sexta-feira, 12 de julho de 2013

O CATOLICISMO E SUAS ORIGENS – (PARTE 5)

papa Francisco no Trono
A INFALIBILIDADE PAPAL E IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA

O mais novo papa, comandante da Igreja Católica romana, bispo de Roma, Itália, Argentino que escolheu ser chamado de Francisco, virá em sua primeira viagem internacional fora da Itália, chegará ao Brasil para a JMJ (Jornada Mundial da Juventude).

Atualmente ouvimos nas reportagens da TV e do rádio a colocação correta de que o papa é o chefe da Igreja católica romana e não mais chefe da igreja cristã como os papas eram identificados, como se eles fossem os representantes únicos do cristianismo.

A igreja romana ao longo da história gloriava-se, dizendo ser a única igreja cristã e os papas ambicionavam a infalibilidade, dogma decretado por um dos papas. O papa Gregório I foi um papa que se pronunciou contra a ideia de um “sacerdócio universal nas mãos de um único homem”. O papa Estevão VI (tido como 113º papa) no ano de 896 d.C., desenterrou o corpo do papa Formoso, cortou-lhe a cabeça e a jogou no Rio Tibre, em Roma.

O papa falecido foi acusado de excessiva ambição pelo cargo papal, e todos os seus atos foram declarados nulos. O cadáver foi despido das vestes pontifícias, e os dedos da mão direita foram amputados. Foi então enterrado em cemitério para estrangeiros, como forma de desonra. Como poderia esse papa ser infalível, se o seu sucessor o vilipendiou dessa forma, depois de morto, sem que esse pudesse se defender? Seu corpo fora recuperado mais tarde, e, por fim, enterrado na Basílica de São Pedro, com vestes papais, junto a outros pontífices mortos.

Como pode Bento XVI ser considerado infalível, se renunciou ao cargo, que segundo creem, foi chamado por Deus para desempenhar? Agora vive isolado num local para viver assim até o dia da sua morte.

Entre os anos de 1305 até 1377 a igreja foi governada por dois papas, um estava em Avinhão, França o outro em Roma, Itália. Ambos se consideravam infalíveis. Interessante é que ambos proferiam maldições um contra o outro.

A pretensa “Infalibilidade papal” começou com as “pseudas decretais de Isidoro”, muitos romanistas tentaram ao longo do tempo dizer que essa informação era falsa, mas caíram em tanta contradição e não tocaram no assunto como deveriam, que os seus argumentos que contestam a informação, é risível. Contra a pretensa infalibilidade, os concílios de Posa,  o de Constança em 1414 d.C., e o de Basiléia em 1431 d.C., disseram que os papas estão sujeitos aos concílios.

A pretensa infalibilidade papal só veio à tona novamente com o papa Pio IX, que ambicionando o poder total, no concílio Vaticano I (1869-1870), decretou a HERESIA da “infalibilidade papal”. Foi esse mesmo papa, Pio IX, que desejou cercear a liberdade de imprensa e proibir outras formas de culto; foi ele quem incentivou as superstições das “relíquias” e numa atitude despótica, sem consultar nenhum Concílio, na bula “ineffabilis Deus” decretou o dogma HERÉTICO da “Imaculada Conceição de Maria” em 1854, que diz que Maria não recebeu em nenhum momento a corrupção do pecado.


DEFESA CATÓLICO-ROMANA DA HERESIA DA IMACULADA

Revisando a linha de argumentos invocados em defesa deste dogma, salta aos olhos que são três os setores em que poderiam ser classificados: tradição, Biblia e filosofia. Vejamo-los nessa ordem.


OS PAIS DA IGREJA (Patrística)

Os romanistas alegam que os primeiros pais se expressaram em termos altamente elogiosos sobre a pureza de Maria, por esta razão só se pode deduzir que ela não foi manchada com o pecado original. Maria é mencionada como “a segunda Eva – que, por sua descendência, chegou a ser a causa da sua própria morte e da raça humana – pois também Maria, levando em seu seio o Homem predestinado (Jesus), e sendo, no entanto, uma virgem, por sua obediência, chegou a ser, tanto para ela mesma como para todo o gênero humano, a causa de salvação”.[1]

São Efrém, um dos pais sírios do século IV, dedica uma prece a Maria, na qual a invoca como “Virgem, Senhora, Mãe de Deus… Santíssima e benigníssima Senhora”, que foi “…eleita como a mais sublime de todas gerações da terra”. E acrescenta: “Bem-aventurada és por todos os séculos, gratíssima a Deus, mais resplandecente que os querubins, e mais gloriosa que os serafins”.[2]

Certo é que há outros pais e doutores da Igreja que ponderam a dignidade, a beleza e a graça de Maria, mas ainda que se pudesse entender que alguns desses elogios favorecem implicitamente a crença na Imaculada Conceição, não se pode, no entanto, afirmar que o digam.

OS ROMANISTAS E ARGUMENTOS BÍBLICOS

Para fundamentar o dogma herético, os romanistas citam as palavras do “proto-evangelho” (Gn. 3:15), ditas pro Deus à serpente e também as palavras da saudação do anjo em Lucas 1:28. Porém, qualquer estudante mediano de teologia sabe que o argumento não está explícito nessas duas passagens, não passando de meras deduções.

A argumentação dos romanistas para o primeiro texto, Gn. 3:15, fazem uma exegese pífia, valendo-se da versão latina de Jerônimo, onde se diz que a mulher esmagará a cabeça da serpente. Logo, raciocinam que, se neste versículo se faz referência à mulher, essa mulher não é outra, senão Maria.... que a promessa de que ela vencerá o diabo quer dizer que o pecado não se apoderará dela nem sequer por um instante, e, portanto, ela foi preservada de toda mancha desde o momento de sua concepção. Vê-se que essa exegese é digna de risos.

A passagem do Evangelho de Lucas, a Vulgata traduz as palavras do anjo Gabriel a Maria assim: “Ave Maria, gratia plena…”, isto é, “cheia de graça”, portanto a argumentação romanista conclui que havendo Maria sido cheia de graça, era impossível que ela alguma vez houvesse cometido pecado, resultando disso sua imaculada Conceição. Novamente meras deduções, argumentos risíveis.

REFUTAÇÃO DOS ARGUMENTOS ROMANISTAS

Precisa de uma Consistente Tradição Eclesiástica

Os romanistas se firmam na “Tradição” pouco resistente para sustentar o peso tão grande deste dogma. O fato é que os pais primitivos da Igreja não creram na “Imaculada Conceição” nem dela falaram. Os testemunhos citados a favor desta crença (lrineu, Santo Efrém e Santo Agostinho), pode-se dizer que a apoiam só por contradição, e ainda isto é duvidoso. A evidência é clara, os pais apostólicos não creram  e nem aceitaram a impecabilidade de Maria.

Tomás de Aquino, teólogo maior do romanismo, tinha um opositor hábil e dialético na pessoa de Juan Duns Escoto (1265-1308).  Tomás de Aquino é conhecido defensor da tese “concepcionista”, mas Juan Duns Escoto é mencionado no Dicionário Católico em inglês A Catholic Dictionary, que diz dele o seguinte:

Juan Duns Escoto dá sua própria opinião a favor da imaculada conceição com uma tal timidez, que claramente revela seu conhecimento de que a opinião geral estava do outro lado. Depois de sustentar que Deus poderia, se quisesse, haver isentado a bendita Virgem do pecado original, por outro lado, poderia ter permitido a ela permanecer debaixo dele por um tempo e então havê-la purificado. Acrescenta ele (Juan Escoto) que “Deus sabe” qual destas duas possíveis maneiras foi realmente tomada; “…mas se não é contrário à autoridade da Igreja ou dos santos, parece recomendável (probabile) atribuir aquilo que é mais excelente a Maria.

Se os Pais falam de Maria como “sem mancha”, “incorrupta”, “imaculada”, de nenhuma maneira se entende que eles creram que ela foi imaculadamente concebida.

Essa controvérsia que existe na igreja romana entre tomistas (Tomas de Aquino) e escotistas (Juan de Escoto) sobre o assunto da Imaculada Conceição, além de não levar a nada, sem nenhuma edificação, vem provar que a tradição alegada é um argumento fraquinho.

Os pais da igreja rejeitaram a Imaculada Conceição.

Os Pais e doutores da igreja testemunham de que não aceitavam a Imaculada Conceição de Maria. Eles afirmam categoricamente a “impecabilidade de Cristo”, mas admitem a participação que Maria teve, igualmente com todos os homens, no pecado original da raça humana.

Vejamos os mais importantes pais e o que eles disseram:

Eusébio de Cesaréia (265-340):
“Ninguém está isento da mancha do pecado original, nem mesmo a mãe do Redentor do mundo. Só Jesus achou-se isento da lei do pecado, mesmo tendo nascido de uma mulher sujeita ao pecado”.[3]

Ambrósio (século IV).
Doutor da Igreja e Bispo de Milão, comentando Salmos 118: “Jesus foi o único a quem os laços do pecado não venceram; nenhuma criatura concebida pelo contato do homem e da mulher foi isenta do pecado original; só foi isento Aquele que foi concebido sem esse contato e de uma virgem, por obra do Espírito Santo”.[4]

Agostinho de Hipona, Doutor da Igreja (354-430).
Comentando Salmos 34:3, diz: “Maria, filha de Adão, morreu por causa do pecado; e a carne do Senhor, nascida de Maria, morreu para apagar o pecado”.[5]


ESCOLASTICISMO

Abaixo a transcrição de citações de duas obras católicas romanas:

Em certo estado de desenvolvimento, a questão foi estudada pelos escolásticos e, coisa rara, quase todos creram que a doutrina da imaculada não estava em harmonia com a universalidade do pecado original e da redenção. Sto. Anselmo, Sto. Alberto, Pedro Lombardo, Alexandre de Hales, São Boaventura, Santo Alberto Magno e São Tomás, ainda que ternamente devotos da Mãe de Deus e prontos a defender seus muitos privilégios, contudo, ensinaram que havia sido concebida em pecado original.” “Entretanto, ainda que os escolásticos mais conspícuos antes do século XIV se opusessem terminantemente à Imaculada Conceição, não faltaram outros, de menos fama, que com igual resolução defenderam esta prerrogativa da Virgem por todos os meios que estavam ao seu alcance.[6]


Outra citação ainda muito interessante é a seguinte:

No século XIII, a época da escolástica, vem ao nosso encontro o fato surpreendente de que a maioria dos grandes teólogos se declara bem explicitamente contra a Conceição Imaculada. Da mesma maneira Alexandre de Hales, o próprio São Tomás nas passagens autênticas, Sto. Alberto Magno, São Boaventura, Juan de la Rochelle, Pedro de Tarentasia, Henrique de Gante, Egidio, Romano, etc”[7]


O testemunho de outros doutores e pensadores do cristianismo vem esclarecer o que estamos dizendo:

Anselmo, Doutor da Igreja, Arcebispo de Caterbury (1033-1109) disse a respeito: “Mesmo sendo Imaculada a Conceição de Cristo, não obstante a mesma virgem, da qual ele nasceu, foi concebida na Iniqüidade e nasceu com o pecado original, porque ela pecou em Adão, assim como por ele todos pecaram”.

São Bernardo (1140): “Só o Senhor Jesus Cristo foi concebido do Espírito Santo, porque era o único santo antes da conceição; com sua exceção, se aplica a todos os nascidos de Adão o que Alguém confessou humilde e verazmente de si: Eis que eu nasci em pecado, e em pecado me concebeu minha mãe.”

Boaventura, apesar de ser o guia dos teólogos franciscanos, escreveu o testemunho de que “todos os santos que fizeram menção deste assunto com uma só voz asseveraram que a bendita virgem foi concebida em pecado original”.

Tomás de Aquino (século XIII). Este célebre Doutor da Igreja, o mais renomado dos teólogos católicos, foi o paladino dominicano na controvérsia contra a Imaculada Conceição. Em sua famosa obra Suma Teológica, , diz:

“Santificação da Bem Aventurada Virgem Maria”, art. II. “A bem Aventurada Virgem foi santificada antes de receber vida?” Respondemos que a santificação da bem-aventurada Virgem não pode entender-se antes de receber a vida… se a bem-aventurada Virgem houvesse sido santificada de qualquer modo antes de receber a vida, nunca teria incorrido na mancha do pecado original; e, portanto, não teria necessitado da redenção e da salvação, que é por Cristo, de quem se diz: …porque ele salvará o seu povo dos seus pecados (Mat. 1.21).[8]


Na continuidade do argumento o maior teólogo do catolicismo romano assevera:

Mas é inconveniente que Cristo não seja o salvador de Todos os homens como se diz (I Tm. 4.10). Logo, segue-se que a santificação da bem-aventurada Virgem nunca houvesse sido contagiada do pecado original, isto derrocaria a dignidade de Cristo, que não necessitou ser salvo como salvador universal, a maior pureza seria a da bem-aventurada Virgem: porque Cristo de maneira alguma contraiu pecado original senão que foi santo em sua mesma conceição segundo o texto (Luc. 1.35)… ao passo que a bem-aventurada Virgem contraiu o pecado original, mas foi purificada dele antes que saísse do seio (materno).[9]


Assim, fundamentamos que o catolicismo romano no que tange a essas duas doutrinas basilares da igreja, está eivado de erros e ensinando a seu próprio povo esse erro infernal.

Oro para que pessoas honestas que se sentirem desafiadas a investigar profundamente o romanismo o façam sem paixão, mas com espírito investigativo, afinal, está em jogo o seu próprio benefício espiritual.




[1] AGAINST HERESLES, til, 22:4; Translations of the Writings of the Fathers, p. 36, Ed. pelo Rev. Alexander Aoberts e James Donaldson, Vol. V, Edinburg: T. and T. Clark, 38, George Street, 1868.
[2] LOS SANTOS PADRES, Edições Desclée, De Brouwer, Buenos Aires, 1946, Tomo II, p. 448.

[3] GAY, Teófilo. DICCLONÂRLO DE CONTROVERSIA, Junta Bautista de Publicaciones, Buenos Aires, p. 423.
[4]  lbid., p. 423
[5] ENARR. Santo Agostinho. in Salmos 34:3. Rev. Ricardo Federico Littledate,
Razones Sencillas contra los Errares Y Ias Innovaciones dei Romanismo, p. 16.

[6] ROSANAS Juan, S.1. Historia de los Dogmas, iii, Ed. cultural, Buenos Aires, 1945, pp. 173 e 174.
[7] Enciciopedia de ia Reilgión Católica, Art. “Concepciõn lmmaculada de lá Santissima Virgen”.

[8] AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. Parte III, pergunta XXVII.
[9] Ibidem.

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