quinta-feira, 28 de março de 2019

O MASSACRE DE SAINT-BARTHÉLEMY - Parte final


Saint-Barthélemy

Continuação do artigo anterior

            Os historiadores dão conta de que muitos católicos favoráveis aos calvinistas também foram massacrados na noite de São Bartolomeu. Um bispo e mais alguns declaradamente católicos, se opuseram ao sanguinolento massacre dessa noite fatídica, que mancha a história da humanidade. Há quem diga que os líderes católicos fizeram a benção dos punhais que matariam os protestantes calvinistas huguenotes em Paris. Em Roma, o papa Gregório XIII mandou celebrar uma missa, e por todas as catedrais de Paris ouviu-se cânticos de alegria.

O autor do livro História dos Protestantes na Françai, diz o seguinte:

Recolhamos com um cuidado religioso os nomes dos governadores que recusaram manchar-se nos morticínios: o visconde d’Orte, em Bayonne; o conde de Tendi, no Delphinado; Saint-Hèran, em Auvergne; Chabot-Charny e o presidente Jean, em Dijon; La Guiche, em Márcon; de Rieux, em Norbonne; Matgnon, em Alençon; Villars, em Nimes; o conde de Carce, na Provence, e Mentmorency em seus domínios e governos.


O sacerdote, bispo de Lisieux, João Hennuyes, quando recebeu a ordem do lugar-tenente do rei para trucidar os huguenotes, ele respondeu:

“Não, não, senhor, me oponho e me oporei à execução de semelhante ordem. Sou pastor de Liseux, e essas criaturas a cujo assassinato, como você diz, vos mandaram proceder, são minhas ovelhas. Embora se achem elas agora transviadas, por terem saído do aprisco cuja guarada me foi confiada por Jesus Cristo, o soberano pastor, elas podem tornar a ele. Nada vejo no Evangelho que permita ao pastor deixar derramar o sangue de suas ovelhas; pelo contrário, o que ai vejo é que ele é obrigado a verter o seu sangue, e a dar a vida por elas.”


            O fato de haver homens como Hennuyes, não tira a responsabilidade da liderança católico-romana no massacre. Em toda a Europa as notícias de São Bartolomeu causaram sentimentos diferentes em cada casa, em cada choupana, em cada rua, nos comércios, entre as famílias, essas notícias foram recebidas por uns com imensa alegria ou por outros, com assombro e terror.

Para a liderança católica europeia, nas pessoas de Felipe II e Carlos IX, faltou força, mas não vontade de dizimar a comunidade protestante calvinista, já que eles divulgavam em alto e bom som que o desejo deles era o do “completo extermínio dos hereges”.

Alegria e vibração na santa sé pela matança

Na santa sé em Roma, a notícia do trucidamento dos “hereges” era esperada com ansiedade. Eles queriam saber o que Carlos IX havia feito. Quando o mensageiro chegou com a fatídica notícia, houve uma efusão de alegria, a ponto de o mensageiro ter sido gratificado com mil peças de ouro. Ele trazia uma carta do núncio Salviati, escrita no mesmo dia 24 de agosto, na qual o núncio anunciava a Gregório XIII, que ele bendizia a Deus por ver começar seu pontificado com tamanha felicidade. Ele na carta louvava o rei Carlos IX e Catarina, por terem usado de dissimulação para extirpar os crentes e que a dissimulação deles, proporcionou que a grande maioria da liderança dos huguenotes estavam enclausurados, não tendo como escapar da armadilha.

Tanto o papa quanto o colégio dos cardeais, vibraram de alegria e mandaram que a artilharia desse salvas de canhões à partir do castelo de santo Ângelo, além de mandar publicar um jubileu e cunhar uma moeda em honra deste acontecimento. O cardeal de Lorraine, que tinha ido a Roma para a eleição no novo pontífice, celebrou também a matança com uma grande procissão na igreja francesa de São Luís. Ele mandou colocar nas portas uma inscrição co0om letras douradas, na qual dizia que “o Senhor havia atendido aos votos e às súplicas que lhe dirigia há doze anos”.

O papado, Carlos IX e Catarina de Médicis são os responsáveis pelo massacre da noite de 23 e 24 de agosto de 1572, conhecida como “o massacre da noite de Saint-Barthélemy”.

Conclusão:

            Na obra de G. Fèlice, ele diz em um trecho:

“Quinta-feira, quando o sangue inocente inundava as ruas de Paris, o clero celebrou um jubileu extraordinário, e fez uma procissão geral. Decidiu até que se consagrasse uma festa anual a um tão glorioso triunfo; e enquanto as tribunas católicas retumbavam com ações de graça, cunhou-se uma medalha com esta legenda: A piedade despertou a justiça.”


            Em que pese o catolicismo romano querer apagar da história episódios como esse, não conseguirá. Eles são culpados de atrocidades tão deprimentes quanto esta. Apesar de querer esconder a existência de papas assassinos como Alexandre VI, da família dos Bórgia, não conseguirá. Apesar de tentar esconder as papisas que se passavam por homens, não conseguirá. Porém a “noite de Saint-Barthélemy” estará na memória de todos os cristãos que lutam por uma vida santa e por uma igreja pura. Não podemos nos esquecer desses acontecimentos que trucidaram irmãos e irmãs por causa da sua fé.

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