sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A MORTE DE BÈDE, O VENERÁVEL

By

Rev. João d'Eça

Numa bela e calma tarde do mês de maio do ano de 735 A.D., no convento de Jarrow, sobre o Tyne, um velho monge, deitado em seu quarto, achava-se moribundo. Perto dele estavam três rapazes. Um deles sustentava-o, um outro lia, o terceiro escrevia.

Este velho chamava-se Bède. A posteridade deu-lhe o nome de Bède, o venerável. Era um grande sábio. Ele tinha escrito sobre todas as matérias: Física, astronomia, história, medicina, etc.

Centenas de estudantes o procuravam e sempre eram vistos ao seu redor. Ainda hoje, na história primitiva da Inglaterra esse homem é uma autoridade. Bède, o venerável tinha verdadeira paixão pelo estudo das Escrituras Sagradas. Quando do seu último suspiro, ainda trabalhava na tradução do evangelho de João. Um dos rapazes que lia o texto latino, e o outro escrevia segundo ditava a tradução em anglo-saxonico.

Ele dizia: “Eu não quero, quando partir, que meus filhos leiam mentiras, ou que trabalhem em vão.”

Perto do dia da sua morte, quando já sentia grande opressão e os seus pés começaram a inchar, ele continuava ditando e dizia ao rapaz que escrevia:

“Apressa-te”, dizia ele a seu escrivão. “Não sei quanto tempo ainda aguentarei – ou se meu mestre não me chamará logo.”

Toda a noite ficou acordado, dando graças sem cessar. Desde que raiou o dia da Ascenção, pedia aos rapazes que apressassem o mais possível o trabalho começado. “Quando veio a tarde”, diz um dos jovens, “como o sol, que desaparecia dourava os vidros de seu quarto, o velho de sua cama ditava com voz fraca o fim do evangelho.”

- Só falta um capítulo, mestre, disse o escrivão, com voz ansiosa; mas está ficando muito penoso para vós este ditado.

- Não, disse Bède, é fácil! Toma a tua pena e escreve depressa. Apesar das lágrimas que o cegavam, o moço continuava a escrever.

- E agora, pai, disse ele, depois de algum tempo, só falta uma frase.

Bède continuava a ditar.

- Acabou, mestre! Exclamou o rapaz levantando a cabeça, enquanto escrevia a última palavra.

- Oh! Acabou, repetiu o moribundo. Pois então ajuda-me a chegar perto desta janela onde muitas vezes orei.

Quando já estava na janela:

- Agora, disse ele, Glória seja ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo!


E com estas palavras, sua bela alma entrou na eternidade.

Minhas postagens anteriores