sexta-feira, 14 de março de 2014

O CRENTE E MÚSICA SECULAR

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Rev. João d’Eça, MD


PARTE I



Introdução:
Crentes devem ouvir música secular? Esta é provavelmente uma das questões mais controversas que existe entre os cristãos. Entendo que a maneira correta de se tratar esse tema é fazendo-se uma abordagem bíblica e não uma análise pessoal ou cultural. A verdadeira questão não é sobre se você pode ou não ouvir música secular, mas sim o que deve orientar e direcionar o seu consumo de qualquer tipo de música.

Toda música tem um propósito, algumas são feitas exclusivamente para adoração, outras para vender (É a dita música comercial), outras para passar uma mensagem política (não necessariamente partidária), outras para divulgar ideologias e outras para mero entretenimento. A música tem o poder de alterar o humor de uma pessoa e pode ser um incentivo até mesmo para a prática de crimes ou para impedi-los.

A Bíblia nos mostra o rei Davi tocando a sua harpa e o humor do rei Saul sendo mudado e sua ira sendo aplacada ao ouvir o som do instrumento dedilhado pelo futuro rei de Israel. No entanto, o propósito primeiro de Davi, era usar a música para adorar a Deus. Vemos em muitos dos seus salmos, ele falando em adoração com o uso de instrumentos musicais de toda sorte, até mesmo adoração com aplausos e com danças.

LUTERO, PAULO E A MÚSICA

“Martinho Lutero foi, dentre os reformadores do seu tempo, o único a reconhecer o valor inestimável da Música e de recebê-la de braços abertos. Lutero pensou, trabalhou e utilizou a Música de modo singular na sua época, dispensando especial atenção para o uso e a função que a mesma passaria a ter na Igreja.” Um clérigo católico romano, falando sobre a música de Lutero disse certa vez: “As músicas de Lutero fizeram mais pela Reforma do que todos os seus escritos.”

No N.T., Paulo incentiva os crentes a usarem a música na adoração (Ef. 5.19). Na Escritura Sagrada vemos a música sendo usada na maioria das vezes, para o culto a Deus, apesar de reconhecermos era usada também para outros fins, como por exemplo, avisar do perigo iminente, da chegada do inimigo ou para surpreender o inimigo na guerra.

A música possui pelo menos três elementos essenciais, quais sejam: harmonia, melodia e ritmo, todos esses elementos distribuídos de forma equilibrada, cada um apelando para uma faceta da vida humana, corpo, alma (sentimentos e emoções) e espírito. Quando a música tem a sua ênfase no ritmo por exemplo, ela irá apelar somente para o corpo, deixando a alma e o espirito, tornando a pessoa, seca, vazia.

Existem pessoas e grupos dentro do ambiente cristão que podem ser mencionados de acordo com a sua preferência musical. Existem aqueles que rejeitam toda e qualquer música que não seja distintamente cristã. Existem os que apreciam tanto as músicas distintivamente cristãs, como também as que são abertamente não cristãs, para esse grupo basta que a música seja boa, e por música boa, aceita-se aquelas que geralmente tem uma boa melodia e uma boa letra. Esse mesmo grupo rejeita musicas com conteúdo impróprio, com conotações sexuais, de preconceitos ou violência. Por fim, há o grupo que mesmo alegando ser Jesus Cristo o seu Senhor, consome música secular, mesmo as de conteúdo duvidoso, geralmente o repertório que ouvem não encontra eco num conteúdo redentivo. Para esse grupo, ouvir música cristã é a exceção e não a regra.


A INDÚSTRIA DA MÚSICA NO BRASIL

         Em nosso país, até a década de 1980 a música tanto secular quanto religiosa estava já começando o processo de decadência. Nos anos 80, a música brasileira pode-se dizer, estava em alta e tinha qualidade tanto melódica quanto de letras. Assim também era a música religiosa, cujos letristas e músicos presavam por conteúdo bíblico e até musicavam salmos e trechos das Escrituras. Desse período e do período anterior podemos citar: Grupo Elo, Grupo Logos, Vencedores por Cristo, Raízes, Asaph Borba, Luis de Carvalho, Denise, João Alexandre, Álvaro Tito, Armando Filho, (podemos por nessa lista Arautos do Rei e Prisma Brasil), e tantos outros cantores e compositores que dava prazer de se ouvir. Eram os compositores desses cantores e grupos citados, teologicamente fortes, cujas letras eram centradas no Evangelho.

         Depois dos acima citados, começou a surgir no Brasil, um grupo de cantores e compositores evangélicos com características muito mais popular, cujo objetivo era fazer um contraponto à música secular e atrair os que detestavam o estilo da música religiosa tradicional, oferecendo um estilo parecido com o secular, mas com letras evangélicas, de fraco ou nenhum conteúdo bíblico. Falavam de paixão, amor e romance. Dai surgiram bandas como Katsbarneia, Novo Som, Resgate, Oficina G3, Banda e Voz e outras, além de cantores como Brother Simion, Carlinhos Felix, Cristina Mel, Aline Barros, etc.

         Na sequência vieram as músicas de caráter beligerante, era o movimento de batalha espiritual, cujas letras “amarravam o diabo” e declaravam guerra contra as trevas. Depois surgiram as igrejas que formaram grupos musicais onde algumas delas tentaram trazer o conteúdo bíblico para as composições e músicas, e viu-se conotações religiosas sutis, mas o que mais se destacou foram as músicas intimistas. Nesse grupo estavam, Diante do Trono, Comunidade Internacional da Zona Sul, Comunidade Evangélica de Vila da Penha, Comunidade de Nilopes, Ministério Apascentar de Nova Iguaçu, Kleber Lucas, dentre outros.

         Do lado do pentecostalismo, pouca coisa se aproveitou e podemos constatar que continua a mesma coisa.

A MÚSCIA PODE ENFRAQUECER A FÉ DE UM CRENTE?

         Minha resposta a essa pergunta é: Sim, pode! Se o coração não estiver no lugar certo, é claro que pode. E eu estou falando da música dita religiosa e não da secular. Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou que o que contamina o homem é o que sai da sua boca (Mt. 15.11). Mas muitas vezes, o que sai da boca é aquilo que entra pelos ouvidos, saindo em forma de conversas e decisões diárias.

Me respondam sinceramente: Um crente pode permanecer fiel a Cristo, aos seus princípios e valores e ao seu evangelho, se alimentando constantemente de música secular? Talvez. Eu particularmente duvido! O conteúdo dos temas das músicas dos artistas seculares, fatalmente deixará a sua marca na vida do indivíduo crente. Quando eu escolho uma música pra ouvir, meu pensamento primeiramente vai ao texto de Filipenses 4.8: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.”

Você conhece alguma música secular que inclua todos esses elementos mencionados pelo apóstolo Paulo? Com aquilo com que eu encho a minha mente, será aquilo que irá determinar as minhas ações, palavras e escolhas. Fidel Castro, ditador cubano disse: “Dá-me uma criança de quatro anos e eu te dou um comunista pra toda vida.” Quando Paulo em Romanos 12. 1,2, fala de “renovação da vossa mente”, ele está falando que uma mente renovada, passa pela atitude de abolir aquilo que é contrário aos valores do reino de Deus na mente do crente. Uma nova forma de pensar, que passa pela meditação naquilo que tem conteúdo bíblico, naquilo que está recheado de princípios e valores do reino de Deus.

O PERIGO DA MÚSICA SECULAR.

Paulo escrevendo aos coríntios, 15.33, diz: “Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.” Podemos incluir aqui, sem sombra de dúvidas, as influências corruptoras de músicas e compositores seculares, nos valores e princípios dos crentes.

Quero concluir essa primeira parte apelando ao apóstolo Paulo para nos orientar. Ele diz em I Co. 6.12: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.” O crente pode ouvir de tudo em termos de música, mas com certeza quase nada, será útil para a sua vida.

Minha conclusão pessoal no que se refere a dar valor ou apreciar simplesmente a música secular, passa pelo crivo de Nosso Senhor Jesus Cristo em Mateus 12.30:

Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.”



Soli Deo Gloria!!!

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