sexta-feira, 28 de agosto de 2020

SÉRIE ESBOÇO DE SERMÃO # 4 - ENSINANDO À CRIANÇA O CAMINHO CERTO (Provérbios 22.6)

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João d'Eça


Introdução:
            Todas as crianças precisam de cuidados especiais, são seres frágeis, carentes e dependentes. Os cuidados geralmente são dados pelos pais ou responsáveis diretos. Dentre os cuidados que as crianças precisam, o principal é:

Saúde - os cuidados com a saúde começam com os cuidados relacionados ao asseio, a uma alimentação saudável e balanceada. Para a criança crescer de modo saudável, além de limpeza e alimentação adequada, a criança precisa também de uma instrução adequada. O texto sagrado diz: “Ensina a criança...”. Esse requisito é de importância fundamental:
- Porque o ensino é para a vida;
- Porque é nossa responsabilidade, ensinar.

I - QUEM DEVE ENSINAR?

Essa é inicialmente uma responsabilidade dos pais – Cabe aos pais ensinarem os seus filhos, essa é uma responsabilidade inalienável. Para os pais, mais do que um direito, é um privilégio. Os pais precisam saber qual é a melhor maneira de criar os seus filhos, não somente criar por criar.

Criar implica ensinar, instruir e educar. Educar nos ditames dos princípios do cristianismo, no temor do Senhor, no conhecimento de suas leis sábias, justas e santas. Quem pode fazer isso?

Exclusivamente os pais – Hoje em dia ouvimos que a escola e a igreja tem a prerrogativa de ensinar, de dar a instrução e mostrar o caminho que a criança deve seguir, muito mais até que os próprios pais, mas isto não é certo! A responsabilidade é dos pais. A autoridade é dos pais. Ninguém tem mais autoridade do que os pais na criação dos filhos. Se os filhos não respeitam os seus pais, a quem respeitarão?

Os pais que não ensinam os seus filhos no devido tempo, que desobedecem as instruções da Escritura, não terão filhos obedientes e que os honram. O texto clama aos pais que ensinem os seus filhos no “caminho em que eles devem andar” e completa: “ainda quando forem velhos, jamais se desviarão dele”.

É triste vermos filhos de crentes já crescidos, mas que não sabem orar, não leêm a Bíblia, não se importam com o comportamento e não conhecem as Escrituras. Por que? Porque os seus pais nunca as ensinaram, ou perderam a oportunidade de fazer no tempo apropriado.

II – QUANDO DEVEM ENSINAR?

            As crianças devem ser ensinadas desde a mãos tenra idade. Dizem que os muçulmanos ensinam já nos primeiros dias de vida, recitando trechos do corão. Os comunistas ensinam as crianças e seus pais, para formarem uma nova geração de comunistas.

As crianças devem ser ensinadas o quanto antes:

Primeiro a se cuidarem sozinhos e obedecerem aos que devem ser obedecidos. Principalmente, os pais devem, por obrigação de pais, ensinarem os seus filhos a temer a Deus.

Em segundo lugar, os pais tem por obrigação, levar os seus filhos em sua companhia à Casa do Senhor, para que a criança seja ambientada com o lugar e com as outras pessoas, se acostume com os cânticos, com a presença das pessoas, a ficar quieta, sentada no seu lugar e atenta ao que está sendo ensinado. Com o passar do tempo, o convívio se tornará mais fácil e ela se acostumará ao convívio das outras crianças.

III – POR QUE ENSINAR AS CRIANÇAS?

            Por que a Escritura diz que ao ensinar o caminho a uma criança, “mesmo quando for velho, jamais se desviará dele”. Casos de filhos de crentes piedosos, que acabam se desviando do evangelho, são uma exceção. Quando os casos são investigados, descobre-se que uma dessas situações ocorreram:

1 – São filhos de pais negligentes, que apesar de serem cuidadosos em outros pontos, nesse ponto principal, “ensinar a criança no caminho em que deve andar”, foram negligentes;
2 – São filhos de pais fracos, que lhes fazem todos os gostos e não lhes impõem regras e limites. São pais que não se preocupam com o desenvolvimento da vida espiritual dos seus filhos;
3 – São filhos de pais falsos-crentes, que vivem uma vida dupla, que não dão exemplos de vida cristã a seus filhos. Resultado: filhos distanciados de Deus.

Conclusão:
            Grandes homens de Deus experimentaram uma vida distante do Senhor, mas lembrando-se das orações fervorosas de seus pais, especialmente à mesa e à cabeceira da cama, os fizeram retornar à vida com Deus, em dedicação e obediência.

Os efeitos do ensinamento cristão para a vida dos filhos são de valor eterno. Pode ser que um filho se afaste, mas a lembrança da fé e dos ensinamentos dos seus pais os farão retornar.

terça-feira, 25 de agosto de 2020

SÉRIE ESBOÇO DE SERMÃO # 3 - A OFERTA DA VIÚVA POBRE (Marcos 12.41-44)

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Rev. João d’Eça



Introdução:
            O evangelista Lucas, em Atos 20.35, enfatiza as palavras de Jesus, que disse: “Há mais felicidade em dar do que receber”. Essa é uma verdade para quem compreende o cristianismo.

Para quem entendeu os princípios do evangelho de Cristo, dar a quem necessita vem acompanhado de prazer, inspiração e benção.

O apóstolo Paulo em II Co. 9.7 declara que “Deus ama o que dá com alegria”. O Senhor concederá a graça aquele que é liberal em contribuir.

Essa pobre mulher do texto que encima esse esboço, claramente está dominada por esse sentimento quando se aproximou do gazofilácio do templo, a fim de depositar a sua, aparentemente, insignificante oferta.

A palavra “insignificante” aqui, não tem a ver com o que ela ofertou, mas em comparação com as outras ofertas doadas pelos mais ricos, que doava o que lhes sobravam, enquanto que aquela mulher doou tudo o que possuía.

Vamos analisar a oferta da viúva.

1 – O SIGNIFICADO DA OFERTA DA VIÚVA

A viúva fez a sua oferta com espírito de amor a Deus, piedade e devoção. Ela era viúva, pobre e muito carente. As viúvas eram uma classe desamparada, não havia quem amparasse, eram jogadas à sua própria sorte, forçadas a trabalhar para manter a sua subsistência... Sendo pobre não ganhava o suficiente nem mesmo para o mais básico. As viúvas eram sem dúvida, dignas de piedade, de compaixão, carentes de socorro das pessoas piedosas.

Nada conseguiu demover o espírito piedoso daquela mulher. A fome, o desamparo, o sofrimento, nem mesmo a morte. Acima de toda essas circunstâncias, ela era uma mulher temente a Deus, e o amor pela causa do evangelho, era o que lhe impulsionava.

Nos comove a leitura do Evangelho, quando vemos as condições daquela viúva e a oferta que ela deu: Duas moedas. A mulher poderia ter dado somente uma das moedas, e guardado a outra. Ou, então, poderia ter ficado para si. A sua situação justificaria plenamente a atitude, se assim fizesse. A pergunta que fazemos é a seguinte: Por que ela não fez assim? Porque a sua dedicação ao Senhor, a sua lealdade e piedade não lhe permitiria fazer diferente.

 Quando a lealdade, a fidelidade, o altruísmo e o amor a Deus imperam no coração de um crente, não sobra espaço para uma mera fé intelectual, porque o que impera é a confiança, a abnegação e a renúncia de si mesmo. O Senhor retribui com muitas bençãos, não só aqui, mas também na eternidade, para aqueles que amam a sua obra e contribuem para o avanço do reino.

Observamos no entanto que os que mais contribuem para o avanço do reino de Deus, são justamente os mais necessitados, os que passam por maiores dificuldades financeiras, mas são estes que desfrutam das maiores bençãos recebidas das mãos do Salvador.

Onde a mulher fez a sua oferta?

Ela depositou no gazofilácio, no lugar apropriado, para ser administrado não por ela, mas por quem tinha responsabilidade de fazê-lo. A contribuição é para ser trazida à tesouraria da igreja, não pode ser administrada por quem oferta.

Para que as ofertas foram dadas?

 Para o sustento da obra, para a organização do culto divino, para a manutenção da igreja do Senhor, afim de que o Seu nome seja honrado e glorificado, e, essa atitude é confortadora ao coração. Quem não se sentir impelido a contribuir para uma causa tão nobre, com certeza não se sentirá impelido a mais nada.

Os que não contribuem para a obra de Deus demonstram mesquinhez e egoísmo. Não contribuem, ou contribuem com muito pouco diante do seu potencial de contribuição, porque o que ganham, estão gastando consigo mesmo, a ponto de gastarem até o que é devido a Deus e ao sustento da Sua obra.

2 – O RECONHECIMENTO DA OFERTA DA VIÚVA

O texto lido nos mostra a observação de Jesus Cristo: Ele prestou atenção, avaliou, aprovou e louvou a atitude da viúva.

Viu quando ela depositou as duas moedas e para o modo como as demais pessoas depositavam as suas ofertas. O texto diz que Jesus avaliou que eles “ofertavam do que lhes sobejava”. A conclusão do Senhor foi que a oferta da viúva foi maior que a oferta dos demais, inclusive dos ricos que ali estavam. Ele avaliou, aprovou e reconheceu. Ela doou tudo o que possuía.

A expressão “tudo o que possuía”, devia nos humilhar em face de nossa pobreza, não de recursos materiais, mas de fé, de reconhecimento, de dependência, e de gratidão para com Deus que nos dá tudo.

3 – AS LIÇÕES DA OFERTA DA VIÚVA

Aprendemos aqui no ensino desse texto, que:

a) O valor de uma oferta depende de algumas situações:
            a.1) Do potencial de oferta de quem entrega a oferta (Se é tudo o que tem, se é o que está sobrando, ou se é uma oferta generosa, por amor a Deus);
            a.2) Das circunstâncias do ofertante (Se pode doar mas não o faz, ou se doa sem poder doar);
            a.3) Das motivações do ofertante (Tem prazer em ofertar e enxerga nisso um glorioso privilégio);
            a.4) Da finalidade da oferta (Por propósitos altruístas e nobres, ou para buscar reconhecimento pelo que fez).

Conclusão:

A viúva ofertou tudo o que tinha. Ela dispunha de apenas duas moedas para o seu sustento, mas ela ofertou tudo ao Senhor, confiando que Ele a supriria. Ela era uma mulher carente, necessitada e pobre, mas ofertou à causa do mestre. Ela o fez porque amava a causa de Deus, amava a obra do Senhor e sabia que a sua oferta seria destinada ao culto divino.

Pergunto a você:
- Você aprendeu essas valiosas lições?
- Se não aprendeu, como você poderá viver feliz?

Você sabia que o seu compromisso para com a obra de Deus é tão importante, ou seja, a sua contribuição tem muita importância, assim como a sua falta de contribuição também.

Aprenda as lições do nosso Senhor no texto em tela.

Amém!




terça-feira, 18 de agosto de 2020

SÉRIE ESBOÇOS DE SERMÃO #2 - A REALIDADE DA ETERNIDADE (Mt. 25.46)


Introdução:
         A eternidade refere-se à vida eterna, é o tempo que não tem fim, que jamais acaba. No que se refere à salvação, trata do destino das pessoas após a sua morte física, cujo destino será, vida eterna com Deus na recompensa celestial, ou, vida eterna, na escuridão, longe de Deus, no que a teologia chama de inferno.

Muitas pessoas não aceitam que se fale em vida eterna, porque para elas não é uma realidade, mas é motivada por crendices de pessoas ignorantes. Seguindo o discurso de céticos em todas as áreas da sociedade, não existiria uma alma imortal.

Não podemos negar que a Sagrada Escritura é quem revela a realidade da alma imortal. Os que não creêm nas Escrituras, não admitem que haja imortalidade, mas os que aceitam a Sagrada Escritura como Palavra de Deus, não podem deixar de depositar a sua confiança na sua revelação.

O Deus revelado nas Escrituras é Eterno, cada vez que a Escritura trata de eternidade, deixa bem claro que Deus é Eterno. A Bíblia deixa bem claro que a alma é perpétua, ou seja, dura para sempre, mas diferente de Deus, que não tem começo e nem fim, a alma é eterna porque Deus a fez assim, a alma humana tem origem em Deus. A alma foi criada por Deus, por isso a alma é eterna, e sendo eterna, é imortal.

Nesse sentido, a Escritura diz qual é o destino da alma humana, ou vai para o “gozo e felicidade eterna”, o céu, ou vai para o “tormento eterno”, o inferno. Vamos analisar essas duas condições ou destinos:

1 – A ALMA TENDO COMO DESTINO O “TORMENTO”, INFERNO.

         Naturalmente essa condição é o destino dos ímpios, daqueles que rejeitam o Senhor Jesus Cristo, daqueles que odeiam a Deus e não querem se submeter ao Seu Senhorio.

Deus mostra aos homens o sacrifício de Jesus Cristo na cruz, e oferta a eles a salvação por meio desse sacrifício de Nosso Senhor, que sofreu na cruz o que todos os homens deveriam sofrer. Ele foi o substituto dos homens. Aquilo que era para os homens sofrerem ele sofreu, ou seja, pagou o preço do pecado.

Deus estabeleceu que para redimir o homem da culpa e da condenação do pecado, seria necessário que a dívida fosse paga, mas para pagar essa dívida seria necessário o sacrifício de um homem perfeito. Não havia na terra nenhum homem perfeito para pagar a dívida, pois para que esse pagamento fosse realizado, só um ser divino poderia ter essa perfeição. Mas jamais surgiu na terra um homem que fosse ao mesmo tempo, humano-perfeito e divino.

Então, o próprio Deus, se fez homem na pessoa de Jesus Cristo, reunindo em si mesmo, a condição de homem perfeito e divino, podendo então assumir a culpa humana e pagar a dívida do pecado.

O que é a eternidade em tormentos?

         É a condição de desespero espiritual, escuridão total, ausência de qualquer beleza, privação de qualquer tipo de bem e da presença de Deus. Lugar onde não há o brilho de nenhuma luz, onde não se pode ver o sorriso de uma criança, nem mesmo a lembrança de algo bem é possível, não há nenhum bem-estar, mas somente, como diz a Escritura, “choro e ranger de dentes” (     ).

Jesus não deixou que as pessoas ficassem sem o vislumbre do que seria a eternidade no inferno. Eles ilustrou essa realidade, mostrando o local, num vale, onde eram queimados os dejetos, o lixo da cidade de Jerusalém.

Os judeus chamavam esse lugar de “vale dos filhos de Hinon” (II Rs. 23.19), este lugar tornou-se o cenário onde eram sacrificadas crianças ao “deus” pagão, Moloque. Os próprios pais jogavam os seus filhos pequenos nos braços incandescentes da estátua desse ídolo pagão.

No ano de 624 a.C., o rei Josias coibiu essa prática horrenda e determinou que fosse extinta tal prática, decretando o lugar como “lugar imundo”. O profeta Jeremias amaldiçoou o lugar (Jr. 7.30-34). O lugar ficou para ser usado como depósito de dejetos e lixo e que esses dejetos e lixos, seriam queimados, na intenção de destruir o lixo e melhorar o ar por perto, mas sabemos, pela realidade de hoje, que esses lugares onde o lixo é queimado, são lugares insalubres, onde o ar é fétido o tempo todo.

Jesus ilustra esse lugar com as seguintes palavras: “onde o bicho não morre e o fogo nunca se apaga” (    ). Os pecadores que desprezam a Deus e o Seu Santo conhecimento, terão como destino de suas almas, esse terrível e indesejável lugar.

Jesus também diz que nesse lugar “o fogo nunca se apaga”. Nas palavras de Jesus esse fogo, assim como no lixão da cidade, se via a fumaça o tempo todo, dando a ideia de que havia fogo por baixo daqueles dejetos. Assim é o inferno segundo Jesus, lugar de “fogo inextinguível”. Esse lugar está reservado para os ímpios, onde o diabo e os seus anjos já foram jogados para a eternidade.

Algumas ideias e filosofias humanas rejeitam o relato das Escrituras e baseados nas suas ideias humanistas e liberais, não aceitam o fato de o homem ter de sofrer castigo tão extremo. Ocorre que o homem é destinado para o inferno por sua própria vontade, porque prefere usufruir do pecado nesse mundo, a ter de se submeter à graça salvadora de Cristo.

2 – A ALMA TENDO COMO DESTINO A VIDA ETERNA

         Vida eterna fala de duas características dessa vida: a duração e a qualidade. Referindo-se à duração da vida eterna, o termo usado na língua grega original, é o mesmo usado para definir o tormento eterno, a Bíblia diz: “para todo sempre”, “sem fim”, “etrno”.

A vida eterna, é uma vida que não se finda jamais. É uma vida cuja qualidade é compatível com o tempo de sua duração, ou seja, uma vida de qualidade para a eternidade. Nesse sentido a vida eterna para a alma humana não pode ser entendida como uma vida simplesmente interminável. É uma vida cuja qualidade tem a ver com a natureza de Deus e a recompensa que ele dá aos seus eleitos, é uma vida sem nenhuma relação com a vida terrena e passageira que conhecemos.

Os ímpios reprovados não participarão dessa vida de qualidade, o que lhes caberá será “pranto e ranger de dentes”. Para os justos, redimidos e eleitos, a recompensa é semelhante ao que diz o profeta Daniel: “os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e eternamente” (Dn. 12.3). Aqui no mundo os justos são silenciados, obscurecidos e não são vistos, mas na eternidade, serão brilhantes, iluminados, conhecidos, como a luz do sol ao meio dia.

Conclusão:
          A eternidade é uma realidade inquestionável, seja para os salvos, seja para os perdidos. Os que ficarem à esquerda de Jesus Cristo, serão lançados no fogo eterno, diferente dos que ficarem à sua direita, que serão introduzidos nas bem-aventuranças eternas.

As palavras de Jesus Cristo para os ímpios, naquele dia final de julgamento, será: “Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim os praticais a iniquidade” (Mt. 7.23).

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

SÉRIE ESBOÇOS DE SERMÃO #1 - TRATANDO BIBLICAMENTE O ERRO DE UM IRMÃO (Mateus 18.15-22)

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João d'Eça

Introdução:

Nesse texto da Sagrada Escritura, Mateus 18.15-22, temos instruções eficazes sobre o modo correto como devemos tratar os nossos irmãos que pecam contra nós.

Por que Jesus Cristo resolveu tratar desse assunto? Por que Ele levantou essa bandeira de discussão e reflexão no trato com os seus discípulos, enquanto estava instruindo-os? A motivação era o ciúme e o interesse pessoal de alguns, que estava nascendo em seus corações.

Quais são as instruções que o Senhor Jesus dá a todos os seus discípulos em todos os tempos e em todas as épocas?

1 - AGIR DE MODO A GANHÁ-LO PARA CRISTO (v, 15)

Quando o texto nos manda "ir" até o nosso irmão, para muitos, é bem ai que está todo o problema. Porque a ação de ir até o seu irmão, é um ato de coragem, de disposição a resolver o problema, mesmo que não seja você o ofensor. Essa ação de "ir" até o irmão, deve ser urgente, com rapidez, porque a "queda" espiritual de um crente é algo que deve ser tratado com urgência, por causa dos nefastos resultados produzidos.

O texto também ensina que a ação de "ir" até o irmão em pecado, não somente "ir", mas se interessar por ele, para persuadi-lo a voltar atrás em sua loucura. Jesus Cristo nos manda "repreendê-lo" [arguí-lo], somente entre os dois. Aqui o problema aumenta, porque alguns comentaristas dizem que essa conversa é entre o ofendido e o ofensor, com a disposição do perdão. Há também a instrução: "... entre ti e ele só".

Mas por que tem de ser só entre os dois, o ofendido e o ofensor, como diz Jesus?

Por essas duas razões principais:

- Porque na presença de muitas pessoas, de quem nada tem a ver com o caso entre o ofendido e o ofensor, o caso é mais difícil. Na presença de outras pessoas é mais difícil para o ofensor admitir a sua culpa;
- Se houver resolução do problema, ótimo, é isso que se espera que aconteça. Evita também a disseminação de fofocas e falatórios desnecessários.

A nossa ação deve ser a de reconciliação, de levantar o caído, de dar-lhe novo ânimo, de fazer com que se sinta acolhido. Jesus diz: "Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão" (v, 15). Essa deve ser a preocupação de todo crente, a de reerguer o irmão caído, e muitas recompensas virão dessa atitude, tais como: 1) a comunhão com o irmão é restabelecida; 2) restaura-se a comunhão com a igreja; 3) mostra-se a importância do estudo das Sagradas Escrituras para a edificação de uma nova vida em Cristo.

Uma séria advertência

O nosso Senhor Jesus diz: "Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça" (v, 16).

Essa é uma séria advertência. O ofensor pode não querer conversa, não esteja disposto a nenhum tipo de reconciliação, ou até esteja gostando da vida assim, ou até mesmo queira que o aceitem do modo como ele está vivendo a sua vida, sem responsabilidade cristã e sem o afastamento do pecado.

O caso aqui é de obstinação. No livro O Peregrino, de John Bunnyan, há um personagem chamado Obstinado, que não consegue se afastar do pecado, e na primeira contrariedade, ele volta, como diz o apóstolo Pedro: "como a porca lavada a se revolver na lama e como o cachorro voltando a comer o seu próprio vômito" (II Pd. 2.22).

Na presença de duas ou três testemunhas, logo depois da primeira abordagem sozinho, tem o peso de tentar persuadir o irmão a voltar atrás na sua obstinação, mas também, tem o peso de que as testemunhas presenciaram a obstinação e se for o caso levado à igreja, essas testemunhas serão de vital importância na condução do processo. O claro ensino aqui, é que somente em último caso, o assunto deverá ser discutido num tribunal da igreja, que é o próximo passo.

Diz o texto: "E, se ele não os atender, dize-o à igreja..." (v, 17).

Na Sua sabedoria, o Senhor Jesus Instrui a Igreja, evitando as seguintes consequências: 1 - Evita que o irmão em pecado acuse o primeiro de deslealdade ou fofoqueiro; 2 - Não causa escândalo, mas mostra o verdadeiro interesse em restaurar o caído; 3) Dá a igreja o roteiro correto de tomar uma decisão bem esclarecida. A decisão da igreja será nesse caso, justa. Assim é que Jesus diz mais adiante: "Se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano" (v, 17).

Esses dois termos usados, "gentio" e "publicano" eram bem conhecidos dos ouvintes. "Gentio" era os não-judeus, geralmente se referindo a pecadores obstinados, e que eram desprezados pelos judeus por causa de sua idolatria, como os romanos e os gregos. "publicanos" por sua vez, eram os coletores de impostos, que sendo judeus, coletavam impostos para o Império que lhes escravizava, esses publicanos geralmente era desonestos, como Zaqueu, que segundo ele próprio, defraudava as pessoas, ou como Levi (Mateus) que estava na coletoria quando Jesus o chamou para ser seu seguidor.

Esse irmão se considerado como "gentio" e "publicano", deveria ser cortado da igreja, deveria ser evitado, não poderia ter a comunhão dos irmãos. É a mesma advertência de Paulo:

"Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais" (I Co. 5.11).

É uma situação dolorida e grave. A igreja evitar manter qualquer comunhão com o irmão faltoso, parece extrema, mas é assim mesmo. Por esta razão é que nós devemos ser cuidadosos com a nossa vida e nos afastarmos do mal e do pecado, para que não sejamos envergonhados. Ter de se afastar de alguém obstinado pelo pecado, parece falta de amor aos olhos humanos, mas para Deus não é.

2 - AGIR DE MODO A PERDOÁ-LO

Quem perdoa aquele que o ofende, entende muito bem o que o apóstolo Pedro perguntou a Jesus (v, 21).

Quando formos caluniados, envergonhados, injustiçados severa e constantemente por alguém, até quantas vezes devo perdoá-la??? Sete vezes, pensava Pedro!

Mas muitos de nós podemos perguntar: - "Mas isso não é um abuso? Perdoar alguém que nos ofende, até sete vezes?

O Talmude babilônico prescreve que uma ofensa deve ser perdoada uma, duas, três vezes, na quarta não deve haver perdão.

A surpresa dos discípulos e de todos os que leem esse texto, é que Jesus faz uma exigência que parece absurda: "Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete" (Mt. 18.22).

O que Jesus está ensinando é que não há limite para o perdão. De quantas forem as ofensas, nesse caso 490 vezes, também serão as oportunidades de perdoar, porém, desde que o ofensor se mostre arrependido. Essa deve ser a atitude do crente.

Praticando o Perdão

- Todo crente deve praticar o perdão, afinal, somos "novas criaturas em Cristo", e um cristão não tem o espírito do mundo, nele habita o espírito de Deus;
-Todo crente deve praticar o perdão, pois fazendo assim, também pratica o amor ao próximo. A Escritura diz que o vínculo da perfeição é o amor. "Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor" (I João 4.8).

Conclusão:

O amor apaga uma multidão de pecados, diz a Escritura (I Pedro 4.8). Quem não perdoa não ama e quem não ama odeia, e quem odeia não é de Deus, mas é do diabo (João 8.44).

Para ganhar o seu irmão ofensor e que foi surpreendido em pecado, é preciso "ir" até ele, interessar-se por ele, querer perdoá-lo, amá-lo de fato.

Essa é uma atitude que só será vista no crente regenerado, naquele que aprendeu a amar a Deus sobre todas as coisas e ao seu próximo, como se fosse a si próprio.






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