“Devemos construir uma nave para singrar os oceanos do espaço no universo!”, disse o astrônomo alemão Johannes Kepler há quase 400 anos. Esse grande gênio – um homem pequeno e frágil – não se surpreenderia se soubesse que os homens de hoje estão fazendo exatamente isso, orientados pelas leis físicas por ele elaboradas e por seu esforço prodigioso. Kepler no entanto não viveu uma vida sossegada, até o fim ele foi atormentado por inúmeras crises, apesar de tudo isso, ele se tornou um homem à frente do seu tempo, um gigante da ciência, um pioneiro que dirigiu os passos do homem pelo caminho do universo.
Filho de um soldado, Kepler nasceu em Weil der Stadt, na Alemanha, em 27 de dezembro de 1571. Seu pai saiu desde cedo para lutar nos Paises Baixos, onde havia uma guerra entre os holandeses e a Espanha. Os avós cuidaram do menino, que quando tinha quatro anos, sofreu um ataque de varíola que o deixou aleijado de uma das mãos e permanentemente prejudicado da vista.
O menino estudou até os 13 anos, quando teve de abandonar a escola para trabalhar, levando barris de cerveja para os freqüentadores de uma taberna. Logo depois foi mandado para a escola de um Mosteiro em Adelberg, onde lá ganhou uma bolsa de estudos na Universidade de Tubingen, devido ao seu talento. Pretendia ser Pastor e matriculou-se no curso de Astronomia, por mera curiosidade, apaixonando-se mais tarde pelos astros.
“O Sol não só está no centro do Universo, mas é o espírito que o anima”, escreveu Kepler. “Meu objetivo é demonstrar que a máquina celeste é mais como um mecanismo de relojoaria em que um único peso movimenta todas as engrenagens e que a totalidade dos complexos movimentos é orientada por uma única força magnética.”
Naquela época era preciso ter muita coragem para dizer o que ele disse. Um bom cristão não ousaria tanto, até mesmo Nicolau Copérnico, atrasou a publicação de suas opiniões, até quase o fim da sua vida, em 1543. Sem entrar no mérito das questões religiosas, quem acreditaria que o Planeta Terra era uma enorme esfera, viajando pelo universo ao redor do Sol, a uma velocidade de 29,8 km por segundo e ao mesmo tempo girando em torno de seu próprio eixo? O mínimo que disseram do jovem Kepler, foi que ele estava doido.
Além do talento para a Astronomia, ele era brilhante em Latim e Matemática. Fazer dele pastor da Igreja, estava fora de cogitação. Ele mais tarde foi ser professor de matemática num Ginásio Protestante da cidade de Graz, na Áustria, tinha então 23 anos de idade. Ele foi um brilhante e entusiasmado professor, que estimulava os seus alunos a se interessarem pela Geometria e pela Astronomia. Ele casou-se depois com uma jovem viúva bela e rica.
Em 1600, todos os protestantes foram expulsos de Graz, Kepler foi obrigado a pagar resgate para fugir e as propriedades de sua esposa foram vendidas por preço abaixo da metade do valor que realmente valiam. Ele fugiu para a cidade de Praga, doente e sem dinheiro.
Com a ajuda de Brahe, Kepler conseguiu trabalhar como seu assistente e usando os estudos deste, feitos a olho nú, e suas tábuas planetárias, elaboradas antes mesmo da invenção do telescópio (1608), ele utilizou tudo isso para aperfeiçoar os seus estudos e daí surgiram as suas três Leis referentes ao movimento planetário, que são:
1 – Cada planeta percorre uma órbita elíptica, tendo o Sol em um dos focos.
2 – Uma linha traçada de um planeta até o Sol percorre áreas iguais num mesmo tempo dado.
3 – Os quadrados dos períodos de revolução são proporcionais aos cubos das distâncias médias dos planetas ao Sol.
A contribuição de Johannes Kepler para a ciência durará para sempre. O seu trabalho foi eleborado com fé e ele não abandonou-a. Sua fé em Deus era de importância capital para ele. Até a sua morte ele foi perturbado por isso. Como Luterano, foi enterrado fora dos muros da cidade de Rogensburgo e três anos depois a sua sepultura desapareceu quando soldados desmontaram o cemitério para fazer parapeitos com as pedras dos túmulos. Ele viveu a vida toda de acordo com a sabedoria de um provérbio latino: Per áspera ad astra – “através das dificuldades até aos astros”. Como cristão ele se manteve inabalável. Uma oração de sua autoria é lembrada até hoje:
“Amado Senhor, que nos tende guiado para a luz de Vossa Glória pela luz da Natureza, graças Vos sejam dadas. Vede que terminei a obra de que me incubistes e rejubilo-me em Vossa criação, cujas maravilhas me permitistes revelar aos homens. Amém.”
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