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Rev. João d'Eça
Numa bela e calma
tarde do mês de maio do ano de 735 A.D., no convento de Jarrow, sobre o Tyne,
um velho monge, deitado em seu quarto, achava-se moribundo. Perto dele estavam
três rapazes. Um deles sustentava-o, um outro lia, o terceiro escrevia.
Este velho
chamava-se Bède. A posteridade deu-lhe o nome de Bède, o venerável. Era um
grande sábio. Ele tinha escrito sobre todas as matérias: Física, astronomia,
história, medicina, etc.
Centenas de
estudantes o procuravam e sempre eram vistos ao seu redor. Ainda hoje, na
história primitiva da Inglaterra esse homem é uma autoridade. Bède, o venerável
tinha verdadeira paixão pelo estudo das Escrituras Sagradas. Quando do seu
último suspiro, ainda trabalhava na tradução do evangelho de João. Um dos
rapazes que lia o texto latino, e o outro escrevia segundo ditava a tradução em
anglo-saxonico.
Ele dizia: “Eu não
quero, quando partir, que meus filhos leiam mentiras, ou que trabalhem em vão.”
Perto do dia da
sua morte, quando já sentia grande opressão e os seus pés começaram a inchar,
ele continuava ditando e dizia ao rapaz que escrevia:
“Apressa-te”,
dizia ele a seu escrivão. “Não sei quanto tempo ainda aguentarei – ou se meu
mestre não me chamará logo.”
Toda a noite ficou
acordado, dando graças sem cessar. Desde que raiou o dia da Ascenção, pedia aos
rapazes que apressassem o mais possível o trabalho começado. “Quando veio a
tarde”, diz um dos jovens, “como o sol, que desaparecia dourava os vidros de
seu quarto, o velho de sua cama ditava com voz fraca o fim do evangelho.”
- Só falta um
capítulo, mestre, disse o escrivão, com voz ansiosa; mas está ficando muito
penoso para vós este ditado.
- Não, disse Bède,
é fácil! Toma a tua pena e escreve depressa. Apesar das lágrimas que o cegavam,
o moço continuava a escrever.
- E agora, pai,
disse ele, depois de algum tempo, só falta uma frase.
Bède continuava a
ditar.
- Acabou, mestre! Exclamou
o rapaz levantando a cabeça, enquanto escrevia a última palavra.
- Oh! Acabou,
repetiu o moribundo. Pois então ajuda-me a chegar perto desta janela onde
muitas vezes orei.
Quando já estava
na janela:
- Agora, disse
ele, Glória seja ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo!
E com estas
palavras, sua bela alma entrou na eternidade.