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Dieta de Spira |
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Rev. João d'Eça
A ORIGEM DO NOME “PROTESTANTE”[1]
“O que ouvimos e aprendemos, o que nos
contaram nossos pais, não encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura
geração os louvores do Senhor, e o seu poder, e as maravilhas que fez.”
(Salmo 78: 3, 4).
Introdução:
Uma nova dieta foi convocada em Spira para a primavera de 1529. Fernando, que devia presidi-la, transpôs os umbrais da antiga cidade no dia 5 de março seguido dos príncipes católicos com suas escoltas em armas. No dia 15 chegou o eleitor de Saxe, acompanhado de Fillipe Melanchton e Agrícola. Cinco dias depois Philippe de Hesse entrava ao som de trombetas com duzentos cavaleiros.
Uma nova dieta foi convocada em Spira para a primavera de 1529. Fernando, que devia presidi-la, transpôs os umbrais da antiga cidade no dia 5 de março seguido dos príncipes católicos com suas escoltas em armas. No dia 15 chegou o eleitor de Saxe, acompanhado de Fillipe Melanchton e Agrícola. Cinco dias depois Philippe de Hesse entrava ao som de trombetas com duzentos cavaleiros.
Logo se notou a expansão de ódios
recíprocos. Aqui dois homens notáveis se acotovelavam e fingiam não se
conhecer; ali adversários em doutrinas trocavam na rua olhares ameaçadores.
Começou a se propalar que ia expirar o
prazo marcado para a liberdade de cultos. De um lado havia reclamações
enérgicas pedindo a execução do edito de Worms; do outro exigia-se a
conservação do último edital de Spira. Finalmente, a 24 de março, a maioria da dieta
decidiu que qualquer inovação religiosa seria interdita onde quer que tivesse
sido observado e edito de Worms, e que, nos lugares onde o decreto não tinha
sido respeitado, não se tentaria nenhuma reforma nova, não se trataria de assuntos
de controvérsia e nenhum católico poderia se fazer luterano. Isso seria
estabelecer o Status quo para impedir
o progresso da Reforma.
Os príncipes protestantes, alarmados
reuniram-se. “Rejeitemos este decreto”, diziam, “em questões de consciência, a
maioria nada significa.” As cidades que haviam abraçado a Reforma
acrescentavam: “É ao edito de Spira (o anterior) que o Império deve a paz que
desfruta, sua revogação perturbaria a Alemanha: A dieta não é competente senão
para conservar a liberdade religiosa até a reunião de um concílio.”
Nesta memorável assembléa foram
proferidas ameaças para intimidar os membros mais exaltados da Liga de Torgau.
Vinte e uma cidades livres aceitaram o decreto da dieta; quatorze resistiram
heroicamente. Os príncipes se conservaram firmes e a lembrança de sua conduta
nobre é valiosíssima para nós, porque nesse dia foi criado o nosso glorioso
nome, de “Protestantes”.
Na grande sala do palácio imperial em
que se reuniu as dietas e da qual resta apenas uma antiga muralha em ruínas, o
Eleitor Frederico, em nome de toda Liga, pronunciou as seguintes palavras:
Nobres senhores,
primos, tios e amigos – reunidos aqui ao apelo do Imperador buscando os grandes
interesses do estado e do cristianismo, temos compreendido que os decretos da
dieta de Spira devem se abrogados e que há o desejo de substituí-los por
perigosas restrições. Entretanto, o rei Fernando havia prometido, em nome do
Imperador, fidelidade inviolável àquele edito, como nós nos esforçamos para
mantê-lo. Não podemos, consequentemente, permitir que ele seja revogado. Em
primeiro lugar porque Sua Majestade imperial tem interesse em fazer executar um
decreto emanado por sua própria autoridade. Em segundo lugar porque estão envolvidas
a glória de Deus, do Rei dos reis, e a salvação das almas.
Na continuidade
do seu pronunciamento, o Eleitor Frederico, discorre sobre a liberdade de
cultos que eles adotam, coisa que não fazem os partidários católicos, que queriam
a todo custo destruir a Fé Reformada e matar os seus defensores. Ele diz:
Meus caros
senhores, nenhum juízo formamos sobre as vossas crenças; limitamo-nos a suplicar
a Deus diariamente que nos conduza a todos nós à unidade da fé, à verdade, à
santidade e à caridade em Cristo, nosso único Mediador. Se aderíssemos o vosso
projeto, seria negar o nosso Senhor e nos expormos a sermos negados por ele
diante de seu Pai. Se aceitássemos essa revogação, afirmaríamos que ninguém
pode aceitar de Deus a luz. Oh! De quantas apostasias não seríamos cúmplices?
Na
sequência de suas argumentações, Frederico, Eleitor da Saxônia expõe o porque
da não concordância com as decisões dos católicos. Suas palavras são:
Eis porque rejeitamos
o jugo que nos é imposto. Sabe-se que em nossos estados a Santa Ceia é
devidamente distribuída. Não podemos portanto aceitar as medidas propostas
contra nossos comungantes. Além disso, questões tão importantes não podem ser
resolvidas antes do próximo concílio.
Ainda
no seu pronunciamento perante a dieta, Frederico da Saxônia expõe a forma de
culto e celebração da Santa Ceia, da forma como era ministrada pelos ministros
que aderiram a Reforma: Diz ele:
O edito de Spira
levava os ministros a explicarem as Escrituras de acordo com os escritos
reconhecidos pela igreja cristã. Seria necessário portanto explicar o que se
entende por igreja. Ora as opiniões são muito diversas a este respeito, mas, como
nenhuma doutrina é digna de fé a não ser que se conforme com a Palavra de Deus,
estamos resolvidos a manter a pregação pura e exclusiva desta Palavra Santa,
contida nos livros canônicos do Antigo e do Novo Testamentos, sem adição de
qualquer doutrina contrária.
Na próxima
sequência do pronunciamento de Frederico, ele diz protestar contra a decisão da
maioria católica, o que veio posteriormente a fazer os crentes evangélicos
serem conhecidos como “Protestantes.” Eis os relatos:
Assim, caros
senhores, mui sinceramente vos rogamos que pondereis com cuidado nossas tristezas
e nossos motivos de agir. Se resistis a nossa súplica, protestamos aqui diante
de Deus nosso Criador, Redentor e Salvador, e diante dos homens – no nosso nome
e no dos nossos – contra qualquer adesão ao decreto proposto naquilo em que é
contrário a Deus, à Sua Palavra, à nossa liberdade de consciência e ao último
edito do imperador. Esperamos que Sua Majestade procederá para conosco como um príncipe
cristão e nos confessamos prontos a nos render toda nossa afeição e obediência
como fazemos a Deus.
Estas foram as
palavras desses homens heróicos que a cristandade desde então passou a
apelidá-los de PROTESTANTES.
Como
protestantes e herdeiros da Reforma e das doutrinas da Graça, devemos nos
orgulhar do legado que recebemos. Sabemos que essas histórias foram esquecidas
por uma grande maioria e não foram ensinadas com o passar do tempo e das
gerações. Por esta razão é preciso nos imbuirmos da responsabilidade de ensinar
as gerações futuras a ter orgulho de ser chamados PROTESTANTES.
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