segunda-feira, 27 de novembro de 2006

A VIDA DA POETISA E CANTORA, FANNY JANE CROSBY (1820-1915)

Por Pr. João d'Eça Fanny Crosby Cega desde criança, Fanny Crosby se tornou a maior autora de hinos sacros de toda a História. A vida da poetisa e compositora Fanny Jane Crosby (1820-1915) é tão impressionante quanto a qualidade e a quantidade dos seus hinos. Ao todo, são quase nove mil composições, que incentivam a mudança de vida de pecadores, encorajam cristãos e inspiram toda a humanidade até os dias de hoje. É difícil ficar impassível diante da força das palavras do hino 42 do Hinário Novo Cântico, cujo título é "Exultação": "A Deus demos glória, com grande fervor, Seu Filho bendito por nós todos deu. A graça concede ao mais vil pecador, abrindo-lhe a porta de entrada no Céus. Exultai, exultai, vinde todos louvar a Jesus, Salvador, a Jesus redentor. A Deus demos glória, porquanto do Céu, Seu Filho bendito por nós todos deu!" A beleza e o poder contidos nesses versos surpreendem ainda mais por terem sido escritos por uma mulher que ficou cega com apenas seis semanas de vida. Sua vida foi a prova de que dificuldade alguma pode conter a unção de Deus, nem mesmo tirar o prazer dos Seus servos. Em outro dos seus mais famosos e belos cânticos, intitulado "Segurança", ela escreveu: "Vivo feliz, pois sou de Jesus, e já desfruto o gozo da luz (...) Canta minha alma, canta ao Senhor, rende-Lhe sempre ardente louvor (...) " Outra curiosidade na vida da maior autora de hinos da história da música sacra é o fato de ela ter escrito seu primeiro cântico aos 44 anos. Infecção nos olhos – Nascida em 24 de março de 1820, no município de Putnam, em Nova Yorque, Fanny tinha pouco mais de um mês de vida quando sofreu uma infecção nos olhos. O clínico geral estava fora da cidade e um outro médico foi chamado para tratar do caso. Receitou cataplasmas de mostarda quente, e o efeito foi desastroso: a menina ficou cega pelo resto da vida. O médico teve de fugir da cidade, tamanha a revolta suscitada entre os parentes e vizinhos do bebê. Aos cinco anos, Fanny foi levada pela mãe para consultar o melhor especialista no país, o Dr. Valentine Mott. Uma coleta feita entre os vizinhos pagou a viagem. O pai da menina já havia morrido e a situação financeira da família era muito difícil. O sacrifício, infelizmente, foi em vão, já que o médico decretou o caso como incurável. Fanny teve, então, de se acostumar às dificuldades, ao mesmo tempo em que demonstrava uma habilidade incomum para compor poesias. Naquela época, a mensagem do Evangelho foi plantada no seu coração por intermédio de sua avó. Era ela quem passava horas lendo a Bíblia para a menina, que demonstrava ter uma memória extraordinária: decorou diversos trechos do livro de Rute e dos Salmos. Aos 15 anos, Fanny entrou para o Instituto de Cegos de Nova Yorque, para onde voltaria anos depois para ensinar Inglês e História. Como aluna e professora, ela passou 35 anos na mesma escola. Testemunho de fé – Em 1844, Fanny escreveu seu primeiro livro de poemas: "A Menina Cega e Outros Poemas". Uma das suas primeiras participações como compositora aconteceu em um dos cultos de Dwight L. Moody, um dos maiores pregadores da história do Evangelho, que realizava uma conferência na cidade de Northfield, no Estado de Massachussetts. Impressionado com o talento de Fanny, Moody pediu que ela contasse o testemunho pessoal da sua fé e do seu relacionamento com Deus. Assustada, ela relutou, mas depois leu a letra de um hino que acabara de escrever: "Eu o chamo de meu poema da alma. Às vezes, quando estou preocupada, repito isto para mim mesma, e estas palavras trazem conforto ao meu coração", disse ela, antes de recitá-lo. O hino, é verdade, não é citado em sua biografia, mas isto, de fato, pouco importa, já que poderia ser qualquer um daquelas centenas de cânticos que embalaram o avivamento americano no século XIX, período que ficou conhecido como "O Grande Despertamento". Naquela ocasião, os momentos de apelo à conversão eram freqüentemente inspirados por palavras como as do hino "Mais Perto da Tua Cruz", composto por Fanny Crosby, em 1868: "Meu Senhor sou TeuTua voz ouvi, a chamar-me com amor (...) Mais perto da Tua cruz leva-me, ó Senhor." Fanny era membro da Igreja Episcopal Metodista, de Nova Yorque. Era uma oradora devota e freqüentemente preparava os cultos infantis da igreja. Casamento – Em 1858, Fanny se casou com o professor de música e cantor de concertos Alexander Van Alstyne. Nessa época, ela havia deixado o ensino para acompanhar o marido tocando piano e harpa, em apresentações públicas. Compôs diversas canções populares nesse período. Na mesma ocasião, a vida lhe trouxe uma das maiores aflições que uma pessoa pode enfrentar: a perda de um filho. O menino, seu único filho, morreu ainda pequeno. Em 1864, por influência do famoso evangelista, escritor e compositor William Bradbury, que tem dezenas de canções registradas nos hinários evangélicos até hoje, Fanny passou a escrever exclusivamente músicas sacras. Apaixonada por crianças e motivada pela perda irreparável do filho, a compositora criou um estilo próprio: "Achei que as crianças também tinham de entender as letras, e as melodias teriam de ser simples também", disse ela, que se esforçou para retratar os temas do Céu e o retorno de Cristo com palavras simples. Ímpeto criativo – O número extraordinário de composições da autora pode ser explicado não só pelo seu ímpeto criativo, mas também pelo fato de ela ter um contrato de trabalho com uma editora, a Biglow & Co., que a obrigava a entregar três composições novas a cada semana. Ela chegou a compor sete canções em apenas um dia. Como de hábito, não iniciava o seu trabalho sem antes dedicar horas à oração. Curiosamente, Fanny não escrevia as letras dos seus hinos, por nunca ter dominado o método Braille. Dona de uma memória extraordinária, memorizava-as facilmente. Quando morreu, aos 94 anos, amigos e parentes escreveram na lápide da sua sepultura: "Ela fez o máximo que pôde". Sem dúvida, foi uma heroína da fé

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