sábado, 13 de setembro de 2014

SOU CRISTÃO E COMUNISTA ??? - PARTE II

O Manifesto Comunista foi escrito por Karl Marx, nascido de pais judeus e educado nas Escrituras Hebraicas. Os pais de Marx adotaram o cristianismo quando ele era uma criança de seis anos, aumentando assim a herança do Antigo e Novo Testamentos sobre a sua vida. 
            Apesar de seu ateísmo e mais tarde do seu anti-eclesiasticismo, Marx aprendeu que Jesus se preocupava com os menos favorecidos da sociedade. Em seus escritos ele enfatiza que o comunismo enfatiza uma sociedade sem classes, porém é fácil constatar que o comunismo criou novas classes e um novo léxico de injustiças.
            Não devemos negar que o Evangelho está cheio de expressões de preocupação pelo bem-estar dos mais pobres. Quando lemos no “Magnificat”:

Derribou do seu trono os poderosos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos. Amaprou Israel, seu servo, afim de lembrar-se da sua misericórdia…. (Lucas 1.52-54).

            Em um outro texto Jesus referindo-se ao profeta Isaias diz:

O espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; A apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes; A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do Senhor, para que ele seja glorificado. (Isaias 61.1-3).


            Os cristãos reconhecem o ideal de uma unidade do mundo em que todas as barreiras etnicas são abolidas. O cristianismo repudia o racismo. O preconceito racial é uma negação flagrante da unidade que temos em Cristo, pois em Cristo não há “judeu nem gentio, nem escravo nem livre, [nem branco e nem preto], nem homem e nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gálatas 3).

            A igreja é desafiada a tornar o evangelho de Jesus Cristo relevante dentro da situação social. O Evangelho é uma via de mão dupla. De um lado, procura-se mudar a alma humana, e, assim, uni-las a Deus; por outro, procuramos mudar as condições sociais dos homens de modo que o homem possa viver bem nessa presente economia. Esse era o pensamento dos reformadores do século XVI.

            Precisamos ser honestos e concluir que a igreja de um modo geral, excetuando-se algumas igrejas e denominações, não tem sido fiel à sua missão social sobre a questão da justiça. Esta falha é devido, não só ao fato de que a igreja tem silenciado e se tornado indiferente na esfera política, principalmente por causa da cultura da corrupção enraizada na sociedadede, e que atingiu a igreja, onde muitos líderes corruptos tem manchado o bom nome da igreja por causa da corrupção que praticam.

            Diante do desafio comunista, devemos examinar honestamente as fraquezas do capitalismo tradicional. Com toda a justiça, temos de admitir que o capitalismo muitas vezes tem deixado um abismo entre a riqueza supérflua e pobreza extrema, à partir de luxo para poucos e miséria para muitos. Porém ainda assim, o capitalismo é um melhor sistema que o socialismo. Através de reformas sociais, o capitalismo ocidental está fazendo muito para reduzir essa tendência. Como nenhum sistema é perfeito, mesmo porque o homem não é perfeito, ainda há muito a ser realizado.

            A motivação do lucro, quando é a única base de um sistema econômico, estimula a concorrência acirrada e a ambição egoísta, que inspira os homens a estarem mais preocupados com ganhar a vida. Será que não estamos inclinados a julgar o sucesso pelos nossos salários e pelo tamanho do aro da roda dos nossos carros, e não pela qualidade do nosso serviço e dos nossos relacionamentos com o nosso próximo? 

            O capitalismo pode levar a um materialismo prático que é tão pernicioso quanto o materialismo teórico ensinado pelo comunismo. Devemos honestamente reconhecer que a verdade não pode ser encontrada nem no capitalismo tradicional, nem no marxismo. Cada um destes tem um pouco de verdade parcial. O capitalismo não conseguiu discernir a verdade no empreendimento coletivo e o marxismo falhou em ver a verdade no empreendimento individual. 

            O capitalismo do século XIX não conseguiu perceber que a vida é social, e o marxismo falhou, e ainda falha, em ver que a vida é individual e social. O Reino de Deus não é nem a tese da empresa individual nem a antítese do empreendimento coletivo, mas uma síntese que reconcilia a verdade de ambos. 

            Finalmente, como cristãos, somos desafiados a dedicar nossas vidas à causa de Cristo, mesmo quando os comunistas dedicam a vida deles ao comunismo. Nós, que não podemos aceitar o credo dos comunistas, reconhecemos que eles tem um senso de propósito e destino, e que eles trabalham com paixão e assiduamente para ganhar outros para o comunismo. Nós cristãos estamos preocupados em ganhar outros para Cristo? Muitas vezes nós não temos zelo por Cristo e nem entusiasmo pelo seu reino. 

            Para muitos cristãos, o cristianismo é uma atividade de domingo e que não tem relevância para a segunda-feira, e a igreja seria pouco mais que um clube social com uma fina camada de religiosidade. O que representa Jesus para nós? O seu senhorio é afirmado em sua vida? Será que o fogo do cristianismo está queimando nos corações de todos os cristãos com a mesma intensidade que o fogo de Carl Marx está queimando nos corações dos comunistas?

            Precisamos nos comprometer de novo à causa de Cristo. Devemos recuperar o espírito dos reformadores do séc. XVI. Precisamos olhar para o estilo de vida dos primeiros cristãos. Onde quer que os primeiros cristãos iam eles davam um testemunho triunfante de Cristo. Fosse nas ruas, nas vilas ou nas prisões, eles ousadamente proclamavam as boas novas do Evangelho. A recompense para este testemunho audacioso foi muitas vezes a agonia torturante da cova dos leões, ou a dor de torturas e chicotadas, mas eles continuaram na fé, e até a morte não era um sacrifício muito grande. 

            Quando eles entravam numa cidade, a estrutura de poder era perturbada. O Evangelho trazia o calor refrescante da nova vida para os homens cujas vidas tinham sido endurecida pelo longo inverno do tradicionalismo. Eles exortavam os homens a abandonarem os seus pecados e a se revoltar contra velhos sistemas de injustiça e as velhas estruturas de imoralidade. Quando os governantes se opunham, mesmo assim essas pessoas cheias da graça de Deus, continuaram a proclamar o evangelho.

            Onde vemos esse tipo de fervor hoje? 
            Onde vemos esse tipo de ousadia, compromisso revolucionário a Cristo hoje? 
           
            Será que não está escondido atrás das cortinas de fumaça dos altares? 
            Será que não está enterrado em um túmulo chamado politicamente correto? 

            Cristo deve ser mais uma vez entronizado em nossas vidas. Esta é a nossa melhor defesa contra o comunismo. Devemos nos envolver em um impulso positivo para a democracia, percebendo que a nossa maior defesa contra o comunismo é tomar a ação ofensiva em favor da justiça e da retidão. Devemos com ação positiva procurar remover as condições de pobreza, insegurança, injustiça e discriminação racial que são o solo fértil onde a semente do comunismo cresce e se desenvolve. O comunismo só prospera quando as portas da oportunidade estão fechadas e as aspirações humanas são abafadas. Cristianismo é acolhimento em amor e solidariedade.

            Como os primeiros cristãos, temos de avançar por um mundo hostil e armado contra o Evangelho revolucionário de Jesus Cristo. Com este poderoso Evangelho que deve desafiar corajosamente as injustiças e, assim, acelerar o dia em que:

Todo vale será exaltado, e nivelados todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos aplanados. A glória do Senhor se manifestará, e toda a carne a verá, pois a boca do Senhor o disse. (Isaias 40.4,5)

            Nosso desafio e nossa oportunidade sublime é dar testemunho de Cristo para um mundo perdido e embriagado com a sua própria volúpia egoista e pecaminosa. Se aceitarmos o desafio com dedicação e valor, iremos tornar o mundo seguro para a democracia e seguro para os cristãos.


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