O PECADO E A GRAÇA
(Romanos 5.20)
Introdução:
Temos um
antídoto para o pecado, que é a graça de Deus. A graça é apresentada a nós como
um vasto oceano, e tentar explicar a graça do Senhor, é semelhante a tentar
contar as gotas do oceano. Todo que se propõe a explicar a graça de Deus,
assemelha-se ao balbuciar de uma criança. Só iremos ter pleno conhecimento da
graça do Senhor, na eternidade. O que nos cabe conhecer então, são umas
pequenas observações sobre a manifestação dessa graça.
Tudo o que somos e possuímos, são dons da graça de Deus. A
nossa criação foi um ato da graça de Deus, como também é a conservação da nossa
vida e o glorioso destino de nossas almas.
Precisaríamos da graça de nosso
Deus, mesmo se não tivéssemos pecado, pois sem a graça de Deus não vida, não há
felicidade, sem a graça de Deus só há desespero. Somos criados para sermos
vasos nos quais Deus derrama vida e amor, para sermos templo do Espírito Santo,
e isso é graça. Semelhante à planta que precisa dos raios do sol para a sua vida,
assim nós precisamos da graça de Deus para vivermos plenamente a nossa. Sem a
graça do Senhor ninguém alcançará a felicidade na eternidade. A mais alta
dignidade do homem é a capacidade de receber Deus em seu coração, seu mais alto
destino é a comunhão com Deus. Tudo isso é graça.
Amor dom de graça imerecido
O amor é dom
imerecido. Poderíamos até merecer muitas coisas como gratidão, recompensa ou
reconhecimento, mas se alguém nos dá o seu amor, quem poderá dizer que o
mereceu? O amor é sempre um livre dom e sempre é graça.
A graça está colocada acima da
justiça. A justiça e as leis formam o fundamento do Estado, mas a graça é a sua
coroa. Não podemos passar sem a graça, em qualquer que seja a atividade da
vida, quanto mais em nossa relação com Deus.
Bem-aventurados
O mundo em que vivemos é um lugar de sofrimentos e
aflições, mas isso não é tudo. Jesus Cristo inicia o seu Sermão do Monte,
chamando de “bem-aventurados os que são pobres de espírito, os mansos e os que
choram. Aqueles a quem o mundo chama de infelizes, Jesus Cristo os chama de
bem-aventurados e lhes promete consolação. Esse é o valor da vida presente, não
consiste na felicidade exterior, mas na consolação. Não podemos todos ser
ricos, mas todos podemos ser consolados.
A declaração de Jesus: “Bem-aventurados
os que choram, pois eles serão consolados”, só pode ser declarado nesse
mundo de tristezas e dores, por Jesus Cristo, porque somente ele possui a
verdadeira consolação, sendo esta a sua graça.
Para nós é uma grande consolação
saber que que diante de todas as dificuldades da vida, do sofrimento, da
pobreza, da doença e do inesperado, somos objeto da graça de Deus, e isto é
para nós grande consolação. Porém essa é ainda a menor parte da recompensa da
graça que o Senhor nos tem reservado. A graça de Deus se manifesta no seu mais
elevado grau, na salvação dos pecadores.
O coração e a mente do homem
natural, envolto em seus pecados não consegue entender e nem mesmo crer na
graça salvadora do Senhor. Antes da Queda, talvez, fosse possível para o homem
ter um pouco de entendimento do que seria a graça de Deus, mas desde que o
pecado entrou na realidade humana pela desobediência dos nossos primeiros pais,
o pecador vive em oposição a Deus e aos seus desígnios, está possuído de medo e
longe de aproximar-se do Senhor. O homem foge de Deus por causa da sua culpa.
Como disse o apóstolo João: “Pois todo aquele que pratica o mal aborrece
a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras.”
(João 3.20).
O pecador tenta expiar as suas
culpas por seus próprios esforços, tentando aplacar a “ira de Deus sobre os
filhos da desobediência” buscando a salvação pelas obras, o que é
impossível ao homem. A palavra de Deus, revelação divina, nos instrui na
verdade consoladora da salvação sem mérito humano, do perdão dos pecados, da
bem-aventurança eterna para todos os que confiam no Senhor e na sua graça.
No tempo do Antigo Testamento,
todos os grandes homens de Deus que viveram o período, reconheceram que só a
graça de Deus podia salvar os pecadores arrependidos, nada mais os pode salvar.
“Abraão creu o Senhor e isso lhe foi imputado para justiça”. (Rm. 4.3).
Assim também Moisés regozijava-se no Senhor, que guarda misericórdia em
milhares de gerações: “... Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e
longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em
mil gerações, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado, ainda que não
inocenta o culpado, e visita a iniquidade dos pais nos filhos e nos filhos dos
filhos, até a terceira e quarta geração. (Êxodo 34. 6,7).
O rei Davi, pecador como todos
nós, não se cansava de cantar e louvar a graça e a misericórdia do Senhor, que
perdoa os pecados e salva os arrependidos e contritos de coração. No tempo dos
profetas, quanto mais o povo se afastava do Senhor, mais eles confiavam na
graça de Deus. “Porque os montes se retirarão, e os outeiros serão
removidos; mas a minha misericórdia não se apartará de ti, e a aliança da minha
paz não será removida, diz o Senhor, que se compadece de ti”. (Isaias
54.10).
O que era prometido no Antigo
Testamento foi cumprido no Novo. Na pessoa de Jesus Cristo a graça do Pai se
manifestou visivelmente entre os homens. A vida de Cristo era toda a expressão
da graça de Deus. Ele tomou sobre si os nossos pecados e reconciliou os
pecadores com Deus-Pai. Jesus ensinou os crentes a chamarem Deus de Pai, nome
que melhor expressa o que é a graça de Deus. Pelos merecimentos de Jesus
Cristo, somente os pecadores que creem nele, tornam-se filhos de Deus.
Os apóstolos, no fiel cumprimento
de sua missão, exortaram os cristãos a confiarem inteiramente na graça do
Senhor. Paulo, cuja vida é o resultado da graça, começa as suas cartas com a
frase: “Graça e paz da parte de Deus Pai e de nosso Senhor Jesus Cristo”.
O conteúdo de suas cartas são a explicação da Graça de Deus em Jesus Cristo e
da salvação gratuita dos pecadores.
A maior manifestação da graça no
Novo Testamento, é, a redenção dos pecadores por Deus, enviando seu próprio
Filho para levar sobre si os pecados do mundo, e atribuindo aos que creem nele
a própria justiça de seu Filho. Porém esta manifestação é acompanhada de outras
ações da graça.
1 – PELA VOCAÇÃO - que
consiste em o Senhor chamar e convidar-nos a aceitar a salvação por ele alcançada.
Os que se salvam não podem atribuir a si a iniciativa. “Não foste vós quem
me escolheste, pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para
que vades e deis frutos e o vosso fruto permaneça” (João 15.16). Jesus, por
seu Espírito e pelas circunstâncias da nossa vida, nos conduz ao conhecimento
de seu Filho por mera graça sua, sem que nós o tivéssemos merecido.
2 – PELA ILUMINAÇÃO – Que
consiste em o Espírito Santo renovar os corações dos homens e convencê-los
tanto da própria indignidade, como da graça de Deus. É o Senhor quem abre os
nossos olhos para conhecermos qual é a esperança a que ele nos chamou e quais
as riquezas e a glória da herança que ele prepara para os santos.
3 – PELA JUSTIFICAÇÃO –
Que consiste em Deus selar e confirmar com a sua paz ao pecador crente e
arrependido o perdão dos seus pecados, atribuir-lhe a justiça de seu Filho e
restituir-lhe os direitos de filho seu e co-herdeiro de Cristo.
4 – PELA SANTIFICAÇÃO – Que
consiste em nos dar um novo coração e em derramar em nós um novo espírito pelo
qual podemos clamar ABBA PAI¸ e na força do qual podemos andar e crescer
no seu amor e na santidade. “Porque Deus em quem efetua em vós tanto o
querer como o realizar, segundo a sua boa vontade (Fl. 2.13).
A Ele seja a honra e a glória
para sempre!
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