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Rev. João
d’Eça, MD
PARTE I
Introdução:
Crentes devem ouvir música
secular? Esta é provavelmente uma
das questões mais controversas que existe entre os cristãos. Entendo que a maneira correta de se tratar
esse tema é fazendo-se uma abordagem bíblica e não uma análise pessoal ou
cultural. A verdadeira questão não é sobre se você pode ou
não ouvir música secular, mas sim o que deve orientar e direcionar o seu
consumo de qualquer tipo de música.
Toda música tem um propósito,
algumas são feitas exclusivamente para adoração, outras para vender (É a dita
música comercial), outras para passar uma mensagem política (não
necessariamente partidária), outras para divulgar ideologias e outras para mero
entretenimento. A música tem o poder de alterar o humor de uma pessoa e pode
ser um incentivo até mesmo para a prática de crimes ou para impedi-los.
A Bíblia nos mostra o rei Davi
tocando a sua harpa e o humor do rei Saul sendo mudado e sua ira sendo aplacada
ao ouvir o som do instrumento dedilhado pelo futuro rei de Israel. No entanto,
o propósito primeiro de Davi, era usar a música para adorar a Deus. Vemos em
muitos dos seus salmos, ele falando em adoração com o uso de instrumentos
musicais de toda sorte, até mesmo adoração com aplausos e com danças.
LUTERO,
PAULO E A MÚSICA
“Martinho Lutero foi, dentre os
reformadores do seu tempo, o único a reconhecer o valor inestimável da Música e
de recebê-la de braços abertos. Lutero pensou, trabalhou e utilizou a Música de
modo singular na sua época, dispensando especial atenção para o uso e a função
que a mesma passaria a ter na Igreja.” Um clérigo católico romano, falando
sobre a música de Lutero disse certa vez: “As músicas de Lutero fizeram mais
pela Reforma do que todos os seus escritos.”
No N.T., Paulo incentiva os
crentes a usarem a música na adoração (Ef. 5.19). Na Escritura Sagrada vemos a
música sendo usada na maioria das vezes, para o culto a Deus, apesar de
reconhecermos era usada também para outros fins, como por exemplo, avisar do
perigo iminente, da chegada do inimigo ou para surpreender o inimigo na guerra.
A música possui pelo menos
três elementos essenciais, quais sejam: harmonia, melodia e ritmo, todos esses
elementos distribuídos de forma equilibrada, cada um apelando para uma faceta
da vida humana, corpo, alma (sentimentos e emoções) e espírito. Quando a música
tem a sua ênfase no ritmo por exemplo, ela irá apelar somente para o corpo,
deixando a alma e o espirito, tornando a pessoa, seca, vazia.
Existem pessoas e grupos dentro
do ambiente cristão que podem ser mencionados de acordo com a sua preferência
musical. Existem aqueles que rejeitam toda e qualquer música que não seja
distintamente cristã. Existem os que apreciam tanto as músicas distintivamente
cristãs, como também as que são abertamente não cristãs, para esse grupo basta
que a música seja boa, e por música boa, aceita-se aquelas que geralmente tem
uma boa melodia e uma boa letra. Esse mesmo grupo rejeita musicas com conteúdo
impróprio, com conotações sexuais, de preconceitos ou violência. Por fim, há o
grupo que mesmo alegando ser Jesus Cristo o seu Senhor, consome música secular,
mesmo as de conteúdo duvidoso, geralmente o repertório que ouvem não encontra
eco num conteúdo redentivo. Para esse grupo, ouvir música cristã é a exceção e
não a regra.
A INDÚSTRIA
DA MÚSICA NO BRASIL
Em nosso
país, até a década de 1980 a música tanto secular quanto religiosa estava já
começando o processo de decadência. Nos anos 80, a música brasileira pode-se
dizer, estava em alta e tinha qualidade tanto melódica quanto de letras. Assim
também era a música religiosa, cujos letristas e músicos presavam por conteúdo
bíblico e até musicavam salmos e trechos das Escrituras. Desse período e do
período anterior podemos citar: Grupo
Elo, Grupo Logos, Vencedores por Cristo, Raízes, Asaph Borba, Luis de Carvalho,
Denise, João Alexandre, Álvaro Tito, Armando Filho, (podemos por nessa
lista Arautos do Rei e Prisma Brasil), e tantos outros cantores
e compositores que dava prazer de se ouvir. Eram os compositores desses
cantores e grupos citados, teologicamente fortes, cujas letras eram centradas
no Evangelho.
Depois
dos acima citados, começou a surgir no Brasil, um grupo de cantores e
compositores evangélicos com características muito mais popular, cujo objetivo
era fazer um contraponto à música secular e atrair os que detestavam o estilo
da música religiosa tradicional, oferecendo um estilo parecido com o secular,
mas com letras evangélicas, de fraco ou nenhum conteúdo bíblico. Falavam de
paixão, amor e romance. Dai surgiram bandas como Katsbarneia, Novo Som, Resgate, Oficina G3, Banda e Voz e outras, além de cantores como Brother Simion, Carlinhos Felix, Cristina Mel,
Aline Barros, etc.
Na
sequência vieram as músicas de caráter beligerante, era o movimento de batalha
espiritual, cujas letras “amarravam o diabo” e declaravam guerra contra as
trevas. Depois surgiram as igrejas que formaram grupos musicais onde algumas
delas tentaram trazer o conteúdo bíblico para as composições e músicas, e
viu-se conotações religiosas sutis, mas o que mais se destacou foram as músicas
intimistas. Nesse grupo estavam, Diante
do Trono, Comunidade Internacional da
Zona Sul, Comunidade Evangélica de Vila da Penha, Comunidade de Nilopes,
Ministério Apascentar de Nova Iguaçu, Kleber Lucas, dentre outros.
Do
lado do pentecostalismo, pouca coisa se aproveitou e podemos constatar que
continua a mesma coisa.
A
MÚSCIA PODE ENFRAQUECER A FÉ DE UM CRENTE?
Minha
resposta a essa pergunta é: Sim, pode! Se o coração não estiver no lugar certo,
é claro que pode. E eu estou falando da música dita religiosa e não da secular.
Nosso
Senhor Jesus Cristo nos ensinou que o que contamina o homem é o que sai da sua
boca (Mt. 15.11). Mas muitas vezes, o
que sai da boca é aquilo que entra pelos ouvidos, saindo em forma de conversas
e decisões diárias.
Me respondam sinceramente: Um
crente pode permanecer fiel a Cristo, aos seus princípios e valores e ao seu
evangelho, se alimentando constantemente de música secular? Talvez. Eu
particularmente duvido! O conteúdo dos temas das músicas dos artistas
seculares, fatalmente deixará a sua marca na vida do indivíduo crente. Quando
eu escolho uma música pra ouvir, meu pensamento primeiramente vai ao texto de
Filipenses 4.8: “Finalmente, irmãos, tudo
o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é
puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se
algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.”
Você conhece alguma música
secular que inclua todos esses elementos mencionados pelo apóstolo Paulo? Com
aquilo com que eu encho a minha mente, será aquilo que irá determinar as minhas
ações, palavras e escolhas. Fidel Castro, ditador cubano disse: “Dá-me uma
criança de quatro anos e eu te dou um comunista pra toda vida.” Quando Paulo em
Romanos 12. 1,2, fala de “renovação da vossa mente”, ele está falando que uma
mente renovada, passa pela atitude de abolir aquilo que é contrário aos valores
do reino de Deus na mente do crente. Uma nova forma de pensar, que passa pela
meditação naquilo que tem conteúdo bíblico, naquilo que está recheado de
princípios e valores do reino de Deus.
O PERIGO
DA MÚSICA SECULAR.
Paulo escrevendo aos coríntios,
15.33, diz: “Não
vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.” Podemos incluir aqui, sem
sombra de dúvidas, as influências corruptoras de músicas e compositores
seculares, nos valores e princípios dos crentes.
Quero concluir essa primeira
parte apelando ao apóstolo Paulo para nos orientar. Ele diz em I Co. 6.12: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem
todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar
por nenhuma delas.” O crente pode ouvir de tudo em termos de música, mas
com certeza quase nada, será útil para a sua vida.
Minha conclusão pessoal no que se
refere a dar valor ou apreciar simplesmente a música secular, passa pelo crivo
de Nosso Senhor Jesus Cristo em Mateus 12.30:
“Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.”
Soli Deo Gloria!!!
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