segunda-feira, 30 de abril de 2007

O LADO ESCURO DA GRANDEZA.

Por
Rev. João d'Eça.
“aqui está um dos mais perfeitos governantes que o mundo já viu...(e) agora ele pertence à eternidade”.
Isso foi dito sobre quem? Um dos Césares? Não. Napoleão? Não. Alexandre, o grande? Não. Eisenhower? Não. MacArthur...ou algum dos estrategistas militares como Grant, Lee ou Pershing? Não, nenhum deles. Que tal Rockne ou Lombardi? Não. Ou Lutero? Calvino? Knox? Wesley? Spurgeon? De novo, a resposta é não.
Bem, não há dúvida que estas palavras foram ditas sobre um grande líder, com uma poderosa e persuasiva personalidade, não é mesmo? Certamente alguém admirado por seu sucesso. Isso depende, eu suponho.
Quando tinha sete anos, sua família foi forçada a deixar a casa em que moravam. Ele teve que trabalhar para ajudar no sustento.
Aos nove anos, sendo ainda uma criança tímida e pouco desenvolvida, sua mãe morreu.
Aos vinte e dois, perdeu seu emprego como balconista. Queria ir à uma escola de direito, mas suas notas não eram boas o suficiente.
Aos vinte e três, afundou-se em dívidas para tornar-se sócio de um pequeno mercado. Três anos depois seu sócio morreu, deixando uma enorme dívida, que levou anos para ser paga. Aos vinte e oito, depois de desenvolver um relacionamento romântico com uma jovem por quatro anos, pediu-a em casamento. Ela não aceitou. Um amor mais antigo, com uma amável garota, terminou tragicamente com a morte dela.
Aos trinta e sete anos, na sua terceira tentativa, finalmente foi eleito para o Congresso. Dois anos depois tentou a reeleição e perdeu. Devo acrescentar a tudo que, mais ou menos nessa época, teve o que podemos chamar atualmente de estresse.
Aos quarenta e um, adicionando tristeza e um já infeliz casamento, seu filho de quatro anos morreu.
No ano seguinte foi rejeitado para o trabalho de oficial da receita. Com quarenta e cinco anos, concorreu ao Senado e perdeu.
Dois anos depois, perdeu a disputa para nomeação de vice-presidente.Aos quarenta e nove, concorreu ao Senado de novo.... e perdeu mais uma vez.Some toda essa interminável barreira de críticas, incompreensão, falsos rumores, profundos períodos de depressão e você perceberá que ele era criticado por seus companheiros, desprezado pelas multidões, e não era invejado por ninguém.
Aos cinqüenta e um anos, entretanto, foi eleito presidente dos Estados Unidos....mas o seu segundo mandato terminou com seu assassinato. Enquanto estava morrendo em uma pequena pensão perto do lugar onde foi baleado, um conhecido opositor (Edwin Stanton), fez esse apropiado tributo que eu descrevi no início desse texto. Agora você já deve saber que estou falando sobre o mais inspirativo e estimado presidente na história dos Estados Unidos: Abraham Lincoln, o homem cujo nascimento vamos celebrar daqui a pouco.
Como somos estranhos! Adoramos os holofotes, as palmas, o sucesso e fazemos tudo para conseguir chegar ao topo. Trabalho amargo. Abusos injustos e imerecidos. Solidão e perda. Fracassos humilhantes. Desapontamento que debilitam. Agonia além da compreensão sofrida nos vales e depressões na escalada do fundo até o topo.
Como somos imprudentes! Ao invés de aceitarmos o fato de que ninguém merece o direito de liderar sem antes perseverar através da dor, agonia e fracasso, ficamos ressentidos com esses intrusos. Os tratamos como inimigos, não amigos. Esquecemos que as marcas de grandeza não são entregues em um saco de papel por deuses caprichosos. Elas não são rapidamente implantadas na pele, como uma tatuagem.
Não, aqueles que realmente se mostraram dignos pagaram o seu preço. Saíram da forja derretidos, golpeados, reformados e temperados. Usando as palavras do professor de Tarso, eles trazem seus corpos “as marcas de Jesus” (Gl 6.17). Ou, como alguém parafraseou, carrego as “cicatrizes do choro e das feridas” que os une com toda a humanidade.
Não é surpresa quando essas pessoas mudam-se do temporal para o infinito, já que “pertence à eternidade”.
Do livro Crescendo nas Estações da Vida
Charles R. Swindoll

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