quinta-feira, 13 de agosto de 2020

SÉRIE ESBOÇOS DE SERMÃO #1 - TRATANDO BIBLICAMENTE O ERRO DE UM IRMÃO (Mateus 18.15-22)

by

João d'Eça

Introdução:

Nesse texto da Sagrada Escritura, Mateus 18.15-22, temos instruções eficazes sobre o modo correto como devemos tratar os nossos irmãos que pecam contra nós.

Por que Jesus Cristo resolveu tratar desse assunto? Por que Ele levantou essa bandeira de discussão e reflexão no trato com os seus discípulos, enquanto estava instruindo-os? A motivação era o ciúme e o interesse pessoal de alguns, que estava nascendo em seus corações.

Quais são as instruções que o Senhor Jesus dá a todos os seus discípulos em todos os tempos e em todas as épocas?

1 - AGIR DE MODO A GANHÁ-LO PARA CRISTO (v, 15)

Quando o texto nos manda "ir" até o nosso irmão, para muitos, é bem ai que está todo o problema. Porque a ação de ir até o seu irmão, é um ato de coragem, de disposição a resolver o problema, mesmo que não seja você o ofensor. Essa ação de "ir" até o irmão, deve ser urgente, com rapidez, porque a "queda" espiritual de um crente é algo que deve ser tratado com urgência, por causa dos nefastos resultados produzidos.

O texto também ensina que a ação de "ir" até o irmão em pecado, não somente "ir", mas se interessar por ele, para persuadi-lo a voltar atrás em sua loucura. Jesus Cristo nos manda "repreendê-lo" [arguí-lo], somente entre os dois. Aqui o problema aumenta, porque alguns comentaristas dizem que essa conversa é entre o ofendido e o ofensor, com a disposição do perdão. Há também a instrução: "... entre ti e ele só".

Mas por que tem de ser só entre os dois, o ofendido e o ofensor, como diz Jesus?

Por essas duas razões principais:

- Porque na presença de muitas pessoas, de quem nada tem a ver com o caso entre o ofendido e o ofensor, o caso é mais difícil. Na presença de outras pessoas é mais difícil para o ofensor admitir a sua culpa;
- Se houver resolução do problema, ótimo, é isso que se espera que aconteça. Evita também a disseminação de fofocas e falatórios desnecessários.

A nossa ação deve ser a de reconciliação, de levantar o caído, de dar-lhe novo ânimo, de fazer com que se sinta acolhido. Jesus diz: "Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão" (v, 15). Essa deve ser a preocupação de todo crente, a de reerguer o irmão caído, e muitas recompensas virão dessa atitude, tais como: 1) a comunhão com o irmão é restabelecida; 2) restaura-se a comunhão com a igreja; 3) mostra-se a importância do estudo das Sagradas Escrituras para a edificação de uma nova vida em Cristo.

Uma séria advertência

O nosso Senhor Jesus diz: "Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça" (v, 16).

Essa é uma séria advertência. O ofensor pode não querer conversa, não esteja disposto a nenhum tipo de reconciliação, ou até esteja gostando da vida assim, ou até mesmo queira que o aceitem do modo como ele está vivendo a sua vida, sem responsabilidade cristã e sem o afastamento do pecado.

O caso aqui é de obstinação. No livro O Peregrino, de John Bunnyan, há um personagem chamado Obstinado, que não consegue se afastar do pecado, e na primeira contrariedade, ele volta, como diz o apóstolo Pedro: "como a porca lavada a se revolver na lama e como o cachorro voltando a comer o seu próprio vômito" (II Pd. 2.22).

Na presença de duas ou três testemunhas, logo depois da primeira abordagem sozinho, tem o peso de tentar persuadir o irmão a voltar atrás na sua obstinação, mas também, tem o peso de que as testemunhas presenciaram a obstinação e se for o caso levado à igreja, essas testemunhas serão de vital importância na condução do processo. O claro ensino aqui, é que somente em último caso, o assunto deverá ser discutido num tribunal da igreja, que é o próximo passo.

Diz o texto: "E, se ele não os atender, dize-o à igreja..." (v, 17).

Na Sua sabedoria, o Senhor Jesus Instrui a Igreja, evitando as seguintes consequências: 1 - Evita que o irmão em pecado acuse o primeiro de deslealdade ou fofoqueiro; 2 - Não causa escândalo, mas mostra o verdadeiro interesse em restaurar o caído; 3) Dá a igreja o roteiro correto de tomar uma decisão bem esclarecida. A decisão da igreja será nesse caso, justa. Assim é que Jesus diz mais adiante: "Se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano" (v, 17).

Esses dois termos usados, "gentio" e "publicano" eram bem conhecidos dos ouvintes. "Gentio" era os não-judeus, geralmente se referindo a pecadores obstinados, e que eram desprezados pelos judeus por causa de sua idolatria, como os romanos e os gregos. "publicanos" por sua vez, eram os coletores de impostos, que sendo judeus, coletavam impostos para o Império que lhes escravizava, esses publicanos geralmente era desonestos, como Zaqueu, que segundo ele próprio, defraudava as pessoas, ou como Levi (Mateus) que estava na coletoria quando Jesus o chamou para ser seu seguidor.

Esse irmão se considerado como "gentio" e "publicano", deveria ser cortado da igreja, deveria ser evitado, não poderia ter a comunhão dos irmãos. É a mesma advertência de Paulo:

"Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais" (I Co. 5.11).

É uma situação dolorida e grave. A igreja evitar manter qualquer comunhão com o irmão faltoso, parece extrema, mas é assim mesmo. Por esta razão é que nós devemos ser cuidadosos com a nossa vida e nos afastarmos do mal e do pecado, para que não sejamos envergonhados. Ter de se afastar de alguém obstinado pelo pecado, parece falta de amor aos olhos humanos, mas para Deus não é.

2 - AGIR DE MODO A PERDOÁ-LO

Quem perdoa aquele que o ofende, entende muito bem o que o apóstolo Pedro perguntou a Jesus (v, 21).

Quando formos caluniados, envergonhados, injustiçados severa e constantemente por alguém, até quantas vezes devo perdoá-la??? Sete vezes, pensava Pedro!

Mas muitos de nós podemos perguntar: - "Mas isso não é um abuso? Perdoar alguém que nos ofende, até sete vezes?

O Talmude babilônico prescreve que uma ofensa deve ser perdoada uma, duas, três vezes, na quarta não deve haver perdão.

A surpresa dos discípulos e de todos os que leem esse texto, é que Jesus faz uma exigência que parece absurda: "Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete" (Mt. 18.22).

O que Jesus está ensinando é que não há limite para o perdão. De quantas forem as ofensas, nesse caso 490 vezes, também serão as oportunidades de perdoar, porém, desde que o ofensor se mostre arrependido. Essa deve ser a atitude do crente.

Praticando o Perdão

- Todo crente deve praticar o perdão, afinal, somos "novas criaturas em Cristo", e um cristão não tem o espírito do mundo, nele habita o espírito de Deus;
-Todo crente deve praticar o perdão, pois fazendo assim, também pratica o amor ao próximo. A Escritura diz que o vínculo da perfeição é o amor. "Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor" (I João 4.8).

Conclusão:

O amor apaga uma multidão de pecados, diz a Escritura (I Pedro 4.8). Quem não perdoa não ama e quem não ama odeia, e quem odeia não é de Deus, mas é do diabo (João 8.44).

Para ganhar o seu irmão ofensor e que foi surpreendido em pecado, é preciso "ir" até ele, interessar-se por ele, querer perdoá-lo, amá-lo de fato.

Essa é uma atitude que só será vista no crente regenerado, naquele que aprendeu a amar a Deus sobre todas as coisas e ao seu próximo, como se fosse a si próprio.






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