quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

NATAL: JESUS NASCEU, PODEMOS CANTAR DE ALEGRIA.

Hoje é dia de Natal. Nesse dia nasceu o Salvador do mundo Jesus Cristo. Ele é o motivo de toda celebração, de toda festa, de toda reunião familiar ao redor do mundo. 

Até mesmo os que desdenham de Deus e do seu amor infinito pelo mundo perdido, providenciado o Salvador, festejam esse dia, celebram a véspera e o dia de Natal, simplesmente porque Jesus nasceu, como o fato histórico mais importante do mundo.

Quando o homem voluntariamente separou-se de Deus optando por desobedecer à ordem do Senhor e caindo em desgraça à partir dai, Deus mesmo providenciou a saída do estado de perdição em que o homem se meteu, e, no tempo certo, o mesmo Senhor, "tornou-se carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, como do unigênito do Pai." (João 14.1).

Hoje é um dia para reflexão, para pensar na vida, não na nossa vida como seres humanos meramente, mas para pensar na nossa vida com Deus, no que Ele quer de nós, no nosso discipulado, no nosso envolvimento com a sua causa. 

A causa de Cristo é a causa do amor e do perdão. Foi por isso que Deus se fez "Emanuel", Deus conosco, Deus por nós, Deus no meio de nós. Foi por amor que Deus encarnou e veio ao mundo na pessoa de Jesus Cristo o seu filho muito amado. Mas também além do perdão, Jesus veio ao mundo para perdoar, para dizer ao homem que Ele mesmo satisfaria a exigência de Deus em sacrificar-se no lugar do pecador incapaz.

Pense, reflita e veja onde você se encontra nesse contexto. Hoje é tempo de parar e pensar...

Minha oração é que você viva de modo a refletir a Cristo em sua vida, e que no ano novo que se aproxima, Deus ilumine os seus passos para o caminho que ele traçar para você seguir.

Só Jesus Cristo pode te dar a paz, só Jesus pode Salvar a tua alma e garantir a você a eternidade.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

31 DE OUTUBRO - DIA DA REFORMA PROTESTANTE - 496 ANOS -

OS ÚLTIMOS DIAS DE VIDA

E

A MORTE DE MARTINHO LUTERO


Por causa das ricas minas de ferro e prata, nasceram em Mansfeld, entre os condes, escandalosas questões de família. Por fim combinaram-se em mandar decidir estas questões, que duravam anos, por homens bem intencionados. Então os condes pediram ao eleitor da Saxônia que enviasse Lutero a Eisleben.

Lutero. Apesar de estar muito fraco, atendeu ao chamado com alegria, porque dizia:

Eu me deitarei com satisfação no meu ataúde, se viver até que os meus queridos soberanos se reconciliem e vivam outra vez em boa concórdia e de coração unânime.

Quanto ao seu débil corpo ficaria fatigado da viagem, ele o sabia de antemão, porque, pouco antes da sua viagem, escrevera numa carta:

Esperava que agora depois de velho, decrépito e cego de um olho (pois ultimamente sofria de uma vista), me devessem dar descanso, no entanto me sobrecarregam de tal modo com escrever, falar, fazer e tratar como se nunca tivesse tratado, escrito, dito ou feito alguma coisa.

Quando Lutero se despediu dos membros de sua igreja, depois do sermão do dia 17 de janeiro de 1546, disse “que quando soubessem que ele se achava doente, não pedissem vida prolongada, mas somente uma boa morte.”

No dia 23 de janeiro de 1546, no inverno, num dia de muito frio, Lutero seguiu de Wittenberg, acompanhado de seus três filhos: João Martin e Paulo, e de seu velho e fiel criado, chamado Ambrósio Rutfeld. No dia 24 chegaram ao Portal, onde ficaram na casa de seu amigo, o superintendente Dr. Jonas.

Por causa do degelo que sobreveio de repente, as águas do Sala (rio da Alemanha) cresceram tanto, que passaram das margens, de sorte que Lutero teve de ficar no Portal até o dia 28. Neste dia ele deixou a cidade, acompanhado do Dr. Jonas e atravessou o rio numa canoa com grande risco de vida. Quando o barco vacilante ameaçou de afundar, Lutero pôs-se em pé, impávido, animando os seus companheiros.

Infelizmente Lutero pegou uma gripe terrível que ficou com muita dor no peito. Ainda chegou no mesmo dia à cidade onde nasceu, porém, muito cansado. Foi muito bem recebido pelos condes, cidadãos e mais cento e treze pessoas que lhe foram ao encontro à cavalo.

A sua principal ocupação referia-se naturalmente à acomodação das questões de famílias dos condes; por isso ele assistia a todas as sessões, sem exceção. Para o seu extremo prazer, as tristes questões tiveram afinal um termo pacífico. No dia 14 de fevereiro ele escreveu à sua esposa dizendo que, “graças a Deus, os homens se reconciliaram quase em tudo, e que também ele ficara livre das opressões que sentiu primeiro e que ainda nessa semana voltaria para casa.” Porém em poucos dias, a sua esposa tinha de saber de uma outra volta à casa muito diferente.

A morte de Lutero

Até o dia 16 de fevereiro, Lutero sentia-se bem melhor de saúde e, como sempre, em Eisleben mostrava bom humor, que fazia com que o trato com ele fosse bem agradável; porém no dia seguinte tornaram a aparecer as dores e os primeiros incômodos de um modo perigoso. Os condes com o Dr. Jonas e o pregador Collius, lhe pediram que descansasse, e não fosse até a sala grande, para os autos, antes do meio dia. Lutero obedeceu ao conselho que lhe deram. Deitava-se de vez em quando em sua cama, passeava na sala, orava e dizia várias vezes: Dr. Jonas e sr. Collius, em Eisleben fui batizado.” Como se devesse ai ficar.

Apesar de sua fraqueza, tomou parte na ceia, pois dizia: “Estar só não traz alegria.” Na mesa falou muito da morte e da vida futura. Logo Lutero se recolheu ao seu aposento e orou em voz alta. Depois queixou-se: “Está me oprimindo e doendo o peito como antes.” Com tudo isso, rejeitou o oferecimento de se mandar vir os dois médicos da cidade.

Quando o conde Alberto pessoalmente se informou de seu estado, ele lhe deu a resposta: “não tem perigo senhor, estou começando a melhorar.”

As nove horas deitou-se dizendo: “Se eu pudesse dormir uma meia hora, esperava que pudesse melhorar tudo.” De fato dormiu suavemente até as dez horas, e quando enxergou o Dr. Jonas e os outros disse: “Ainda estão acordados? Não querem dormir?” Ao que responderam: “Não doutor Lutero, agora queremos velar e cuidar do senhor.” Então Lutero levantou-se, passeou no quarto, não se queixou de dor nenhuma, e, deitando-se na cama outra vez, disse: “Nas tuas mãos encomendo a minha alma; tu me salvaste, Senhor, Deus fiel.”

Depois que o cobriram bem, ele deu a mão aos que o rodeavam, desejando-lhes boa noite, e disse: “Dr. Jonas e vós outros que aqui estão comigo, orem pelo evangelho, para que prospere.”

Pela 1 hora da madrugada, Lutero acordou dizendo: “Ah meu Deus, quanta dor! Acho que ficarei aqui em Eisleben, onde nasci e fui batizado.”

O Dr. Jonas respondeu: “Ah, reverendo, Deus nosso pai celestial, velará por Cristo, a quem, vós pregastes.”

Depois disso, Lutero tornou a se levantar, passeou na sala e orou: “Nas tuas mãos encomendo o meu espírito; tu me salvaste, Senhor, Deus fiel.” Deitando-se de novo, tornou a se queixar de que se lhe oprimia o peito mas que era poupado o coração.

Enquanto chamavam o dono da casa e dois médicos, esfregavam o paciente e esquentavam o seu leito.

 Logo depois chegaram também o conde Alberto e sua esposa, e lhe deram alívio, mas o incomodo parecia crescer e Lutero falou: “Meu Deus, estou oprimido de angústia e dor; passo para outra vida, aqui em Eisleben.” Em seguida o doente orou com mais fervor:

Ó meu pai celestial, meu Deus, pai de nosso Senhor Jesus Cristo, ó Deus de toda a consolação, agradeço-te por me teres revelado o teu filho Jesus Cristo, no qual eu creio, o qual tenho amado e louvado, confessado e pregado, o qual todos os ímpios perseguem e contra o qual blasfemam. Rogo-te receba a minha alma senhor Jesus Cristo. Ó pai celeste, ainda que tenha de deixar este corpo e ser levado para longe desta vida, sei com certeza que tenho de ficar contigo eternamente, e que das tuas mãos ninguém me pode arrancar.


Disse mais ainda Lutero em sua oração:

Deus amou de tal maneira o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que todos os que nele creem, não pereçam, mas tenham a vida eterna. Nós temos um Deus e Senhor dos senhores, que livra e salva da morte e conduz o fiel à vida eterna.”

Depois da oração Lutero ficou quieto. Sacudiram-no, esfregaram-no e o chamaram, mas ele fechou os olhos e não respondeu. Então o Dr. Jonas falou em voz alta: “Reverendo, quereis morrer perseverando em Cristo e na doutrina que pregastes?” O moribundo respondeu, de modo que todos ouviram claramente: “Sim”.
Dito isto, virou-se do lado direito, e dormiu por vinte e cinco minutos sossegadamente, de sorte que até esperaram a sua melhora. Nesse momento chegou também o conde de Schwarzburgo. Pouco a pouco as faces de Lutero empalideceram, e a testa e os pés esfriaram ainda mais; e quando o sacudiram e chamaram pelo seu nome, ele não respondeu mais. Com as mãos juntas, tomou profundo fôlego e expirou suave e pacificamente no Senhor.

Isso tudo aconteceu no dia 18 de fevereiro de 1546, entre duas e três horas da madrugada. Ele tinha 62 anos, 3 meses e oito dias.

Depois que Lutero faleceu, os condes que estavam presentes, ordenaram que continuassem a esfregar, esperando que assim tornasse a viver; porém seu corpo esfriava cada vez mais, e assim tiveram de perder toda a esperança de revificação.

As 4 horas mudaram o cadáver para outra cama, onde ficou até as nove horas. Ainda antes de clarear o dia, chegaram o príncipe de Anhalt, cinco condes de Mansfeld e muitos fidalgos para darem a conhecer a sua participação no doloroso sentimento pela morte que lhe sobreveio.

A notícia da morte de Martinho Lutero cobriu de pesar e de luto toda a cidade de Eisleben, e pessoas de todas as idades foram à casa onde estava o corpo do defunto, afim de manifestar o seu profundo pesar.

As 9 horas da manhã, envolveram o cadáver numa toalha branca e o puseram na sala; de tarde mudaram para um caixão de estanho, e o guardaram na mesma casa durante a noite.

Depois do falecimento de Lutero, o Dr. Jonas avisou imediatamente o eleitor Frederico, o sábio, e pediu-lhe que desse as providências necessárias para o enterro. Ainda na mesa tarde estas chegaram a Eisleben.

O eleitor escreveu aos condes dizendo que desejava que eles tivessem poupado o homem de idade avançada de viagem tão difícil. A respeito do enterro ele desejava que levassem o cadáver para Wittenberg e o depositassem na igreja do palácio.

No dia 19 de fevereiro, ás duas horas da tarde, em procissão fúnebre formada dos condes de Mansfeld e uma grande multidão de povo, levaram Lutero, com toda a solenidade, à principal igreja de Eisleben, onde o Dr. Jonas pregou um sermão fúnebre baseado na primeira carta de Paulo aos Tessalonicenses 4. 13-18. Durante a noite, o ataúde ficou na igreja, guardado por dez cidadãos.

No dia seguinte o supracitado Collius pregou outro sermão sobre Isaias 51.1, e ao meio, tiraram o cadáver para fora da cidade, sendo acompanhado por 45 pessoas a cavalo.

Em todas as aldeias por onde passava a procissão fúnebre, ajuntavam-se homens, mulheres e crianças para dar os seus pêsames. Às 5 horas da tarde chegou ao Portal. Na porta da cidade receberam-no o magistrado, os eclesiásticos e os professores com os alunos. O choro e o pranto era tão grandes, que até se ouviam na última carruagem que acompanhava.

Por causa da grande afluência de gente, as ruas ficaram repletas, de maneira que tiveram de parar continuamente, e levaram duas horas para chegar à igreja principal. Ali choraram mais do que cantaram um hino, como diz uma testemunha.

No dia 22 de fevereiro, chegaram a Wittenberg, na mesma porta da cidade, onde Lutero em 1520 queimara a carta de excomunhão papal, esperavam o seu cadáver os professores da Universidade, o conselho, a câmara municipal, o clero, os mestres com os alunos e uma multidão incalculável de gente. A procissão se pôs em movimento, passando a porta para a igreja do paço. Adiante do cadáver, iam à cavalo os deputados do eleitor, alguns condes de Mansfeld, ao todo 65 homens.

Após o carro do cadáver, seguiam imediatamente a viúva e os filhos de Lutero, o seu irmão Jacob e outros parentes; depois os professores, o conselho, os cidadãos do povo. Chegados a igreja do palácio, puseram o caixão em frente do púlpito, cantaram alguns hinos apropriados e o Dr. Bugenhagen, ou Pomeranos, pregador de Wittenberg, fez um sermão fúnebre sobre I Tess. 4. 13-14. O choro e o soluço abafavam, às vezes, a voz do pregador; mesmo o Dr. Bugenhagen não podia quase falar de sentimento, e parava algum tempo. Depois da pregação, fizeram oração num tom melancólico e profundamente comovidos.

Em seguida baixaram o caixão à sepultura, perto do púlpito em que o adormecido pregara muitas vezes o Evangelho de Cristo, com veemência e fervor.

Uma enorme chapa de metal fechou a sepultura e uma chapa de latão traz até agora a simples inscrição: “Aqui jaz o cadáver de Martinho Lutero, doutor em santa teologia, falecido no dia 18 de fevereiro de 1546, na sua cidade natal – Eisleben, na idade de 62 anos, 3 meses e 8 dias.” E mais abaixo: “O nosso fim seja como o fim desse homem de bem!”

Um ano depois do enterro de Lutero, viu-se ao lado da sepultara, pensativo, o poderoso imperador Carlos V, submerso em imaginação, contemplava silencioso o jazigo deste grande amigo da verdade, do qual já se tinha admirado em Worms, em 1501. Um dos que acompanhavam o imperador (não se sabe certamente se foi o cruel duque de Alba ou o cardeal Granvella), disse-lhe que mandasse desenterrar e queimar os ossos desse perigoso herege; porém Carlos replicou: “Deixai-o jazer, ele achou o seu juiz; não faço guerra aos mortos, mas aos vivos!”


Conclusão:

Que a recordação do justo Lutero, nos inspire a continuar na fé que ele pregou. No próximo dia 31 de outubro de 2013, comemoraremos 496 anos da Reforma protestante, evento que trouxe a Bíblia para o povo e trouxe de volta a doutrina bíblica para sociedade.

Não fosse Lutero e os reformadores, ainda hoje estaríamos escravos do analfabetismo bíblico e nada conheceríamos de Deus.

A igreja católica romana deturpou as verdades da Escritura Sagrada, corrompeu o ensino dos apóstolos e nessa corrupção doutrinária vive montada.

Aprouve a Deus, no momento certo da história, levantar homens como John Knox, Zwilglio, Hus, Melanchton, Lutero e Calvino. Graças a eles, hoje temos uma igreja que mantém a doutrina bíblica intacta e que caminha combatendo o erro dos que se dizem cristãos fora da Escritura.


Sigamos o exemplo de fé e amor desses abnegados servos de Deus.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

31 DE OUTUBRO, DIA DA REFORMA PROTESTANTE

LUTERO E A DIETA DE WORMS

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Rev. João d’Eça

O Imperador Carlos V convocou uma dieta do império para o ano de 1521, e pediu ao eleitor do império germânico da Saxônia, Frederico, o sábio que também trouxesse Lutero, afim de que fosse decidida a sua causa. Frederico respondeu que o dispensassem, porque não esperava nada de bom para Lutero.

Mas este declarou:

- “Sendo convocado, quero até ser conduzido doente, caso não possa ir em estado de saúde; pois não há dúvida que convocando-me o Imperador, seja convocado por Deus. Não se pode reparar nem em perigo, nem em bem estar.”

Logo depois, recebeu com muito gosto do Imperador a intimação de aparecer em Worms no prazo de 21 dias, e, ao mesmo tempo, a promessa duma escolta livre. O magistrado de Wittenberg deu-lhe uma carruagem para a viagem, e o eleitor Frederico arranjou-lhe para guarda um arauto especial. Acompanhado de quatro amigos e o arauto, Lutero seguiu animado a sua viagem de Wittemberg. Em toda parte, ajuntava gente para ver o homem ilustre do qual se falava tanto.

De Erfurt vieram-lhe ao encontro, de uma distância de duas léguas, quarenta cavaleiros e muitas pessoas a pé, afim de o acompanhar honrosamente à cidade. E nas mesmas estradas, onde ele tinha passado antes como monge, com o alforje, a multidão o recebeu com júbilo. Insistiram tanto que ele pregou para uma enorme multidão.

Quando o aconselharam a não ir a Worms, porque lá seria reduzido a pó, respondeu:

- “Ainda que façam uma foqueira de Wittenberg a Worms até o céu, em nome do senhor quero aparecer.”

Em Oppenhein ele recebeu uma carta de Spalatin (o qual acompanhara o seu amo à dieta) com a advertência de não se expor a tal perigo, em Worms; mas o brioso Lutero mandou lhe dizer:

- “Ainda que houvesse tantos demônios em Worms, como telhas nas casas, lá queria entrar.”

No dia 16 de abril ele chegou. Uma grande multidão foi-lhe ao encontro, Uns a pé, outros à cavalo e outros a carroça. Na cidade apertavam-se ao redor de sua carruagem, mais de dois mil homens.

Já no dia seguinte, as quatro horas da tarde, o marechal veio busca-lo para a dieta do reino. O aperto diante da sua casa era tão grande (até os telhados estavam ocupados), que o marechal teve de passar por algumas casas e jardins.

Na porta do salão estavam alguns fidalgos cavaleiros. Um deles, Georg Frundsberg, um guerreiro disposto, bateu-lhe no ombro dizendo:

-“Fradinho, fradinho, agora vais por um caminho, que nem eu nem outro superior passamos na ordem de batalha mais séria.”

- “Estás intimamente persuadido e certo de tua causa? Então continua em nome de Deus, e tem confiança de que Deus não te abandonará.”

Estas palavras elevaram muito o seu ânimo; o seu coração bateu mais forte, quando ele agora pensou que tinha de defender a sua doutrina perante o rei e o reino.

Abriram-se as portas do salão e ele ousadamente entrou. Mais de cinco mil pessoas, que estavam na sala, na antessala, e nas janelas, olharam para ele e só para ele, num momento, e, diante de si, ele viu, no final da sala o Imperador Carlos, no hábito solene imperial, assentado no seu trono e diante deste, em duas extensas fileiras, os eleitores, príncipes e condes do reino alemão. Mas dos olhos da maior parte irradiava interesse e admiração, e aqueles que estavam mais perto, lhe cochichavam, aconselhando-o a se animar e anão temer os que só podem matar o corpo.

Então, o marechal do império, passou à sua frente e perguntou-lhe se reconhecia como seus os livros que estavam em cima da mesa. E quando ele respondeu que sim, perguntou-lhe o marechal se queria revogar as opiniões que continham aqueles livros. A última pergunta parecia surpreendê-lo. Em seguida pediu prazo para deliberar, o qual o Imperador lhe concedeu.

Quando ele saiu reconheceu que não seria fácil defender a sua causa perante o rei e o reino. Mas o pensamento no auxílio de Deus, o qual se expressa tão eficaz em seu maravilhoso hino: “Castelo Forte” deu-lhe novo ânimo para defender a verdade sem acepção de pessoas.

No dia seguinte, quando ele compareceu, todos estavam interessados em extremo pela sua resposta decisiva. Desta vez tinha de esperar por duas horas na ante-sala. Quando ele entrou às seis horas, já ardiam os archotes; também no seu coração ardia a inspiração de confessar francamente a verdade.

Ele então começou:

- “Excelentíssimo imperador, ilustríssimos eleitores, príncipes e senhores. Compareço obediente no prazo que me foi concedido ontem de tarde e peço pelo amor de Deus que vossa majestade e excelências queiram atender misericordiosamente a esta causa justa e verdadeira, como eu espero, e queiram perdoar-me se eu por ignorância não der o título próprio a cada um, e, além disso, não me comportar conforme o uso na corte, pois tenho passado sempre no convento e nunca na corte.”

- “Quanto a mim não me posso manifestar de modo diverso do que tenho escrito e ensinado com simples coração até agora e somente tenho procurado e considerado para a honra de Deus e proveito e salvação dos crentes em Cristo, afim de que fossem instruídos na verdade e pureza.”

Depois ele explicou-se com sinceridade sobre os seus livros. Tudo isto falou ele em alemão. Então lhe fizeram lembrar que o Imperador entendia o alemão com dificuldade. Em seguida repetiu todas as palavras em língua latina, apesar de que suava muito por causa da multidão e porque estava muito perto dos príncipes.

Por fim o interrogou um clérigo distinto, dizendo que desse uma resposta direta e resumida: se queria revogar ou não. Lutero disse:

- “Bom, desde que a majestade imperial e os senhores eleitores e príncipes requerem uma resposta simples e resumida, quero dar esta que não há de ter nem chifres nem dentes, a saber: Desde que não seja vencido e convencido por testemunhos da Santa Escritura, ou por públicas, claras e compreensíveis razões e bases, não quero e nem posso revogar nada, porque não é nada seguro e nem conveniente fazer qualquer coisa contra a consciência. Aqui estou, não posso proceder de outra maneira. Deus me ajude! Amém!”

Esta sincera declaração fez uma extraordinária e favorável im pressão nos príncipes e outros auditores; até mesmo o imperador disse:

- “O frade fala desembaraçado e com o coração confiado.”

Frederico, o sábio gostou especialmente de Lutero. – “Oh como falou bonito!” Disse ele ao seu pregador da corte chamado Spalatin.

Ainda na mesma tarde, o velho Rodrigo, duque de Brunsvico, apesar de ser um católico zeloso, mandou a Lutero um jarro de prata com cerveja especial, a fim de se refrescar. Também vários príncipes visitaram Lutero na sua residência, diante da sua casa sempre havia gente, que o queria ver.

Somente o papa e os seus representantes legais na reunião, empregavam o céu e o inferno para arruiná-lo, e para levar os príncipes a declará-lo proscrito e herege.

O eleitor de Treveris experimentou mais uma vez fazê-lo revogar os seus escritos, mas Lutero deu-lhe uma linda resposta:

- “A obra sendo de homens, perecerá; mas sendo de Deus, permanecerá.”


A consequência e o caminhar da história, mostrou que a sua obra é obra de Deus.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

31 DE OUTUBRO DIA DA REFORMA PROTESTANTE

A estrutura pagã do catolicismo Romano.


Introdução:
Depois do estabelecimento do cristianismo no século 1, como o maior evento da história da humanidade, a Reforma protestante, 16 séculos depois, é o segundo maior evento do cristianismo.

A invenção da imprensa por João Gutemberg, juntamente com a redescoberta das letras, foi o que preparou o terreno para o evento histórico chamado Reforma. O redescobrimento das letras clássicas fez com que o cristianismo não fosse deturpado com adições comprometedoras.

Como a igreja havia se afastado da sua inicial pureza e simplicidade, com o surgimento da igreja católica romana no século IV, com o imperador Constantino, quando este cristianizou o Império e passou dai em diante a ser uma igreja comprometida e envolvida com a política e os negócios seculares.

Já na época de Paulo, apóstolo, o partido judaico-cristão, por Paulo combatido com veemência, havia conseguido implantar em meio aos primeiros cristãos, ideias e costumes emprestados exclusivamente do Antigo Testamento. As pompas do culto, necessárias a um povo grosseiro e rudimentar, que ainda se achava no berço da sua existência política, insinuaram-se na igreja. Copiaram o sacerdócio israelita e, de imitação em imitação acabaram por ter a hierarquia dos sacerdotes judaicos, desde o sumo pontífice, até o mais humilde dos ajudantes do templo.

Os judeus eram detentores do sacrifício perpétuo, a igreja romana também reivindicou esse sacrifício, os judeus tinham uma lâmpada que nunca se apagava, a igreja romana também acendeu uma lâmpada nos seus templos. Os judeus tinham o altar onde o sangue das vítimas era derramado, a igreja romana também estabeleceu um altar onde é feito um sacrifício incruento (a missa). Os judeus tinham festas solenes, a igreja romana instituiu festas análogas nesse novo culto. Essa imitação do romanismo às festas judaicas podem ser explicadas da seguinte forma: Moisés e os profetas dos judeus foram os antepassados do Salvador, os arautos da sua vinda. Deus havia falado por intermédio dos antigos profetas e os seus escritos eram a Palavra de Deus.

A igreja romana decidiu perpetuar essas cerimônias no culto cristão. Diziam que fazer assim era uma demonstração de obediência ao Senhor. Porém, eles não souberam distinguir o que, na antiga aliança, era permanente e o que era transitório. Confundiram os ritos cristãos com os ritos judaicos. É dai que vem essa identidade judaica dos rituais que existe no romanismo.

PERÍODO DA IDADE MÉDIA

Na Idade Média, a igreja romanizada e já corrompida introduziu muito do paganismo nos rituais romanistas. Muitos usos e tradições dos pagãos foram incorporados no romanismo. Eram costumes que os papas consideraram inocentes, que no princípio se desculpava e que mais tarde veio a ser tolerado, introduzindo no inconsciente das massas ignorantes as ideias e superstições pagãs.

Os acontecimentos se processam da seguinte forma: primeiro desce-se por um declive inicialmente insensível desviando-se e afastando-se do terreno primitivo, e, sem pensar, encontra-se num terreno totalmente diferente, numa zona desconhecida, numa atmosfera totalmente adversa da original. Depois de se estar lá, o próximo passo, é acomodar o novo estado dos espíritos com os dogmas primitivos, modificando-se e interpretando-se de um outro modo, para só então se perceber que a nova religião está impregnada de elementos da antiga.


O PANTEÃO ROMANO

No Panteão romano, assim como no grego haviam centenas de deuses, cada um para uma faceta da vida humana. A sociedade grega e a romana também era politeísta. O romanismo não aboliu esses deuses, mas os incorporou de outro modo.

Entre o Deus supremo e os homens, o romanismo colocou um exercito de semi-deuses, heróis divinizados. Em lugar das deusas colocou-se a virgem Maria, em lugar dos heróis, colocou-se os santos. Em lugar dos deuses domésticos colocou-se os padroeiros da família sob o nome venerado dos apóstolos ou de alguns cristãos célebres. Estabeleceu-se então uma corte de deuses, assim como os deuses do Olimpo.

JUDEUS E PAGÃOS

Os judeus tiveram os profetas, dirigidos pelo Espírito Santo e constante comunhão com o Altíssimo. Foram os profetas quem redigiram os oráculos divinos que vieram a se tornar o código religioso de Israel.

O paganismo não possuía revelação escrita, mas possuíam um corpo de sacerdotes que serviam de intermediários entre os deuses e os homens. Na crença pagã os deuses não falavam com os homens, mas somente com os sacerdotes e para consultar os deuses, necessitava-se da intermediação sacerdotal. Os sacerdotes eram o primeiro degrau da escada de seres divinos que terminava em Júpiter. Os seus ensinos eram infalíveis e a sua autoridade era incontestável. Para o paganismo tudo se resumia em obedecer aos sacerdotes. O sacerdote era o representante oficial da religião. Não se podia dispensar o seu ministério em nenhuma cerimônia pública. Assim o paganismo tornou-se, em essência, uma religião humana.

O princípio era a glorificação do homem na pessoa do sacerdote ou a exaltação do homem na deificação dos imperadores. Pedro vem e combate esse pensamento quando diz: “Vós sois reino de sacerdotes.” (I Pd. 2.9).

Já deu pra perceber sobre onde e sobre o que está montado todo o arcabouço do catolicismo romano. Foi contra toda essa gama de paganismo que os Reformadores lutaram, foi contra essa deturpação do cristianismo que Martinho Lutero e João Calvino levantaram as suas vozes e trouxeram a igreja para os seus princípios originais.


Continuaremos no próximo artigo.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

31 DE OUTUBRO – DIA DA REFORMA – PARTE I

31 DE OUTUBRO – DIA DA REFORMA – PARTE I

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Rev. João d’Eça

Martinho Lutero nasceu na cidade de Eisleben, na Alemanha, a 10 de fevereiro de 1483 e morreu a 18 de fevereiro de 1546. Tornou-se frade agostiniano. Leu com vigor as Escrituras Sagradas. Numa de suas leituras em latim, encontrou em uma bíblia que costumava ler na biblioteca do convento de Erfurt, a luz que procurava para a sua alma combalida e cansada pelo peso do pecado e da incerteza que o corroía pela dúvida que tinha se Deus perdoaria os seus pecados pelos sacrifícios que ele costumava fazer para aplacar a ira divina. A luz que irradiou na sua vida foi o texto de Romanos 1:17: “... o justo viverá por fé.”

Iluminado pela luz da Palavra de Deus, inicialmente Lutero pregou contra as “indulgências”[1]. As pessoas na Idade Média tinham pavor da morte e do Inferno, nada sabiam acerca da fé verdadeira, desconhecendo por completo os princípios e valores relativos ao reino de Deus. A igreja católica negava ao povo esse conhecimento, e o que lhes dava era figuras medonhas e um retrato de um Deus vingativo e que punia com a morte e o inferno, a todos que não doassem à igreja os seus recursos e as suas propriedades.

Como as pessoas tinham pavor do inferno, a igreja então dizia que os que trouxessem ofertas aos seus cofres, teriam os seus pecados imediatamente perdoados e se a oferta fosse maior, os pecados dos seus entes queridos já mortos, também seriam perdoados e as suas almas sairiam do “purgatório”.

Como na Idade Média, as pessoas hoje em dia vivem com medo da solidão, da pobreza e da doença. Do modo como fez a igreja católica na Idade Média, assim essas igrejas de hoje, como Universal, Poder de Deus, Igreja da Graça, Igreja Renascer, Sara Nossa Terra e todas as neo-pentecostais, fazem o mesmo, dizendo que se as pessoas vierem e ofertarem para essas igrejas, elas terão todos os seus problemas resolvidos (Fé Tabajara): Volta do marido ou da esposa, se não tinham encontrarão o cônjuge ideal e serão livres de doenças e ainda prosperarão financeiramente. Quando a pessoa não alcança o prometido, a desculpa que eles dão é: “Ou você não tem fé”, dai começa outra campanha, com mais fé, ou “você está em pecado.”

Na Idade Média, a culpa era da igreja católica que além de negar o conhecimento ao povo, ainda os enganava com promessas mentirosas. Hoje em dia isso é feito por 99% das igrejas neo-pentecostais, e a culpa não é mais das igrejas, mas das pessoas, que não procuram estudar o assunto da fé e da religiosidade com sinceridade. Gastam a vida e a saúde em busca de diversão, distração e baladas, porém, quando sofrem as consequências na saúde, nos relacionamentos ou nas finanças, tendem a procurar os charlatães das igrejas mencionadas acima e ai são ludibriadas, por sua própria culpa.

Lutero aprofundou-se nos estudos da Escritura Sagrada e nos clássicos da literatura da antiguidade cristã, foi demonstrando com grande eloquência e erudição que também: o papado, o purgatório, o celibato clerical, a transubstanciação, as imagens, a confissão auricular, etc, eram inovações humanas do romanismo, abusos introduzidos paulatinamente na igreja.

Lutero traduziu a Bíblia em linguagem popular e foi o responsável da volta que o cristianismo deu às suas origens primitiva. Levantou um protesto eficaz contra os acréscimos do romanismo ao cristianismo, ou aquilo que ele denominou “apostasia ultramontana”.

O número de adesões na Europa só crescia mais e mais, cresceu e avassalou o mundo todo, tornando a Reforma, o segundo momento mais importante da história do cristianismo, sendo o primeiro, a Encarnação do Verbo, ou nascimento de Jesus Cristo. Lutero não foi o criador de uma nova religião, foi somente o homem usado por Deus para trazer o cristianismo às suas origens primitivas. Ele foi somente um pregador do Evangelho.



[1] Indulgências eram títulos de propriedade do céu, onde quem ofertasse para a construção da Catedral de São Pedro em Roma, teria todos os seus pecados passados, presentes e futuros, perdoados. O responsável pelo recolhimento dessas ofertas nas cidades alemães era o frade Yohann Tetzel que tinha um incentivo para fazer as pessoas ofertar. Ele dizia: “Quando a moeda tilintar no fundo do cofre, mas uma alma sai do purgatório e voa para o céu.”

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A ORAÇÃO DE AGRADECIMENTO DE YOHANN KEPLER

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Rev. João d'Eça


O celebre astrônomo Yohann Kepler nasceu em Weil, em 1571, de uma família nobre, rica e tradicional, mas que devido à malversação dos recursos, sofreram contínuos revezes em sua fortuna.

Kepler estudou na universidade de Tubingem, que era na época uma das mais conceituadas, com professores de primeira grandeza, muitos dos quais muito o ajudaram nos momentos de dificuldades pelos quais ele passou.

Kepler assumiu a cadeira de professor de matemática em 1594 em Graetz, Styrie, universidade que em 1782 foi substituída por um colégio secundário.

No ano de 1600 Yohann Kepler viajou para a Boemia com a intenção de estudar astronomia com o sábio Tycho-Brabe conseguindo aperfeiçoar os óculos que eram usados na época. Os óculos de Galileu, Kepler substituiu por dois vidros convergentes que ficou conhecido por luneta astronômica.

Kepler escreveu muitas obras em latim e teve a glória de descobrir, em 1618, as leis sobre as quais está fundamentada a astronomia moderna. Foi um trabalho de 22 anos de pesquisas.

Yohann Kepler era um homem de fé e o seu nome ficou marcado na história da Ciência. Cada vez que deixava o seu escritório de trabalho e recolhia-se para orar.

Em 1619, depois de ter concluído um dos seus principais trabalhos A Harmonia do Mundo – dirigiu com devoção uma humilde oração a Deus:

Óh tu que pelas luzes sublimes que tens espalhado sobre toda a natureza, elevas nossos desejos até a divina luz da tua graça, afim de que sejamos um dia transportados à luz eterna de tua glória! Eu te dou graças, Senhor e criador, por todas as alegrias que tenho experimentado nos extases em que me tens lançado a contemplação da obra de tuas mãos. Eis que termino o livro que contém o fruto de meus trabalhos. Empreguei para compô-lo toda a inteligência que me deste. Proclamei diante dos homens toda a grandeza de tuas obras, dei testemunho tanto quanto meu espírito finito pôde abranger o infinito. Fiz todos os esforços para me elevar à verdade pelos caminhos da filosofia, e sucedeu a mim, miserável verme concebido e nutrido no pecado, dizer alguma coisa indigna de ti, faz-me conhecer afim de que eu a possa apagar. Será que não fui levado pelas seduções da presunção diante da beleza admirável de tuas obras? Não teria eu proposto ante os homens a minha própria glória elevando este monumento que devia ser consagrado inteiramente à tua glória? Oh! Se assim é Senhor, recebe-me em tua clemência e em tua misericórdia, e concede-me a graça de que a obra que acabo de concluir seja para sempre impotente para fazer o mal, mas que antes contribua para tua glória e para a salvação das almas.


Yohann Kepler faleceu em Ratisbouni, na Baviera aos 58 anos, em 1630.

domingo, 29 de setembro de 2013

A ALEGRIA DO CRENTE

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Rev. João d'Eça


Muita gente pensa que ser cristão (ou crente!), é ser uma pessoa cabisbaixa, triste, bitolada, com ar de compungido e santarrão. Esta é uma das maiores mentiras diabólicas para fazer com que o pecador tenha ojeriza de ser cristão.

Felicidade verdadeira é a porção de cada cristão. Não há razão para a tristeza. Nada há no evangelho que possa nos entristecer:

- Será que pode haver tristeza na vida do pecador que foi perdoado de seus pecados?
- Será que pode haver tristeza na vida do homem condenado, mas que foi alvo da graça e misericórdia de Deus?

Nesse mundo a única pessoa que pode viver alegre é o seguidor de Jesus Cristo, porque somente ele acha-se libertado da escravidão da morte, do pecado e do juízo.

Como o salmista o cristão pode dizer:

“Bem aventurado o pobre cujo Deus é o Senhor” (Sl. 144.15).

“A mim me fizestes conhecer o caminho da vida, encher-me-ás de alegria no teu rosto: deleites na tua direita para sempre” (Sl. 16.11).

Nunca tristes, mas sempre alegres, falando do amor de Cristo, que por sua morte trinfou sobre o pecado e a condenação eterna e tornou os seus seguidores aptos para gozar das alegrias celestiais.



sexta-feira, 27 de setembro de 2013

ROMA, OS PROTESTANTES, E OS SACRAMENTOS


Uma das diferenças mais significativas entre protestantes e católicos, diz respeito aos sacramentos. Se a doutrina cotólico-romana fosse verdadeira, então o protestantismo estaria errado, se o protestantismo está certo, então o ensino cotólico-romano está eivado de erros.

A palavra sacramento vem do latim “sacramentum” e antigamente significava “um juramento ou uma obrigação solene”. Na patrística foi aplicada para significar qualquer coisa sagrada e misteriosa. Com o passar do tempo veio a significar a própria instituição, Igreja.

A definição do Catecismo de Trento, autoridade superior na igreja romana, diz o seguinte: “Um sacramento é uma coisa sujeita aos sentidos, que em virtude da instituição divina, tem o poder de significar santidade e justiça, e infundi-las na pessoa que o recebe.”

No catolicismo a crença é de que os sacramentos “são uns remédios espirituais que nos curam e justificam, dando-nos a graça interna por meio de sinais externos.”

Estas definições declaram que um sacramento não é meramente um “sinal”, mas um “meio” de graça, que há no sinal um poder que “produz” no homem a graça significada pelo sinal.

A definição protestante e: “um sacramento é um sinal externo e visível de uma graça interna e espiritual, ordenado por Cristo como um meio pelo qual recebemos a mesma graça.”

Nessa definição se diz que o sacramento é um “sinal” e um “meio” de graça, mas nada se diz que “produz” graça.

Vê-se que há duas partes no sacramento: “sinal externo e visível, e a graça interna e espiritual.” Nisto estão de acordo católicos e protestantes. Há também concordância na harmonia que deve existir entre o sinal e a coisa significada e sobre a sua instituição.

As discordâncias estão nos seguintes pontos:

1 – A autoridade para se estabelecer um sacramento;
2 – A forma e matéria dos sacramentos;
3 – Influência que exerce o ministro no sacramento;
4 – Uso e objeto dos sacramentos;
5 – Número dos sacramentos.


Referências:

CHAMPLIN, R. N.. Enciclopedia Histórico-Teológica da Igreja Cristã
BERCKHOF, Louis. Teologia Sistemática
GRUDEN, Wayne. Teologia Sistemática
ROBERTSON. O Cristo dos Pactos
HOEKEMA, Anthony. Salvos pela Graça

CULLMAN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

24 de setembro de 1903

24 de setembro de 1903


Prologômenos

Há exatos, 110 anos, nascia em São Luís, a Igreja presbiteriana Independente, dissidência da Igreja presbiteriana do Brasil, que, em 31 de julho de 1903, numa reunião conturbada na cidade de São Paulo, mas precisamente no templo da Igreja Presbiteriana Unida, os partidários do Rev. Eduardo Carlos Pereira, que juntamente com seis outros pastores e com 12 presbíteros saíram da reunião dizendo palavras de ordem e o lema: “Pela Coroa Real do Salvador”, que veio a ser o lema do jornal O Estandarte, à partir dessa data.

Em São Luís, os acontecimentos tiveram lugar no templo da Igreja Presbiteriana de São Luís quando era pastor da mesma o Rev. Belmiro de Araújo César e tinha como presbíteros dessa igreja, os seguintes irmãos:
José Maria de Lima, Felix Emiliano do Nascimento Abreu e Sólon Protásio Coelho de Sousa, que era o secretário do conselho da igreja.

Os fatos

As notícias da divisão nacional ocorrida na cidade de São Paulo em 31 de julho de 1903 espalharam-se em todo o país rapidamente através do jornal O Estandarte, que circulava semanalmente e tinha como editor chefe o Rev. Eduardo Carlos Pereira.

Toda questão que acabou gerando a divisão da igreja, tinha com o pano de fundo a Escola Americana, futuro Mackenzie. Os missionários queriam uma escola mista, que educasse os filhos dos crentes e pessoas da sociedade paulistana. Os pastores nacionais, partidários do Rev. Eduardo Carlos Pereira, queriam uma escola que se preocupasse em ensinar somente os crentes. Houve também divergências quanto ao local de instalação de um seminário para educação teológica e formação dos futuros ministros para servir a igreja.

A divisão

Como os pastores nacionais, partidários do Rev. Eduardo Carlos Pereira, perceberam, que não iriam vencer a luta, encontraram na questão maçônica aquilo que eles mesmos denominaram de “pulo do gato”, ou seja, usaram a questão maçônica para promover a divisão, o que de fato aconteceu naquele 31 de julho de 1903, há 110 anos atrás.

O que São Luís tinha a ver com isso?

A resposta para essa pergunta é que não tinha absolutamente nada a ver. Os presbíteros da igreja maranhense não conheciam os protagonistas de São Paulo, não havia maçons na igreja de São Luís (pelo menos não há notícia de que tenha havido um movimento maçônico na igreja), e eles foram convencidos pelas notícias dos jornais que circulavam na época.

Os antecedentes da divisão em São Luís

Munidos das notícias que lhes chegavam às mãos, principalmente pelo O Estandarte, os presbíteros Lima, Felix e Solon, reuniram-se sem a presença do pastor Belmiro Cesar, e planejaram os próximos passos. Depois de planejarem sozinhos, eles resolveram conversar com o pastor e exigir que ele tomasse uma posição quanto a uma “Pastoral” publicada em O Estandarte e pressionaram o pastor para que fizesse a igreja tomar conhecimento da referida “pastoral”. O presbítero Lima bateu de frente com o pastor Belmiro e este o ameaçou de disciplina por estar querendo promover a discórdia. Depois desse momento os ânimos se acirraram e os presbíteros se fecharam na ideia de levar o caso ao conhecimento da igreja.

Numa reunião marcada para o dia 24 de setembro de 1903, presidida pelo Rev. Belmiro de Araújo César, os presbíteros acusaram o pastor de não querer informar a igreja sobre os acontecimentos de São Paulo e de estar ele querendo protelar a decisão sobre se ficava ao lado dos independentes ou se permanecia fiel aos sinodais, que segundo eles, eram partidários da maçonaria.

De forma lúcida e prudente, o Rev. Belmiro César resolveu aguardar os acontecimentos e esperar uma resposta oficial do Sínodo do Brasil e do Presbitério de Pernambuco sobre o assunto e propôs esperar-se até o mês de janeiro de 1904 para se posicionar.

Essa proposta não foi aceita pelos três presbíteros insurgentes, que levaram a igreja a apoiá-los e a votar uma proposta de adesão aos Independentes de São Paulo. Posta a votos a proposta, mesmo com a contrariedade do pastor que pedia que se esperasse mais um pouco. Os presbíteros se insurgiram contra o pastor e praticamente o depuseram de seu cargo. 15 membros, mais o Rev. Belmiro se abstiveram de votar e 28 membros ficaram ao lado dos insurgentes, que após a votação, assumiram a cadeira do presidente, sentando-se na mesma o presb. José Lima, que declarou que à partir daquela data, 24 de setembro de 1903, a igreja presbiteriana do Maranhão, passaria agora a ser denominada Igreja Presbiteriana Independente do Maranhão.

A questão do Templo

O Rev. Belmiro César, deixou a cadeira de presidente e perguntou com quem ficaria o templo? Obtendo a resposta do presb. Lima, de que, se a igreja, por maioria de votos, decidiu aderir ao movimento de independência à partir daquela data, o patrimônio seria deles. O pastor Belmiro disse então que o templo estava em nome do Rev. Dr. George Butler e de sua esposa D. Hena, recebendo como resposta do presbítero Lima, de que ele tinha o Dr. Butler em alta conta, querendo dizer com isso, que ele não se oporia a eles.

Depois desses episódios, o Rev. Belmiro César com o grupo que se absteve na votação de 24 de setembro, resolveram realizar os cultos na residência do próprio pastor e comunicaram a situação ao Dr. Butler que estava na cidade de Canhotinho, PE. O Dr. Butler enviou correspondência aos insurgentes, dizendo-lhes que eles deveriam devolver a chave do templo para o Rev. Belmiro realizar ali os cultos da igreja, e que o patrimônio da igreja presbiteriana de São Luís pertencia ao Sinodo do Brasil e que, portanto, eles deveriam deixar as dependências do templo e procurar um local para se reunir.

Eles devolveram, então, a chave ao Rev. Belmiro e foram se reunir na residência do presbítero José Lima até que adquiriram um terreno à rua Grande onde começaram a construir um templo para a realização dos cultos.

Rev. Vicente Themudo Lessa

Em 1907 o Rev. Vicente Themudo Lessa veio para São Luís para pastorear a Igreja Presbiteriana Independente e ficou no seu pastoreio efetivo até 1912. Sua área de atuação era a parte norte do Brasil, indo do Maranhão até o estado do Amazonas. Trabalhou também na cidade de Belém – PA e no interior do Maranhão, nas cidades de São Vicente de Ferrer, Viana e São Bento.


Aqui em São Luís nasceram dois dos seus filhos e a sua primeira esposa morreu e foi enterrada. O Rev. Themudo Lessa teve na cidade de São Luís um ministério abençoado e a sua última visita à cidade ocorreu em 1939, depois da qual ele faleceu na cidade de São Paulo, em novembro daquele ano.


Fontes:

d'EÇA. João. História da Igreja Presbiteriana do Maranhão. São Luís. 2012.

_____ Livro de Atas da Assembléia Extraordinária da Igreja Presbiteriana de São Luís, 1903 - 1931.


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