quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A FALTA DE CARÁTER NA CULTURA BRASILEIRA.

Antigamente ouvíamos falar de conceitos como honra, dignidade, sinceridade, verdade, lealdade. Líamos livros onde esses conceitos eram apresentados e nos sentíamos mal devido a pequenos pecados cometidos.
Meu avô era um homem honrado e de palavra. Ele dizia: “A palavra verdadeira é o maior bem de um homem”.
O meu avô, no interior do Maranhão, dizia pra um empregado seu ir até a mercearia do vilarejo onde morava, levando um papel de embrulho assinado, pedindo pra o dono da mercearia aviar-lhe determinada coisa, que hora tal... ele iria pagar. Na hora marcada ele estava na mercearia pra pagar a dívida, fizesse chuva ou tempestade.
O meu avô era vaqueiro/capataz de um grande fazendeiro que vivia na cidade e ia na fazenda de quando em vez, e lhe cobrava contas de toda a sua mordomia. Meu avô prestava contas de tudo, sem deixar nada faltar e se havia algum prejuízo, ele mesmo jogava em sua conta. Isso é que é honestidade!!!!
Esse tempo passou. Já não se tem mais honra, nem dignidade, nem lealdade à verdade. Mente-se com tanta facilidade, a toda hora, em qualquer lugar, por qualquer motivo.
Para nós tem sido difícil até notarmos que funcionários públicos raramente confessam o que fizeram de errado. Senadores, Deputados, Ministros, Desembargadores, políticos em geral, empresários, gente comum, a sociedade como um todo. A desonra tornou-se parte da cultura brasileira, mas na verdade é um fenômeno mundial, após a quebra dos valores religiosos e familiares. Os funcionários públicos, os políticos, pessoas que exercem funções de destaque na sociedade, após terem sido acusados de algum tipo de mau comportamento, eles raramente dizem: "Eu fiz isso. Estou profundamente envergonhado de mim mesmo. Traí vocês e desonrei meu alto cargo, por isso venho pedir minha demissão”. “Estou renunciando o meu mandato agora."
O que ouvimos é a desonra da mentira, de afirmações levianas, de cinismo, de mal-caratismo, de desculpas, as mais ridículas possíveis. Ninguém assume seu pecado.
Não, a prática não é essa hoje em dia. Assumir pecados? Reconhecer erros? Os funcionários públicos e os políticos não confessam e ainda alegam ser mal compreendidos. Confessam, sim, ser perseguidos pela mídia. Confessam os pecados de outros políticos. Também confessam humildemente serem vítimas de suas próprias virtudes - como quando o Presidente Nixon alegou, no escândalo Watergate, ter usado o coração, não a cabeça, e ter tentado fazer o que achou ser "o melhor para a nação". Em seguida, renunciou, disse ele, como um "sacrifício pessoal".
Por fim, o atestado de mal-caratismo é duplamente evidenciado, quando de caso pensado, o mal-caráter, prevendo as conseqüências das suas iniqüidades, planeja escapar, usando a própria lei que o condenaria, interpretada por amigos colocados nos lugares estratégicos tanto para defendê-los como juízes togados, quanto como eleitores previamente aliciados para que o processo pareça legal. Em tempo: Não sou partidário do PSDB, mas admirei o discurso do Senador Arthur Virgílio, quando assumiu o seu erro no caso do funcionário do seu gabinete que foi estudar na Espanha. Nunca vi antes outro político fazer algo parecido. Este artigo foi produzido antes do discurso, há cinco dias, não havia o discurso do Senador, mas havia uma reflexão da minha parte, sobre o caráter da maioria do povo brasileiro. Felizmente assisti hoje pela TV Senado um discurso que jamais esperava ouvir.

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