2014-2015[1]
Está
quase na hora.... e vejo com fracasso plangente rolar pela ladeira íngreme da
eternidade passada o ano de 2014.
Já não existe quase, pois vai desaparecendo para sempre
por detrás do cenário da vida! Ele rola e desaparece, como um morto em sua
cova, levando consigo mais uma parte da nossa existência efêmera, como a da
erva, tenebrosa, muitas vezes, como as brumas da noite em pleno oceano,
enfadonha como a dos viajantes entre as avalanches dos Alpes ou dos polos, e
cheia de lágrimas, como são os campos cheios de orvalhos pela manhã.
Ele vai e nós o seguimos, pois na estrada da nossa
peregrinação – eu vejo poucos passos além, um novo marco com esta inscrição:
2015!
E assim passa o tempo e assim
se acaba a nossa vida, sem sabermos como, e assim desaparece tudo com a rapidez
vertiginosa do vôo das Águias por sobre os Andes, ou da carreira do barco
veleiro sobre no lago sereno, que reflete e a luz da lua. E assim desce mais
uma vez o passo no proscênio da vida, e eu, involuntariamente triste, e
involuntariamente comovido, digo: adeus 2014!
Mas, “por que estás triste
ó alma minha, e porque te conturbas dentro de mim?”[2]
Pois ali vem sair do seu
Thalamo oriental o novo sol de janeiro, o astro rei de 2015, adornado de luz
mais brilhante e mais vivificadora que a que viste esconder-se hoje em seu
ocaso, mais pura que o ouro de Ophir, cercado de cortinas purpurinas, mais
ricas que a dos palácios de Tiro.
Ei-lo ai vem, para iluminar o mundo e dar vidas aos
homens.... e com toda e efusão do meu coração, curvando-me aos pés do meu Deus,
saúdo o novo ano, o ano de 2015.
A terra começa a percorrer galhardamente a sua
órbita, saudando em sua passagem Às constelações do zodíaco, os dias sucederão
a outros dias, as semanas a outras semanas, os meses a outros meses e tudo se
repetirá da mesma maneira, de sorte que se poderá dizer: Vês isto, é novo? Pois
o que foi isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; mas entre toda
essa sucessão invariável, uma cousa deve variar, uma coisa deve progredir, uma
coisa deve viver – a nossa fé, a nossa caridade.
“Vejamos pois como andamos prudentemente, não como
néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus”[3].
Esquecemo-nos do que fica para trás, redobremos as nossas forças, como a da Águia,
“cinjamo-nos de novo com toda armadura de Deus e comecemos de novo a correr com
paciência a carreira que nos está proposta”[4], “correndo
não como a coisa incerta, combatendo, combatendo, não como ferindo o ar, mas
olhando para Jesus, príncipe e consumador da fé e lançando mão da vida eterna
para a qual fomos chamados”.[5]
Maranhão, 31 de dezembro de 1895
Belmiro César
[1]
Esse texto de autoria do Rev. Belmiro de Araujo César, foi originalmente publicado no dia 08 de fevereiro de 1896 no jornal
O Estandarte, logo depois de ele ter chegado a São Luís para pastorear a IPB no lugar do Rev. Dr. George Butler. Foi mudada e adaptada a data de
1895-96 para 2014-2015.
[2]
Salmo 42.11
[3]
Ef. 5.15
[4]
Ef. 6.13
[5]
I Co. 9.24-26
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