Saint-Barthélemy
Continuação do artigo anterior
Os
historiadores dão conta de que muitos católicos favoráveis aos calvinistas
também foram massacrados na noite de São Bartolomeu. Um bispo e mais alguns
declaradamente católicos, se opuseram ao sanguinolento massacre dessa noite
fatídica, que mancha a história da humanidade. Há quem diga que os líderes
católicos fizeram a benção dos punhais que matariam os protestantes calvinistas
huguenotes em Paris. Em Roma, o papa Gregório XIII mandou celebrar uma missa, e
por todas as catedrais de Paris ouviu-se cânticos de alegria.
O autor do livro História dos Protestantes na Françai,
diz o seguinte:
Recolhamos com um
cuidado religioso os nomes dos governadores que recusaram manchar-se nos
morticínios: o visconde d’Orte, em Bayonne; o conde de Tendi, no Delphinado;
Saint-Hèran, em Auvergne; Chabot-Charny e o presidente Jean, em Dijon; La
Guiche, em Márcon; de Rieux, em Norbonne; Matgnon, em Alençon; Villars, em
Nimes; o conde de Carce, na Provence, e Mentmorency em seus domínios e
governos.
O sacerdote, bispo de Lisieux,
João Hennuyes, quando recebeu a ordem do lugar-tenente do rei para trucidar os
huguenotes, ele respondeu:
“Não, não, senhor,
me oponho e me oporei à execução de semelhante ordem. Sou pastor de Liseux, e essas
criaturas a cujo assassinato, como você diz, vos mandaram proceder, são minhas
ovelhas. Embora se achem elas agora transviadas, por terem saído do aprisco
cuja guarada me foi confiada por Jesus Cristo, o soberano pastor, elas podem
tornar a ele. Nada vejo no Evangelho que permita ao pastor deixar derramar o
sangue de suas ovelhas; pelo contrário, o que ai vejo é que ele é obrigado a verter
o seu sangue, e a dar a vida por elas.”
O
fato de haver homens como Hennuyes, não tira a responsabilidade da liderança
católico-romana no massacre. Em toda a Europa as notícias de São Bartolomeu
causaram sentimentos diferentes em cada casa, em cada choupana, em cada rua,
nos comércios, entre as famílias, essas notícias foram recebidas por uns com
imensa alegria ou por outros, com assombro e terror.
Para a liderança católica
europeia, nas pessoas de Felipe II e Carlos IX, faltou força, mas não vontade de
dizimar a comunidade protestante calvinista, já que eles divulgavam em alto e
bom som que o desejo deles era o do “completo extermínio dos hereges”.
Alegria e vibração na santa sé pela matança
Na santa sé em
Roma, a notícia do trucidamento dos “hereges” era esperada com ansiedade. Eles
queriam saber o que Carlos IX havia feito. Quando o mensageiro chegou com a
fatídica notícia, houve uma efusão de alegria, a ponto de o mensageiro ter sido
gratificado com mil peças de ouro. Ele trazia uma carta do núncio Salviati, escrita
no mesmo dia 24 de agosto, na qual o núncio anunciava a Gregório XIII, que ele
bendizia a Deus por ver começar seu pontificado com tamanha felicidade. Ele na
carta louvava o rei Carlos IX e Catarina, por terem usado de dissimulação para
extirpar os crentes e que a dissimulação deles, proporcionou que a grande
maioria da liderança dos huguenotes estavam enclausurados, não tendo como escapar
da armadilha.
Tanto o papa quanto o colégio dos
cardeais, vibraram de alegria e mandaram que a artilharia desse salvas de
canhões à partir do castelo de santo Ângelo, além de mandar publicar um jubileu
e cunhar uma moeda em honra deste acontecimento. O cardeal de Lorraine, que
tinha ido a Roma para a eleição no novo pontífice, celebrou também a matança
com uma grande procissão na igreja francesa de São Luís. Ele mandou colocar nas
portas uma inscrição co0om letras douradas, na qual dizia que “o Senhor havia
atendido aos votos e às súplicas que lhe dirigia há doze anos”.
O papado, Carlos IX e Catarina de
Médicis são os responsáveis pelo massacre da noite de 23 e 24 de agosto de 1572,
conhecida como “o massacre da noite de Saint-Barthélemy”.
Conclusão:
Na
obra de G. Fèlice, ele diz em um trecho:
“Quinta-feira,
quando o sangue inocente inundava as ruas de Paris, o clero celebrou um jubileu
extraordinário, e fez uma procissão geral. Decidiu até que se consagrasse uma
festa anual a um tão glorioso triunfo; e enquanto as tribunas católicas
retumbavam com ações de graça, cunhou-se uma medalha com esta legenda: A piedade despertou a justiça.”
Em
que pese o catolicismo romano querer apagar da história episódios como esse,
não conseguirá. Eles são culpados de atrocidades tão deprimentes quanto esta.
Apesar de querer esconder a existência de papas assassinos como Alexandre VI,
da família dos Bórgia, não conseguirá. Apesar de tentar esconder as papisas que
se passavam por homens, não conseguirá. Porém a “noite de Saint-Barthélemy”
estará na memória de todos os cristãos que lutam por uma vida santa e por uma
igreja pura. Não podemos nos esquecer desses acontecimentos que trucidaram
irmãos e irmãs por causa da sua fé.
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