Postado inicialmente em
1º de setembro de 2006.
Dentre as várias formas
de sermão, existe um tipo, não muito usado, mas que se aproveitado da forma
adequada, pode ser muito instrutivo e esclarecedor, é o Sermão Monólogo, onde o
pregador, como um ator de teatro, representa através de um monólogo um texto
bíblico, geralmente relacionado à vida de um personagem bíblico.
O sermão monólogo
abaixo, foi um trabalho que fiz para a matéria Homilética, do prof.: Jilton
Morais, quando estava no mestrado em teologia no Seminário Batista Equatorial,
na cidade de Belém-PA.
Postei-o inicialmente
no dia 1º de setembro de 2006, e agora o reproduzo. Leia atentamente, esse
método de pregação tem um grande poder de ajudar o pregador a memorizar e a
conhecer a vida dos personagens.
A LUZ BRILHOU EM MINHA
VIDA
Monólogo da Conversão
de Saulo – Atos 9.
By Rev. João d’Eça.
Sai para executar uma
missão que para mim era de suma importância: prender e trazer para Jerusalém,
cristãos que estavam divulgando a mensagem que eu considerava heresia, a
mensagem do rabino de Nazaré, que foi crucificado pelos líderes judeus sob a
acusação mentirosa – hoje sei – de se levantar contra o império e ter cometido
blasfêmia. Desde criança, mais ou menos aos treze anos, fui enviado por meu pai
para estudar na cidade de Jerusalém, aos pés do grande mestre Gamaliel. Aliás
eu fui instruído nos rigores da religião judaica, e sempre me orgulhei da minha
raça, apesar de ser romano de nascimento. Sabia, no íntimo, que mais cedo ou
mais tarde, o jugo romano passaria, assim como passaram os impérios que de um
modo ou de outro escravizaram o meu povo. Sempre me interessei pelas
genealogias, a minha em particular, descendia do primeiro rei de Israel, Saul,
e isso me enchia de orgulho.
Meu pai era um judeu da Dispersão e também era
cidadão romano. Há cerca de uns duzentos anos atrás “era possível para alguns poucos
judeus tornarem-se cidadãos romanos se, se arrolassem numa tribo determinada
para eles, onde poderiam controlar os ritos religiosos e identifica-los com o
serviço da sinagoga”[1] Desde
bem cedo na minha vida, assim como os meus antepassados, minha mãe ensinou-me
os primeiros passos na nossa tradição religiosa ( II Tm. 1:3 ). Ela era uma
mulher maravilhosa, era também disciplinadora, correta e digna. O que eu
aprendi das Escrituras Sagradas do meu povo, aprendi primeiramente em casa com
a minha mãe ( II Tm. 1: 5 ). Ela ensinou-me a amar e respeitar a religião do
meu povo, principalmente a tradição oral, que para o judeu é algo de valor
inestimável.
Eu, durante o tempo de minha ignorância, persegui e prendi muitos
judeus cristãos. Eu tinha autorização dos principais sacerdotes e por isso,
quando os matavam eu apoiava. Quando lembro que obriguei muitos a blasfemarem
de Cristo e que castiguei a muitos outros, choro de vergonha. Quantos eu
persegui até em cidades estranhas (Atos 26: 10,11). Não muito tempo atrás
quando estava com mais ou menos trinta anos de idade, fui derrotado na Sinagoga
pelo discurso de um jovem chamado Estevão, e isto muito me enfureceu. Quem era
aquele homem para se desfazer assim da minha religião? Eu não admitia que
ninguém questionasse a minha religião. Este jovem quando abria a boca, os seus
discursos eram todos anti-farisaicos. Era demais para eu agüentar. Ele
menosprezava o valor do templo, dizia que a Revelação de Deus não foi exclusiva
para o nosso povo de Israel na pessoa de nosso Pai Abraão. Ele afirmou:
“Varões, irmãos, e pais ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão
estando na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã” (At. 7:2 ). Quão louco eu
fui. Quão cego eu andei por muito tempo em minha vida, até agora. Fui como um
homem insaqno achando que estava certo. O Pior não é estarmos errados, mas sim,
estarmos errados e acharmos que estamos certos.
Durante muito tempo cometi
essas barbaridades porque julguei-me certo no estava fazendo. Eu assolava a
igreja e invadia as casas. Minha atividade perseguidora em Jerusalém só parou
quando não havia mais ninguém para ser perseguido ali naquela cidade. Preparei
um programa completo e definido de extermínio dos cristãos, estava quase
conseguindo o meu intento, não fosse Deus intervir de forma espetacular em
minha vida. Lá estava eu a caminho de Damasco, grande e histórica cidade,
levava autorização dos principais sacerdotes para prender e trazer os cristãos
que por lá encontrasse. Era meio dia, o sol estava brilhando intensamente, mas
a luz que eu vi, em muito excedia o brilho do sol. Ouvi então uma voz que saia
do meio da luz e dizia: - Saulo, Saulo, por que me persegues? Eu respondi
então. - Quem és, Senhor? E a voz disse: - Eu sou Jesus, a quem tu persegues.
Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. Eu então indaguei: - O Senhor
disse então: Senhor o que devo fazer? - Levanta-te, e entra na cidade, e lá te
será dito o que deves fazer. Os homens que iam comigo, não sei se ouviram a voz
e não viram a luz, ou, se viram a luz e não ouviram a voz; só sei que todos
caímos ao chão e eu em particular, fiquei cego e tive de ser conduzido até a
cidade como uma pessoa inválida. Não conseguia entender. Como um homem cego
estava sendo chamado para dar luz aos cegos? Eu fui preparado para ser
rabino, meu professor Gamaliel, era diferente, ele deixava seus alunos
estudarem as grandes obras dos gregos e eu fui também educado segundo a visão
helênica dos filósofos. Agora sei como Moisés deve ter se sentido. Ele que foi
educado na coorte egípcia, a maior civilização do seu tempo, aprendeu de tudo o
que os egípcios sabiam de melhor: Astronomia, Matemática, Medicina, Engenharia,
Arquitetura e várias outras ciências. Depois de aprender tudi isso por quarenta
anos, Deus o envia para o deserto de Mídia para cuidar de ovelhas, para
aprender humildade, para ouvir a voz de Deus. Eu fui escravo da letra que mata
(II Cor. 3:6 ), e por esta razão, entendia que devia praticar males contra os
servos de Jesus, mesmo entendendo que não eram males, mas zelo (At. 26 : 9 ).
Penso que se eu tivesse me encontrado com Jesus antes, em Jerusalém, talvez
tivesse me juntado aos principais sacerdotes para mata-lo, porque ele
representava tudo o que eu repugnava. Ele se opunha a teologia do meu mestre
Gamaliel, e, isto eu não admitia. Hoje eu posso concluir o seguinte: Se Cristo
pôde salvar um homem como eu, ninguém mais deve se desesperar, Ele pode salvar
a todos que ouvirem a sua voz e se renderem a Ele. É certo que muitos não
passarão por experiências iguais as minhas, mas sei que como ele me chamou de
forma espetacular, outros virão também da mesma forma. A maioria porém não
precisará passar pelo que eu passei, bastando tão somente que se arrependam dos
seus erros e pecados e ouçam o chamado de Deus. Refletindo no modo como eu
vivia, reconheço que eu sou o menos digno de todos os homens, porque eu
persegui a igreja de Deus, porém eu me consolo, por ter feito isso tudo no
tempo da ignorância e na incredulidade. O mundo está diante de mim, terei de
enfrenta-lo. Estou no momento carregando uma marca, um rótulo de perseguidor
dos cristãos, de inimigo dos servos de Cristo, de inimigo de Deus. Pessoas irão
pensar que se trata de uma estratégia minha e se afastarão de mim. Estou
preparado para todo tipo de reação das pessoas, sei que muito vou sofrer, do
mesmo modo como fiz muitos sofrerem. Não considero essa atitude como
auto-punição, mas como uma situação pela qual terei de passar, e, só posso dizer
que estou pronto.
Por muito tempo considerei o cristianismo como falso, afinal
eu nunca tive tempo de estuda-lo. Uma coisa era certa para mim, se o
cristianismo se opunha ao farisaísmo, só podia ser falso. Hoje sei que a
religião do Cristo é a verdade, que Jesus é a verdade, que este é o caminho; eu
o encontrei; já estou trilhando por ele e tenho uma profunda esperança de que
Deus irá me usar para levar salvação a muitos. Que gloriosa esperança! Um homem
bom chamado Ananias, me acolheu em sua casa e cuidou de mim, informou-me acerca
dos acontecimentos, confiou em mim por amor a Cristo, e, por fim fui curado. Eu
voltei a ver e agora a minha visão é diferente. Já não vejo o mundo como antes,
a luz tem um novo brilho, o canto dos pássaros tem um novo som, há paz no meu
íntimo, tudo se fez novo para mim (II Cor. 5: 17). Como é bom ser acolhido na
casa de um homem bom. Devo a minha vida a Ananias. Através da sua
instrumentalidade fui cheio do Espírito Santo, recebi um novo vigor, fui
batizado e passei a fazer parte como membro do corpo do Senhor. Já preguei em
algumas Sinagogas e testemunhei, que, quem me salvou foi Jesus Cristo. Muitos
admiraram-se, mas Deus fortalece-me a cada dia e tenho tido vitória. Não vou
permanecer aqui, estou preparando-me para o serviço do Mestre. Já abdiquei de
todo o meu passado, toda educação, toda instrução, os amigos, as influências,
nada disso me valeu. Somente Jesus Cristo foi quem mudou a minha vuda. Se você
se parece comigo, reflita agora e receba Cristo em sua vida como Salvador e
Senhor e assim como eu, Ele mudará você.
Amém.
*Trabalho realizado por R.João M.
d’Eça em cumprimento parcial da Disciplina “Variedade no Ministério da
Pregação”, do prof. Jilton Moraes, do curso de Mestrado em Teologia do
Seminário Teológico Batista Equatorial em Belém – PA.
[1] ªT.
Robertson, citando Ramsay em épocas na vida de Paulo, pg. 21.