sábado, 9 de dezembro de 2006

PREGUE A PALAVRA!

Por

Rev. João d'Eça

"Prega a Palavra, insta, quer seja oportuno quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina". (II Timóteo 4:2).

Nenhum pregador diz que não prega a Bíblia. Todos os que conheço dizem que a pregam, alguns inclusive falam isso com uma ponta de orgulho, como se os outros não fizessem isso. Embora muitos afirmarem que pregam a Bíblia, ela não tem sido pregada em nossos dias, nos arraiais evangélicos.

A grande maioria dos pregadores pregam a respeito da Bíblia, mas não pregam a Bíblia. Eles usam o texto como um pretexto. Alguém disse que os pregadores estão pregando um sermão de três de pontos: 1 - Entram no texto; 2 - Saem do Texto; 3 - Nunca mais voltam para o texto.

Esse é o tipo de mensagem que estamos ouvindo na maioria dos nossos púlpitos, em todas as denominações evangélicas. Muitos pensam que pregar a Bíblia é citar versículos aleatoriamente, a Bíblia não tem sido ensinada satisfatoriamente. Agora com o advento da Internet e dos Sites de conteúdo evangélico, cheios de esboços, de mensagens pregadas por grandes pregadores, tem facilitado a pregadores preguiçosos que não leêm mais a Bíblia e pregam o que os outros pregam, às vezes palavra por palavra.

O príncipe dos pregadores Charles Spurgeon disse que você pode "usar o machado alheio, mas as machadadas tem de ser as suas", mais o que tem acontecido com os pregadores brasileiros é o cúmulo do absurdo, é plágio mesmo. Conta-se a história real de um jovem seminarista em um dos nossos seminários, que ouviu a história de Johnatas Edwards e do famoso sermão "Pregadores nas mãos de um Deus irado", como o resultado do sermão de Edwards redundou em centenas de conversões, esse jovem seminarista decorou o sermão e o pregou na igreja "ipse literi", mas o resultado foi frustrante, muitos dormiram durante a mensagem muito longa e sem unção.

Quase todo pregador se acha um bom pregador. Conheço um caso de um pregador que diante do Conselho da igreja, comparando-se a outro pregador, disse que o outro era muito bom em estudo bíblico, mas que ele era muito melhor pregador, os membros do Conselho só não riram em respeito. Sei que muitos que irão ler este artigo vão me julgar pedante, ou que eu estou querendo dizer que sou melhor pregador que os outros, mas não é isso não, eu ainda não sei pregar. Continuo estudando homilética e os grandes pregadores, para ver se aprendo.

O que quero aqui é tecer algumas considerações baseado no conteúdo das pregações que tenho ouvido, não só nos púlpitos, mas também no rádio e na TV.

1 - O SERMÃO NÃO É PSICOGRAFIA.

Há pregador que pensa que o sermão é dado por Deus, do mesmo modo que os espíritas crêem que as mensagens do além são psicografadas. É como se o Espírito Santo se apossasse do pregador e lhe desse a mensagem por inteiro. Vem tudo empacotado. Não é inteligente questionar, não é seguro criticar.

2 - O SERMÃO É A CARA DO PREGADOR.

O estilo pessoal do pregador, sua cultura, seus anseios, sua visão de mundo, sua compreensão das doutrinas, tudo entra no bojo da sua pregação. Se o pregador tem uma personalidade forte, se ele é pacato, se ele é simples, se ele é intelectual, tudo vai junto com a pregação. O pregador está em seu sermão. A unção do Espírito Santo não acontece só no púlpito, o Espírito Santo unge o esforço do pregador, sua pesquisa, seu estudo e tudo o mais, para que a pregação seja compreendida pelos ouvintes.

3 - NÃO É O FATO DE SE SER PASTOR OU SER ORDENADO QUE SEJA UM PREGADOR.

Como tem gente que se acha! Acham que só porque foram ordenados, isto lhes credencia como pregadores. Acham que só porque carregam o título de pastores, sabem pregar a Bíblia. Vemos as coisas mais absurdas serem ditas nos púlpitos por pastores que são ordenados, gente que na verdade não passa de manipuladores, piadistas, bajuladores na intenção clara de comover o povo. Não querem em nenhuma hipótese deixar os resultados da pregação com o Espírito Santo, eles é que querem fazer e acontecer.

4 - O ESTUDO É PRIMORDIAL, É FUNDAMENTAL.

Existem pregadores que ascendem ao púlpito sem ter estudado a mensagem e às vezes, pasmem! Sem ter escolhido o texto. Enchem linguiça por algum tempo antes de ler o texto, na esperança de que o Espírito Santo lhes deêm o texto e a mensagem. Amigo pregador, Deus não vai assinar em baixo da sua preguiça, Ele não vai homologar sua irresponsabilidade. O pregador precisa ser um estudante da Palavra, um pesquisador, alguém que lê jornais, revistas e é informado e inteirado dos assuntos pertinentes e relevantes da atualidade.

CONCLUSÃO:

A pregação é a mais sublime tarefa que Deus designou ao homem. Merece e precisa ser bem feita. A pregação deve refletir a influência da Palavra de Deus em nós, deve as suas verdades brilhar em nossa vida diária, mas na hora da pregação, nós devemos estar apagados, a glória é de Deus, a dignidade é do Senhor. Sejamos seus vasos para honra.

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