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Rev. João d’Eça
E, na verdade, toda a correção, ao presente,
não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico
de justiça nos exercitados
por ela.
(Hb.
12.11)
“No principio Deus viu que tudo era muito bom”, no entanto a
queda fez com que a dor e o sofrimento entrassem na existência humana. A
criatura escolheu a rebelião, preferindo a desobediência, no único tempo em que
o homem parecia ter um pouco de
liberdade. O ato de afastar-se de Deus o condenou ao sofrimento.
Ninguém gosta de sofrer e o sofrimento não é nenhum bem, em
que pese as lições que tiramos dele. Não há exatidão quando se afirma que “a
dor purifica aos que sofrem”. Em muitos casos a aflição e o sofrimento causam
efeitos desastrosos no homem.
Santo Agostinho já havia concebido essa verdade. Ele comparava
a aflição ao calor dizendo que o calor “ao passo que derrete o ouro, endurece o
barro, e que ao passo que favorece a germinação das sementes, promove a
decomposição dos cadáveres”.
Benefícios do sofrimento:
I – O sofrimento nos
ajuda a compreendermos a verdade do caráter de Deus.
A aflição nos revela a justiça e a santidade divina – Se nos
fosse possível escapar ao castigo eterno, acabaríamos por acreditar que as
transgreções não tem muita importância, e que podemos viver essa vida e violar
as leis de Deus impunimente. Assim, as aflições revelam a bondade de Deus.
As concepções mais claras e justas que nós temos da misericórdia
divina, e as experiências mais preciosas do amor de Deus, foram e são
concedidos ao coração já purificado e corrigido pelo castigo. São os aflitos e
não os afortunados que são os mais gratos da terra.
Da mesma forma que a noite revela o esplendor das
constelações no céu, a disciplina, que é a noite da alma, revela aos olhos da
fé as glórias do amor divino.
O sofrimento nos ensina a verdade com relação a nós mesmos. Uma
pessoa que nunca sofreu, não pode compreender a sua própria natureza. Me lembro
de uma poesia de um poeta Francisco Otaviano:
Quem passou pela vida em branca nuvem, e
em plácido repouso adormeceu; quem não sentiu o frio da desgraça, quem passou
pela vida e não sofreu, foi espectro de homem, não foi homem, só passou pela
vida, não viveu.
Como pode alguém conhecer a sua
fraqueza sem jamais ter sido vencido? Devemos confessar as nossas fraquezas,
ainda que isso nos seja pesado. O filhos pródigo nunca pensaria em voltar à
casa do seu pai enquanto não sentisse em sua alma o peso da aflição.
II – O sofrimento abranda o coração
Já foi provado que enquanto o
homem vive na abastança, ele tende a ser egoísta. Se a sua vida é sempre de
posses e sossego, ele perde de vista o sofrimento alheio. Talvez por
isso é que provérbios 30.7-9 diga:
Duas coisas te pedi; não
mas negues, antes que morra: Afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não
me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção de
costume; Para que, porventura, estando farto não te negue, e venha a dizer:
Quem é o Senhor? ou que, empobrecendo, não venha a furtar, e tome o nome de
Deus em vão.
Quando Deus deseja que de um coração emane o amor e a bondade constante, como de uma fonte pura derrama água cristalina, ele dá-lhe saída por meio do sofrimento. Quando uma pessoa sofre de uma doença, ele logo compadece-se do vizinho que venha a sofrer do mesmo mal.
A compaixão, essa divina inspiração por maio da qual
compartilhamos dos sofrimentos dos outros, é despertada na aflição, e vem a ser
o instrumento mais eficaz que o mundo possa ter conhecido para dar consolo aos
que sofrem.
Conclusão:
Sejamos então agradecidos de Deus, quando ele, por meio da
sua misericórdia nos visitar com aflições. “No mundo tereis aflições, mas tende
bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo. 16.33). O pai nos ama e quando nos faz passar
pelo sofrimento é porque deseja nos dar valiosas lições. Aprendamos isso “...
mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz
perseverança; e a perseverança experiência; e a experiência, esperança. Ora, a
esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo
Espírito Santo, que nos foi outorgado (Rm. 5. 3-5).
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