quarta-feira, 27 de março de 2019

O MASSACRE DA NOITE DE SÃO BARTOLOMEU - Parte I


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João d’Eça


Introdução:

            O massacre da noite de São Bartolomeu, ocorreu em Paris, França, perpetrado pelo rei e príncipes católicos franceses, no dia 23 e 24 de agosto de 1572, onde foram assassinados cerca de 30 mil protestantes huguenotes. Vamos mostrar aqui o contexto do acontecimento, culminando com a narrativa do massacre.
            Um magistrado do sec. XVI declarou: “Seja varrida da memória dos homens, a lembrança da terrível noite de São Bartolomeu”. O historiador francês De Fèlice, disse “que por mais que seja esquecida, ainda assim se poderia encher uma vasta biblioteca com o número de livros que trataram dela”. Muitos historiadores católicos romanos querem tirar a culpa daquela noite de horrores, das costas do Papa, jogando toda a responsabilidade sobre Catarina de Médicis e Carlos IX.
            No que se refere a Carlos IX, escreveu Chateaubriand: “não haverá alguma piedade para este monarca de vinte e três anos, nascido com muitos talentos, com gosto pelas letras e pelas artes, um caráter naturalmente generoso, que uma execrável mãe se comprazerá em depravar por todos os abusos da devassidão e do poder?

Quem foram os verdadeiros autores da matança da noite de São Bartolomeu?

            Chateaubriand responde: “O papa e o rei da Espanha, que não cessavam de pedir pelos seus legados, embaixadores, agentes públicos e secretos, o extermínio dos chefes do partido huguenote”.[1]
            Catarina de Médicis, a neta de Clemente VII, a mulher de Florença que era seguidor das doutrinas de Machiavel; O Cardeal de Loraine, na sua qualidade de príncipe da igreja romana; seu sobrinho Henrique de Guise, chamado, o Loreno, com seus vinte e dois anos de idade; Alberto de Gondi, o florentino. Ele citava como exemplo a Carlos IX o assassinato do duque de Orleans pelo duque de Borgonha, e dizia ser preciso fazer as cousas, não pela metade, mas matar tudo, ainda os dois jovens príncipes de Bourdon; René Birago ou de Birague, aventureiro milanez que Francisco I havia trazido para França, o qual, pelo servilismo recebeu o chapéu cardinalício em recompensa da grande parte que tomou na noite de São Bartolomeu. Foi esse mesmo Birago.
            Luis Gonzaga, originário de Mantua, conhecido como duque de Nevres, era um hábil cortesão, um capitão medíocre e um dos mais ardentes estimulador dos assassinatos da fatídica noite.
            O marechal de Tavannes autorizou o massacre e também ajudou a consumá-lo. Antes ele havia falado nos conselhos com moderação e se colocou contra o assassinato dos dois príncipes de Bourdon.
            O duque de Anjou, com idade de vinte anos, tinha sido educado, com seu irmão Carlos IX, por Gondi, o qual lhe havia ensinado a violar a sua fé e se divertir com o derramamento de sangue dos huguenotes. Como ele já tinha se entregado a todo tipo de devassidão, ficou conhecido como o mais abjeto dos príncipes que ocupara o ntrono da França. Carlos IX disse a Coligny: “quanto a mim, sou francês e rei dos franceses;meu irmão, o duque de Anjou, só fala com a cabeça, co0m os olhos e com os ombros: é um italiano.”
            Carlos IX recebeu toda execração humana, que caiu sobre a sua cabeça, porque era ele o rei no tempo do ocorrido massacre da noite de São Bartolomeu, e porque, ao sentir o odor do sangue, ficou furioso por ser aquele que carregaria a pecha de carrasco de seus próprios súditos. De toda coorte francesa ele foi o único a sentir remorsos.

Quem eram os chefes da Reforma na França?

            A coorte francesa via com desprazer os chefes do movimento reformado na França. Eram eles: Joana d’Albret, Henry de Bourbon, Henry de Condè, Coligny, Larochefoucauld, Lanoue, Briquemant, Cavagnes, se retiraram para La Rochelle e isso causou a ira da coorte, que os fez voltar através de um estratagema, para tê-los à mão. A coorte enviou mensageiros, dissimulados, para induzí-los a voltar à Paris.
Os calvinistas foram à coorte onde foram acolhidos. Carlos IX agiu com desfaçatez porque queria agradar os seus maldosos súditos que planejavam o massacre. O rei dissimulou o tempo todo para ganhar a confiança dos calvinistas, agindo até com a aparência de uma falsa amizade.
O rei dissimulado, queria que os principais chefes protestantes viessem para Paris, e por esta razão, dissimilava com esses citados acima. Para mostrar uma falsa amizade, marcou o casamento de sua irmã Margarida de Valois, com Henry de Bearn, fazendo aliança com a casa de Navarra, mas que não entusiasmou Joanna d’Albret, porque ela colocava os vícios dos Valois acima da fortuna deles.

Continua.....



[1] Huguenotes: É como eram conhecidos os protestantes reformados franceses.

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