Rev. João d'Eça
Introdução
Há uns dez anos atrás, um amigo pastor
de outra denominação me questionou sobre porque não usamos as músicas alusivas
à época, para realizar os nossos eventos. No caso em questão ele estava se
referindo ao samba, e perguntando por que não cantamos um samba de enredo para
abrilhantar os nossos retiros? Eu logicamente, sabendo da sua intenção, lhe
respondi:
"Eu não ficarei surpreso no dia em que presenciar nos retiros marchinhas de carnaval, axé music e frevo, dentre outros."
Não demorou nem os dez anos e a coisa degringolou de vez. Muitos, erradamente recorrem ao Salmo 150 para fundamentar o seu argumento de usar todos os tipos ritmos no culto, ou seja, tudo é válido para o louvor a Deus na adoração pública.
Explicação
do princípio do Salmo
Com certeza o Salmo 150 não propõe
esta ideia? Em nenhum momento o salmista diz que podemos usar qualquer
ritmo, instrumento, estilo musical, expressões corporais e danças
no culto solene. Pelo contrário, o Salmo 150 nos mostra claramente
que cada elemento da criação em seu contexto apropriado e
condicionado ordenadamente louvam ao Criador. Este louvor se aplica
de modo geral a todos os seres viventes que compõe a criação. Sem intenção de
querer fazer uma exegese do Salmo 150, mas tendo de mencionar alguns detalhes
atinentes ao texto, podemos dizer que a palavra "santuário" (no
hebraico: rekia) do versículo 1 é originalmente traduzida por
"expansão do céus". Não se
limita somente ao tabernáculo e muito menos ao templo de Salomão, mas a
tudo o que está debaixo dos céus. A ideia central é mostrar que Deus deve ser
adorado por causa de quem Ele é, o Soberano de todo o universo.
Não podemos esquecer de que Deus é louvado por tudo
o que ele criou, tudo deve ser usado para o seu louvor, mas, não podemos usar
este salmo para justificar certos ritmos, expressões e manifestações artísticas
no culto solene. Não é disso que trata o salmo.
O que o Salmo nos diz é que cada elemento
mencionado nesse Salmo 150, deve ser usado no seu contexto e momento apropriado
no louvor a Deus. E aqui a mensagem não se aplica a todos os ritmos
musicais ou a todos os estilos de música. É fácil detectar de que nem todos os
ritmos e estilos podem ou devem ser usados no culto.
Temos
o direito de fazer como quisermos?
Mesmo os retiros espirituais, que são
momentos mais informais de reunião da igreja, não são áreas livres para o uso
de tudo que a nossa imaginação determinar. O culto a Deus é determinado pelo
próprio Deus e não pode ser realizado do modo como nós queremos, segundo a
nossa imaginação, pois, o próprio Deus diz como quer ser adorado, não cabendo a
nenhum de nós inventar moda, ou introduzir elementos diferentes daqueles
expressos nas Escrituras.
Geralmente os que introduzem elementos estranhos à Bíblia no culto
público, ou mesmo num momento mais informal, o fazem porque desejam estimular a
carne. Sabendo que o ser humano sendo carnal, deseja que a sua carnalidade seja
estimulada, fazendo com que o culto deixe de ser santo e espiritual para ser
profano e carnal. São homens carnais criando meios carnais para atrair outros
homens carnais. O sucesso dessa receita mundana é garantido!
E ai? Quer dizer que eu não posso ouvir certos ritmos
ou estilos de música?
A Escritura Sagrada não nos limita sobre quais ritmos
ou estilos musicais devemos ter contato ou ouvir, mas a Escritura nos ensina a
ter bom-senso, pois culturalmente alguns ritmos e estilos são inapropriados
para o crente se deleitar. A Escritura nos alerta: “todas as coisas me são lícitas,
mas nem todas edificam, todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei
dominar por nenhuma delas” (I Cor. 6.12,13). Todo cristão deve lembrar
que os mesmos critérios no culto solene devem ser aplicados à nossa vida quando
apreciamos qualquer ritmo ou estilo musical sejam elas evangélicas ou
seculares.
Quem criou os ritmos e estilos musicais?
Com certeza não foi o diabo, não foi Deus diretamente, mas o homem. A graça
comum de Deus é que dá a capacidade artística e de criatividade ao homem, mas
isso não significa que tudo o que ele faz pode ou deve ser usado no culto a
Deus.
A
manifestação cultural de Israel
A música em Israel era usada em sua larga maioria para adoração e louvor ao Eterno Deus, em que pese muitos terem deturpado e usado a música para outros fins, originalmente visava a adoração cúltica. Então os estilos criados pelo povo judeu visava somente a adoração, era algo cultutal, coisa que não ocorre no Brasil. O samba não foi criado para adorar a Deus, assim como o frevo, o axé e outros ritmos mais contemporâneos não o foram. Por isso, nenhum deles é apropriado para a adoração, muito mais porque esses ritmos citados não são considerados músicas, mas barulho que apelam somente para o corpo, nada tem para a alma ou o espírito, pois dispensam a melodia e a harmonia.
Conclusão
Nunca tente induzir as pessoas ao
emocionalismo carnal. O louvor deve ser refletido, pensado, meditado. O
louvor também pode exercer a função de proclamação das verdades bíblicas. O que
devemos fazer é ajudar as pessoas a entender o que está sendo cantado naquele
momento. Devemos motivar os irmãos a perceberem os princípios da Palavra
de Deus contidos na mensagem musical.
Liturgia não é show e nem apresentação em palco. O momento do louvor por meio da música é um preparo para nos conduzir a atenção quando a Palavra for pregada. O culto é para Deus e não para o hoeme, deve agradar a Deus e não ao homem. Para nós o culto é um sacrifício (Hb. 13.15). Não chame a atenção para as pessoas. As pessoas devem voltar toda atenção a pessoa de Cristo.
Devemos ter muito cuidado com a letra também.
Existem letras que explicitamente são heréticas e mesmo que mencionando um
texto bíblico, ainda assim, devemos tomar muito cuidado com a teologia
ensinada.
Mesmo que certos estilos musicais não sejam
pecaminosos em si mesmos, qual deles é apropriado para o culto solene? Se esse
critério não for observado, como já disse antes, as vezes estaremos trazendo o
carnaval para dentro do culto ou para os nossos retiros espirituais.
Finalizando, a música no
culto, e até mesmo no retiro espiritual não são para o
entretenimento, mas para envolver e ensinar as pessoas a Palavra de
Deus. Cantemos a Palavra!
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