quinta-feira, 3 de setembro de 2009
O SOFRIMENTO DE JOÃO CALVINO
No último dia 10 de Julho de 2009, a cristandade comemorou os 500 anos de um dos maiores pensadores da segunda metade do 2º milênio da era cristã, João Calvino, reformador frencês, mas que desenvolveu o seu ministério na cidade de Genebra na Suiça.]
João Calvino tem influênciado as gerações em todos os campos do conhecimento humano desde o século XVI até hoje, e continuará com a mesma influência, enquanto existir a humanidade ou até que apareça um pensador tão completo quanto ele foi.
Publico aqui um texto editado de um escritor católico, para mostrar o respeito por Calvino, até daqueles que foram seus inimigos declarados, que o excomungaram e o perseguiram por anos, até que ele pode desenvolver o seu trabalho com uma certa paz.
O texto fala dos últimos anos de vida de Calvino e o que Causou a sua morte por tuberculose, num tempo em que não havia cura pra essa doênça, que aliás é conhecida como a doênça dos escritores e pensadores. O título é: "O SOFRIMENTO DE JOÃO CALVINO".
O SOFRIMENTO DE CALVINO
Por
Daniel-Rops
Na véspera do Natal de 1559, quando pregava na Igreja de São Pedro, abarrotada de gente, Calvino teve de forçar a voz. No seguinte, uma tosse violenta e escarros de sangue. O médico diagnosticou-lhe uma doênça para a qual ainda não havia cura: a tuberculose. O enfermo tinha apenas 50 anos, e o seu organismo, atacado desde a muito tempo por muitas doênças, desgastado pelo trabalho e pelas preocupações.
Despertados pelo novo abalo, todos os males que já lhe eram familiares lançaram-se ao ataque: pulmões, rins, intestinos, encéfalo e até os braços e as pernas. Dentro em breve, todas as partes do seu organismo foram foco de dores terríveis.
Calvino suportaria essa provação durante 5 anos, com uma coragem física e uma firmeza admiráveis. Torturado pelas cólicas, pela febre e pelas dores, mesmo assim continuou com seus trabalhos, à sua correspondência, e aos seus livros, e mesmo à sua pregação, que no entanto lhe exigia um esforço sobre-humano.
Nos dias em que não podia ficar em pé, pregava sentado, e, se não conseguia andar, dois homens o levavam à igreja em uma cadeira. Por vezes, as dores eram tão fortes que o ouviam murmurar, como uma prece a pedir libertação: "Até quando, Senhor, até quando?"
No entanto, a morte lhe deu um novo adiamento, ele próprio, o moribundo - o seu aspecto era já de um cadáver - ordenou que o levassem para participar pela última vez de uma reunião e com a voz ofegante, cortada por tosses, falou dirante duas horas. A seguir, falou dos grandes princípios e apaixonadamente do Evangelho.
O esforço exigido deixou-o esgotado. No dia seguinte, sobreveio-lhe nova expectoração sanguínea. Não abandonou mais o leito e falava com dificuldade, exceto para murmurar as suas orações. Ouviam-no dizer várias vezes: "Senhor, tu me esmagas, mas para mim é suficiente que seja pela tua mão".
Ninguém o viu entregar a alma ao Criador, calmamente, em 27 de Maio de 1564, por volta das 8 da noite. De acordo com a sua vontade, envolveram-no o corpo num grosseiro pano cru e depositaram-no num caixão de pinho, semelhante aqueles em que se enterravam os pobres. Sem discursos e sem cânticos, foi conduzido por uma imensa multidão ao cemitério Plainpalais.
Não se erigiu monumento sobre o túmulo, nem uma cruz ou uma só pedra. assim quis ele regressar ao pó, sem glórias ou honras, mas no anonimato e no silêncio. Não se pode dizer até hoje com certeza o lugar onde jaz João Calvino.
Poucos, no entanto, deixaram sobre a terra um rastro tão profundo. Semeou grandes idéias, realizou grandes coisas e determinou grandes acontecimentos. A história não teria sido tal como foi se ele não tivesse vivido, pensado e agido com a sua vontade implacável. Perto de 50 milhões de cristãos seguem hoje os seus ensinamentos. Dos 45 milhões de Reformados e Presbiterianos, e 5 milhões entre os Congregacionais. Não há nenhum setor do protestantismo onde não se possa encontrar alguma moeda do seu tesouro.
Não resta qualquer dúvida, de que a sua influência foi determinante, até no desenvolvimento do capitalismo, da democracia e do socialismo. Calvino pertence incontestavelmente ao pequeníssimo grupo de mestres, que no decorrer dos séculos, moldaram com as suas mãos o destino do mundo.
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Um comentário:
Fantástico,li sua biografia e me emocionei bastante.Deus abençoe irmão,ótimo artigo.
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