Por
Rev. João d'Eça
Alguns anos atrás o Rev. Mauro Meister (O Tempora, O Mores!), escreveu um artigo com o título acima. Cabe dizer que não estamos criticando-o, nem tampouco plageando-o, mas simplesmente usando o mesmo título para dar uma outra conotação ao termo "cultura popular". Emprestamos o título do artigo do prof. Mauro, em virtude de que no artigo que ele escreveu, "cultura popular" tem uma conotação totalmente diferente para nós nordestinos, do que a abordagem que ele deu no seu artigo, levando-se em consideração que ele não se propôs a escrever sobre "cultura popular" da forma como nós entendemos aqui na parte de cima do Brasil.
"Cultura popular" para os nordestinos, tem a ver com as manifestações culturais em forma popular, simples, geralmente tradicionais de algumas regiões, cidades, lugares, onde o povo recebeu como legado dos seus antepassados. Por exemplo, as festas juninas em todo nordeste no mês de junho (por isso juninas), movimenta todo o povo da região, mas cada Estado, cada cidade, cada povo tem uma manifestação de "cultura popular" diferenciada que os identifica. Assim na Paraíba temos as "quadrilhas", os "arraiais". No Maranhão temos o "Bumba-Boi" que é diferente do resto do Brasil, que atrai turistas de todas as partes para assistirem as apresentações de pelo menos 5 "sotaques" dessa manifestação. Esta semana o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional), considerou o "Tambor de Crioula" do Maranhão como "Patrimônio Imaterial do Brasil". Há também no Amazonas a "cultura popular" do "Boi-Bumbá", no Pará o "Carimbó" e assim por diante, em todos os Estados, sendo que uns mais populares, conhecidos e divulgados que outros.
O fato é que, como o Brasil não tem raízes evangélica, e já que o povo nordestino (O Brasil nasceu no Nordeste), assimilou o sincretismo religioso católico-romano-europeu, misturado com manifestações tribais dos escravos africanos e crendices dos indígenas que aqui já habitavam, formou-se essa "salada" de manifestações com forte apelo "religioso-sincrético", que está profundamente enraizado no inconsciente coletivo do povo do Norte/Nordeste.
Como a região teve as suas riquezas "pilhadas" por exploradores que vieram se locupletar aqui, o povo foi deixado à sua própria sorte, sem poder desenvolver-se, sem educação, sem infra-estrutura, tendo sua dignidade roubada, sendo usados como "massa-de-manobra" política, a única esperança vinha das "crendices populares", do apego às "entidades espirituais", que foram crescendo na mente do povo, e hoje é a "cultura popular" que pelo menos uma vez por ano, volta os olhos de toda a nação para essa região naturalmente rica, potencialmente muito rica.
O que os filhos de Deus tem a ver com isso?
Como a igreja caminha na contramão da sociedade, não é fácil pregar o evangelho em meio a manifestações culturais que duram o ano todo. Mesmo assim, e apesar da pobreza imposta pela qual passa o nosso povo, o trabalho caminha, a igreja prospera, a sociedade é transformada. O que não pode acontecer é a igreja transigir, adaptar-se à cultura popular, misturar-se às crendices do povo.
A igreja evangélica é a voz da verdade, e tem uma responsabilidade enorme de transmitir essa verdade ao Norte/Nordeste barsileiro, a disseminar o Evangelho de Jesus Cristo, assim como a "cultura popular" foi e é disseminada em todo canto. Para isso precisamos de ajuda, principalmente dos nossos irmãos das outras regiões mais desenvolvidas, que possuem mais recursos e que podem impactar muito mais com a "Cultura do Evangelho", um povo que é impactado todos os dias pela "cultura Popular" recheada de crendices. Se as nossas igrejas e denominações não usarem todos os seus recursos para evangelizar o Brasil a partir do Norte/Nordeste, dificilmente, veremos a mudança nas próximas gerações.
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