segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A DISCIPLINA DA IGREJA (Mateus 18.1-22)

Introdução:

A disciplina na Igreja faz parte dos ensinamentos das Escrituras Sagradas, expresso em três doutrinas ou três fases do mesmo mandato:

1 – A ideia e função da igreja de Jesus Cristo;
2 – A razão e o método da disciplina na Igreja;
3 – O alcance e responsabilidade da disciplina.


I – A IDEIA E FUNÇÃO DA IGREJA DE JESUS CRISTO

A Igreja de Jesus cristo na sua significação mais abrangente é a reunião de pessoas nascidas de novo, em todos os tempos e épocas, no céu e na terra. Nesse sentido a igreja é identificada com o reino espiritual de Deus (João 3.3-6). Significa a função na qual Deus ou na pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo, exerce domínio espiritual. Assim a igreja de Cristo é santa, infalível e imperecível, fora da igreja não há salvação, ela é a comunhão dos escolhidos de Deus.

A igreja porém, como instituição visível compõem-se de todos os crentes em Jesus Cristo, juntamente com os seus filhos. Alcança todas as igrejas locais que vivem o padrão do Evangelho santo, com o fim de alcançar neles mesmos e no mundo inteiro, o estabelecimento do Reino do Senhor.

Entende-se por igreja visível todas as pessoas que fazem parte da igreja local e parece incluir todos os professos, sejam eles crentes verdadeiros ou não, que como numa pesca, a rede captura tanto os peixes que servem como também os peixes que serão descartados. Em sentido geral a Igreja visível é a comunhão dos santos chamados por Deus, porém, assim como aqueles que ouviram o Evangelho e não foram tocados pelo seu poder, há aqueles que mesmo batizados, não pertencem ao reino de Deus, nem são parte da igreja invisível.

A igreja visível se diferencia da igreja invisível do seguinte modo:

1 – A igreja cristã é o povo regenerado por Cristo, o reino de Deus foi implantado desde que o primeiro pecador foi regenerado.
2 – A igreja limita-se aos crentes no Cristo histórico, inclui todos os filhos de Deus, lavados e remidos pelo sangue de Cristo vertido na cruz. Jesus disse em João 10.16: “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco...”.
3 – A igreja visível está neste mundo, enquanto que o reino de Deus é composto dos fieis da igreja visível e dos regenerados que já estão na glória.
4 – A igreja é visível. O reino é invisível, composto de todos os que estão em comunhão com o Senhor.
5 – A igreja visível é um organismo imperfeito e está dividido em igrejas locais. O Reino de Deus é um, é único, é autônomo, e, é indivisível como a vontade de Deus.
6 – A igreja visível é um meio. O Reino é o fim.

Todos os crentes são chamados para fazer o possível para auxiliar a igreja a cumprir a sua missão de evangelizar o mundo. O objetivo de Jesus Cristo é que cada crente tenha os olhos no Reino de Deus e não na igreja pela igreja. A igreja local não pode e nem deve ser o fim mais alto da vida de seus membros. Segundo o cristianismo, a igreja visível é a sociedade instituída por Cristo para levar os homens a serem cidadãos dos céus.

A função da igreja é chamar o mundo para Deus e servir de escola para os que vêm a Cristo, educando-os a cultivar nos seus corações o caráter do reino celestial. Aqui na terra o Senhor Jesus Cristo governa, nutre e aperfeiçoa a sua igreja.

O texto do Evangelho de Mateus, 28.19-20 diz: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século”.

Aqui está a ideia fundamental da igreja; a união dos crentes pela presença constante do Espírito Santo. A comunhão do Senhor com os santos regenerados em Cristo. A comunhão dos que são separados do mundo, dedicados a Deus; a comunhão dos que afastam-se dos pecados e seguem a justiça, daqueles que amam a Deus e ao seu próximo, por causa da Palavra de Deus.

Na Grande Comissão vemos a função primordial da igreja que é: “fazer discípulos de todas as nações”: a) Batizando-os como filhos da família e do reino de Deus, que foram chamados e aceitos pelo amor do pai, que foram remidos e reconciliados pelo sacrifício de seu Filho, com o objetivo de serem santos por meio do poder do Espírito Santo, aplicando aos seus espíritos a santidade, e b) Ensinando-os a observar todos os mandados do seu Rei e Salvador.

Ensinar às nações e a todos os povos a fazer deles discípulos professos e selados através do batismo, é a evangelização do mundo. Ensinar os batizados a serem discípulos dignos da sua profissão de fé, observadores de todas as cousas que Cristo mandou, é a disciplina da Igreja.


II - A RAZÃO E O MÉTODO DA DISCIPLINA

A razão, pois, da disciplina é a imperfeição dos crentes. É preciso disciplinar os desejos a vontade do homem até conformar-se com o espírito e vontade de Deus. Os meios que a igreja usa, pela autoridade de Jesus Cristo, para este fim, são as ordenanças do Senhor, especialmente a Palavra, os sacramentos, e a oração. Tudo o que se torna eficaz aos eleitos para a salvação. Assim é a disciplina eclesiástica no sentido literal.

Porém, em sentido mais restrito, para significar a correção dos fracos, repreensão dos que cometem erros e a exclusão dos pecadores contumazes. Com relação à disciplina eclesiástica, a Confissão de Fé de Westminster, no Cap. XXX, seção 3, diz:


São precisas as censuras eclesiásticas para corrigir e ganhar irmãos ofensores; para deter outros de semelhantes ofensas; para lançar fora o fermento que podia infectar toda a massa; para vindicar a honra de Cristo e a santa profissão do Evangelho, e para prevenir a ira de Deus, que podia com justiça cair sobre a igreja, se ela permitir que o pacto divino e seus selos sejam profanados por ofensores notórios e obstinados.


Jesus Cristo ensinou aos seus discípulos em todos os tempos e épocas, quais são os preceitos da disciplina na igreja, em Mateus 18. O que é interessante aqui é que Jesus como o grande pedagogo, lhes dá uma lição que eles ainda não haviam aprendido. Como os discípulos de Cristo, como ministros do reino de Deus, poderiam conseguir qualquer bem, enquanto o seu grande negócio era o lugar de cada um no reino? Eram homens ainda cheios de paixões, de ambições e ciúmes uns dos outros.

Nesse sentido, estaria ameaçada a implantação do reino de Deus, já que esses homens ainda precisavam abandonar a prática do egoísmo, que ainda abrigavam no seu coração o mal. Dessa forma eles estariam sujeitos a fazer cair no desprezo a causa para a qual foram chamados a promover.

O trabalho de Jesus desde aquele momento, foi o de fazê-los ver o que de fato era o Reino de Deus. Jesus disse aos seus discípulos, e diz a nós também, que nós precisamos nos despir de todo o mal que habita em nós, ele então toma uma criança, põe-na no meio deles e diz: “Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus”. (Mt. 18.3).

O ensino de Jesus é exemplar nesse caso específico, porque é feita uma comparação: A criança nada sabe sobre inveja, orgulho, paixão mundana, em que pese, a criança também manifestar essas características do homem caído. Porém, essa inocência gera afeição, a confiança e docilidade.

Quanto mais alto subimos no reino de Deus, mais parecidos com Cristo nos tornamos. Jesus humilhou-se a si mesmo, não quis receber glórias meramente humanas, mas viveu de modo que toda a honra e toda a glória fosse de Deus, o Pai. A maioria dos homens, até mesmo quando projeta as coisas boas, geralmente o faz pensando em si próprio e não no Reino de Deus, sempre pensa em si, na sua honra, dignidade, na sua reputação, mesmo quando está fazendo o bem para o próximo. A maioria dos homens quando faz o bem, o bem que ele faz beneficia mais a si do que o seu próximo.

Os grandes no reino de Deus, porém, ao contrário, se lançam a si mesmos sem nenhuma reserva ao trabalho a que são chamados a fazer. A grande diferença entre o reino de Deus e os reinos do mundo, é que para o reino do mundo o princípio é outro: Aqui no mundo os soberbos e orgulhosos ganham lugar de honra, no reino de Cristo, as honras são dadas aos humildes.

Jesus disse, “quem receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe” (Mt. 18.5). Os membros das nossas igrejas deveriam se inspirar nas palavras de Jesus. Quem dera que a igreja, sempre temente a Deus, fiel aos santos, cumprisse a vontade de Deus para com aqueles que são do Reino.

No ministério de Jesus Cristo, as duas causas que são motivos de disciplina são expressas e são: 1) a falta de um espírito inocente, um crente dócil e despretensioso; 2) a falta de compreensão e ternura para com os neófitos na fé. “Se teu irmão pecar contra ti, vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste teu irmão”.

A comunhão dos santos da igreja de Cristo está em processo de aperfeiçoamento, somos cidadãos do céu. Portanto, a disciplina na igreja tem de ter o caráter desse reino, o amor fraterno e o interesse pelo bem de todos. Isto naturalmente não significa que não haverá punição para os pecadores contumazes, mas a igreja deve agir firmemente como ensina as Escrituras, para o exemplo dos outros.

Conclusão:

Segundo o ensino do nosso Senhor Jesus, o ofendido tem de ir sozinho ao ofensor para tratar da ofensa, seja contra ele, seja contra a igreja, seja contra o nome de Cristo, talvez nesse primeiro momento seja possível leva-lo ao arrependimento. O injuriado terá de cessar a sua ira, a sua mágoa e falar com paciente amor. Esse sistema não deixa margem para maledicências (Lv. 19.16,17).

Quando ganhamos um irmão que se arrepende dos seus pecados, nosso trabalho proporcionará que a igreja não sofra as consequências do opróbrio e se conservará a unidade do espírito no vínculo da paz.

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