João d'Eça, MDiv
Introdução:
Em Gn. 4.9,
encontramos a solene pergunta que o Supremo Criador faz a Caim, primeiro filho
da primeira família da humanidade:
- Onde está o
teu irmão Abel?
Adão e Eva já estavam condenados
à morte por causa da violação do Mandamento de Deus e tinham sido expulsos do
Jardim do Éden. É claro que eles sentiam o nunca haviam sentido antes, novos
sentimentos como angústia, preocupação, medo. Eles sentiam agora a sua miséria.
Deixaram o paraíso de delícias, onde nenhum desses sentimentos havia, e agora
estavam curtindo o vale de lágrimas, onde o remorso, a maldição e a morte se
fez presente. Um vale de tristezas e de calamidades.
Agora, na situação em que se
encontravam por causa da desobediência e consequentemente da perda de comunhão
com o SENHOR, aguardavam a promessa de Deus de libertá-los da morte eterna. Os
nossos primeiros pais já haviam se estabelecido na terra para onde foram
expulsos.
Motivo do primeiro assassinato
A
questão religiosa foi o motivo do primeiro assassinato que envolveu os dois
filhos do primeiro casal. Caim era lavrador e achou que poderia se apresentar
diante do SENHOR com os seus dons e com os frutos da terra; mas Abel,
diferentemente apresenta-se com o sacrifício dos primogênitos dos seus
rebanhos.
Deus atentou e se agradou para
Abel e para a sua oferta e não para a oferta de Caim. Os jovens irmãos foram
educados na fé das promessas que Deus fizera à Adão e Eva, quando os lançou
para fora do Paraíso. De acordo com os ensinamentos dos seus pais e com a fé na
Promessa do SENHOR, Abel ofereceu os seus holocaustos (Hebreus 11.4), mas Caim
seguiu o seu próprio instinto e apresentou-se a Deus como um incrédulo. Mais
tarde na história, muitos imitaram a atitude de Caim, especialmente podemos
citar Esaú, que chorou tarde demais.
A Sagrada Escritura diz “que sem
fé é impossível agradar a Deus”. Caim não tinha fé... vendo pois Caim que a
religião de Abel, seu irmão, agradou a Deus e que a sua religião foi
desprezada, ficou irado, e o seu semblante descaiu. Deus, misericordioso e
longânimo, diz a Caim: “Por que andas irado? E por que descaiu o teu semblante?
Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal,
eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre
dominá-lo.” (Gn. 4.6,7).
Diante desse aviso e advertência
divina, Caim, assim como muitos fazem hoje, não se arrependem dos seus pecados
e não buscam a comunhão com o Deus Todo-Poderoso. Não querem fazer o caminho de
volta para o SENHOR, não querem abandonar a prática do pecado que lhes dá
prazer, mesmo que momentâneo.
Para provar que o seu coração era
de todo mal, Caim, convida o seu irmão Abel para um passeio sinistro, o seu
irmão Abel nem desconfiava os intentos malignos do coração de Caim. Abel amava
o seu irmão, e a Escritura ensina que “o amor não suspeita mal” (I Co.13.5).
Caim não dominou o mal dentro de si, mas deixou-se dominar por ele. Deu vazão
às suas concupiscências e iniquidades e tomou todo o cuidado para que o seu
crime ficasse oculto. Ele se deixou dominar pelo desejo pecaminoso e nem
percebeu que estava preso nas armadilhas diabólicas.
O primeiro assassinato, assim
como todos os outros depois dele, de lá até hoje, revestiu-se de requinte de
maldade e de crueldade, motivado por uma atitude religiosa que não foi aceita
por Deus. Há pessoas que pensam que
podem trazer a Deus qualquer coisa, de qualquer jeito, sendo que a forma como
Deus quer ser adorado e servido, ele mesmo determina nas Sagradas Escrituras,
não podendo o homem inventar maneiras ao seu bel prazer de cultuar ao SENHOR.
Analisando o crime
Este
crime, o primeiro da história da humanidade, tem todos os agravantes que o
levariam em tempos modernos a ter a pena máxima como consequência. Vejamos os
agravantes do crime:
- Caim dissimuladamente procurou
um lugar deserto para a prática do seu crime. À semelhança dos criminosos,
filhos de Caim, que procuram os lugares ermos e escuros para praticarem o seu
mal. A Sagrada Escritura os chama de “filhos das trevas” (Ef. 5.8). Os
criminosos procuram a escuridão ou o deserto para não serem surpreendidos no
seu mal.
- Caim enganou a sua vítima com
uma pretensa amizade. Iludiu o seu irmão com um suposto companheirismo.
Premeditou por longo tempo e executou o seu intento diabólico, porque a sua
sanha tinha por objetivo eliminar o seu irmão, por causa de inveja, que foi o
outro mal que ele deixou que o dominasse. Ao invés de se arrepender, pedir
perdão e agir corretamente, ele manteve o sentimento de inveja na sua alma
enegrecida e planejou como cometer o ato criminoso e cruel.
- Caim usou do artifício maligno
da confiança do seu irmão nele. Abel jamais suspeitou de que Caim pudesse fazer
o que fez, de que ele estivesse planejando lhe fazer qualquer mal. Caim
revelou-se um monstro, que apesar de já ter sido advertido por Deus com graça e
misericórdia, Caim não deu ouvidos ao que Deus lhe falara.
O que aprendemos com esse crime?
No
livro de Êxodo 20, na narrativa dos Dez Mandamentos, o SENHOR diz que “visito a
iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me
aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam
os meus Mandamentos.” (Ex. 20.5,6). Adão e Eva que desobedeceram ao SENHOR,
ainda nem haviam
chegado a tanto na prática do
pecado, os efeitos da sua desobediência já se mostraram presentes na vida de
seu filho que cometeu tamanha iniquidade, revelando a morte, intrusa na
existência humana.
O pecado dos pais veio se revelar
na sua forma mais cruel na vida dos seus filhos. Como uma bomba cujo estopim
está queimando lentamente, este veio estourar nas mãos de Caim, como efeito do
pecado dos seus pais.
Deus interveio na situação e
denunciou o pecado de Caim, dando-lhe oportunidade para confessar e se
arrepender, mas o que ocorreu foi que o criminoso, de coração endurecido,
parecia não se incomodar em ter assassinado a seu irmão. O SENHOR perguntou a
Caim: “Onde está Abel, teu irmão? Ele respondeu: Não sei; acaso sou eu tutor de
meu irmão?” Como que dizendo: “Ele não é o Teu preferido? Por que perguntas a
mim?”
Adão e Eva sentiram o peso do seu
pecado, de forma mais dolorida com a morte do seu amado filho Abel, a quem
nunca mais veriam na vida. “O salário do pecado é a morte” (Rm.6.23). Abel
estava morto no corpo, Caim estava morto na alma. Foi uma tragédia terrível
para os nossos primeiros pais. Agora eles entendiam a grandeza da sua culpa,
por meio de dor e de lágrimas eles compreendiam perfeitamente o tamanho do seu
pecado e o resultado trágico da sua ação.
Conclusão:
Caim morreu na sua alma. Que
dores ele não deve ter sentido por causa de uma lembrança tão trágica? Somente
a graça de Deus por meio de Jesus Cristo pode resolver esse
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