Quando refletimos que Deus descansou após a sua obra de criação, entendemos que a obra dEle, não foi somente um ato poderoso de criar tudo do nada, não, o descanso do Todo-Poderoso, é um convite para o homem parar e contemplar o que o Senhor fez e descansar nas suas delícias.
O homem precisa de tempo livre somente para descanso, contemplação e adoração diante de Deus, o Criador.
Os homens de nosso tempo tornaram-se trabalhadores compulsivos, não fazem o seu trabalho por prazer e o trabalho tornou-se para o homem de hoje, um ídolo.
Já fui muito criticado por defender um estilo de vida que contenha a interrupção do trabalho, substituindo-o por um tempo dedicado à contemplação aos pés de Cristo. Disseram-me que "um só homem trabalhando, produz muito mais do que mil homens orando". Essa afirmação é um grande equívoco, pois, um só homem orando e em contemplação, prostrado aos pés do criador, produz muito mais para o universo inteiro, do que milhares de homens laborando.
Contemplar não é não fazer nada, é experimentar a alegria de aceitar e dizer sim a um mundo bom. O Breve Catecismo de Westminster diz que: " A finalidade principal do homem é amar a Deus e gozá-lo para sempre".
No episódio do encontro de Jesus com as irmãs Marta e Maria (Lucas 10: 38-42) na casa delas, Jesus diz que Maria havia escolhido a melhor parte, e que esta não lhe seria tirada. Marta, por sua vez, diante da ilustre visita do Senhor, ficou preocupada e ocupou-se com os seus muitos afazeres, murmurando porque a sua irmã, Maria, não estava lhe ajudando no trabalho. Maria escolheu a melhor parte porque optou por estar aos pés de Jesus, contemplando-o e escutando os seus ensinamentos. O corre-corre de Marta fez dela prisioneira, escrava de suas preocupações, enquanto que a contemplação de Maria, libertou-a para o amor à Cristo e para desfrutar da Sua amizade.
A contemplação é o único caminho que nos leva a compreender o significado do trabalho e da ação, não como um fim em si mesmo, mas como a atividade de um jardineiro, cuidando do jardim de Deus.
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
CONTEMPLAÇÃO!!
Por Rev. João d'Eça
(Salmo 131)
"Senhor, não é soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar; não ando à procura de grandes cousas, nem de cousas maravilhosas demais para mim.
Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a minha alma para comigo.
Espera, ó Israel, no Senhor, desde agora e para sempre".
Nós vivemos no meio de uma geração pragmática, onde o valor é determinado pelo resultado. Se dá certo é porque é bom e correto. O bom e o correto são medidos pelas estatísticas e demonstrado quantitativamente. O Homem hodierno não se preocupa com o "porque", mas com o "como". A produtividade é o que importa, ou seja, "os fins justificam os meios" e as prioridades são revertidas.
Estamos assistindo ao crescimento do pensamento que transforma a experiência cristã, numa espécie de empreendimento. O mundo protestante está sendo erradamente definido, como sem proposta de contemplação. A igreja está "eletrica", os crentes insatisfeitos e não conseguem experimentar a alegria de curtir a benção da criação de Deus.
Deus criou o mundo em 6 dias e no 7º descansou. No último dia da criação, Deus cessou todo o seu trabalho. Nesse dia 7º (que não é o da nossa semana, mas uma sequência de uma jornada de 6 dias), o Senhor convida a todos os homens para desfrutar de um tempo de contemplação da beleza da criação e alegrar-se com a obra do Criador. Descanso é contemplação. A atividade laboral foi transformada na Queda do homem. O trabalho deixou de ser uma atividade prazerosa para ser uma atividade extremamente cansativa, visando tão somente a sobrevivência. A bíblia diz que: "até agora, a criação geme, aguardando a sua redenção".
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