John Owen |
"A MORTE DA MORTE NA MORTE DE CRISTO"
Esse é o título de um livro de John Owen (1616-1683), um puritano que viveu no século 17 e que produziu uma obra inigualável. Ele é conhecido como príncipe dos puritanos.
Nenhum outro grupo cristão na história do cristianismo desde a Reforma do século XVI enfatizou tanto a obra do Espírito Santo e a necessidade de uma experiência espiritual que combinasse o aprofundamento bíblico com o grande interesse na experiência espiritual do Santo Espírito como os puritanos.
Erradamente, o termo “puritanos” tornou-se pejorativo, sinônimo de hipocrisia e de perseguição. Mas isso não é verdade. Em que pese, muitos religiosos que se apresentavam como puritanos, terem cometido irregularidades na vida moral e ética, eles eram pessoas que se preocupavam com o zelo pelas Sagradas Escrituras e buscavam uma vida de pureza verdadeira diante de Deus.
O mundo tem uma grande dívida para com os puritanos, pois foi através da sua visão inteiramente bíblica de mundo, que legou ao ocidente, os pressupostos de leis e de Direito que hoje ainda influenciam a nossa vida. Foi a partir do trabalho de matiz puritana na Inglaterra, que o capitalismo nasceu e floresceu. Outro exemplo de herança puritana foi a liberdade religiosa tal qual a conhecemos hoje. O direito divino dos reis, tomou um golpe tão forte que não se recuperou até hoje, graças ao pensamento puritano.
No livro cujo título encima este texto, John Owen trata da expiação, mais precisamente do terceiro ponto da TULIP, a Expiação Limitada. Para se ter um exemplo, esse tema não é popular. Ele vai de encontro a tudo o que costumeiramente se ouve acercas do cristianismo evangélico, argumentando que Jesus Cristo não morreu por todos. De acordo com a Escritura, como mostra Owen, a morte do nosso Senhor Jesus Cristo foi para um propósito único: salvar um grupo especial para si mesmo.
São dois argumentos acerca do tema da expiação, uma expiação universal e uma expiação particular. A primeira diz que a morte de Jesus Cristo foi eficiente para salvar a humanidade e que todos os que querem receber Cristo em seus corações e se arrependem dos seus pecados, serão salvos.
O segundo argumento, que trata da Expiação particular, diz que a morte de cristo na cruz, derramando o seu sangue, foi suficiente para salvar toda a humanidade, mas foi eficiente somente para salvar os eleitos. Não é o homem que escolhe a Deus, ele não pode salvar-se, mas é Deus quem escolhe o homem e o tira do reino das trevas para o reino do seu Filho amado.
Deus não fica ansioso esperando um pecador responder com fé para poder salvá-lo, ele dá a fé ao pecador para que este possa exercer fé e ser salvo. No plano da salvação o homem é passivo, todo o trabalho é de Deus, pois o homem “está morto em seus delitos e pecados”, precisando que Deus o ressuscite da sua condição de morte para receber a vida.
O período da páscoa nos traz essa reflexão. Instituída ainda no Egito (Êx. 12), quando o Senhor providenciou todos os recursos para a libertação do povo, inclusive o cordeiro que seria morto para que o seu sangue, pintado nos umbrais das portas, pudesse ser visto pelo anjo da morte e este não tocasse naquele que estava debaixo do sangue do cordeiro.
Jesus Cristo morreu durante a páscoa judaica, ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A sua morte venceu a morte tanto para os que viveram antes da sua vinda quanto para os que viveram depois, todos os que foram eleitos por Deus em Cristo antes da fundação do mundo.
Em Cristo somos livres da morte, somos privilegiados por sermos eleitos n’Ele, escolhidos por Deus desde a fundação do mundo. A nossa perseverança em amar a Deus e buscar fazer a sua vontade, é a certeza de que somos escolhidos. Não há desespero, não há medo, não há dúvida. “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Rom. 8: 28).
Um comentário:
Ainda é possível encontrar esse livro para comprar? Ainda que fosse um e-book, já serviria. Grato.
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