domingo, 31 de dezembro de 2006

Saddam, o estado vingador e o Rio de Janeiro.

Por Pb. Solano Portela Postei um comentário no blog do Augustus, Solano e Mauro. Gostei muito do último artigo sobre a morte do Saddam e os acontecimentos do Rio de Janeiro que resolví reproduzí-lo na íntegra. Rev. João d'Eça. O mundo inteiro está comentando a morte de Saddam Hussein, ex-ditador do Iraque. Os jornais e programas de notícias têm apresentado não somente os detalhes da execução realizada após um conturbado julgamento, mas também as reações e pronunciamentos de autoridades diversas, entre as quais a do governo brasileiro. Além da condenação à execução pronunciada pelo Itamaraty, o nosso chefe maior declarou igual discordância, pois ela representava apenas um ato de vingança e ele era contra a pena de morte por convicção, primeiramente religiosa e depois política. Declarações semelhantes têm sido emitidas pelos mais diversos comentaristas e personalidades chamadas para entrevistas sobre o acontecimento. A notícia veio obscurecer o item anterior que tomava conta da atenção dos brasileiros – os ataques seqüenciados contra postos policiais, populares e ônibus incendiados com sua carga de cidadãos indefesos, por criminosos, em mais uma cruel demonstração de força evidenciando a falência cada vez mais intensa da instituição do estado. O que esses temas aparentemente heterogêneos têm em comum e, como cristãos, qual deve ser nossa percepção e discernimento dos tempos? Algumas observações podem ser emitidas, neste momento: 1 - Precisamos nos resguardar da beatificação de Saddam Hussein. Li a carta que ele escreveu – parecem procedentes das mãos de um anjo, e muitos estão apresentando essa visão nostálgica em seus comentários. A história não deve esquecer as atrocidades cometidas por ele e sua gangue. Não somente o genocídio e a aniquilação em larga escala, como a ferocidade com que eliminaram os desafetos e membros da própria família, quando os contrariaram (as estimativas são de que em seus 24 anos de regência, foi responsável pela morte de mais de 2.000.000 de pessoas). Os próprios jornais destes dias, ao darem o seu histórico, desfilam um rosário impressionante das barbaridades do seu regime. A suposta calma interna do país, observada sob sua regência, era vivida às custas do terror oficial e da tirania. Isso não significa que o Iraque esteja atualmente vivendo um período de calma e paz. Tenho sido um crítico do modus operandi norte-americano, em vários escritos. Não por terem ido lá e tentado “limpar a casa”, mas porque demonstraram total inabilidade em estruturar um governo de transição, que garantisse exatamente o que minimamente deveria estar presente – a segurança dos cidadãos e os serviços públicos essenciais. O descaso e despreparo do início; a inércia perante os rufiões armados que pilhavam e maltratavam os mais fracos; a tolerância com as milícias; a permissividade e despreparo dos que deveriam estabelecer a ordem, mas perpetuaram as prisões como câmaras de tortura; a ingênua avaliação do lado obscuro e malévolo do islamismo; todos esses fatores resultaram no crescimento dos grupos que diariamente se matam uns aos outros. Entretanto, não tenho qualquer dúvida que Saddam merecia ser deposto e ser alvo de justiça retributiva pelos crimes cometidos. Contrário ao que afirma manchete da Folha de São Paulo (30.12.2006), que a execução é uma “derrota da justiça”, esta é uma das poucas vezes em que a justiça implacável prevaleceu acima da visão humanista, açucarada e diluída, que permite que tiranos assassinos dêem continuidade à sua arrogante vida de violência. 2 - Ser-se pressuposicionalmente contra a pena de morte, sem o exame das bases lógicas e político-religiosas para esta penalidade é um erro. Se o nosso presidente tivesse realmente convicções religiosas cristãs, nesta matéria, não seria contra, mas a favor. Em outro lugar já escrevi sobre a Pena Capital – indicando a base bíblica para sua aceitação (caso tenha interesse de ler o ensaio todo, clique aqui), e não caberia, neste espaço, uma repetição dos argumentos. Mas a Pena Capital foi instituída por Deus (Gênesis 9.6), e não pelo homem, exatamente porque ele dá valor à vida do ser humano, formado à sua imagem e semelhança, e não por que a considera uma comodidade barata. Ela é exatamente uma medida contra a violência. Deus abomina a violência e aqueles que atentam contra a vida humana perdem o direito à própria vida. É um erro acreditar que ela é o reflexo de uma sociedade primitiva, e que hoje já evoluímos socialmente e adquirimos um novo patamar de entendimento – o próprio Deus, através da pena inspirada de Paulo, a comanda e delega a sua aplicação ao estado (Romanos 13.1-7), e isso no Novo Testamento. 3 - Isso não significa que a execução de Saddam represente uma ocasião de alegria. A morte é sempre ocasião de tristeza – ela não pertence à essência da criação perfeita. Ela é concretamente fruto do pecado, salário deste, conseqüência nefasta do nosso afastamento de Deus, como bem postou em seu Blog nosso irmão Juan , comentando os acontecimentos do Rio. Até a morte do malfeitor, por mais que venha em resultado da justiça e por mais que profilaticamente proteja a sociedade de crimes adicionais que ele poderia cometer, é momento de sobriedade, reflexão e tristeza, principalmente porque a vida que se foi não alcançou o seu propósito máximo e original – de glorificar o criador com as suas ações e pensamentos. Assim, sou contra as manifestações públicas e privadas de regozijo pela morte de Saddam, bem como, pelos motivos já expostos, contra os protestos, inconseqüentes contra a sua execução, insensíveis aos antecedentes históricos que a justificam. 4 - E quanto à colocação presidencial de que a execução foi um ato de vingança? Ela é precisa e real, mas não precisamos pedir desculpas por aceitá-la como tal. Vingança é um sentimento que não cabe na vida pessoal do cristão. Como cristãos, somos pessoas pacíficas, perdoadoras – voltamos até a outra face. No entanto, isso não significa que somos insensíveis à justiça, nem coniventes com o erro. A Palavra de Deus nos leva a Deus, apresentando-o como o nosso vingador (Salmo 9.11-12; Naum 1.2). Ela apresenta Deus como aquele que faz justiça aos fracos e oprimidos e vinga os direitos que são subtraídos (1 Tessalonicenses 4.6). De que maneira? Trazendo conseqüências danosas aos criminosos; e uma das maneiras que ele faz isso é através do estado – a este é delegado esse poder (Romanos 13.4: “... visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal”). Isso mesmo, se a vingança não deve fazer parte de nossa vida é porque ela foi institucionalmente colocada nas mãos do estado. Os governantes e autoridades são (ou deveriam ser) ministros de Deus para executar justiça e proteger os cidadãos. Quem vinga os curdos indefesos – mulheres e crianças, que foram massacrados por Saddam? E as demais pessoas que pereceram em suas mãos? Eles nada mais podem fazer, mas o estado vingador entra em ação e executa justiça. 5 - E o Rio de Janeiro? É exatamente essa, a conexão com os últimos acontecimentos de violência na Cidade Maravilhosa e linda que está cada vez mais refém, a exemplo de São Paulo e outra regiões do nosso país. Quem vingará os cidadãos calcinados nos ônibus incendiados? Quem vingará os que ainda agonizam nos hospitais, com os corpos queimados, possivelmente desfigurados até o fim de seus dias? Quem vingará a vida da mãe que morreu tentando proteger o seu filho? Quem vingará os que foram friamente assassinados? Quando perdemos essa visão de que o estado é, realmente, o vingador, o executor da justiça implacável, a população fica a mercê dos criminosos. Quando nossos governantes emitem palavras que soam piedosas, humanistas e politicamente corretas, mas que revelam um estado fraco e impotente em frente à criminalidade e aos criminosos, temos palavras que são realmente mortais para os fracos e oprimidos, vítimas da violência insana. Além disso, temos um outro aspecto ainda mais cruel. Um articulista da Folha expressou o problema de acúmulo de cargos do Sr. Álvaro Dias, que acaba de ser eleito deputado: ex-chefe da polícia do Rio de Janeiro e, segundo a Polícia Federal, concomitantemente, chefe de quadrilha. Esse é um dos maiores problemas brasileiros – o acúmulo desses cargos por vários integrantes da classe política, várias autoridades governamentais e inúmeros policiais – muitos possuem não somente os seus postos de autoridade, mas são igualmente chefes de quadrilhas. Esse acúmulo de funções é mortal à instituição do estado e à população. Essas pessoas de vida dupla, corrompidas se alimentam do sangue e da vida dos cidadãos que deveriam estar protegendo. É por isso que anualmente, no Brasil, 50.000 vidas são ceifadas por assassinatos, apenas! Muito menos que no Iraque, sob Saddam (tirando a média dos seus 24 anos no poder, as estimativas são de que ele foi responsável pela matança de 41.000 pessoas de outros países vizinhos por ano, mais 42.000 pessoas por ano do seu próprio povo), mas muito mais do que no Iraque de hoje (cerca de 30.000 por ano), com toda a convulsão social, carros bomba e estágio pré-guerra civil que vigora naquele país. Que Deus se apiede de nós em 2007 e nos conceda mais paz e justiça, conscientizando aqueles que estão em autoridade de sua real missão e obrigações perante Deus e para com os homens. Que tenhamos uma visão mais cristalina e mais bíblica da justiça. Intercedamos por isso (1 Timóteo 2.1-2).

sábado, 30 de dezembro de 2006

A ARTE DE SABER OUVIR.

Por Rev. João d'Eça Num era de tecnologias que a cada dia mudam, que avançam mais e mais melhorando e tornando a comunicação mais eficiente, a maioria das pessoas gasta mais tempo ouvindo a palavra falada. Apesar de muito se falar, pouco se ouvir (afinal temos dois ouvidos e só uma boca, deveríamos falar menos e ouvir mais), a grande maioria da população do mundo não sabe ouvir. Jesus disse certa vez a respeito dos que oram presunçosamente: “Eles pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos” (Mat. 6: 7). A pessoa comum só ouve pela metade. Pergunte para qualquer pessoa, ao término de um culto, ou de uma palestra na igreja, ou em outro lugar, qual foi o tema ou o assunto do que foi dito. Surpresa será se alguém discorrer sem problemas a respeito do que ouviu. Escutar é uma técnica mental que pode ser aperfeiçoada com treinamento e prática. As pessoas que se submetem a aulas desse tipo, adquirem uma melhora de 25%, segundo os especialistas. O ato de ouvir exige que se faça algo mais do que deixar simplesmente que ondas de som entrem pelos ouvidos, assim como o ato de ler exige muito mais do que simplesmente ver a palavra impressa. Ouvir bem, requer participação ativa. Uma das maneiras de se conhecer a paixão vocacional de alguém, é fazê-la ouvir palestras ou conversas sobre vários assuntos. Se a pessoa se interessar por um assunto qualquer, com bastante interesse, a ponto de prestar atenção total, é bastante provável que ai esteja a sua paixão vocacional. Um dos grandes problemas é que pensamos mais depressa do que falamos. Falamos em geral na proporção de 125 palavras por minuto, mas pensamos quatro vezes mais rápido. Isso quer dizer que, em cada minuto que alguém fala conosco, nós temos normalmente disponíveis cerca de 400 palavras de tempo para pensar. Se somos maus ouvintes, logo ficamos impacientes; nossos pensamentos se desviam um momento para coisas diferentes, depois voltam rapidamente ao interlocutor, até desistirmos de ouvir o que ele está dizendo, porque em geral perdemos o “fio da meada”, enquanto a pessoa fala nosso espírito está em outro mundo. O bom ouvinte tira proveito de sua rapidez de pensamento, aplica ao que está sendo dito, o tempo que tem para pensar. Ele ouve nas entrelinhas. Quem fala nem sempre põe tudo em palavras. As fisionomias, os gestos, as entonações de voz, as expressões corporais, dizem tanto quanto as palavras. A concentração é mais da metade do trabalho de se saber ouvir. Os maus ouvintes tendem a se distrair com facilidade. O bom ouvinte, por outro lado, instintivamente combate a distração. Desliga-se de tudo ao redor que pode roubar-lhe a concentração, chega mais pra perto, anota, e só interrompe quando é mesmo necessário. Ouvir com atenção o que está sendo dito é muito mais que interesse pelo assunto, é respeito por quem fala, porque a meneira como se ouve, influencia a maneira como se fala, de modo que ouvir inteligentemente, ajudará a quem fala, exprimir melhor as suas idéias, o que melhorará o entendimento das informações de que precisamos. A meneira de se ouvir, influenciará diretamente sobre o que aprendemos. Sejamos portanto bons ouvintes.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

COMO SE DEUS NÃO EXISTISSE.

Ricardo Gondim No século passado, Karl Marx e Sigmund Freud representavam duas grandes ameaças contra a religião. Marx afirmava que a igreja serve a interesses ideológicos de controle político e de subjugação econômica. Freud, por sua vez, percebia os mecanismos infantilizantes da religião quando sacerdotes projetam em Deus nosso desejo por um pai perfeito. Para ele, a prática religiosa condena homens e mulheres a viverem como eternas crianças, sempre precisando de intervenções sobrenaturais para enfrentar as agruras da vida. É preciso dar a mão à palmatória. Os dois leram as instituições religiosas dos seus dias corretamente, principalmente a cristandade. Desde Constantino, o apelo do poder mostrou-se arrasador e irresistível nas igrejas. Infelizmente, os ensinos do Nazareno foram usados para autenticar o expansionismo imperialista e colonialista dos grandes impérios que se auto-proclamaram cristãos. Padres, pastores e bispos se vestiram como a grande prostituta do Apocalipse e se entregaram por qualquer preço. Monarcas beijaram anéis episcopais enquanto obrigavam seus donos a lamberem suas botas. Assim, os mercadejadores do templo precisaram distribuir ópio religioso para poderem fazer vista grossa e abençoar inúmeras carnificinas – dos Tsares russos ao Batista cubano; das aventuras ensandecidas de Isabel espanhola às dos Bush, pai e filho. A adoração do “Deus provedor” ocidental deu razão a Freud, que denunciava os recintos religiosos como incubadoras de oligofrênicos. O proselitismo missionário foi feito, em grande parte, precisando de uma espiritualidade funcional. Na tentativa de mostrar a superioridade de Jeová sobre as demais divindades, criou-se um fascínio por milagres. “Nosso Deus funciona”, clamaram os evangelistas por séculos. Desse modo, o sobrenatural passou a ser compreendido como uma intervenção legitimadora daquele que é o verdadeiro “dono do pedaço”. Assim, os crentes viciados em milagres se condenaram à freudiana dependência infantil. Em minha opinião, só seria possível resgatar a mensagem de Jesus Cristo, caso a religião abrisse mão de suas hierarquias institucionais, demitisse elites, democratizasse o acesso a Deus, e esvaziasse os rituais da função de serem técnicas para se obter bênçãos. É importante que repensemos a fé, seguindo o exemplo de Jesus que viveu sem precisar de milagres e morreu sem apelar para os anjos. Iguais a ele, precisamos viver sem os cabrestos da religião e sem as intervenções de Deus. Concordo com John Hick em “Evil and the God of Love” (New York, Harper & Row; London, Mcmillan, 1966, p. 317) “Ao criar pessoas finitas para amar e serem amadas por ele, Deus precisa dotá-las com certa autonomia relativa quanto a si mesmo”. Mas como pode uma criatura finita, dependente do Criador infinito quanto à sua própria existência e a cada poder e qualidade do seu ser, possuir qualquer autonomia significativa em relação a esse Criador? A única maneira que podemos imaginar é aquela sugerida pela nossa situação efetiva. Deus precisa colocar o homem à distância de si mesmo, de onde ele então pode vir voluntariamente a Deus. Mas como algo pode ser colocado à distância de alguém que é infinito e onipresente? É óbvio que a distância espacial não significa nada nesse caso. O tipo de distância entre Deus e o homem que criaria certo espaço para certo grau de autonomia humana é a distância epistêmica. Em outras palavras, a realidade e a presença de Deus não devem se impor ao homem de forma coercitiva como o ambiente natural se impõe à atenção deles. O mundo deve ser para os homens, pelo menos até certo ponto, etsi deus non daretur, “como se Deus não existisse”. Ele precisa ser cognoscível, mas apenas por um modo de conhecimento que implique uma resposta livre da parte do homem, consistindo essa resposta em uma atividade interpretativa não-compelida através da qual experimentamos o mundo como realidade que media a presença divina”. Uma nova igreja precisa se desvincular de seu fascínio pelo poder, qualquer um: político, econômico, militar ou espiritual. Repito, urge que homens e mulheres construam sua humanidade, sendo sal da terra e luz do mundo, sem necessitar de repetidos socorros celestiais. [Ricardo Gondim]

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

PRA QUE SERVE A HUMILDADE?

Por Rev. João d'Eça “Bem aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mateus 5:3). “Certamente, ele [Deus] escarnece dos escarnecedores, mas dá graça aos humildes”. (Prov. 3:34). Tenho acompanhado pessoas que não sabem ser humildes em nenhum momento, creio que isso faz parte dos seus sistemas de valores. Apesar de que falta de humildade não é valor, mas defeito. Tem gente que parece que vive competindo o tempo todo com as outras pessoas, é como o título de um livro que li: “O mito da Grama mais verde”, a idéia é que vida do vizinho é sempre melhor do que a minha. Tem gente que vive assim, numa eterna competição com as outras pessoas, para ver quem é melhor em que. Humildade é mandamento divino. Como diz os textos que encimam esse artigo, “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”. Toda a minha família, da parte do meu pai e da minha mãe, são do interior, nós, eu e os meus irmãos, nascemos na Capital do Estado e por isso algumas coisas no interior me encanta. Lá na cidade onde nasceu meu pai, no período do verão, as estrelas são enormes, maiores do que nós da cidade costumamos ver, elas parecem estar bem próximas dos olhos, acostumados só com a cidade grande. Em uma visita à fazenda de um amigo em um outro município do interior do meu Estado onde não há energia elétrica, eu pude ver o céu mais estrelado de toda a minha vida, foi a sensação mais gostosa que tive, senti-me totalmente pequeno no meio de tudo aquilo e para completar a beleza sem par, duas estrelas cadentes juntas, nos acompanharam por algum tempo, até desaparecerem no céu. Naquele momento eu me senti grato à Deus por fazer parte do Universo. A humildade não tem a prerrogativa de nos fazer pequenos aos nossos próprios olhos, mas sim, expandir a nossa capacidade de apreciação, reverência e encantamento. A humildade parece que não é desejável, aliás, existem pessoas que fazem questão de serem em tudo arrogantes, a humildade parece não ser atraente. A humildade leva as pessoas ao céu, mas não os promovem no emprego, não aumenta seu salário. A humildade parece incompatível com o intelecto e com um espírito vigoroso. Descobri que o oposto é que é verdade. As figuras que nós admiramos por sua humildade – Jesus Cristo, Abraão Lincoln, Maratma Gandhi, Albert Einstein – nunca foram medrosos e sim homens de um destino vigoroso, com uma enorme determinação. A humildade não é autodepreciação, mas é uma característica de força, liberdade e autoconfiança. Humildade não é por as mãos juntas em prece e oração, o hipócrita faz isso muito melhor do que qualquer altruísta. Humildade é saber reconhecer os erros, as falhas, lamentar por elas, más, levantar a cabeça e seguir em frente não repetindo os mesmos erros. “Mulher, onde estão os teus acusadores, eles não te condenaram, eu também não te condeno. Vai e não peques mais” (Jesus pra Madalena). O resultado todos nós já sabemos, ela tornou-se um exemplo de dignidade daí pra frente. Podemos aprender com as pessoas mais improváveis e se não dermos a devida atenção ao que dizem, podemos perder uma grande idéia. É preciso que levemos em conta o potencial humano, por mais fraca que seja a chama. Há uma diferença entre ser humilde e humilhar-se. É começar de novo que caracteriza o produto autêntico, e não o uso permanente de trapos. Como bem disse o dramaturgo James Barrie; “A arte não pode ser dominada em três semanas, a vida é uma longa lição de humildade”.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

O PASTOR QUE NÃO VIU O DEUS-MENINO.

Por Rev. João d'Eça Hoje é dia de Natal, para mim a data mais importante da cristandade. Jesus Nasceu! O seu nascimento nos dá lições valiosíssimas de humildade: Sendo Jesus Rei-Divino, não usurpou o direito de vir ao mundo como tal, antes esvaziou-se, assumindo a forma de servo. Sendo glorioso e rico, preferiu nascer em uma manjedoura, num coxo de animais, numa cidade pequena, por sinal a menor dentre muitas, preferiu viver e crescer em Nazaré, cidade sem nenhuma expressão, a ponto de alguém indagar: "de Nazaré pode vir alguma coisa boa?" Jesus é essa figura notável, sua mensagem é de uma beleza incomparável, seu amor é incondicional. Ele é "Emanuel". Deus-conosco, Deus por nós, Deus no meio de nós. Ele foi adorado por reis, aliás três deles vieram do oriente afim de adorá-lo, trouxeram presentes e o serviram, afinal estavam servindo ao Rei do Universo. Heywood Broun, escreveu uma estória sobre um pastor que não quis ir com os outros, após o anúncio dos anjos. Essa estória nos dá valiosas lições, vamos a ela: O pastor que não viu o Deus-menino. "As hostes do céu e o anjo do Senhor tinham inundado a noite de resplendência. Mas já haviam desaparecido, e os pastores e suas ovelhas agora só viam luzir no alto a tênue luz das estrelas. Os homens estavam abalados com as maravilhas que tinham presenciado e ouvido e, como os animais, encolhiam-se uns contra os outros. - Vamos a Belém ver aquilo que o Senhor nos deu a conhecer - Disse o mais velho dos pastores. A cidade de Davi ficava além de uma longinqua e alta coluna, no topo da qual tremulava uma estrela. Os homens tinham pressa de partir, mas houve um deles, chamdo Amos, que enterrou seu cajado na relva e se agarrou a ele. - Vem - chamou o meis velho dos pastores, mas Amos abanou a cabeça. - Foi um anjo! Ouviste a mensagem. Nasceu o Salvador! - gritou-lhe alguém. - Ouvi - disse Amos - Mas vou aguardar. - Não estás compreendendo - insistiu o mais velho, acercando-se dele. - Um anjo nos falou. Vamos adorara o Salvador em Belém. Deus manifestou a Sua Vontade. - Não está em meu coração ir - respondeu Amos. A resposta irritou o velho pastor. - Vistes com teus próprios olhos as hostes do Céu! E ouviste, pois foi como um trovão quando "Glória a Deus nas alturas!" ecoou na noite até nós. - Como as montanhas ainda não ruiram e o Céu não desabou, Amos considera que não é o bastante - interveio outro pastor. - Ele precisa de algo mais forte do que a Voz de Deus. Amos segurou com mais força o cajado e respondeu: - Preciso de um sussurro. - Que dirá essa voz ao teu ouvido? - perguntaram rindo, os outros. - Dize-nos, que sussurra o Deus de Amos, pastorzinho de cem ovelhas? A brandura da voz de Amos desapareceu, e ele retrucou: - Para as minhas ovelhas eu sou um salvador. Vede meu rebanho! Ainda está sob o temor do anjo resplendente e das vozes. deus está ocupado em Belém, não tem tempo para cem ovelhas. Vou aguardar. Isto os outros levaram mais em consideração, pois todos os rebanhos ainda estavam aterrados, e eles conheciam a natureza das ovelhas. Antes da partida cada um dos pastores recomendou a Amos o que ele devia fazer para cuidar dos vários rebanhos. Ainda assim, anters de desaparecerem na curva da estrada que levava à cidade de Davi, alguns pastores escarneceram dele: - Veremos novas glórias junto ao trono de Deus; e tu, Amos verás carneiros. Amos não lhes deu atenção, pois pensava: "Um pastor a menos não fará diferença dinate do trono de Deus." Nem teve de preocupar-se porque não iria ver o Menino: havia muito o que fazer. Caminhou entre os rebanhos fazendo um ruido de cacarejo, e para suas cem ovelhas e as outras todas o som era mais belo e mais amistoso do que a voz do anjo luminoso. Os animais deixaram de tremer e começaram a pastar, enquanto, por trás da colina, onde antes se vira a estrela, despontava o Sol. - Para as ovelhas- disse Amos consigo mesmo- os anjos brilham demais. Um pastor é melhor. Coma a manhã chegaram os outros pela estrada, de volta de Belém. Falavam a Amos a respeito da manjedoura e dos Reis Magos que se tinham reunido aos pastores. Descreveram os presentes: ouro, incenso e mirra. E perguntaram-lhe: - Viste maravilhas aqui nos campos com os rebanhos? - Agora minhas cem cabeças são cento e uma - respondeu Amos. E mostrou-lhes um cordeirinho que nascera pouco antes da madrugada. - Foi para isso que se fez ouvir a grande voz do Céu? - perguntou o mais velho dos pastores. Amos abanou a cabeça e sorriu, e havia em seu rosto algo que, mesmo naquela noite miraculosa, pareceu aos pastores mais um milagre. - Meu coração - disse ele - ouviu um sussurro.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

NATAL, TEMPO DE PAZ E DE ESPERANÇA!

Por Rev. João d'Eça O Natal é o maior símbolo de esperança, mas, ninguém poderia imaginar que aquele dia, em Belém da Judéia, poderia ser o dia de maior esperança para a humanidade, já há mais de dois mil anos. Um recém-nascido poderia ser ameaça ao poderio do Império Romano? O doce infante Jesus, contra o Grande César? Entretanto o que é feito hoje do poderoso Império Romano? Seus exércitos pertencem tão somente à história, desmoronou e hoje a sua influência é quase nula. Porém, as coisas que Jesus Cristo falou, seus ideais, seus valores, seus princípios eternos, suas palavras de esperança, sobreviveram ao mundo material e foram adquirindo força no correr dos séculos. É esse o fundamento da esperança que nasce de novo a cada dia de Natal. Parece impossível de se acreditar que o amor e a boa vontade possam triunfar sobre o ódio organizado e a força do mal que campeiam em nosso mundo! Parece uma luta tão desigual! Como podemos então, diante da dura realidade da vida, na era pós-moderna, encontrar-se esperança na história encantadora que é a história do Natal? Por onde começamos? Começamos por onde começaram os que se reuniram em tôrno da manjedoura. Nosso mundo está perturbado? Nossa época é de incredulidade? Nosso tempo é de materialismo? O deles também estava. Sentimentalizamos tanto o Natal que temos pouca compreensão do mundo sangrento, brutal e violento em que nasceu o menino Jesus. Se o grupo que estava no estábulo olhassem a realidade e a injustiça que enchiam o seu mundo, poderiam gritar de desespero: - “Vejam, o nosso mundo a que chegou!”, mas ao invés disso eles disseram com alegria: - “Vejam quem chegou ao mundo!” Como podemos fazer eco a essa esperança? Como podemos contribuir com dias melhores? Podemos começar como Deus começou, com as pequenas coisas. Quando Deus quer fazer crescer uma árvore, Ele planta uma semente. Quando Deus quer construir um universo, Ele começa com um átomo. Quando Deus quer mudar os corações dos homens, ele manda uma criança para uma manjedoura. Devemos começar com as pequenas coisas que temos nas mãos. É essencial sonhar grandes sonhos, mas a esperança não brota só de sonhos. Juntamente com o sonho deve estar a ação, como nas palavras do maior sábio da história depois de Jesus em todos os tempos, Salomão que disse: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças” (Ecle. 9:10). Todas as grandes realizações tem um começo humilde. Começa-se a compor uma sinfonia estudando escalas. Começa-se a construir automóveis em série, aprendendo a consertar relógios numa fazenda. Começa-se a conceber a Teoria da Relatividade aprendendo a tabuada de multiplicar. “Tudo o que te vier à mão para fazer, faze-o!” Quem eram os doze discípulos quando Jesus os chamou? Eram a maioria, simples pescadores, outros coletores de impostos para um país estrangeiro. Eram indistinguíveis em meio a multidão, até que conheceram a Jesus, e ai, esses homens desinteressantes saíram para revolucionar o mundo para sempre e mudar o curso da história. Será isso um exemplo de que qualquer pessoa, homem ou mulher, pode influenciar os negócios de nosso mundo? Sim, esta é a verdade. Há dentro de cada um de nós, capacidades que vão além da nossa compreensão. A fé pode nos dar sabedoria para entender o nosso potencial e força para realizar as nossas potencialidades. Por mais que nos julguem incapazes, por mais que nos digam que não podemos e que não somos nada, por mais que nos desestimulem, por mais que tenhamos que enfrentar dificuldades aparentemente insolúveis, adquirimos esperança e força quando olhamos de novo para a manjedoura, para o berço daquela criança especial, no coração de um antigo Império, e aprendemos a “não desprezar o dia das pequenas coisas” (Zc. 4: 10). Todos os dias de Natal nasce uma nova esperança, uma esperança como a estrela cintilante que se tornou o dedo de deus apontando para a pequena Belém e para o futuro da humanidade. Eis a esperança do Natal: embora possa parecer sombrias as perspectivas, a única escuridão que devemos temer é a escuridão dentro de cada um de nós. O Príncipe da Paz chegou. O Emanuel, “Deus Conosco”, Deus entre nós, Deus no meio de nós e Deus por nós. Com Jesus Cristo nasceu a esperança de que um dia os homens “converterão as suas espadas em enxadões e suas lanças em foices” ( Isaias 2:4). Que importa se as notícias que ouvimos não são nada boas? “Não temais, porque vos trago Boas Novas de grande alegria” (Lucas 2:10 ).

sábado, 16 de dezembro de 2006

TIVE DIAS DE FÉRIAS MARAVILHOSOS.

Pr. João d'Eça Estive viajando durante esses dias em que eu não postei nenhum artigo novo no Blog. Aproveitei as férias de minha esposa e do presbítero da minha igreja (Rodrigo) com a esposa dele (Nilba), para fazer uma viagem magnífica ao sul do Maranhão, mais precisamente à Chapada das Mesas, para fazer Ecoturismo nas trilhas até as Cachoeiras de "Pedra Caida" e "Pedra Furada" e "Cachoeiras do Itapecurú", no município de Carolina. Aqui nós estamos na trilha rumo a Cachoeira de "Pedra Furada". A imagem não reflete nem a sensação que sentimos e nem a beleza do lugar. Descendo o Rio. vamos ao encontro de uma queda d'Agua de 40 metros.

Aqui estamos nós em um momento descontraido de lazer e diversão, na gruta onde está a cachoeira de "Pedra Furada",

sábado, 9 de dezembro de 2006

PREGUE A PALAVRA!

Por

Rev. João d'Eça

"Prega a Palavra, insta, quer seja oportuno quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina". (II Timóteo 4:2).

Nenhum pregador diz que não prega a Bíblia. Todos os que conheço dizem que a pregam, alguns inclusive falam isso com uma ponta de orgulho, como se os outros não fizessem isso. Embora muitos afirmarem que pregam a Bíblia, ela não tem sido pregada em nossos dias, nos arraiais evangélicos.

A grande maioria dos pregadores pregam a respeito da Bíblia, mas não pregam a Bíblia. Eles usam o texto como um pretexto. Alguém disse que os pregadores estão pregando um sermão de três de pontos: 1 - Entram no texto; 2 - Saem do Texto; 3 - Nunca mais voltam para o texto.

Esse é o tipo de mensagem que estamos ouvindo na maioria dos nossos púlpitos, em todas as denominações evangélicas. Muitos pensam que pregar a Bíblia é citar versículos aleatoriamente, a Bíblia não tem sido ensinada satisfatoriamente. Agora com o advento da Internet e dos Sites de conteúdo evangélico, cheios de esboços, de mensagens pregadas por grandes pregadores, tem facilitado a pregadores preguiçosos que não leêm mais a Bíblia e pregam o que os outros pregam, às vezes palavra por palavra.

O príncipe dos pregadores Charles Spurgeon disse que você pode "usar o machado alheio, mas as machadadas tem de ser as suas", mais o que tem acontecido com os pregadores brasileiros é o cúmulo do absurdo, é plágio mesmo. Conta-se a história real de um jovem seminarista em um dos nossos seminários, que ouviu a história de Johnatas Edwards e do famoso sermão "Pregadores nas mãos de um Deus irado", como o resultado do sermão de Edwards redundou em centenas de conversões, esse jovem seminarista decorou o sermão e o pregou na igreja "ipse literi", mas o resultado foi frustrante, muitos dormiram durante a mensagem muito longa e sem unção.

Quase todo pregador se acha um bom pregador. Conheço um caso de um pregador que diante do Conselho da igreja, comparando-se a outro pregador, disse que o outro era muito bom em estudo bíblico, mas que ele era muito melhor pregador, os membros do Conselho só não riram em respeito. Sei que muitos que irão ler este artigo vão me julgar pedante, ou que eu estou querendo dizer que sou melhor pregador que os outros, mas não é isso não, eu ainda não sei pregar. Continuo estudando homilética e os grandes pregadores, para ver se aprendo.

O que quero aqui é tecer algumas considerações baseado no conteúdo das pregações que tenho ouvido, não só nos púlpitos, mas também no rádio e na TV.

1 - O SERMÃO NÃO É PSICOGRAFIA.

Há pregador que pensa que o sermão é dado por Deus, do mesmo modo que os espíritas crêem que as mensagens do além são psicografadas. É como se o Espírito Santo se apossasse do pregador e lhe desse a mensagem por inteiro. Vem tudo empacotado. Não é inteligente questionar, não é seguro criticar.

2 - O SERMÃO É A CARA DO PREGADOR.

O estilo pessoal do pregador, sua cultura, seus anseios, sua visão de mundo, sua compreensão das doutrinas, tudo entra no bojo da sua pregação. Se o pregador tem uma personalidade forte, se ele é pacato, se ele é simples, se ele é intelectual, tudo vai junto com a pregação. O pregador está em seu sermão. A unção do Espírito Santo não acontece só no púlpito, o Espírito Santo unge o esforço do pregador, sua pesquisa, seu estudo e tudo o mais, para que a pregação seja compreendida pelos ouvintes.

3 - NÃO É O FATO DE SE SER PASTOR OU SER ORDENADO QUE SEJA UM PREGADOR.

Como tem gente que se acha! Acham que só porque foram ordenados, isto lhes credencia como pregadores. Acham que só porque carregam o título de pastores, sabem pregar a Bíblia. Vemos as coisas mais absurdas serem ditas nos púlpitos por pastores que são ordenados, gente que na verdade não passa de manipuladores, piadistas, bajuladores na intenção clara de comover o povo. Não querem em nenhuma hipótese deixar os resultados da pregação com o Espírito Santo, eles é que querem fazer e acontecer.

4 - O ESTUDO É PRIMORDIAL, É FUNDAMENTAL.

Existem pregadores que ascendem ao púlpito sem ter estudado a mensagem e às vezes, pasmem! Sem ter escolhido o texto. Enchem linguiça por algum tempo antes de ler o texto, na esperança de que o Espírito Santo lhes deêm o texto e a mensagem. Amigo pregador, Deus não vai assinar em baixo da sua preguiça, Ele não vai homologar sua irresponsabilidade. O pregador precisa ser um estudante da Palavra, um pesquisador, alguém que lê jornais, revistas e é informado e inteirado dos assuntos pertinentes e relevantes da atualidade.

CONCLUSÃO:

A pregação é a mais sublime tarefa que Deus designou ao homem. Merece e precisa ser bem feita. A pregação deve refletir a influência da Palavra de Deus em nós, deve as suas verdades brilhar em nossa vida diária, mas na hora da pregação, nós devemos estar apagados, a glória é de Deus, a dignidade é do Senhor. Sejamos seus vasos para honra.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

O HOMEM COM UM SONHO! EXEMPLO DIGNO DE SER SEGUIDO.

Por

Pr. João d'Eça

Para mim, um dos homens mais admiráveis depois de Jesus Cristo, São Paulo, Lutero e Calvino, é Martin Luther King Jr. Pela sua sagacidade, pela sua coragem, pela sua força, pela sua coerência de pastor, negro e cidadão. King era um homem notável em todos os aspectos, ele era um gênio quando discursava, ele era brilhante quando pregava o evangelho. King foi um arauto da verdade, um símbolo de coragem e fé, um exemplo de determinação e altruismo.

Em um dos trechos do seu famoso discurso "I HAVE A DREAM", ele diz que tem muitos sonhos, mas destaco um ponto onde acredito que ele foi, naquele momento em que discursava, arrebatado para o futuro, onde via o seu sonho realizado. Ele diz:

"Eu tenho um sonho, de que um dia, nas rubras colinas da Georgia, os filhos dos antigos escravos e de seus antigos senhores, sentarão e comerão o banquete da freternidade...Eu tenho um sonho, de que um dia o homem não será mais julgado pela cor da sua pele, mas pela força do seu caráter."

Luther King tinha uma visão de futuro impressionante, parece que ele sabia o que iria lhe acontecer. Certa vez ele profetizou que sabia que não chegaria aos 40 anos, ele foi assassinado aos 39.

King viveu os princípios do evangelho de Cristo em sua essência, ele doou a sua vida em função de uma causa justa, a não-discriminação do ser humano por motivo de raça, religião ou posição social. Sofreu vários atentados ao longo de sua curta vida, mas respondia aos seus agressores pelo princípio da resistência não-violenta. No final do seu discurso, King diz as palavras que para mim, deveriam ser diariamente mostradas em letras douradas em todos os out-doors de todas as cidades do mundo, ele diz:

"Quero que me digam que eu tentei ser direito e caminhar ao lado do próximo. Quero que vocês possam mencionar o dia em que tentei vestir o mendigo, tentei visitar os que estavam na prisão, tentei amar e servir a humanidade. Sim , se quiserem dizer algo, digam que eu fui um arauto: um arauto da justiça, um arauto da paz, um arauto do direito. Todas as outras coisas triviais não têm importância. Não quero deixar nenhuma fortuna. Eu só quero deixar uma vida de dedicação! E isto é tudo o que eu tenho a dizer:

Se eu puder ajudar alguém a seguir adiante, Se eu puder animar alguém com uma canção, Se eu puder mostrar a alguém o caminho certo, Se eu puder cumprir o meu dever cristão, Se eu puder levar a salvação para alguém, Se eu puder divulgar a mensagem que o Senhor deixou......então a minha vida terá valido a pena!"

[Martin Luther King Jr.]

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

HETEROFOBIA: OS NÃO-HOMO NO ARMÁRIO OU NA CADEIA?

Prossegue a “revolução cultural” representada pelo tsunami da agenda homossexual. Primeiro a academia, depois a mídia, as ONG’s, as igrejas e os três ramos do poder: executivo, legislativo e judiciário, desde a decisão política, e não científica, da retirada do rol das patologias, passando pela defesa da legitimidade da prática, para a revisão do conceito de casamento, e a luta contra o que consideram como “preconceito”, a revisão dos livros escolares, um papel ‘normal’ ou ‘simpático’ de personagens da mídia, a ordenação de líderes religiosos praticantes e, de forma crescente, uma agressiva campanha condenatória e intimidatória contra pessoas e instituições que se opõem a essa agenda, colocadas, todas, na vala comum dos “homofóbicos”: desde aqueles que, efetiva e lamentavelmente, perpetraram agressões físicas ou morais contra integrantes do bloco GLSTB (Gays, Lésbicas, Simpatizantes, Transgêneros e Bissexuais) quanto aos que “amando o pecador e condenando o pecado”, apenas esboçaram pensamentos ou leram publicamente textos bíblicos. O novo fenômeno cultural, já analisado por cientistas sociais, é denominado de heterofobia: o ódio, a rejeição, a desmoralização, a intimidação, e a condenação sistemática a quem não aprova a agenda gay ou reafirma os padrões históricos normativos da heterossexualidade. As “marchas de orgulho” prosseguem anualmente em todo o mundo (sendo a maior a da cidade de São Paulo, no Brasil), com crescente financiamento público, com verbas dos municípios, dos estados e do governo federal. Há todo um conjunto de organizações não-governamentais e governamentais (“Por um Brasil Não-Homofóbico”, por exemplo), e a cooptação de governos de países como a Espanha e o Brasil para colocar a agenda gay no rol dos “Direitos Humanos” da Organização das Nações Unidas. Nos Estados Unidos, por sua vez, vozes respeitáveis do movimento negro e de sua histórica campanha pelos Direitos Civis estão abertamente protestando contra a tentativa dos homossexuais de se apropriar ideologicamente da herança daquele memorável momento da história norte-americana. De fato, o crescente movimento na internet por parte de pedófilos e de defensores do sexo grupal, nos faz antevê que novas “marchas de orgulho” brevemente estarão nas ruas, em uma escalada sem limites, consentânea com o relativismo da cultura pós-moderna, e o assegurar dos “direitos individuais” e da “privacidade” de adultos mutuamente consentidos. Liturgias, muito em breve, estarão substituindo o “mea culpa” pela “ação de graças” pelos ex-pecados... Depois da detenção de pastores na Dinamarca e na Suécia, por pregarem contra a legitimidade da prática homossexual, e do processo contra uma igreja pentecostal na cidade do Recife, Brasil, o parlamento inglês (que já aprovou uma lei de “parceria civil” com, praticamente, plena equivalência com o matrimônio) está debatendo uma nova Lei contra a Discriminação, que vai na direção da criminalização de quem falar, escrever ou pregar em contrário, ou, por exemplo, se recusar a ceder as instalações do salão anexo ao templo para uma festa comemorativa a uma “bênção” ou outro evento homossexual. Em nosso país lobbys bem financiados estão às portas das Câmaras de Vereadores, Assembléias Legislativas e o Congresso Nacional, para fazer aprovar (o que já ocorreu em alguns municípios) leis que nos criminalizam a todos nós, cidadãos e cidadãs, cumpridores dos nossos deveres cívicos e pagante dos nossos impostos, que insistirmos em afirmar valores culturais históricos ou a anunciar o entendimento multissecular do Cristianismo — e de outras religiões — sobre o assunto. Não seria demagogia, histeria ou paranóia afirmar que um novo ciclo de violação dos direitos humanos e perseguição religiosa se avizinha. Como os nossos inimigos também são “os da nossa própria casa”, aí estão os revisionistas liberais pós-modernos e outros “opinionistas” a buscar ocupar postos-chaves nas igrejas, denominações e organismos ecumênicos, para colaborar com o Estado e as organizações pró-gays na violência contra os ortodoxos. É claro que a negação da autoridade normativa das Escrituras em matéria de Doutrina e Ética, a negação da unicidade de Jesus Cristo como Senhor e Salvador, e a unicidade da Igreja como Agência do Reino, tem levado à defesa da “Ceia Aberta” ou o “Batismo Não-Confessional” para não-cristãos, para a incorporação de sacerdotes de outras religiões a equipes pastorais de igrejas cristãs, palestras para a juventude proferidas por feiticeiras, estátuas de Buda ou de Shiva em altares de catedrais, ou a condenação do texto “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, e ninguém vai ao Pai senão por mim”, como algo “politicamente incorreto”, “arrogante” e “imperialista”. Analistas têm registrado que todo esse avanço que está abalando os fundamentos da civilização tem-se dado pela omissão dos cristãos, seja por acomodação, seja por medo, seja porque já foram contaminados ou capitularam ao espírito do século. Psicoterapeutas, em nosso país, morrem de medo de ter a sua licença cassada pelos Conselhos Regionais ou pelo Conselho Federal de sua profissão, que os proíbe de apoio profissional aos que voluntariamente desejem superar sua orientação homoerótica, e acusam de “radicais” ou de “extremistas” um punhado de bravos que em nome da sua fé e dos seus direitos profissionais se atreve a travar uma luta pública contra a violência da agenda GLSTB. Estamos muito perto da situação tragicômica, verdadeiro teatro do absurdo, que quem “vai para o armário” são os heterossexuais assumidos e militantes. Para estes desaparecerá o princípio da isonomia, da igualdade perante a Lei. A opção será o “armário” ou a cadeia, o silêncio ou a destruição moral. A busca de pão para todos inclui o direito de partilha do pão libertador da vida. Os cristãos devem travar uma batalha também política e cobrar dos seus representantes nas eleições e durante o exercício dos seus mandatos. O sangue dos mártires está clamando aos céus. Que homens e mulheres, sólidos na Rocha que é Cristo, não se intimidem com o espírito maligno do século, fora ou dentro da Igreja, e possam resistir em obediência ao seu Senhor, enfrentando o risco do martírio. Os fiéis até à morte receberão a coroa da vida. Texto Original do bispo anglicano Robinson Cavalcanti da Diocese do Recife, publicado em Ultimato online

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

A VERDADE SOBRE TED HAGGARD

Por

Gordon MacDonald

É difícil descrever o que sinto ao ver o nome e o rosto de Ted Haggard sendo explorado a cada noticiário na TV. Mas, como disse o meu amigo Tony Campolo durante uma entrevista, quando investimos nossa vida usando o microfone para falar ao mundo nossas opiniões e julgamentos, não deveríamos nos surpreender quando a mídia direciona o holofote nos maus momentos de nossa vida, sendo isso justo ou injusto. Ainda estamos vivendo um processo de tentar compreender o que de fato existe no lado secreto da vida de Ted Haggard. A liderança da New Life Church anunciou que solicitou ao Ted que renunciasse. O seu ministério na New Life Church e como líder da Associação Nacional dos Evangélicos chegou ao fim.

Gastei algum tempo tentando entender como e por que alguns homens e mulheres que estão em posição de liderança enfrentam problemas na área moral, financeira ou de abuso de poder e de ego. Eu mesmo tenho familiaridade com a derrota e a humilhação pública. Desde aqueles terríveis momentos que vivenciei há 20 anos atrás eu tenho acreditado que dentro de nós há uma pessoa que não é muito diferente de um assassino.

Esta pessoa que está “dentro de nós” pode ser a raiz de atitudes e de comportamentos que geralmente diferem totalmente do nosso “ser consciente”. O que está “dentro de nós” procura nos destruir e canalizar energias que – descontroladas – nos tentarão a fazer todas as coisas que consideramos incorretas. Se você já foi ferido tão profundamente quanto eu e aqueles que amo, sabe que não se vive um dia sem se lembrar que há algo dentro de você que, uma vez livre, vai causar um grande estrago. Wallace Hamilton escreveu que “dentro de cada um de nós há cavalos selvagens esperando para correrem livres”.

O que me parece é que quando as pessoas se tornam líderes de organizações gigantes, quando se tornam famosos e as suas opiniões são constantemente procuradas pelos veículos de comunicação, temos que ter cuidado. O mesmo impulso que leva alguns líderes a níveis extraordinários de realização é o impulso que os mantém avançando mesmo quando metas e objetivos já foram alcançados. Como um rio que está acima do seu nível, este impulso geralmente atinge áreas de agitação e risco que podem ser perigosos e destrutivos. Este impulso muitas vezes parece ser impossível de ser contido. Esta parece ter sido a experiência de Davi com seus olhos observadores, de Uzias e o seu aborrecimento e de Salomão com sua fome insaciável por riqueza, mulheres e cavalos. Eles parecem ter buscado – seria isso um vício? – por mais emoções ou tentado suprir suas necessidades pessoais e, as formas normais que satisfazem a maioria das pessoas parecem ter sido inadequadas para eles.

Quando eu vejo que um líder se tornou inflexível e rígido, que tem tido menos compaixão pelos seus adversários, que tem sido um tirano dentro da sua própria organização, tem demonstrado raiva e arrogância em relação aos outros, fico imaginando se ele não está gerando tudo isso dentro do seu coração porque ele está tentando dizer um não para algo que está surgindo no profundo de sua própria alma. Talvez suas palavras e feitos não sejam dirigidos exatamente ao inimigo “lá fora” e sim diretamente a um inimigo mais astuto que está dentro da sua própria alma. Mais de uma vez estive com pastores que gastaram horas imersos em pornografia e que, um ou dois dias depois, pregam um sermão “cheio do Espírito” contra a imoralidade. É algo tão desconexo que espanta a razão.

Nenhuma constância na prestação de contas parece ser adequada para conter uma pessoa que vive tal conflito interior. Nem conter uma pessoa que precisa continuamente de um nível de adrenalina maior do que o de ontem. Talvez essa fosse uma das grandezas de Jesus: ele sabia quando parar, quando recusar o privilégio, a fama e o aplauso que acabaria por distorcer a habilidade de pensar com sabedoria e de se dominar. Temos visto, mais de uma vez, a verdade sobre a vida de alguém ser revelada, não de uma só vez, mas numa série de revelações, cada uma delas admitindo uma culpa maior do que aquilo que havia negado um ou dois dias antes. Talvez a dificuldade em contar toda a verdade seja um sinal de que a pessoa está, de fato, mentindo para si mesma e não consegue encarar a verdade completa sobre o seu comportamento.

Parece que todos os pecados começam com mentiras que se contam para si mesmo. A mentira principal de um líder que cai? Eu me dou, me dou e me dou como líder, eu mereço certos privilégios especiais – talvez o próprio privilégio de viver acima das regras. Ou então, tenho charme e palavras doces o suficiente para transformar qualquer coisa em realidade, inclusive minha inocência. Ou então, como grande parte da minha vida é vivida em alto nível de santidade, eu posso ser perdoado de um pequeno erro. Ou ainda, fiz tanto por essas pessoas, agora chegou a hora de fazerem algo por mim – como perdoar e dar uma segunda chance. Meu coração está partido por Ted Haggard, sua esposa e família. Não consigo imaginar a tortura que eles estão vivendo neste exato momento. Derrubados por uma preocupação e um interesse de proporções nacionais, eles devem estar se perguntando quem são seus reais amigos neste momento. Devem estar se perguntando como o que ocorreu – conhecido agora por todo o mundo – afetará seus filhos. Será que a esposa do Pr Ted poderá ir ao supermercado sem se preocupar com quem ela vai cruzar ao se mover de um corredor para o outro? Um repórter? Um membro da igreja? Um crítico? Todos os que compõem a família Haggard terão que enfrentar as câmeras todas as vezes que saírem de casa nos próximos dias, isto até que os veículos de comunicação encontrem outra pessoa sobre a qual vão lançar seus holofotes.

As viagens, os relacionamentos, as entrevistas, o aplauso da igreja, o poder dentro da organização, os benefícios e privilégios, a honra: foi tudo por água abaixo! Contatos com pessoas de poder e posição: foram por água abaixo! A oportunidade diária de dar uma palavra de influência para os mais jovens: foi embora. E o que vai crescer, dia após dia, é um sentimento estarrecedor de tentar compreender o arrependimento e a perda. Certamente pessoas se aproximarão deles para dizer que “eu confiei em você, mas, o que você fez me deixou muito bravo...você afastou o meu filho do evangelho....eu pensei que lhe conhecesse, mas vejo que não”. Muito tempo passará até que a família Haggard se sinta segura novamente. O sofrimento durará grande parte de suas vidas, mesmo depois de serem restaurados. Como eu gostaria que tudo ir para bem longe deles.

Talvez chegue um dia em que haja algum tipo de volta da influência. Mas, agora, deve ou deveria ser algo bem distante.

Uma de minhas orações tem sido para que a liderança da New Life Church não veja a “restauração” como um sinônimo de colocar o Pr Ted no púlpito o mais rápido possível. O pior que pode acontecer seria alimentar suas esperanças de que somente mostrando um “espírito contrito” ele pode voltar para a vida pública em um futuro próximo. Para o bem dele mesmo, ele deve seguir por uma longa jornada através dos fatores que causaram esta situação. Ele não vai solucionar o que quer que esteja errado em sua própria alma apenas voltando ao trabalho. Ele e a sua esposa devem se permitir um longo, muito longo tempo para a cura de sua relação pessoal. O perdão é uma cura de longo prazo, não algo momentâneo. Não esqueçamos dos cinco filhos. Somente pensar neles me faz chorar. E há ainda inúmeras pessoas dentro e fora da igreja que vão levar muito tempo para compreender o que tudo isso significa. A pior coisa que os amigos e colaboradores do Pr Ted podem fazer é tentar trazer ele de volta prematuramente. A melhor coisa que eles podem fazer é solicitar ao Pr Ted que se retire em silêncio com aqueles que mais ama e ouça – a Deus e aos conselheiros.

A declaração divulgada pelo Comitê Executivo do Conselho Nacional de Evangélicos recentemente me pareceu muito raso. Ele me pareceu ter sido escrito por alguém bem astuto da área de relações públicas que quis dizer todas as coisas simpáticas e apropriadas que pudessem abrandar a mídia. O dever da declaração parece ter sido o de informar que o Conselho Nacional de Evangélicos já está tomando providências a respeito do próximo líder. O fato é que constantemente vimos o Presidente do Conselho nas notícias e entrevistas falando em nome dos assim-chamados 33 milhões de evangélicos. Tenho certeza de que a maioria de nós não foi questionada se desejava ou não que Ted Haggard, ou qualquer outra pessoa, falasse em nosso nome. A última vez em que me senti seguro de alguém falar pelos evangélicos como um todo foi quando Billy Graham fez isso. O fato é que uma ilusão cresceu, ou seja, a de que o Conselho era uma movimento muito bem organizado de evangélicos americanos liderados por Ted Haggard que, quando se manifestasse, estaria fazendo por todos nós. Agora, infelizmente, a voz de Ted Haggard falou contra todos nós e teremos que absorver as conseqüências. Geralmente sou muito ruim em antecipar o futuro. Mas, creio pessoalmente que o Conselho Nacional de Evangélicos provavelmente não se recuperará deste momento tão doloroso. Deveria? Os líderes das diversas organizações membras do Conselho provavelmente vão supor que o dinheiro investido terá melhor utilidade em novas alianças.

Desde o início da administração Bush tenho me preocupado com algumas “personalidades evangélicas” que parecem necessitar dos holofotes da mídia todas as vezes que visitam a Casa Branca ou falam ao telefone com alguém da administração Bush. Sei que isso pode ajudar na captação de recursos mas sei também que existe a tentação de “alimentar o ego” quando quem lhe escuta é o presidente. O resultado é agora somos vistos como parte de um movimento evangélico altamente comprometido e identificado como à serviço do Partido Republicano e da sua administração. Qual o meu entendimento? Nosso “movimento” foi usado. Algo indica que este movimento – que no passado unia Billy Graham e Harold Ockenga – está começando a se fragmentar por ter se tornado um movimento mais político e que não se identifica com Jesus e o seu Reino. Querendo ou não, temos sido vistos como aqueles que dão suporte à guerra, à tortura e a uma postura antipática nas relações internacionais. Qualquer um de nós que faz viagens internacionais sabe que encontra hostilidade contra o nosso governo e a suspeita de que as políticas do Presidente refletem um grupo de “inquilinos da fé”. Há que se acrescentar que também há muita desilusão por parte de nossos irmãos e irmãs da fé de outros países que não compreendem o posicionamento dos evangélicos americanos em tudo isso. Nosso movimento pode até ter suas reuniões da alta cúpula, mas o fato é que pode ter comprometido seu papel de centro histórico da fé cristã. Não teria chegado o momento do público em geral entender que várias personalidades evangélicas que aparecem em TVs e rádios não fazem pronunciamentos em nome de todos nós?

Por isso eu oro: Deus e Pai, quão triste você deve estar quando você vê o mais poderoso e o mais fraco de seus filhos cair cativo da força do pecado e do mal. Não há nada que já foi feito que cada um de nós não seja incapaz de fazer também. Assim, ao orarmos pelo nosso irmão, Ted Haggard, não o fazemos por piedade ou justiça própria mas com um espírito de humilhação porque estamos bem ao lado dele em frente à cruz. Pai, dê a este homem e a sua esposa a sua graça. Proteja-os das constantes acusações do inimigo que tem como alvo não deixa-los dormir, levá-los a falar demasiadamente com a mídia, gerar conflitos entre eles como casal e com seus filhos. Envie as pessoas certas para dentro da vida deles, pessoas que vão prover o equilíbrio entre esperança e um amor curador. Livra-os de pessoas que vão dizer a eles coisas que não deveriam ouvir. Impeça-os de julgamentos enganosos nos momentos mais amedrontadores. Senhor, se faça presente para a liderança e membresia da New Life Church. E também para a liderança do Conselho Nacional de Evangélicos que terá que sobreviver com os efeitos colaterais desta tragédia. E também para aqueles que já estão na tradição evangélica e se perguntam em quem eles podem confiar. Que mais podemos orar? O Senhor sabe todas as coisas. Nós sabemos tão pouco. Amém

Tradução livre por Adriana Pasello.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

A VIDA DA POETISA E CANTORA, FANNY JANE CROSBY (1820-1915)

Por Pr. João d'Eça Fanny Crosby Cega desde criança, Fanny Crosby se tornou a maior autora de hinos sacros de toda a História. A vida da poetisa e compositora Fanny Jane Crosby (1820-1915) é tão impressionante quanto a qualidade e a quantidade dos seus hinos. Ao todo, são quase nove mil composições, que incentivam a mudança de vida de pecadores, encorajam cristãos e inspiram toda a humanidade até os dias de hoje. É difícil ficar impassível diante da força das palavras do hino 42 do Hinário Novo Cântico, cujo título é "Exultação": "A Deus demos glória, com grande fervor, Seu Filho bendito por nós todos deu. A graça concede ao mais vil pecador, abrindo-lhe a porta de entrada no Céus. Exultai, exultai, vinde todos louvar a Jesus, Salvador, a Jesus redentor. A Deus demos glória, porquanto do Céu, Seu Filho bendito por nós todos deu!" A beleza e o poder contidos nesses versos surpreendem ainda mais por terem sido escritos por uma mulher que ficou cega com apenas seis semanas de vida. Sua vida foi a prova de que dificuldade alguma pode conter a unção de Deus, nem mesmo tirar o prazer dos Seus servos. Em outro dos seus mais famosos e belos cânticos, intitulado "Segurança", ela escreveu: "Vivo feliz, pois sou de Jesus, e já desfruto o gozo da luz (...) Canta minha alma, canta ao Senhor, rende-Lhe sempre ardente louvor (...) " Outra curiosidade na vida da maior autora de hinos da história da música sacra é o fato de ela ter escrito seu primeiro cântico aos 44 anos. Infecção nos olhos – Nascida em 24 de março de 1820, no município de Putnam, em Nova Yorque, Fanny tinha pouco mais de um mês de vida quando sofreu uma infecção nos olhos. O clínico geral estava fora da cidade e um outro médico foi chamado para tratar do caso. Receitou cataplasmas de mostarda quente, e o efeito foi desastroso: a menina ficou cega pelo resto da vida. O médico teve de fugir da cidade, tamanha a revolta suscitada entre os parentes e vizinhos do bebê. Aos cinco anos, Fanny foi levada pela mãe para consultar o melhor especialista no país, o Dr. Valentine Mott. Uma coleta feita entre os vizinhos pagou a viagem. O pai da menina já havia morrido e a situação financeira da família era muito difícil. O sacrifício, infelizmente, foi em vão, já que o médico decretou o caso como incurável. Fanny teve, então, de se acostumar às dificuldades, ao mesmo tempo em que demonstrava uma habilidade incomum para compor poesias. Naquela época, a mensagem do Evangelho foi plantada no seu coração por intermédio de sua avó. Era ela quem passava horas lendo a Bíblia para a menina, que demonstrava ter uma memória extraordinária: decorou diversos trechos do livro de Rute e dos Salmos. Aos 15 anos, Fanny entrou para o Instituto de Cegos de Nova Yorque, para onde voltaria anos depois para ensinar Inglês e História. Como aluna e professora, ela passou 35 anos na mesma escola. Testemunho de fé – Em 1844, Fanny escreveu seu primeiro livro de poemas: "A Menina Cega e Outros Poemas". Uma das suas primeiras participações como compositora aconteceu em um dos cultos de Dwight L. Moody, um dos maiores pregadores da história do Evangelho, que realizava uma conferência na cidade de Northfield, no Estado de Massachussetts. Impressionado com o talento de Fanny, Moody pediu que ela contasse o testemunho pessoal da sua fé e do seu relacionamento com Deus. Assustada, ela relutou, mas depois leu a letra de um hino que acabara de escrever: "Eu o chamo de meu poema da alma. Às vezes, quando estou preocupada, repito isto para mim mesma, e estas palavras trazem conforto ao meu coração", disse ela, antes de recitá-lo. O hino, é verdade, não é citado em sua biografia, mas isto, de fato, pouco importa, já que poderia ser qualquer um daquelas centenas de cânticos que embalaram o avivamento americano no século XIX, período que ficou conhecido como "O Grande Despertamento". Naquela ocasião, os momentos de apelo à conversão eram freqüentemente inspirados por palavras como as do hino "Mais Perto da Tua Cruz", composto por Fanny Crosby, em 1868: "Meu Senhor sou TeuTua voz ouvi, a chamar-me com amor (...) Mais perto da Tua cruz leva-me, ó Senhor." Fanny era membro da Igreja Episcopal Metodista, de Nova Yorque. Era uma oradora devota e freqüentemente preparava os cultos infantis da igreja. Casamento – Em 1858, Fanny se casou com o professor de música e cantor de concertos Alexander Van Alstyne. Nessa época, ela havia deixado o ensino para acompanhar o marido tocando piano e harpa, em apresentações públicas. Compôs diversas canções populares nesse período. Na mesma ocasião, a vida lhe trouxe uma das maiores aflições que uma pessoa pode enfrentar: a perda de um filho. O menino, seu único filho, morreu ainda pequeno. Em 1864, por influência do famoso evangelista, escritor e compositor William Bradbury, que tem dezenas de canções registradas nos hinários evangélicos até hoje, Fanny passou a escrever exclusivamente músicas sacras. Apaixonada por crianças e motivada pela perda irreparável do filho, a compositora criou um estilo próprio: "Achei que as crianças também tinham de entender as letras, e as melodias teriam de ser simples também", disse ela, que se esforçou para retratar os temas do Céu e o retorno de Cristo com palavras simples. Ímpeto criativo – O número extraordinário de composições da autora pode ser explicado não só pelo seu ímpeto criativo, mas também pelo fato de ela ter um contrato de trabalho com uma editora, a Biglow & Co., que a obrigava a entregar três composições novas a cada semana. Ela chegou a compor sete canções em apenas um dia. Como de hábito, não iniciava o seu trabalho sem antes dedicar horas à oração. Curiosamente, Fanny não escrevia as letras dos seus hinos, por nunca ter dominado o método Braille. Dona de uma memória extraordinária, memorizava-as facilmente. Quando morreu, aos 94 anos, amigos e parentes escreveram na lápide da sua sepultura: "Ela fez o máximo que pôde". Sem dúvida, foi uma heroína da fé

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

A SUPERIORIDADE DO CRISTIANISMO.

Por Pr. João d'Eça “Portanto quem quiser ser meu discípulo, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” ( Mateus 16: 24 ). Confesso que pensei bastante antes de começar a escrever este artigo. Refleti, porque pode parecer pedantismo de cristão, dizer que o cristianismo é religião melhor que os outros sistemas religiosos. Não quero aqui referir-me à religião como é entendido pela sociedade, ou seja, um sistema de princípios e valores, éticos e morais que as pessoas aderem em busca de uma vida melhor. Não é a isso que quero me referir, mas ao cristianismo como é revelado na Escritura Sagrada, um relacionamento com a divindade. Esse relacionamento, faz parte da iniciativa de Deus em buscar o homem, em regenerá-lo, em salvá-lo e “transportá-lo para o Reino do Seu Filho amado”, adotando-o também como filho. Assim é-nos ensinado na Bíblia: Deus, vai em busca do homem morto em seus delitos e pecados e lhe dá a vida eterna. Essa é a essência do evangelho, não podemos mudar o que está Revelado por Deus em Sua Palavra, apesar de vermos que estão querendo colocar o cristianismo como mais uma religião dentre muitas outras, e, que a atitude correta, seria respeito mútuo e convivência pacífica, é o que chamam de Tolerância. Creio que o a pregação do evangelho é fundamental para o desenvolvimento da sociedade. O bem-estar da família passa pela observância dos princípios e valores da Palavra de Deus, o desenvolvimento da sociedade passa pela aplicação desses valores, porque não dá pra brincar de cristianismo, a nossa atitude tem consequências temporais e eternas. No texto acima Jesus exige dos seus discípulos, o rompimento das antigas associações, que ele deixe tudo para seguí-lo. O chamado de Jesus Cristo, exige mais, muito mais do que somente conhecer a sua filosofia. Nos nossos dias a pessoa pode até conhecer vários autores, vários pensamentos, várias idéias e extrair um pouquinho de cada um deles, mas seguir a Jesus é totalmente diferente, porque Jesus Cristo não pode ser apenas mais um no Panteão de líderes, filósofos ou pensadores. O chamado de Jesus é de uma exigência total: “Negue-se a si mesmo”. Quem estiver disposto a seguir a Cristo tem de negar-se a si mesmo, tem de assumir todas as responsabilidades desse chamado. O tipo de crucificação que Jesus exige aqui, não é crucificação sacrificial de carregar um madeiro pesado. Infelizmente muitos ainda pensam que fazer assim agrada ao Senhor, mas o que Ele exige de nós é a negação do Eu, a crucificação da vontade, do desejo, dos pensamentos contrários aos valores do Reino de Deus. Jesus Cristo exige de nós uma postura diferente das religiões, não é só assimilar conceitos, mas a coisa é muito mais profunda. Se queremos ganhar a vida, sermos felizes, curtir ao máximo, temos que perder a vida, não perder no sentido de morrer fisicamente e esperar somente as recompensas no céu, não, mas a recompensa no céu, passa por perder a vida aqui, em deixar essa vidinha que a sociedade propõe, vidinha de diversão, de festas de “bagaceira”, de dinheiro fácil, de vaidades, de futilidades e ainda querer acrescentar Jesus a tudo isso, como se Ele não passasse de mais um em meio a tantos outros. A maioria das pessoas estão vivendo essa vidinha, optando por um bem menor, ao invés de procurar viver a vida abundante. Para a maioria das pessoas, principalmente as da alta elite do país, seguir um “guru”, um “curandeiro”, um pregador de filosofias, um Paulo Coelho, um Dali Lama, o Budismo e tantos outros, basta aprender os seus escritos, as suas filosofias, os seus pensamentos. Seguir a Jesus no entanto, exige do seguidor, mudança de vida, mudança de atitude, a mortificação das vontades e do desejo em função de se ganhar um bem maior. Jesus não aperfeiçoa a vidinha rasteira que se vive, ele pede a morte dessa, para se ganhar uma vida muito melhor, de melhor qualidade, de valor eterno. Quem não entende essas coisas, é porque está habituado às porcarias da sub-vida, está acostumado com o lado negro da alma, está enraizado no porão da existência. Como um louco, uma pessoa desajuizada, que bebe esgoto e come comida estragada como se isso fosse um banquete. Como uma criança que sem nada conhecer, aprecia comer terra, suas próprias fezes, formigas, coisas sujas. Como a criança está em um plano inferior, ela não tem noção, pra ela aquilo está bom, é assim mesmo. Um trago, uma cerveja, gargalhadas, conversas fúteis, fala-se da mulher, do homem, fala-se disso, daquilo, Há, há, há, há. Que legal, que vida é essa! As pessoas da nossa sociedade brasileira, pobres ou ricos, vivem mascarando a sua dor, suas vidas perderam o sentido e para mascarar a dor, começam a ter casos e mais casos, encher a cara de uísque, de cachaça, de drogas, de sexo. È a essência da vida vazia, no plano rasteiro, onde se engana e se é enganado, onde a busca pela felicidade escraviza a pessoa, que faz coisas que agente vê por ai todos os dias, gente que mente, que engana, que mata, que desvirgina, que paga pensão para inúmeras mulheres, porque de modo irresponsável fez filhos por ai. E o sujeito ainda chama isso de vida. É como o louco que se contenta com a água suja e com a comida estragada nos porões da existência. A quem você seguirá? Pedro disse a Jesus: “Só tu tens as palavras da vida eterna.” A pessoa de Jesus confunde-se com a sua Palavra, porém tudo resulta em vida eterna. Com quem você fez aliança? Os crentes estão em aliança com o Senhor, estão conhecendo a Jesus a cada dia, estão crendo na Sua Palavra e reconhecendo que somente Jesus Cristo é o Santo de Deus. É nesse princípio que reside a superioridade do Cristianismo.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

O AMOR É SEMPRE A MELHOR RECOMPENSA.

Ainda outro dia assisti na TV a uma cena trágica. Um homem morto na beira da praia, enrolado em panos, que alguém por misericórdia havia posto sobre ele, enquanto que transeuntes, passeavam por ali como se nada tivesse acontecendo, ignorando totalmente ao cadáver ali ao lado. O mundo parece muitas vezes dividido entre os que se importam e os que não se importam, não devemos julgar com muito rigor, pois é preciso muita coragem para as pessoas se importarem com os outros. É, parece que é preciso muito coragem para nós nos dedicarmos, para abrirmos o nosso coração, para reagirmos com simpatia ou piedade, ou indignação, ou entusiasmo, pois é mais fácil – e às vezes mais seguro – não nos metermos nas coisas. No entanto as pessoas que se arriscam, que deliberadamente arrancam fora a couraça da indiferença, fazem uma formidável descoberta: quanto mais nos importamos com o nosso próximo, mais vivos nos tornamos. Quando paramos e examinamos a nossa vida, o curso que ela toma a cada dia, vemos que há um rio de amor que atravessa toda a nossa existência como um traço de ouro e fogo. A importância que atribuímos às coisas pode representar a diferença entre o sucesso e o fracasso de um casamento, de um bom emprego ou de qualquer outra relação humana. Emerson disse: “Nada de grande foi jamais realizado sem entusiasmo”. Até mesmo gente estranha, reage a uma grande intensidade de interesse por alguma coisa. Há muitos anos, na Inglaterra, um menino criado na miséria arranjou um emprego de 12 horas de trabalho diário, numa tipografia que não lhe pagava quase nada. Apaixonadamente interessado por livros, mas sem possibilidade de comprá-los, esse menino fazia questão de passar todos os dias, no caminho para o trabalho, por um “sebo” onde estavam expostos à venda livros usados. E sempre que havia algum livro aberto na vitrina, ele parava e lia as duas páginas à mostra. Um dia reparou que o livro que ele lera na véspera estava aberto nas duas páginas seguintes. No outro dia, aconteceu a mesma coisa. E ele foi lendo sempre, duas páginas por dia, até que chegou à última página. Então, o velho que tomava conta da loja saiu de lá e disse ao menino que ele podia entrar e ler o que quisesse, a qualquer hora, sem obrigação de comprar. E foi assim que Benjamin Farjeon, que veio a ser um escritor de sucesso, teve acesso ao mundo dos livros – só porque se importava tanto com a leitura que o seu interesse se tornou visível a um velho bondoso por trás de uma vitrine poeirenta. Na Bíblia Sagrada, há muitos exemplos da importância que tem em nos preocupar-nos com os outros. O Bom Samaritano se preocupa com a vítima dos ladrões, e por isso age. Os outros viajantes, receosos de se meterem em confusão passaram e ignoraram. O mal do Filho Pródigo foi não se importar. O que fazia de si mesmo não contava para ele, nem a meneira por que sua conduta afetava os outros. O pai do Filho pródigo sabia dar e continuou dando importância às pessoas, tanto que preservou aquilo que poderia dar ao filho, tanto que o Pródigo, quando afinal esgotaram-se os seus recursos, ele disse: - “Levantar-me-ei e irei ter com o meu pai”. Vejo que a Bíblia nos ensina aqui, que quando tiramos da vida o ingrediente do amor e da compaixão, nada mais tem sentido. A todo momento, no mundo que nos cerca, felizmente vemos atos de amor e de bondade sendo praticados por pessoas anônimas. Como diz Wordsworth: “Pequenos, anônimos, e esquecidos atos de bondade e de amor”. Alguém que se oferece para cuidar dos filhos de seu próximo, num momento difícil, essa gente não tem interesses e não espera recompensa, age. A capacidade de amar e de ter compaixão nasce em cada um de nós, mas em grande parte, depende de cada um de nós expandi-la ou deixá-la minguar. Nem sempre é espontânea. Era a isso que se referia Sócrates ao dizer: “Antes de poder mover o mundo, o homem precisa mover-se a si mesmo.” Uma das melhores maneiras de aumentar a nossa capacidade de amar e de ter compaixão pelo nosso próximo, é lutar contra o nosso próprio egoísmo e treinarmos fazer o bem todos os dias, nem que seja a uma só pessoa. È preciso nos preocuparmos com os que estão perto de nós e precisam de nós e auxiliá-los, estendermos para eles a nossa ajuda, nem que seja numa prece, isso ajuda muito. Agir de acordo com a observação de uma criança numa praia, observando o vai e vem do mar, ela disse: - “Que bonito ver como o mar se preocupa com a terra!” Tinha razão a criança. Era de fato uma forma de preocupação. A terra era apenas passiva e por isso esperava. Mas o mar se preocupava – e por isso vinha. A lição está ai, nesse bonito símbolo: a disposição de agir, de procurar, de ser absorvido e a capacidade de, nessa absorção, realizar-se.

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

ESQUERDA E DIREITA NA IGREJA.

Esquerda e direita na Igreja Olavo de CarvalhoMídia Sem Máscara, 23 de abril de 2005 Já faz tempo que a grande mídia no Brasil – refiro-me sobretudo à de São Paulo, Brasília e Rio -- deixou de ser meio de informação confiável e se tornou puro instrumento de manipulação ideológica. O uso que ela faz dos termos para descrever situações e personagens não corresponde nunca à realidade objetiva, mas a um enfoque pré-calculado para produzir determinadas reações públicas. A linguagem-padrão do jornalismo brasileiro segue hoje estritamente a técnica soviética da desinformação. Isto não é modo de dizer, mas uma descrição exata do que acontece. No caso das questões religiosas, a prova mais clara disso é o progressivo deslocamento do sentido dado aos rótulos "conservador" e "fundamentalista". No começo, “conservadores” eram os católicos que se opunham às mudanças introduzidas pelo Concílio Vaticano II. Muitos deles foram expulsos da Igreja, como dom Marcel Lefebvre, e hoje constituem um movimento religioso independente, de enormes proporções, cuja existência a mídia jamais menciona. Amputada essa parcela da realidade, o rótulo de “conservadora” passa a ser aplicado à própria ala da hierarquia católica que implementou as mudanças do Concílio. A margem de conservadorismo admitido, portanto, diminuiu consideravelmente. Antes, homens como João Paulo II ou o então cardeal Ratzinger eram o centro, o fiel da balança. Depois a mídia os deslocou para a direita e até para a extrema-direita enquanto dava sumiço nos conservadores genuínos, transformados em “não-pessoas”, sem direito a voz ou presença pública. Processo análogo sofre o termo "fundamentalista". Essa palavra designava os adeptos de uma interpretação literalista e legalista da Bíblia. Pouco a pouco, a classe jornalística passou a empregá-lo para rotular qualquer pessoa que seja fiel a uma religião tradicional. Isto significa que a quota de fidelidade religiosa admitida na sociedade “decente” vai se estreitando cada vez mais. É um estrangulamento progressivo, lento e calculado. Outro exemplo. Até dez anos atrás, todo mundo na Igreja – esquerda e direita -- era contra o aborto. Em 1991 os bispos de Chiapas, México, que estavam entre os mais esquerdistas da América Latina, acusaram de auto-excomunhão as militantes feministas que defendiam o aborto. Hoje, a mídia em peso carimba como “conservador” e até “fundamentalista” qualquer católico que seja anti-abortista. Tudo isso é manipulação cínica, voluntária e consciente. Quem molda a linguagem popular domina a alma do povo. O uso de categorias políticas para descrever as facções da Igreja não é errado em si, pois o clero é composto de seres humanos, e seres humanos têm o direito e a inclinação de se alinhar politicamente. Mas essas categorias devem ser usadas honestamente como termos descritivos apropriados à realidade objetiva, não como instrumentos de manipulação destinados a criar uma falsa realidade politicamente conveniente a determinada facção. A mídia tem inclusive o direito de acompanhar as mutações semânticas quando vêm de fora, mas não o de produzi-las por iniciativa própria, moldando os acontecimentos em vez de descrevê-los. Em cada grande redação do país existe hoje um forte grupo de iluminados que se autoconstituem donos do pensamento geral. Confrontados com um padrão normal de honestidade intelectual e jornalística, são na verdade criminosos, estelionatários. Um dos mais notáveis mentores intelectuais da esquerda mundial, o filósofo americano Richard Rorty, teve até o cinismo de enunciar a regra que orienta essa gente: não devemos – dizia ele -- tentar convencer as pessoas expondo nossa convicção com franqueza, mas ao contrário, “inculcar nelas gradualmente os nossos modos de falar”. É o maquiavelismo lingüístico em estado puro. João Paulo II e Bento XVI nunca estiveram efetivamente entre os conservadores. Foram transformados nisso por essa obra de engenharia verbal que, deslocando o eixo da linguagem cada vez mais para a esquerda, deforma as proporções da realidade para ludibriar a opinião pública. Complementarmente, essa manobra impõe o estereótipo de que os conservadores são a classe repressora e os progressistas são os coitadinhos oprimidos e perseguidos. Na verdade, jamais algum esquerdista da Igreja sofreu um milésimo das punições impostas à ala conservadora de dom Lefebvre. Os verdadeiros perseguidos da Igreja nunca são mencionados na mídia, embora constituam em certos países da Europa quase um terço da população fiel. No Brasil, os bispos de Campos foram humilhados, censurados e por fim excomungados sem ter feito mal algum. Leonardo Boff ou Gustavo Gutierrez, ao contrário, nunca sofreram punição nenhuma, apenas o período de silêncio obsequioso por alguns meses, e até hoje vivem da propaganda lacrimosa postiça que os mostra como verdadeiros mártires. Toda a grande mídia é cúmplice dessa mentira. O jornalismo no Brasil tornou-se uma forma de alucinação proposital. Do mesmo modo, o chavão que divide a Igreja em “Igreja dos ricos” e “Igreja dos pobres”, que inicialmente aparecia só na propaganda comunista explícita, foi absorvido pela mídia e tornou-se de uso geral. A Igreja – toda a Igreja – sempre trabalhou pelos pobres. A ela devem-se a invenção dos hospitais, das maternidades, o ensino universal gratuito, a progressiva abolição da escravatura, etc. A “teologia da libertação”, que se auto-embeleza com o título de “Igreja dos pobres”, nada fez pelo povo pobre além de usá-lo como massa de manobra ou bucha de canhão, como o faz na Colômbia e em Cuba. A adoção daqueles estereótipos pela mídia é uma brutal inversão da realidade. Por outro lado, é a ala esquerda da Igreja – e não os conservadores ou mesmo os centristas -- que hoje nada em dinheiro de George Soros, da ONU, da Unesco, das Fundações Ford e Rockefeller, e até de organizações abortistas como a Planned Parenthood Foundation e a Sunnen Foundation. Bela “Igreja dos pobres”, essa!

VOCÊ TEM UMA GRANDE OPORTUNIDADE DE AJUDAR!

Por
Pr. João d'Eça.
Foto da fachada do nosso templo. Vê-se alguns irmãos
minutos antes do Início da EBD no domingo pela manhã.
Culto de Adoração à Deus num Sábado à Noite
na Congregação Moriah.
Você tem oportunidade de ajudar esta Congregação Presbiteriana a Pagar o terreno ao lado do Templo, para construção de uma escola para as crianças carentes do Bairro.
Se Deus tocou no seu coração para ajudar, contem-nos pelo e-mail: joaodeca.mendes@bol.com.br
Deus lhe abençoará.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

COOPERE COM A NOSSA CONGREGAÇÃO.

SE VOCÊ É DAQUELES QUE SENTE PRAZER EM AJUDAR. EIS MAIS UMA OPORTUNIDADE PARA VOCÊ! Por Pr. João d'Eça Esta é a foto da fachada do templo da Congregação onde estamos servindo. É uma região pobre, rural e precisamos comprar o terreno bem ao lado para implementação de projetos para crianças, adolescentes e jovens carentes da região. Os que quiserem fazer parte dessa obra recebendo a benção e a felicidade de ajudar, contatem conosco pelo e-mail: joaodeca.mendes@bol.com.br e lhe daremos o número da agência e da conta do projeto para depósito. Estas são crianças da igreja em uma peça teatral por ocasião do Natal do ano passado Esta é a minha família: Meu filho: Caio (13 anos) Minha esposa: Ilanajara. Aqui, estamos realizando um trabalho de Leitura da Bíblia em praça pública, por ocasião do dia da Bíblia. Ficamos lendo a Bíblia por 12 horas ininterruptas, das 8 da manhã às 8 da noite, revezando os irmãos. No momento vê-se a esposa do pastor iniciando o final da leitura. "Cada contribua segundo segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria." (II Coríntios 9:7)

sábado, 11 de novembro de 2006

VOVÔ.

Por Pr. João d'Eça Não tive o privilégio de ter um avô por muito tempo. Meus avós morreram enquanto eu ainda era muito pequeno, dos três aos cinco anos. O meu único avô que conheci foi o vovô Pedro, homem forte, robusto, cheio de vida e que me deixava brincar no seu colo. Ele viveu comigo até os meus doze anos, e, lembro da tarde em que ele morreu, após um tempo prostrado, acometido por Trombose. Foi um dia doloroso para a minha alma de criança que não entendia muita coisa à respeito. Quando eu tinha quatro anos vovô começou a me ensinar algumas canções folclóricas da sua época de menino. Não havia acompanhamento, mas os seus pés, calçados com chinelos de couro, marcavam o tempo, enquanto as suas mãos batendo palmas, marcavam a cadência das notas. Na minha imaginação, eu era violinista, pianista, baterista e me imaginava tocando outros instrumentos com um acompanhamento mais vibrante e mais maravilhoso do que qualquer orquestra sinfônica da vida real. Os anos passaram rapidamente. No ano em que fiz 10 anos, vovô já estava com 74, mas sempre dava-me algo de presente, simples, mais muito importante para mim, geralmente era um carrinho que me dava muita alegria quando brincava nas tardes sombreadas da calçada da frente da nossa casa. No ano em que completei 11 anos, ele sofreu o primeiro derrame, foi horrível ver o aspecto do seu rosto deformado. Porém com o passar dos meses e o tratamento feito, ele foi melhorando, a ponto de poder ainda caminhar pela casa e voltar a viver quase que normalmente como antes, mas com inúmeras limitações. Lembro quando numa manhã, já com doze anos de idade, antes de sair para a escola, fui ver vovô no seu quartinho, ele ainda estava deitado, perecia sentir-se mal. Fui até ele e pedir-lhe a benção. Ele me abençoou desejando-me uma boa aula, e me disse: - talvês você não me encontre mais aqui quando voltar. Sem dizer uma só palavra fui para o colégio preocupado. Seria melhor se eu não o tivesse encontrado mais em casa, mas encontrei, e a imagem nunca mais sairá da minha memória. Meu avô havia sofrido um outro derrame naquela manhã e quando voltei da escola ainda o encontrei nessa situação. Minha mãe e minha tia tentavam encontrar um jeito de leva-lo ao hospital, o que aconteceu com a chegada do meu pai. Daí pra frente só lembro de suas palavras para mim: “- quando eu morrer e o chamarem, não venha. Nunca estarei longe de você, mas talvês você não acreditasse nisso se me visse morto”. Eu segui à risca esse conselho de vovô, tanto é que não lembro dele morto ou de outras pessoas queridas. Faço questão de lembrar delas enquanto vivas, isso é melhor pra mim. Mesmo como pastor que tem de realizar cultos fúnebres, não costumo olhar para o corpo no caixão. É muito melhor lembrar de alguém vivo. As lembranças que tenho do meu avô são belas lembranças de uma criança que se apega ao pai do seu pai ou da sua mãe, e que o considera como um outro pai, mais presente, mais carinhoso, mais atencioso e que lhe proporciona momentos mágicos, tanto de brincadeiras quanto de descanso no colo macio, ou de lindas histórias e estórias contadas que nos aquecem o coração. Deus nos deu uma coisa muito especial, uma afinidade que dá a poucas das suas criaturas. Meu avô morreu quando eu tinha doze anos, mas até hoje ele cumpriu a sua promessa, ele está próximo de mim, nas minhas lembranças, na minha memória, nos meus pensamentos de saudade. Vejo-o nitidamente como em um vídeo-tape, relembro das tardes de brincadeiras com meu avô na calçada de casa e isso me faz um bem gratificante, obrigado vovô.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

A MENSAGEM DE DEUS ÀS FAMÍLIAS.

Por Pr. João d'Eça Deus haveria de ficar em silêncio durante 400 anos, porém antes de silenciar, o Senhor deixou uma mensagem aos pais e aos filhos. Sua mensagem foi a de que para viverem felizes, pais e filhos heveriam de se converterem uns aos outros. No texto de Malaquias 4 há as instruções de Deus para que a família viva em harmonia e felicidade. Quando viajamos sempre nos guiamospor placas de transito e assim também na vida, nós gostaríamos de ter uma grande placa luminosa a nos indicar o caminho. É isso que Deus faz em Malaquias 4, ele diz que o ideal é o seguinte: - O coração dos pais precisam se converter ao do seus filhos. - O Coração dos filhos precisam se converter ao coração dos pais. NOSSA SOCIEDADE HOJE. A sociedade caminha na contramão da Bíblia. Os princípios bíblicos não são os princípios adotados pela sociedade, aliás a sociedade rejeita os valores da Palavra de Deus. Vivemos de um modo que parece que somos inimigos uns dos outros dentro de nossa propria casa. As pessoas estão culpando filhos, esposas, maridos, amigos e outros por causa da violência e estão tratando os de dentro da própria casa como inimigos. Culpamos as pessoas de violência, quando na maioria das vezes os violentos somos nós mesmos. O QUE É VIOLÊNCIA? Violência é toda relação de domínio do mais forte sobre o mais fraco e processa por meios verbais, psicológicos ou físicos. Temos a partir desse conceito vários tipos de violência que vericamos no dia-a-dia, que são: a) Violência das Gerações = Idosos sendo maltratados e ridicularizados por jovens. Crianças sendo maltratadas e violentadas por adultos e jovens. b) Violência de Gênero= Menina maltratando menino e menino maltratando menina. c) Violência de autoridade= Pessoas sendo maltradas por patrões ou por pessoas constituidas de autoridade policial ou política. d) Violência Econômica= Pessoas ricas maltratando pessoas pobres, sem motivo nem razão. QUAIS AS RAZÕES DA VIOLÊNCIA DENTRO DO LAR? a) Quando os pais sentem-se ameaçados pelos filhos. Filhos mais inteligentes, mais perspicazes, mais bonitos. Ai os pais querem competir com eles ao invés de estimulá-los. b) Baixa Auto-Estima dos pais. Quando marido ou esposa não conseguem suprir a necessidade da família. - Falta de habilidade, falta de conhecimento técnico, falta de conhecimento tecnológico. - Pais que se veêm em seus filhos e reprimem com violência aquilo que não gostam em si mesmos. c) Egoismo. Conceito Humanístico - Diz que o homem é bom e que a sociedade é que é má. MENTIRA UTÓPICA. - O Papel do homem não é correr atrás da felicidade (nunca alcançaremos), mais sim, proporcionar felicidade ao nosso próximo, este é o segredo da realização pessoal. COMO OS PAIS ESTÃO GERANDO FILHOS VIOLENTOS? a) Os pais se afastaram dos seus filhos. Já não os cheiram, já não os abraçam, já não os beijam, já não brincam com eles e sempre estão repreendendo-os por qualquer motivo. (Davi fez assim com Absalão). b) Os pais invertem os valores. Os pais de hoje estão ensinando os seus filhos que o importante é possuir coisas. Estão ensinando os seus filhos a amarem os objetos e a usarem as pessoas. c) Estão substituindo o afeto e o carinho por brinquedos. As crianças crescem pensando que as coisas são mais importantes que as pessoas. d) Quando as crianças destroem aquilo que ganha, perdendo sem saber onde está, é um grande sinal de que elas estão punindo os seus pais, mandando a seguinte mensagem: - Ei pai, ei mãe, olha aquilo que você me deu e que pra você era muito importante, eu perdi, não é importante pra mim. Para mim importante é a tua companhia. A mensagem de Deus é clara para todos os pais de hoje. CONVERTAM-SE AOS SEUS FILHOS e os seus filhos se convertaram a vocês.

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