todo país há asempre aqueles que andam de acordo com as suas cobiças e ímpias paixões, sem o temor a Deus. Deus não destrói esta nação por amor aos eleitos (Gn 18: 26, I Rs. 15: 4).

O rei ou governante que se vangloria nas suas armas ou no número de seus exércitos, é repreendido no versículo 16. Não há rei que se salve com grande exército, nem por grande força se livra um poderoso. Os olhos do Senhor (v, 18), estão sobre os que esperam na sua benignidade. Se o povo de Ninive, que não conhecia a Deus, pode dizer - "Quem sabe se voltará Deus... e se apartará do furor da sua ira, para que não perecemos?"

Certamente nós que conhecemos o Seu nome, podemos descansar na certeza de que ninguém confia nele em vão.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

UM NOVO CÂNTICO - Salmo 33: 1-11

Um crente sadio é um crente que louva o Senhor. O Louvor é a manifestação de alegria expontânea. Está alguém entre vós alegre? Cante louvores (Tg. 5:13). Neste Salmo, o salmista convida a todos para o louvor. Alegremo-nos no Senhor.

Conhece-se o homem pela maneira como expressa o seu contentamento. Quando o descrente está alegre (geralmente por causa do álccol), ele deixa extravasar o seu pecado; seu riso é como o estalar de espinhos debaixo de uma panela (Ecl. 7:6). Porém o crente, o filho de Deus exprime a sua alegria cantando louvores ao Senhor, em quem se rejubila:

1 - É um cântico Novo - As palavras podem até ser conhecidas, mas adquirem um novo sentido, brotam expontaneamente de júbilo, assim como o evangelho que é sempre novo.

2 - Não dispensa o auxílio da música (v, 2). A música de qualidade sempre tem ajudado os santos de Deus a cantar, enquanto não é degenerada em vã manifestação artística.

3 - O tema é o caráter de Deus - Sua verdade, Seu poder criador (v, 6-9), e seu conselho (v, 11).

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

JUSTIÇA IMPUTADA SEM AUXÍLIO DE OBRAS

Salmo 32
1 Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada, cujo pecado é coberto.
2 Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniqüidade e em cujo espírito não há dolo.
3 Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia.
4 Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio.
5 Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado.
6 Sendo assim, todo homem piedoso te fará súplicas em tempo de poder encontrar-te. Com efeito, quando transbordarem muitas águas, não o atingirão.
7 Tu és o meu esconderijo; tu me preservas da tribulação e me cercas de alegres cantos de livramento.
8 Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho.
9 Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem.
10 Muito sofrimento terá de curtir o ímpio, mas o que confia no SENHOR, a misericórdia o assistirá.
11 Alegrai-vos no SENHOR e regozijai-vos, ó justos; exultai, vós todos que sois retos de coração.

 Sabemos de Romanos 4:6-8, que Davi descreve neste Salmo a bem-aventurança do homem a quem Deus atribui justiça sem obras. Ele previu que Deus justificaria o ímpio (Rm. 4:5), quando este cresse em Jesus. Refere-se a uma benção quadrupla, que são:

1 - A transgreção perdoada. A quebra da lei de Deus perdoada através da Graça;
2 - O pecado coberto. O pecado que se comete através da carne, é agora expiado, apagado pelo poder do sangue remidor de Jesus Cristo, nosso Salvador;
3 - O pecado agora é totalmente perdoado e a iniquidade do pecador, uma vez perdoado, remido e lavado pelo sangue de Cristo, não lhe é mais imputado. Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus (Rm. 8: 33);
4 - Arrancada da alma toda malícia pelo sacrifício remidor de Cristo, agora a alma regozija-se na remissão dos pecados. E como resultado da ãção de Deus, o pecador agora remido, tem no Senhor o seu esconderijo (v, 7).

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

UMA REUNIÃO DE ORAÇÃO QUE DUROU 100 ANOS

FATO: A Comunidade Morávia de Herrnhut na Saxônia, em 12 de maio de 1727, iniciou uma “vigília de oração” que continuou sem parar por mais de cem anos.

FATO: Em 1791, 65 anos após o início dessa vigília de oração, a pequena comunidade Morávia tinha enviado 300 missionários até os confins da terra.

Será que existe alguma relação entre esses dois fatos? É a intercessão fervorosa um componente básico na evangelização mundial? A resposta a ambas as perguntas é certamente um incondicional "sim".

A evangelização heróica do século XVIII dos Morávios não recebeu a atenção e o impulso que mereceu. Mas ainda menos do que anunciava suas façanhas missionárias, foi a reunião de oração de cem anos que sustentou o fogo do evangelismo.

Durante seus primeiros cinco anos de existência do assentamento Herrnhut mostrou poucos sinais de poder espiritual. No início de 1727 a comunidade de cerca de 300 pessoas foi destruída por discórdias e brigas.

Zinzendorf e outros, no entanto, concordaram em orar e trabalhar pelo avivamento. Em 12 de maio o avivamento veio. Os cristãos foram iluminadas com uma nova vida e poder, as dissensões desapareceram e os incrédulos foram convertidos.

Olhando para trás, para esse dia e para os quatro meses gloriosos que se seguiram, Zinzendorf recordou mais tarde: "O lugar inteiro representava verdadeiramente uma habitação visível de Deus entre os homens."

Um espírito de oração foi imediatamente evidente na comunhão e continuou durante todo esse "verão de ouro de 1727," como os morávios passaram a designar o período. Em 27 de agosto do mesmo ano, 24 homens e 24 mulheres concordaram em passar uma hora a cada dia em oração programada.

Alguns outros se alistaram na "intercessão de hora em hora."

"Por mais de cem anos os membros da Igreja Morávia compartilharam esse momento de oração de ‘hora em hora.’ Em casa e no exterior, em terra e em mar, este relógio de oração subiu incessantemente ao Senhor", declarou o historiador A.J Lewis.

The Memorial Days of the Renewed Cbhurch of the Brethren publicado em 1822, 95 anos após a decisão de iniciar a vigília de oração, curiosamente descreve o movimento em uma frase: "O pensamento atingiu alguns irmãos e irmãs que eles separaram algumas horas com o propósito de orarem de modo que em todas as estações do ano pode ser lembrado de sua excelência e eles seriam induzidos pelas promessas anexadas à fervente oração e o perseverante derramar de seus corações diante do Senhor."

A revista ainda cita a tipologia do Velho Testamento, como garantia para a vigília de oração: "O fogo arderá continuamente sobre o altar, não se apagará.” (Levítico 6:13), assim uma congregação é um templo do Deus vivo, onde ele tem o fogo no seu altar, a intercessão de seus santos deve incessantemente subir até ele.

Esta vigília de oração foi instituída por uma comunidade de crentes cuja média de idade era provavelmente, cerca de trinta anos. O conde Zinzendorf tinha 27.

A vigília de oração por Zinzendorf e a comunidade dos Morávios sensibilizou-os para a missão inédita de alcançar outros para Cristo. Seis meses após o início da oração, os Morávios aceitaram o desafio da ousada evangelização, visando as Índias Ocidentais, a Groenlândia, a Turquia e Lapônia. Alguns eram céticos, mas Zinzendorf persistiu. Vinte e seis morávios se adiantaram e no dia seguinte se apresentaram como voluntários para missões mundiais, onde o Senhor os chamou a ir.

As façanhas que se seguiram, são certamente numeradas entre os momentos altos da história cristã. Nada intimidou Zinzendorf e seus arautos, servos de Cristo. Nem prisão, naufrágio, perseguição, ridicularização, peste, miséria, e nem ameaças de morte. Um seu hino reflete sua convicção:

Embaixador de Cristo,

Sabeis o caminho que dever ir?

Ela leva para dentro das mandíbulas da morte,

É cheia de espinhos e dor.

Historiadores da Igreja olham para o século XVIII e maravilham-se com o Grande Despertar da Inglaterra e da América, varreram centenas de milhares no Reino de Deus. John Wesley figurou em grande parte nesse movimento e muita atenção foi dada a ele. Através deles o curso da história foi alterado.

Uma pergunta que deve ser feita por parte dos cristãos do século XX: Devemos também orar por missões? No caso da evangelização mundial, especificamente para atingir aqueles que, nas palavras de Zinzendorf, "aqueles a quem ninguém se importa."

by Leslie K. Tarr

domingo, 11 de setembro de 2011

REFLEXÕES BÍBLICAS E O 11 DE SETEMBRO.

Foi há exatos dez anos, em 11 de setembro de 2001, quando ocorreu o ataque terrorista mais inacreditável, que qualquer nação já testemunhou. Mais de 3.000 mortos no dia, sem falar as mortes que se sucederam depois desse episódio e por causa desse espisódio. 6000 soldados morreram no Iraque e no Afeganistão.

Quatro aviões comerciais americanos, dois deles contra as Torres Gêmeas e outro contra o Pentágono. Um caiu no campo, derrubado pelos passageiros corajosos, que se levantaram contra seus agressores e impediram outro ato planejado de destruição.

Aqueles que procuraram o Senhor para o conforto na hora da necessidade encontrou, como Ele promete nunca nos deixar ou nos abandonar. As pessoas não sabiam o que fazer ou em quem confiar. Como cristãos , nós sabemos que só podemos confiar em Deus.

Ao longo desses 10 anos, centenas de pessoas questionaram sobre o que significa tudo isso. Também fizeram perguntas sobre o que a Bíblia tem a dizer sobre o fato. Essa enorme tragédia vai para além da compreensão humana, no entanto, sentimos que devemos contribuir com uma explicação espiritual para ajudar a trazer alguma compreensão sobre como tais atos homicidas podem acontecer.

A conclusão nos acontecimentos de 11 de setembro, estão de acordo com o que diz o evangelista João: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida, e tenham em abundância" João 10:10

Ouça a Palavra de Deus. Quando deixamos de nos arrepender e de ouvir as suas palavras, deixamos nossas casas desprotegidas e o inimigo é capaz de arrombar e fazer a Sua obra maligna. Deus nunca é o autor do mal e da destruição. Ele vem para nos trazer vida e bênção. No entanto, para recebê-lo, devemos obedecer a Sua Palavra.

Estamos já há muito tempo sendo avisados de que se deixarmos Deus de fora das nossas escolas, das nossas casas, do nosso governo, das nossas empresas, da nossa vida, esta estará vulnerável aos ataques do inimigo. Deus ensina na sua Palavra, que nos voltemos a Ele, antes dessa destruição iminente ocorrer.

A Bíblia diz: "Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará. Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Por esta razão não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito;" (Efésios 5:14-18).

Deus nos dá saída para prevenir essas tragédias. Ao falar ao Seu povo para orar, testemunhar, obedecer e arrepender-se dos seus pecados e mudar. Só não acontece coisa pior a nós, por causa da Graça de Deus sobre nós.

Quem é culpado?

De quem é a culpa pelo mal que sobrevem sobre a nação? É Deus? É o diabo? São os homens todos os pecadores, homossexuais, abortistas, adúlteros, assassinos, consumidores de pornografia, os que odeiam a Deus? Ou é a igreja que tem caído em apostasia e deixado de ser a luz?

Primeiro, o Senhor nos adverte nas escrituras, a não atribuir coisas más a Deus. Este é o espírito do erro de acordo com o Novo Testamento. Ela diz: "Não vos enganeis, meus amados irmãos. Toda boa dádiva e todo dom perfeito vem do alto e desce do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. De sua própria vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, que devemos ser uma espécie de primícias das suas criaturas. Portanto, meus amados irmãos: Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar: Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus." (Tiago 1:16-20 - NTLH).

Definitivamente, os homens são os culpados, assim como o diabo que motivou esses homens e lhes deu seus planos malignos de destruição. Certamente todo o pecado traz uma penalidade com ele, então os pecadores que não conhecem a Cristo são responsáveis também. Colhemos o que semeamos!

O amor ao dinheiro é uma das armadilhas mais pecaminosos que existe. A maioria das pessoas estão buscando satisfação nas coisas do mundo. Não faz diferença se são ricos ou pobres: os pobres querem as coisas deste mundo também, mas simplesmente não sabem como alcançar. É a adoração a Mamon. O amor ao dinheiro tornou-se o “deus” as maioria das pessoas.

Conclusão:

Deus em seu amor está chamando as nações de volta para si - se ignorarmos este aviso muito pior vai acontecer. Ao invés de fazer terror, Deus quer usar as pessoas para o bem, para atrair as pessoas, do Brasil e do mundo inteiro para si. Se continuarmos, como nação ou individualmente, a servir os ídolos, então a morte de mais de 9.000 pessoas terá sido em vão. Devemos buscar cada um, discernir o que o Senhor está dizendo para nós individualmente e como país, especialmente os que governam precisam ouvir a voz de Deus.

Hoje foram lidos os nomes das 2.792 vítimas do World Trade Center. Foi um momento de muita emoção. O nome de uma pessoa representa sua identidade, suas realizações e seus relacionamentos. As lápides são um memorial cujo objetivo é homenagear os que se foram, ficando somente a sua lembrança.

Porém, há livro no céu, que é o mais importante de todos. Jesus disse aos seus discípulos que se admiraram de terem tido autoridade sobre os espíritos imundos no trabalho evangelístico que fizeram. Jesus lhes diz: “Não obstante, não vos alegreis, que os espíritos se vos submetem; Alegrai-vos antes porque os vossos nomes estão escritos no céu" (Lucas 10:20).

Nessa convicção, devemos nos alegrar que através da fé em Cristo nós pertencemos a Deus e estamos seguros em Seu amor por toda a eternidade. Nossos nomes são preciosos para ele.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A ORIGEM PROTESTANTE-FRANCESA DE SÃO LUÍS (1612 – 1615)

Por


Rev. João d’Eça


Introdução:

Hoje, 08 de setembro de 2011, São Luís completa 399 anos de fundação. Muitos tem escrito relatos do início da cidade de São Luís, mas quase que nenhum dos historiadores comentam o fato de que inicialmente Daniel de La Touche, senhor de La Ravardiere veio para o Maranhão com autorização do Rei Henrique IV de França para aqui fundar a França Equinocial, sob os valores e princípios do protestantismo calvinista do Rei, que mesmo depois de ter dito “Paris vale uma missa”, para garantir a coroação já que o clero católico não aceitaria um protestante como rei, Henrique nunca deixou de ser protestante. Foi ele o rei do Edito de Nantes que deu liberdade religiosa a todos os huguenotes (protestantes franceses) e que deu cartas patentes a La Ravardiere com esse propósito.

Não fosse o Papa juntamente com a rainha Maria de Médicis ter assassinado o rei protestante Henrique IV, a França Equinocial teria vingado e hoje nós seríamos uma comunidade diferenciada no Brasil, com uma mentalidade de cultura de desenvolvimento de busca pelo saber, de avanço tecnológico nos moldes de Quebec no Canadá.

Hoje São Luís faz 399 de fundação pelos franceses. Foi degenerada a sua cultura e os seus costumes por obra e graça dos portugueses. Esperamos que São Luís se recupere com o tempo e reconstrua a sua cultura de saber e desenvolvimento, voltando a ser a “Atenas Brasileira”.

AS TENTATIVAS DE COLONIZAÇÃO FRANCESA
Na época do descobrimento, a França tentou estabelecer colônias em terras brasileiras, em pelo menos duas regiões do país. Foram duas tentativas de estabelecimento de comunidades calvinistas/protestantes que acabaram não se consolidando devido a oposição da igreja católica, que ainda vivia o período da Contra-Reforma e estava decidida a não permitir o avanço dos protestantes estivessem eles em qualquer lugar do mundo conhecido da época.

O primeiro Brasil francês foi a França Antártica, no Rio de Janeiro em 1555, no início da segunda metade do século XVI, cinqüenta anos depois do descobrimento. A primeira investida foi com Villegaignon e Jean de Léry (huguenote). Villegaigon veio para o Brasil para fundar uma colônia. Com o avanço dos problemas, principalmente na área religiosa, Villegaignon escreveu cartas a João Calvino (reformador de Genebra), para que lhe enviasse um contingente de partidários da fé reformada para solucionar o problema da colônia. Calvino atendeu o pedido e lhes enviou 14 huguenotes (protestantes franceses) em 1557. No meio desses huguenotes, desembarcaram dois pastores: Pierre Richer (50 anos) e Guillaume Chartier (30 anos), versados da sã doutrina e exemplares na conduta, acompanhados por colonos mulheres e artesãos. Na chegada em 7 de março de 1557, foram recebidos por Villegaignon com grande alegria e apresentaram ao comandante suas credenciais assinadas por João Calvino.

Na colônia, Villegaignon sofreu pressão dos católicos por ter solicitado a presença de protestantes calvinistas e os conflitos religiosos da França, foram reproduzidos ali, na pequena ilha onde estavam acampados os franceses. O comandante Villegaignon que era de origem protestante, tendo até estudado com Calvino, com medo de perder o posto de comandante da empreitada, e em meio a disputas religiosas, preferiu agradar aos católicos e começou a hostilizar os pastores e os huguenotes que vieram da França a pedido dele.

A QUESTÃO EUCARÍSTICA
As controvérsias se deram entre os protestantes e Villegaignon, devido a celebração da Ceia do Senhor (Eucaristia). A primeira Santa Ceia, segundo o rito reformado, foi oficiado pela primeira vez num domingo, 21 de março de 1557 . O comandante Villegaignon, havia recebido cartas do cardeal de Lorena, membro da poderosa família Guise, censurando-o fortemente por haver deixado a fé católica e ele, temeroso das conseqüências, teria mudado de opinião . Sofrendo enorme pressão dos padres que não aceitavam o entendimento calvinista do significado da Ceia do Senhor resolveu pressionar os pastores e usar esse argumento para acusá-los de heresia e ter motivos para enviá-los de volta à França. Muitos dos que vieram, preferiram abdicar da sua fé e ficar, ao invés de enfrentar a oposição do comandante Villegaignon, traidor da fé que antes dizia professar.

O comandante privou os calvinistas até de víveres diários, e estes acabam deixando a ilha e se fixaram no continente entre os Tupinanbá. Jean de Léry escreve a respeito do assunto:

Acomodamo-nos na praia, do lado esquerdo, à entrada daquele rio da Guanabara [...] E assim como nós lá íamos, íamos e vinhamos, freqüentávamos, comiamos a bebiamos entre os selvagens (que nos foram incomparavelmente mais humanos do que aqueles que, sem que nada lhes tenhamos feito de mal, não nos pode suportar consigo) também eles, por sua vez, trazendo-nos víveres e outras coisas de que necessitávamos, nos vinha com freqüência visitar.[1]

Foi à partir dessa experiência que nos chegou um dos mais importantes relatos sobre o Brasil do século XVI. No livro, a Histoire d’um Voyage faict em La terre Du Brésil, do protestante calvinista Jean de Léry, que alcançou enorme sucesso desde a sua primeira edição, em 1578. O principal objetivo de Jean de Léry foi o de desmentir “as mentiras e erros” contidos no livro do monge André Thevet, Les Singularitez de La France Antarctique, publicado em 1557-1558. Assim também, Abbeville, ganhou notoriedade contando mentiras e lendas no seu livro sobre a expedição a São Luís, 60 anos depois.

Depois de hostilizar os seus antes companheiros de fé protestante, o traidor e infiel, Villegaignon vai à França em busca de reforços para a sua colônia. Ele já se julga dono do lugar e mais tarde fica conhecido como “Rei da América”. Um homem que em nome do lucro e do poder temporal, aliou-se aos católicos, abandonou a fé e traiu seus amigos, perseguindo-os, torturando-os e por fim assassinando-os.

OS PROTOMÁRTIRES.
Enquanto estavam presos os pastores protestantes calvinistas, proto-mártires: Jean Du Bourdel, Matthieu Verneuil e Pierre Bourdon escreveram uma declaração de fé que veio a ser o mais antigo documento da fé reformada na América, A Confissão de Fé da Guanabara (1558), escrita por Jean du Bourdel. Contém 17 capítulos e foi assinada pelos seus companheiros depois de lida e aprovado por eles, estando estes dispostos a morrer pelo que declararam sobre sua fé naquele documento, o que de fato aconteceu. Villegaignon os assassinou, jogando seus corpos na baia de Guanabara.


O SEGUNDO BRASIL FRANCÊS
Ocorreu no Maranhão, mais precisamente na fundação da cidade de São Luís, no ano de 1612, a 08 de setembro, a segunda tentativa de estabelecimento de uma colônia francesa no Brasil, de origem protestante calvinista.

Desde as primeiras incursões, em maio de 1594 com Jacques Riffault, os franceses tentam conquistar o país pelo norte, parte que eles conheciam bem e que os portugueses desprezavam. Depois do fracasso dessa primeira incursão, uma parte dos tripulantes ficam na ilha, entre eles Charles des Vaux, que após longa estada entre os Tupinanbás, decide regressar à França e tentar convencer o Rei Henry IV da importância de uma campanha colonial na Região Norte do Brasil. Henrique IV ordena então ao senhor de La Ravardiere que acompanhe des Vaux a uma expedição de reconhecimento a ilha do Maranhão .

Daniel de La Touche, senhor de La Ravardiere, protestante, tem seu nome associado ao dos Montgomery. Charles Montgomery, almirante da França e da Bretanha, autoriza o senhor de La Ravardiere a armar navios para empreender viagem pelas costas da África, da América, do Brasil, da Guiana, de Cuba, de São Domingos, Perú, México e Flórida. Dessa expedição origina-se o projeto colonial do Maranhão, a França Equinocial .

A rainha Maria de Médices instigada pelo clero católico planejam e executam a morte do rei protestante Henrique IV, por causa do Edito de Nantes (promulgado por ele), que dava liberdade religiosa a todos os huguenotes (protestantes franceses), onde quer que ele se encontrassem sob o domínio da França e por causa das intensões do Rei protestante Henrique IV de criar colônias calvinistas no Novo Mundo. Mesmo com o rei assassinado, a rainha-regente Maria de Médices, não poderia impedir a expedição de La Ravardiere, já que por ser regente, não tinha autoridade de revogar uma lei promulgada por um rei legítimo, portanto, não poderia anular o Edito de Nantes, já que o Rei-menino, Luís XIII, ainda era muito criança e não podia reinar em plenitude. Com isso, La Ravardiere continuou o seu intento e veio para o Maranhão. Mesmo contrariada, a rainha tentou limitar as ações de Daniel de La Touche, colocando na expedição os frades capuchinhos, dentre eles, o mentiroso Abbeville. Em carta de 23 de abril de 1611, endereçada ao padre Leonard de Paris, provincial dos Capuchinhos da rua Saint-Honoré (fundado por Catarina de Médici em 1575), a rainha escreve:

Padre Léonard – escreve a rainha – O senhor de Razilly lugar-tenente-geral das Índias Ocidentais, pelo Sr. Rei meu filho nomeado, disse-me da possibilidade de ai se introduzir a religião cristã, sendo recomendável o envio de alguns religiosos de vossa ordem para ficarem nessas terras e tratar na medida de suas forças, de esclarecer a fé cristã. Por esse motivo vos dirijo a presente, rogando-vos para lá enviardes até quatro religiosos, entre os que julgardes mais dignos e capazes. Aos quais haveis de ordenar que sigam em companhia de quem o senhor de Razilly lhes enviar para guiaá-los. Estou convencida de que, tratando-se de pessoas de grande caráter e devoção, grandes serão os frutos e que sua obra aumentará ainda mais a glória de Deus e a boa reputação de vossa ordem. Não tendo esta outro objetivo, rogo a Deus, Padre Léonard, que vos conserve em sua guarda. Escrita em Fontainebleau aos 23 de abril de 1611. Maria Phelypeaux.[1]

Os padres escolhidos foram: Yves d’Evreux, Claude d’Abeville, Arsene de Paris e Ambroise d’Amiens. Os Supervisores da Provincia de Paris designam o padre Yves d’Evreux como superior da Missão no Brasil, em 27 de agosto de 1611.

Daniel de La Touche, apesar da oposição de Maria de Médices, consegue persuadi-la a manter a expedição. A rainha-regente num primeiro momento não desaprova a empreitada e motivada pela promessa de La Ravardiere de interceptar os navios espanhóis em volta pra Espanha carregado de metais preciosos nomeia-o como “lugar-tenente do rei no Maranhão” junto a François de Razilly. Essa associação é legalizada por um contrato lavrado em Paris em 4 de outubro de 1610, junto ao notário Pacqué. Esse mesmo contrato é aprovado e ratificado pelo rei e sua mãe, um ano depois, em 16 de setembro de 1611 .

Em cerimônia celebrada no Louvre, a flâmula real é confiada aos “lugares-tenentes do rei”, com a promessa de lealdade e de construir um forte – que será denominado Santa Maria, em homenagem à rainha-regente. Nasce assim uma nova França, chamada França Equinocial, no Palácio do Louvre, em 1610.


08 DE SETEMBRO, FUNDAÇÃO DE SÃO LUÍS.
Os navios “Régent”, “Charlotte” e “Saint Anne”, deixam o Porto de Cancale em 19 de março de 1612. Os primeiros a desembarcar na “Ilha Grande” (Upaon Açu), foram Daniel de La Touche e o senhor de Razilly, nela encontraram 400 franceses, assim co mo dois navios de Hâvre e de Dieppe, pilotados pelos capitães Du Manoir e Gérard. Os capuchinhos dirigen-se para lá em 5 de agosto e são recebidos alegremente pelos índios. Fazem o reconhecimento do lugar onde os franceses construirão o forte São Luís. A cruz é plantada na “Ilha de Maranhão” em 08 de setembro, próxima ao local escolhido para a construção do forte.
Os católicos franceses e espanhóis, motivados pelo acordo de casamento entre Luís XIII e a infanta Ana d’Austria, conspiram contra La Ravardiére e intentam reduzi-lo a nada no comando. Ele percebe e começa a providenciar a sua saída da empreitada. No Arquivo Geral de Simancas encontra-se uma nota secreta enviada ao Conselho de Estado espanhol datada do mês de abril de 1612, a respeito dos armamentos que se estavam fazendo em Saint-Malo para ir conquistar algumas paragens na América. A nota informa que os chefes da expedição eram os senhores “Rasil” e “La Ravardiere”, precisando que os franceses deixaram o Porto de Cancale para se dirigir a uma ilha que se situava “mais acima que o Rio da Prata”, que sua intensão era de estabelecer laços de amizade com os selvagens e que a empresa contava com o assentimento da rainha regente. O autor da nota que o senhor de La Ravardiere, “um calvinista herege conhecedor da costa brasileira.” A intensão era tirar do comando o protestante Daniel de La Touche e deixar somente o católico François de Razilly.

Daniel de La Touche então resolve deixar a empreitada e ir para outro lugar, sabendo que nunca terá o apoio da coroa, dominada que era pelo papado e ele protestante calvinista, estava correndo risco de vida, nessa hora, seria melhor deixar o forte e partir.

GUAXINDUBA
Guaxembduba ou Guaxinduba é o nome dado pelos historiadores portugueses para a suposta batalha que dá fim à França Equinocial, e para dar um tom épico à narrativa, o padre Abbeville conta uma estória mentirosa da virgem Maria aparecendo na praia e transformando a areia em pólvora para abastecer as armas do portugueses.

Em 18 de junho, o Régent chega a um local chamado “Buraco das Tartarugas” (praia de Jericoacoara – CE), onde os portugueses se instalaram sob o comando de Manuel de Sousa d’Eça vindo de Pernambuco dez dias antes, com a finalidade de interceptar a expedição francesa. Em 19 de novembro os franceses decidem atacar por terra. Eles eram superiores em número, possuíam 200 franceses e 1.500 índios Tupinanbá que lutavam ao lado dos franceses, sob o comando de Pezieu. Como a maré secou La Ravardiere não pode desembarcar com os reforços e a estratégia de Pezieu deu errado, eles foram cercados e 115 franceses, entre eles o capitão Pezieu foram mortos. Oito dias após essa batalha uma trégua de um ano é proposta e acordada.

Apesar de ter documentos que foram acordados em Paris, de obediência dos capuchinhos ao lugar-tenente, Daniel de La Touche, senhor de La Ravardiere e as cartas patentes do rei Luís XIII, a empreitada de La Ravardiere está desapoiada e quase no fim. Os reforços para resguardar o forte de São Luís, esperados por La Ravardiere, nunca chegarão. Em 1º de fevereiro de 1615, antes do término da trégua de uma ano, uma aramada de nove navios comandados pelo capitão Alexandre de Moura, carca os franceses na “grande ilha”, enquanto as forças comandadas por Jerônimo de Albuquerque se dirigem no dia seguinte, para o Forte São Luis, onde La Ravardiere acaba rendendo-se sem resistência. Ai Abbeville inventa a história da batalha de expulsão dos franceses, que na realidade nunca existiu.

PORTUGUESES ROTULAM LA RAVARDIERE DE PIRATA.
Alexandre de Moura leva La Ravardiere para Lisboa, onde ele permanece preso por alguns anos na Torre de Belém. Num de seus relatórios, Alexandre de Moura escreve sobre La Ravardiere e a decisão de não deixá-lo voltar ao Brasil:

[...] não permiti fosse em sua companhia Sr. de La Ravardiere querendo ele ir-se e para o tirar levando-o comigo de ser contínuo corsário como foi infestando sempre os mares de V. Magestade; [...] Não desejei permitir que o Sr. de La Ravardiere partisse em sua companhia [dos 50 franceses que voltaram], embora ele mesmo quisesse ir-se; levei-o comigo, a fim de impedi-lo de continuar o corsário que era, sempre infestando os mares de V. Magestade. [...] pelo mal que poderia resultar de sua conversação assim por serem hereges (protestantes) como pela prática que faziam ao gentio.[1]

Depois de um tempo, Daniel de La Touche, senhor de La Ravardiere é libertado e decide ir para outro lugar, no sonho de fundar a França Equinocial, chega até a Guiana, que mais tarde viria a ser a Guiana Francesa. Dali ele vai ao Canadá onde termina os seus dias. Não teve o sucesso que pretendia no Maranhão, mas uma grande comunidade calvinista existe no Canadá até hoje, graças ao incentivo e apoio, mesmo que pequeno, do rei Henrique IV. Depois de 240 anos os reformados chegaram ao Brasil, dessa vez para ficar e construir uma grande obra de evangelização do nosso país através da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Notas:

[1] De LÉRY, Jean. Histoire d’um Voyage fait em La terre Du Bresil. Genebra, Droz, 1975, p. 67.

[2] DAHER (48). A carta de Maria de Médices é reproduzida pela primeira vez em 1614, por Claude d’Abbeville em Histoire de La Mission, p. 17.

[3] Conforme relatório de Alexandre de Moura.



BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

A Tragédia da Guanabara - Jean Crespin

Sementes do Calvinismo no Brasil Colonial - Osvaldo Henrique Hack

O Brasil Francês - Andrea Daher

História do Maranhão - A Colônia - Carlos de Lima

História do Maranhão - Mário Meireles

Anais Históricos da História do Maranhão - Bernardo Berredo

A Fundação Francesa de São Luís e seus Mitos - Maria de Lourdes Lacroix

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A GRAÇA DE DEUS E A PREGAÇÃO DA PALAVRA.

Por Rev. João d’Eça

Quanto mais eu estudo e experimento o que a graça faz na minha vida e na minha pregação, mais eu percebo o tamanho da graça de Deus e a impossibilidade do ser humano de compreendê-la em toda a sua plenitude. Quando eu prego, eu sei que a minha pregação deve ser recheada da graça divina, para que os ouvintes, ao ouvir, entendam o que diz a Escritura Sagrada e não as palavras próprias do pregador.

O que a graça faz com o sermão? Ela mantêm o sermão focado em Deus e não no homem, no pregador, por exemplo. Foca no criador e não na criatura pecadora. Evita que o pregador caia na armadilha da moralidade ou do legalismo. Quando o pregador está olhando para um texto, seu foco deve ser sempre em Deus e no seu plano de graça eterna. O pregador, motivado pela graça, deve mostrar aos seus ouvintes, que tudo o que eles podem esperar alcançar vem de uma vida centrada e rendida a Cristo, porque a única esperança de alcançar a vida, é a través de Cristo e não de esforços pessoais.

Veja o que diz o texto bíblico:

Justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm. 3: 22-24).

Este texto deixa claro que o resultado da nossa salvação, vem exclusivamente através da graça de Deus. A função principal do pregador, é tomar o contexto, que no caso é a própria bíblia, e explicar que é Cristo quem nos dá a salvação como um dom gratuito de sua graça e nossa salvação é garantida apenas nEle. O estilo de pregação que estamos vendo em nosso tempo, é um estilo que coloca sentimento de culpa na cabeça das pessoas, ao invés da Graça de Deus.

O pregador deve persuadir os seus ouvintes a que eles compreendam que é a graça de Deus que nos dá o que precisamos para agradar nosso Pai Celestial. Filipenses 2:13, diz: “Poque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.”

Este versículo é verdade para todo crente, mas para o pregador especificamente, pode-se dizer que, embora o sermão flua através dele, a mensagem se originou em Deus e é um produto da sua maravilhosa graça.

Nesse sentido o pregador motiva os seus ouvintes para aplicar as verdades da Palavra de Deus para suas vidas, não por culpa ou medo, mas, pelo amor. Devemos ser crentes e ir aos cultos na igreja, não porque temos de fazer isso, mas motivados pelo amor. Em primeiro lugar o amor ao Senhor nosso Deus e depois o amor aos nossos semelhantes. Quando não há lucro financeiro, o que nos motiva a servir a Deus é o amor inspirado pela misericórdia de Deus na pessoa de Jesus Cristo.

Não somos escravos do pecado, somos amados de Deus, somos salvos por sua graça e misericórdia, transportados para o reino do seu Filho eterno. Assim como uma criança pequena faz com o seu pai terreno, somos motivados a agradar o nosso Pai celestial com gratidão num coração dominado pelo amor.

Meu desejo é sempre pregar dentro de um padrão da mais pura graça de Deus.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

COMO NO VALE DE OSSOS SECOS (Ezequiel 37: 1-14)



Lembro-me de que alguns anos atrás, meu filho tinha por volta de 10 anos de idade e eu o levei, juntamente com o meu sobrinho da mesma idade para um Shopping Center, afim, de ver um filme. Antes de chegarmos às salas de cinemas, percebi uma mostra de desenhos de arte contemporânea e fui até lá com os dois. Eles acharam o máximo! Eu porém, fiquei incomodado com aquelas cenas escuras, imagens de morte, não havia nada colorido ou com um tema de ternura, carinho, amor, era somente trevas, desenhos em carvão, cenas da noite, lugares ermos e desérticos. Lógico que fiz questão de fazer a minha crítica ao responsável pela mostra e sai dali com os meninos, mas sem deixar de aplicar-lhes uma lição sobre o assunto.

Nossa cultura é obcecada por imagens de mortes. De espetáculos a programas de TV como CSI e Dexter a obras clássicas da literatura mundial, há muita cena de morte e de tragédias, como forma de entretenimento. As pessoas gostam disso. Se voltarmos nossa atenção para longe do mero entretenimento, para a cobertura da mídia, de doenças, da pobreza, dos desastres naturais, e da guerra, a obsessão só aumenta.

Como está escrito em Eclesiastes 9:3: “Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: a todos sucede o mesmo; também o coração dos homens está cheio de maldade, nele há desvarios enquanto vivem; depois, rumo aos mortos.”

Talvez a nossa fascinação pela morte, seja simplesmente o resultado da condição humana, como sugere o versículo, ou talvez, estejamos perseguindo uma antiga busca para vencer a morte narrada em histórias tão antigas quanto Gilgamesh e tão novas quanto O Ilusionista, O Grande Truque ou o mais recente, Atos que Desafiam a Morte.

O livro de Ezequiel no capítulo 37 narra alguns dos contos mais macabros da Bíblia. Quando as pessoas mencionam o profeta Ezequiel nos dias de hoje, quase que universalmente, as pessoas invocam a história do Vale dos Ossos Secos. (Ezequiel 37:1-14). Parece que a tradição cristã reduz o livro de Ezequiel a este texto.

Deus começa Ezequiel 37, apresentando um enigma para o profeta: "Filho do homem, acaso, poderão reviver estes ossos?" (Ezequiel 37:3). O profeta humildemente responde: "Senhor Deus, tu o sabes."

-Por que o vale está cheio de ossos?

-O que causou as visões da morte?

-O que trouxe Ezequiel a ficar mudo e desesperado?

Uma resposta que pode ser dada, do porque as pessoas não respondem as perguntas acima, é o fato de não lerem o livro antes desta cena. Isso lhes dá uma visão míope do desespero do profeta e da situação do povo de Israel.

Ezequiel foi levado para o exílio em 597 a.C. Ele ouviu e conviveu com os relatos de que a religiosidade do seu e o sacerdócio estava corrompido. Esquecemo-nos da morte de sua esposa e da ordem de Deus para ele não lamentar sua partida, como um exemplo para a comunidade exilada não lamentar a perda do Templo (24:16-24).

Esquecemo-nos de muitas coisas: Do trauma histórico que acompanhou o exílio. Esquecemo-nos que os babilônios torturaram os habitantes de Jerusalém, guerrearam e os cercaram durante quase dois anos, levando a fome, o desespero e as doenças. (2 Reis 25:3). Esquecemo-nos de como eles destruíram a cidade de Jerusalém, arrasaram o templo, mataram os seus habitantes, e forçaram o restante a irem com escravos para a Babilônia.

O problema com a leitura de Ezequiel 37, é que a passagem chama o leitor a lembrar, confrontar, e testemunhar os eventos devastadores que levaram ao vale de ossos secos, em primeiro lugar. No entanto, a beleza está em que, mesmo neste cenário cheio de morte, a esperança é renovada. A cena lembra o sopro de Deus entrando no primeiro ser humano em Gênesis 2. O profeta, em seguida, ordena como manda o Senhor, e o mesmo fôlego de Deus entra nos corpos, que são reanimados e vivem mais uma vez (versículo 10).

O milagre desta visão não está na sua forma teatral, Spiuberguiana. O verdadeiro milagre é que vem logo depois da comunidade ter enfrentado perdas terríveis. Muitas vezes podemos transformá-la em uma promessa de vida nova em níveis individual e comunitário, sem levar a sério as situações e circunstâncias que levaram à morte inicial. Quando pensamos na morte e recordamos que Jesus nos deu vitória sobre ela, nos recusamos a avaliar os sistemas, padrões e conseqüências de nossa caminhada pelo vale da sua sombra.

Para pregarmos sobre este texto de forma responsável, devemos prestar atenção para o limite entre a vida e a morte. Devemos ao mesmo tempo reconhecer e testemunhar o desespero do mundo que nos rodeia. Nossa tarefa não é fácil. Mas se estamos dispostos a discernir a morte que rodeia as nossas igrejas, e se estamos preparados a obedecer o comando do espírito de Deus para renová-las, talvez a Igreja possa cumprir o seu papel de inspirar nova vida no vale escuro.

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