terça-feira, 10 de novembro de 2009

"RAÇA DE VÍBORAS" - Parte I

Lucas 3: 1-9
Rev. João d'Eça
A PALAVRA DE DEUS ENRAIZADA NA HISTÓRIA.

Em um texto como esse, os críticos dizem que não importa o relato em si, mas somente a verdade moral por trás deles. Quero dizer que não concordo com tal afirmação, pois eu considero a Bíblia Sagrada como verdade de Deus revelada, em termos de religião e relacionamento com Deus, a única verdade.

Os autores dos evangelhos não se propuseram a escrever narrativas de valor meramente moral, eles escreveram o que viram e ouviram, as suas narrativas são histórias verdadeiras de fatos verdadeiros por eles presenciados e vividos. Você não pode ler Lucas 3: 1-9 e achar que o autor escreveu apenas uma lição moral, os personagens dessa história são tão reais quanto o seu vizinho e os acontecimentos narrados são o fluxo da história. A vida e o ministério de João Batista é tão real quanto a história do governo do presidente José Sarney de 1985 a 1990. É como se alguém dissesse a você daqui a 40 anos que o Rev. João d'Eça foi pastor da IPB Monte Moriah durante o governo do presidente Lula, cujo presidente da IPB era o Rev. Roberto Brasileiro, o governador do Estado do Maranhão foi Jackson Lago (por dois anos) e depois foi substituido por Roseana Sarney nos últimos dois anos. Era exatamente isso que Lucas estava dizendo a Teófilo, oficial romano a quem o Evangelho e o livro de Atos foi endereçado.

Lucas localiza o ministério de João Batista no tempo e no espaço, numa época perfeitamente pesquisável quanto a pessoas e a lugares históricos: no décimo-quinto ano do reinado de Tibério César, por volta do ano 27 ou 28 AD, ele exerceu o seu ministério no deserto nas proximidades do rio Jordão.

O mais significativo no ministério de João Batista é o que Lucas diz sobre o seu chamado: "Veio a Palavra de Deus a João". assim como os profetas do Antigo Testamento, a autoridade de João não veio dele próprio, mas de Deus. Lucas 1:15 diz que ele era cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe e que ele pregou a Palavra de Deus, no poder do Espírito do Senhor. Isto significa, que mesmo que vivamos 2000 anos depois dele, é melhor ouvir a mensagem que ele prega, pois é a Palavra de Deus e não há nada melhor para nossas almas do que a Palavra do Senhor.

O BATISMO DE ARREPENDIMENTO

No versículo 3 a pregação de João Batista é descrita como  "batismo de arrependimento para remissão de pecados". No capítulo 1 o anjo diz a Zacarias, pai de João Batista, que o seu ministério seria de bençãos e Lucas entendeu o significado de arrependimento no versículo 3. "E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus. E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado". (Lc. 1: 16, 17). Este é o significado de arrependimento: a mudança da direção de nossas vidas e os afetos do nosso coração, para nos tornar orientados por Deus e amar as coisas que ele ama. João promete ao povo o perdão dos pecados em resposta ao arrependimento e sua transformação em Deus.

Na chamada dos judeus para o batismo de arrependimento, para aceitarem a conversão para o perdão dos seus pecados, João estava dizendo que eles não podiam confiar na sua condição de judeus para serem salvos, pois eles tinham de ter os seus corações mudados para Deus.

O entendimento de Lucas era que no batismo o caminho estava aberto também para os gentios se arrependerem e serem perdoados. Se o judaismo não salva, então necessariamente os gentios não estão condenados. A questão é o arrependimento para com Deus. O modo como Lucas mostra que o batismo de João e a sua pregação tinham esse significado está na citação de Isaias que ele usa nos versículos 4-6. Uma das formas de descobrir o ponto principal onde Lucas quer chegar, é comparar  o seu relato com o de Mateus e o de Marcos e ver o que Lucas apresenta ou o que ele omite. Todos os três, Matesus, Marcos e Lucas citam Isaias 40:3 como uma descrição do ministério de João: "Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as sua veredas". (conf. Mateus 3:3; Marcos 1: 3). Mas somente Lucas cita Isaias 40: 4,5 "Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; os caminhos tortuosos serão retificados, e os escabrosos aplanados; e toda a carne verá a salvação de Deus".

Por que Lucas cita os versículos 4 e 5? Entendo que é porque ele quer salientar que a pregação de João Batista sobre o arrependimento começava a mostrar que o Senhor Jesus Cristo veio trazer Salvação para toda carne e não somente para Israel. "Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; os caminhos tortuosos serão retificados, e os escabrosos, aplanados". De modo que todas as pessoas possam ver e possam ter acesso à salvação. O ponto aqui é salientar que agora a salvação está claramente disponível também para os gentios assim como para os judeus.

Em Lucas 2: 30, 31, Simeão diz, segurando o menino Jesus: "porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: Luz para revelação aos gentios e para glória do teu povo de Israel". Em Atos 28:28, Paulo diz aos que rejeitaram o Evangelho: "Tomai, pois, conhecimento de que esta salvação de Deus foi enviada aos gentios. E eles a ouvirão". Assim Lucas começa e termina a sua grande obra em dois volumes com esta ênfase: Jesus traz a salvação a todos os homens, de todas as etnias, e, qualquer tentativa de limitar os seus efeitos de proclamação a um grupo específico ou a pequenos grupos em particular, está errado. O que importa é o arrependimento para a remissão de pecados de pecados.

CONTINUA...

Notas:
O texto da Bíblia usado é a Revista e Atualizada no Brasil - Co-Edição Sociedade Bíblica do Brasil e Casa Editora Presbiteriana, 2008 - 2ª Edicção.

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