sábado, 10 de fevereiro de 2007

A CONTINUIDADE DA ALIANÇA E O BATISMO - Parte I



Por

Rev. João d'Eça

Quero tentar esclarecer um ponto crucial para a fé Reformada que é a continuidade da Aliança de Deus com o homem desde Abraão até os nossos dias. Tentarei fazer um paralelo com o batismo para provar que não há diferença entre a Antiga Aliança do A.T. e a Nova Aliança do N.T., pois é errado se dizer que há diferenciação de qualidade entre Lei e Graça. Eu prefiro ficar com a terminologia do Rev. Mauro Meister que escreveu um livro com o título Lei é Graça.

Torno a enfatizar que na Bíblia há uma continuidade da Aliança desde o patriarca Abraão até agora. Não há distinção entre a Aliança com Abraão e a Aliança através de Jesus Cristo, elas são uma só e a mesma coisa. A distinção é feita pelos defensores do sistema Dispensacionalista adotado por C.I. Scofield, que inclusive editou uma Bíblia com comentários seus, intitulada "Bíblia com comentários de Scofield".

Esse ponto é esclarecido no texto de Gálatas 3:16 que diz: "Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao descendente. Não diz e aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: e ao teu descendente, que é Cristo". Assim a Aliança com Abraão significava primariamente Cristo, como sendo o objeto da Aliança.

Jesus Cristo é a semente de Abraão, se alguém está em Cristo, está na Aliança de Deus com Abraão porque Cristo é a prometida benção da Aliança. "Se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão". Nunca deve passar pela nossa cabeça a idéia de que Abraão foi salvo por uma Aliança diferente da nossa, ou creu num evangelho diferente do nosso, não, só há uma Aliança que salva e do mesmo modo só um evangelho salavador, Cristo Jesus é o nosso Evangelho. O mesmo evangelho que é pregado para nós hoje, foi pregado também a Abraão. Ele creu na mesma fé nossa hoje (Gen. 3:15 [proto-evangelho]), ele olhava para frente, para o Cristo que ainda não veio, nós olhamos pra trás, para o Cristo que veio ao mundo, tornou-se carne e habitou entre nós. (Gal. 3:8,9).

Não é correto pensar que a Igreja começou com Jesus Cristo no Novo Testamento. Desde antes de Abraão, O Senhor tinha um povo chamado (uma Igreja) no mundo (Sete, Nóe, Enoque), que depois este povo foi confirmado como uma nação - os judeus. Apesar de os judeus de hoje acharem que são exclusivamente o "povo de Deus", "a nação santa", "o sacerdócio real", eles há muito perderam essa categoria, hoje é a igreja que é tudo isso, a igreja invisível, o povo escolhido de Deus vindos de toda tribo, língua, povo e nação.

O discurso de Estevão antes do seu martírio, em Atos 7 é por demais esclarecedor e motivo de os líderes religiosos terem-no apedrejado. Ele diz: "...Varões irmãos e pais, ouvi. O Deus da Glória apareceu a Abraão, nosso pai, quando estava na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã," (Atos 7:2). Deus chamou o pai Abraão de um país pagão, a Mesopotâmia?, isso era demais para os ouvidos arrogantes deles. Como se consideravam "Nação Santa e escolhida", não podiam admitir uma origem pagã, por isso mataram Estevão. Antes do povo ter uma liderança, uma nação organizada, um cerimônial, uma terra promeida, foi chamado de "Igreja" (Atos 7:38).

Nos próximos posts aprofundaremos o tema e faremos o paralelo com o batismo, para provar a continuidade da Aliança de Deus com Abraão até hoje e para sempre até a volta de Cristo.

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