terça-feira, 23 de abril de 2019

UMA PREGAÇÃO IMPACTANTE


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João d’Eça


         No outono de 1619, na Vila de Dedham, próximo a Cambridge, reuniu-se uma grande congregação para ouvir ao Rev. John Rogers, velho pregador puritano e um dos filhos de John Rogers, mártir, que foi queimado vivo durante o reinado de Maria, por causa da sua adesão às doutrinas da Reforma Protestante. Ele, sua irmã e seus irmãos, assistiram a morte de seu pai. Relatando o seu martírio, diz Froude:

“Sua família da qual lhe fora proibido despedir-se em particular, o esperava no caminho para vê-lo. Sua mulher com nove filhinhos ao seu lado e um décimo em seu seio, juntamente com a multidão, aclamavam-no com brados de gozo delirante, como se ele estivesse indo para uma festa. Um desses nove filhinhos era o pregador desse notável sermão a que nos referimos.

No lugar havia muita gente e a congregação estava como que suspensa aos lábios do homem de Deus e escutava e escutava as suas palavras com atenção respeitosa. Ele era ardente eloquente e da abundância do seu coração expunha as convicções da sua alma. Seu tema era o Estudo das Escrituras, e com muita solenidade reprovou o povo pela sua negligência da Palavra de Deus e, em reprovando, parecia como se ele mesmo fora o Ser Divino, e em seu lugar assim falou: - ‘Bem, eu confiei a vocês já a muito tempo a Bíblia, mas vocês fizeram pouco caso dela. Ela está nas vossas casas toda coberta de pó e teia de aranha. É assim que vocês tratam a Bíblia? Vocês não terão por mais tempo a Bíblia’.

Tomando-a então, deu meia volta como que para leva-la embora dali, mas voltou-se para o povo outra vez, como se ele mesmo fosse o povo, então caiu de joelhos e começou a implorar ardentemente! ‘Senhor, seja qual for a causa, não nos tires a Bíblia’. Outra vez, como que falando como se fosse o Senhor, continuou a dizer ao povo: ‘Vocês dizem isso? Então, confiarei outra vez em vós, por pouco tempo; aqui está a Bíblia para vocês. Eu verei como vocês a usarão. Se vocês a amarão mais, se darão mais valor, se irão praticar mais do que ela ordena e se irão conformar as suas vidas aos seus ensinos’.

O efeito da argumentação na consciência da multidão ali reunida não dá para ser descrito em palavras. Foi penetrante e muito tocante. A multidão que ouvia derramava lágrimas e retirou-se dali comovidos por aquela impactante pregação.

O resultado prático do bem que aquela pregação produziu. Estava presente naquele auditório um jovem estudante de Cambridge, chamado Thomas Goodwin, que tinha então dezenove anos de idade. Ele ouviu aquelas palavras veementes e viu a solicitude do pregador, ele viu nos seus olhos o amor anelante para com aquelas almas, a realidade da sua luta em oração com Deus, e todo o seu ser ficou comovido.

Depois que a congregação foi despedida, ele preparou-se para montar a cavalo e voltar para Cambridge, mas sentiu-se tão profundamente impressionado e tão fraco para prosseguir viagem que deixando cair a cabeça sobre o pescoço do seu cavalo, chorou por um quarto de hora. Naquele dia foi despertado em sua alma um amor pela Palavra de Deus que nunca mais se extinguiu, naquele dia foi acesa a chama em sua alma que ardeu até a última hora de sua vida.

Depois disso Goodwin veio a ser o eminente ministro do evangelho e profundo teólogo, e ele mesmo narrou a história daquele dia ao erudito John Howe, sessenta anos depois, quando esses dois grandes puritanos se achavam juntos”.


Conclusão:

Qual efeito produz em tua alma essa pequena história? Como você tem tratado o bendito Livro de Deus? Como pretende trata-lo futuramente?

Quem dera que aquele incidente memorável que ocorreu a exatos 400 anos, venha a ser para vossa alma como o toque dos ossos de Eliseu ao cadáver que foi enterrado em seu sepulcro, e vivifique a sua vida renovando-a e lhe dando um novo amor pela Palavra de Deus que pode lhe tornar sábio para a salvação pela fé que há na pessoa gloriosa de Jesus Cristo e que é a única sobre a qual podemos descansar a alma cansada na hora da morte.

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